Blogs de ciência podem estimular o engajamento público em temas de C&T?

Há pouco mais de um ano, percebi que havia uma grande lacuna no conhecimento das pessoas em geral sobre nanobiotecnologia e seus impactos. E as pessoas têm o direito de saber sobre esse assunto, sem histrionismos ou falácias, já que esta tecnologia estará cada vez mais presente no dia-a-dia de todos. Não sou jornalista, não sou dona de revista ou jornal, nem sequer faço parte do corpo docente de alguma universidade (ainda sou aprendiz, com todas as vicissitudes de tal condição). No entanto, tenho um computador e acesso à internet, além de ideias… e um gosto especial pela escrita. Daí a usar um weblog como ferramenta para divulgar o tema Nanobiotecnologia, que é meu foco de estudo offline, foi um pulo. Mas qual meu objetivo, no final das contas? Informar? Ensinar? Criticar? Intercalar a função de arauto da boa-nova com a de advogada-do-diabo frente a um suposto milagre? Talvez tudo isso junto. Engraçado como às vezes só refletimos mais profundamente sobre nossas práticas quando há um estímulo pontual para que isso aconteça. O meu foi um convite muito especial que recebi há alguns meses: participar de uma mesa-redonda intitulada “A prática da divulgação científica e as novas mídias sociais”, que ocorrerá durante a VIII Escola do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF/MCT). O tema é novo e ainda se falará muito dele: como (e porque) weblogs e redes sociais podem ser agentes difusores do conhecimento científico e gatilhos para o engajamento público nos temas de C&T. No entanto, é difícil entender o novo sem conhecer aquilo que o precedeu. Por isso, olhar para trás foi meu primeiro movimento para tentar clarear algumas ideias que vêm rondando meus pensamentos desde que o Bala Mágica foi lançado.
Antes do século XVII, não havia uma distinção clara entre ciência e filosofia. A partir do século XVII, alguns pensadores, como o italiano Galileu Galilei (1564-1642), o francês René Descartes (1596-1650) e o inglês Isaac Newton (1642-1727), quebraram paradigmas ao defender o uso da experimentação, do método, da matemática e a exclusão do misticismo para entender os fenômenos naturais. Não é a toa que os historiadores chamam esse período de Revolução Científica. Logicamente, o ambiente social daquela época propiciou tal revolução. Dentre os acontecimentos que favoreceram a Revolução Científica cabe destacar a invenção da prensa móvel pelo alemão Johannes Gutenberg (1398-1468), que por si só já iniciou outra revolução, a da Imprensa. Eis a primeira reflexão: comunicação sempre foi uma peça-chave para o estabelecimento e a propagação da ciência.
O advento da imprensa tirou as amarras impostas por um conjunto de clérigos sobre o que é a Verdade, já que a produção de material escrito não era mais privilégio de alguns sacerdotes enclausurados em seus mosteiros. Estava dada a largada para a disseminação do livre-pensamento. Pelo menos na teoria e pelo menos para os “incluídos”, capazes de ler. Desde então, o número de alfabetizados aumentou, e o custo para adquirir livros, revistas, jornais, etc foi se tornando mais acessível. De lá para cá, a ciência evoluiu e, com ela, cresceram as esperanças de que as descobertas científicas contribuiriam para tornar o mundo um lugar melhor. Começou a surgir a noção de que era preciso “educar o povo” nas coisas de ciência, por meio da transmissão do conhecimento do especialista para o leigo, de forma verticalizada. No entanto, o acúmulo de informação não significa a compreensão dessa informação. E a informação fora de um contexto socioeconômico raramente desperta interesse público. Isso é particularmente importante no caso de assuntos científicos, porque a ciência gera muito mais perguntas que respostas, e jamais será capaz de oferecer uma Verdade, mas apenas modelos e aproximações. Essa ideia de transmissão verticalizada da informação passou a ser questionada, e estratégias dialógicas foram (e ainda são) propostas para substituí-la. Passou-se a falar em dar uma chance ao diálogo entre cientistas e leigos. E um diálogo é feito de perguntas e respostas. Eis a segunda reflexão: talvez a comunicação científica deva cada vez mais incluir as perguntas, e não só oferecer as respostas. A comunicação de ciência não pode mais ser uma via de mão única. Afinal, cabe à sociedade debater quais perguntas são mais importantes/urgentes, pois é esta sociedade quem sentirá as implicações dos avanços da C&T. Mais que informar sobre as últimas novidades dos periódicos científicos, a divulgação científica deve fomentar o exercício da cidadania.
Será que a internet, com seu efeito de rede e alto poder de disseminação de informações, pode fazer diferença nesse processo? Quais seriam as consequências disso e os desafios a serrem enfrentados, hoje e no futuro? Essas perguntas suscitaram mais reflexões, que reservo para o debate com os professores Dulcidio Braz Júnior (do blog Física na Veia!) e Leandro Tessler (IFGW/UNICAMP, do blog Cultura Científica), com moderação do professor Marcelo Knobel (IFGW/UNICAMP), nessa terça-feira (20/07), que ocorrerá às 18h30min no CBPF.

