Uma historinha sobre a Justiça

Mais um vez, peço licença à comunidade ScienceBlogs pra blogar sobre um assunto que não tem ligação direta com a divulgação científica: o caso da liminar que proibiu o Estadão de divulgar os grampos telefônicos da família Sarney.
É mais um causo dos meus tempos de jornalista do interior. Assim:
Certa vez, uma mulher pobre, vamos dizer que se chamava Maria, foi à polícia dar queixa do desaparecimento da filha de 13 anos. ela disse às autoridades que suspeitava do padrasto da menina, que, digamos, chamava-se José.
Os policiais “convidaram” José a prestar esclarecimentos e, depois de 12 horas de depoimento (sem acompanhamento de advogado), ele teria confessado ter abusado da garota, matado-a e, ainda, indicado aos policiais onde o corpo estaria enterrado.
A polícia encontrou o corpo. Um juiz determinou a prisão de José. Na cadeia pública, ele foi linchado pelos colegas de cela. Fim de caso.
José era culpado? Muito provavelmente, sim. Mas o Brasil não tem pena de morte. E, mesmo se tivesse, ela só poderia ser aplicada ao cabo de um devido processo legal.
Não foi por ser culpado de um crime hediondo que José morreu espancado, sem direito a defesa, sem advogado, liminar ou habeas-corpus que o socorresse. Morreu porque se chamava José, mas tinha o sobrenome errado.

Discussão - 2 comentários

  1. Lux disse:

    Poucas palavras sintetizaram tudo.

  2. Igor Santos disse:

    Eu acho que entendi, mas não tenho certeza.

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