Dúvida sobre a segurança das nanopartículas: Nature News
O estudo descreve o caso de sete mulheres com idades entre 18 e 47 anos que trabalharam em uma indústria chinesa e apresentaram granulomas (aglomerados de células do sistema imunológico que se formam quando o organismo não consegue remover um corpo estranho) na pleura (membrana que reveste o pulmão), sendo que duas delas morreram. Partículas de cerca de 30 nm foram encontradas no fluido e tecido pulmonar dessas mulheres. De acordo com o estudo, os sintomas foram causados pela inalação de fumaça produzida pelo aquecimento de um éster de poliacrilato (um tipo de plástico) a 75-100 °C. A sala onde elas trabalhavam não apresentava ventilação adequada ou tratamento do ar. Além disso, medidas de proteção individual – como o uso constante de máscara – não foram tomadas pelas mulheres.
Infelizmente não pude avaliar o conteúdo completo do artigo (se alguém tiver acesso a ele, por favor me envie), o que dificulta dar uma opinião crítica mais fundamentada a respeito. Porém, algumas coisas chamaram a minha atenção: 1) nanopartículas foram encontradas nos pulmões dessas mulheres, o que está de acordo com a opinião geral de que a via inalatória é uma das mais propícias para a contaminação de trabalhadores com materiais particulados (é só lembrar dos casos de silicose apresentados por mineradores); 2) em altas concentrações até água é tóxica, e é impressionante que os revisores do artigo tenham deixado passar algo tão básico da área médica; 3) sete é um número pequeno para tirar conclusões definitivas sobre a toxicidade de um material; 4) como o assunto nanotecnologia está na moda, causar polêmica sobre seus riscos é uma forma relativamente rápida de ganhar visibilidade.
É verdade que não sabemos todas as consequências do uso de nanomateriais em larga escala, por isso é necessário seguir o princípio da precaução, intensificar os estudos de nanotoxicologia e definir com urgência os marcos regulatórios de produção e consumo de nanopartículas para proteger a população (tanto os trabalhadores quanto os consumidores).
Trarei mais sobre marcos regulatórios para nanopartículas (e porque é complicado defini-los) no próximo post.
P.S.: Agradecimento ao L. Felipe A. por lembrar do Bala Mágica ao ler essa notícia 🙂
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