Da arte clássica à arte quântica

Levante a mão aí quem nunca recebeu um spam sobre física quântica, a la “Quem somos nós”. Pois é, não é só nanotecnologia que está na moda, física quântica também está. Conceitos difíceis, como o princípio da incerteza de Heisenberg, são falaciosamente deturpados para convencer o leitor de que ele é capaz de modificar o universo – nada mais óbvio, não? Se o observador influencia o objeto observado, e estamos todos inseridos no Universo, influenciamos o Universo! Sem entrar no mérito se influenciamos ou não o Universo (ou pelo menos o quanto nosso quarto permanece arrumado ao longo de uma semana), é uma tremenda sacanagem usar o princípio da incerteza como base para essa argumentação, porque o princípio da incerteza é válido para dimensões no máximo da ordem de alguns poucos nanometros (e olhe lá…)!! Levante a mão aí quem tem um tamanho total menor que alguns nanometros (update 10-07-2010, vide comentário 2) e está próximo do zero absoluto.
Pois bem, essa digressão feroz foi só uma digressão, mesmo. O que queria mostrar a você hoje é o uso não-falacioso do termo quântico ligado a algo que enleva o espírito: a arte. Sim, arte quântica. Em 2007, Ee Jin Teo (National University of Singapore) criou uma réplica fotoluminescente 500 x 500 micrometros do quadro “The Ancient of Days”, de William Blake. A “tela” consistiu de silício poroso, e o “pincel” foi um feixe de helio, com subsequente impressão eletroquímica em ácido fluorídrico. Devido ao efeito de confinamento quântico, emissão de luz visível é observada a partir do esqueleto de silício de dimensão nanométrica criado após a impressão. A pré-irradiação com um feixe de hélio é capaz de mudar a resistividade local do silício e o comprimento de onda de emissão da luz do silício poroso formado. Quanto maior a dose do feixe, mais para o vermelho o comprimento de onda da fotoluminescência é deslocado dentro do espectro de luz (que na faixa do visível vai do azul arroxeado, passando pelo verde, amarelo, laranja, até o vermelho). Altíssimas doses deslocam tanto o comprimento de onda que ele sai da faixa do visível, resultando nas partes da imagem que percebemos como preto. A obra de arte quântica rendeu a Teo o primeiro lugar no prêmio de 2007 “Science as Art”, da MRS, empatado com outras obras também sensacionais (uma delas já apresentada aqui).
ancient of days.jpg
PS.: de acordo com o princípio da incerteza, não é possível determinar ao mesmo tempo, com alto grau de precisão, a posição e o momento de uma partícula porque, para observa-la, é preciso fazer incidir sobre ela um raio de luz. Esse raio de luz afeta a partícula: 1) se ele for pouco energético (com comprimento de onda longo), perturbará menos a partícula e conseguiremos determinar sua velocidade, mas não será possível determinar a sua posição com precisão maior do que a distância entre cristas de onda sucessivas; 2) se o raio de luz for muito energético (com comprimento de onda curto), será possível determinar a posição da partícula com maior precisão, mas isso afetará bastante sua velocidade.
outro PS.: 500 micrometros é o mesmo que meio milímetro.

Para que Bala Mágica? Use logo uma ARMA mágica, oras!

