Sustentabilidade e Teoria dos Jogos
Pegando carona na postagem de quinta-feira do Rastro de Carbono, vejo-me perguntando a mim mesmo como seria um modelo, em termos de teoria dos jogos, do atual impasse comportamental da raça humana perante o desafio da mudança climática em particular, e da sustentabilidade, em geral.
A questão das negociações entre países ricos e pobres, sobre quem deve cortar o quê em termos de consumo e emissões, lembra um caso típico de Dilema do Prisioneiro, correndo talvez o risco de degenerar numa partida de ultimato.
Já o impacto das ações individuais no cenário global corre o risco de produzir equilíbrios de Nash, situações onde nenhum gesto bem-intencionado é capaz de, por si só, melhorar a situação.
Todas essas situações teóricas, para chegar a um desenlace, requerem que ou o jogo/dilema seja jogado várias vezes, de forma que um sistema de punição e recompensa emerja espontaneamente entre os participantes, ou que algum tipo de coordenação seja imposta ao grupo.
Isto é, o pé coletivo só sai da lama quando surgem regras claras e castigos inevitáveis para quem se recusar a cumpri-las.
Discussão - 1 comentário
O problema é que no jogo da sustentabilidade, só haverá uma partida. Se a nossa civilização tecnológica decair, nao haverá retorno, pois já torramos os recursos naturais de fácil acesso.
Então não adianta muito ter esperança que a auto-organização, mercados, etc, resolvam os problemas, porque não é apenas no Dilema do Prisioneiro que se necessita muitas jogadas para que a cooperação emerja, mas provavelmente em qualquer dilema de teoria de jogos do tipo.
O que fazer para que a cooperação apareça em um DP com apenas uma iteração, ou poucas iterações? Acho que esse é um bom problema para uma tese de doutorado...