ResearchBlogging.org

Já me disse alguém que eu adoro um clichê. De fato, bala mágica é um dos cinco clichês científicos abomináveis que devemos jogar num buraco negro (hehehe). Então, que tal fazer um upgrade na expressão (e no conceito) e usar logo de uma vez… uma arma mágica! (Cuidado, hein leitor incauto! Estou bélica hoje)
A proposta do nome Arma Mágica é recente, embora a ideia em si seja mais antiga. Seu argumento é baseado no fato de que o acúmulo do fármaco na região de vascularização do tumor em comparação com as demais regiões do corpo não significa necessariamente que ocorrerá uma distribuição eficiente do fármaco DENTRO do tumor. Note que esses conceitos realmente são diferentes. Lembra do efeito EPR? Se você tem fármaco encapsulado dentro de nanopartículas, e essas nanopartículas que circulam pelo sangue passam por uma região de tumor, elas se acumulam nesse local porque “escapam” da corrente sanguínea devido ao aumento dos espaços entre as células dos vasos da região tumoral – esse aumento localizado da permeabilidade dos vasos sanguíneos garante o acúmulo na superfície do tumor, mas não garante que as nanopartículas penetrarão profundamente nele.
É nesse ponto da história que entram peptídeos contendo a seqüência de aminoácidos arginina-glicina-aspartato. Tais peptídeos são capazes de se ligarem a integrinas (uma família de receptores celulares) presentes tanto no endotélio quanto no parênquima da região tumoral. Há dois tipos, o RGD e o iRGD. Cada letra corresponde a um aminoácido. O i do nome quer dizer que o peptídeo é quebrado depois de se ligar à integrina de um jeito tal que resulta na perda da sua afinidade com a dita integrina e ganho da afinidade por um outro receptor de membrana chamado neuropilina-1 (NRP-1). Quando uma molécula se liga à NRP-1, vai para dentro da célula. Nesse caso, a NRP-1 é como uma porta – para entrar é preciso se ligar a ela, ou melhor, girar a maçaneta. Dessa forma, o RGD pode ser usado para direcionar o fármaco para o local do tumor, mas o iRGD tem a vantagem de direcioná-lo E internalizá-lo.
Fármacos quimicamente ligados a peptídeos iRGD podem ser internalizados no tecido do tumor através desse um mecanismo ativo de endocitose, garantindo uma maior eficácia do tratamento (que ainda está em fase de estudo, não há tal tratamento disponível para a população ainda). Mas o mais interessante na minha humilde opinião é que o fármaco pode ser internalizado sem estar quimicamente ligado ao iRDG. Basta que ambos sejam administrados ao mesmo tempo. Isso é vantajoso porque às vezes modificações químicas na estrutura do fármaco podem comprometer sua atividade biológica. A co-administração do iRGD com nanopartículas contendo o fármaco também teve o mesmo efeito de aumento da eficácia biológica. O nanoencapsulamento se justifica no caso de fármacos com baixa afinidade pela água, pois pode reduzir efeitos adversos do tratamento por evitar o uso de co-solventes. Embora a ideia pareça realmente bastante promissora, ainda há muitas perguntas a serem respondidas quanto ao uso de seqüências iRGD para esse fim. Afinal, testes clínicos ainda não foram feitos, e o que vale para animais de laboratório pode não se repetir tão bem em humanos. É preciso verificar, a partir de estudos clínicos, se efeitos tóxicos não poderiam ser exacerbados pela ligação do iRGD a locais não-tumorais contendo integrinas. E isso não vale só para estudos envolvendo iRGD, mas para todos aqueles que utilizam a estratégia ligante-receptor (também conhecida como vetorização ativa).
Moral da história: renomear uma ideia que não é completamente nova com um nome chamativo e descolado dá o maior ibope.
OBS.: O tema foi dica do Takata

Feron, O. (2010). Tumor-Penetrating Peptides: A Shift from Magic Bullets to Magic Guns Science Translational Medicine, 2 (34), 34-34 DOI: 10.1126/scitranslmed.3001174
Sugahara, K., Teesalu, T., Karmali, P., Kotamraju, V., Agemy, L., Girard, O., Hanahan, D., Mattrey, R., & Ruoslahti, E. (2009). Tissue-Penetrating Delivery of Compounds and Nanoparticles into Tumors Cancer Cell, 16 (6), 510-520 DOI: 10.1016/j.ccr.2009.10.013
Sugahara, K., Teesalu, T., Karmali, P., Kotamraju, V., Agemy, L., Greenwald, D., & Ruoslahti, E. (2010). Coadministration of a Tumor-Penetrating Peptide Enhances the Efficacy of Cancer Drugs Science, 328 (5981), 1031-1035 DOI: 10.1126/science.1183057

A luz das flores de Pandora

“E reparem no cravo o escravo da rosa / Que flor mais cheirosa / De enfeite sutil”
(Rancho das flores, Vinícius de Moraes)
E põe sutil nisso. Mais que sutil, nanoscopicamente pequeno.
nanoflower_pandora.jpg
Como você já sacou desde o início, a imagem acima é de nanocoisas. Mais especificamente, nanoestruturas de óxido de zinco, visualizadas por microscopia eletrônica de varredura e posteriormente colorizadas em programa de imagem. A semelhança com cravos é impressionante, não? O autor dessa nano-obra de arte chama-se Jian Shi (University of Wisconsin), e não é a toa que a fotomicrografia acima arrebatou o primeiro prêmio do concurso “SCIENCE AS ART” de 2010, promovido pela Materials Research Society.
E o que o título do post tem a ver com isso? Ora, o título da obra é “Self-illuminating flowers of Pandora” (algo como “flores de Pandora com luz própria”). Nada mais justo que manter essa referência também aqui no blog … e afinal, os “nanocravos” se parecem mesmo com as flores luminosas do universo mágico criado por James Cameron no filme Avatar, não é?

Vacinas nanotecnológicas

ResearchBlogging.org

Ontem, no início da noite, perguntaram-me se eu já havia tomado a vacina contra o H1N1 e – se sim – como eu estava. Eu ainda não tinha tratado desse assunto aqui no blog por pura enrolação. Como o Ministério da Saúde prorrogou o calendário de vacinação até 2 de junho para todos os grupos já incluídos na campanha e também para novos grupos, como crianças de 2 a 4 anos, acho que ainda dá tempo de dar uma força para a campanha e deixar registrado que tomei a vacina contra a gripe A e estou aqui, viva, inteira e serelepe! E olhe que já faz um mês… O tempo de espera na fila de vacinação foi curto e tudo transcorreu tranquilamente. Foi justamente naquele momento fatídico que uma dúvida surgiu: “- posso beber álcool depois de me vacinar?” Brincadeira. Fiquei me perguntando se por acaso nanopartículas poderiam ter alguma utilidade na composição de vacinas de uma forma geral, no futuro.
Vacinas podem ser preparadas com o microrganismo atenuado ou com um pequeno pedaço dele (a isso chamamos antígeno). O antígeno presente na vacina gera uma resposta imunológica no organismo – é como se fosse um sinal de alerta para que os soldados se mantivessem prontos para o combate iminente. Só que alguns microrganismos conseguem burlar os soldados (anticorpos) porque geram sinais diferentes daquele da vacina conforme o tempo passa, seja por causa de mutações, seja porque apresentam diferentes estágios de maturação ao longo de seu ciclo de vida. É assim que acontece com a malária: a cada estágio de vida, o parasita gera um tipo diferente de “sinal”. Um estudo propondo uma vacina para malária foi feito em humanos, em 2008. Os voluntários desse estudo desenvolveram imunidade contra a forma do parasita que fica na corrente sanguínea, mas não contra a forma que fica dentro das células do fígado. Nanopartículas contendo todos os “sinais” possíveis em sua superfície poderiam ser utilizadas em vacinas do futuro para uma imunização mais efetiva e em dose única, porque estimulariam a resposta imunológica contra o parasita em todos os seus estágios de maturação possíveis, ao mesmo tempo. O nome dessa estratégia é um belo trava-língua: estratégia multi-antigênica.
P.S.: Agora fale isso 3x mais rápido: estratégia multi-antigenica, estratégia multigenica, estratégia mutiatigenica, hehehe

Look, M., Bandyopadhyay, A., Blum, J., & Fahmy, T. (2010). Application of nanotechnologies for improved immune response against infectious diseases in the developing world☆ Advanced Drug Delivery Reviews, 62 (4-5), 378-393 DOI: 10.1016/j.addr.2009.11.011
Thompson, F., Porter, D., Okitsu, S., Westerfeld, N., Vogel, D., Todryk, S., Poulton, I., Correa, S., Hutchings, C., Berthoud, T., Dunachie, S., Andrews, L., Williams, J., Sinden, R., Gilbert, S., Pluschke, G., Zurbriggen, R., & Hill, A. (2008). Evidence of Blood Stage Efficacy with a Virosomal Malaria Vaccine in a Phase IIa Clinical Trial PLoS ONE, 3 (1) DOI: 10.1371/journal.pone.0001493

Dispersando

O que você conversa numa mesa de bar com amigos? Futebol, mulher (ou homem, ora bolas), as últimas da TV? Tem gente que é tão doida, mas tão doida, que conversa até sobre ciência… sem perder o bom-humor!



É mais ou menos isso que você vai encontrar no Dispersando, o podcast oficial do ScienceBlogs Brasil: uma conversa informal entre amigos (que nem por isso concordam uns com os outros o tempo todo), sobre ciência e tudo o que gira ao redor dela.



Agora com página própria (http://scienceblogs.com.br/dispersando), o Dispersando terá periodicidade mensal. Participe do papo, deixe seu comentário por lá! E, claro, divirta-se!



P.S.: Se você quiser, pode receber o conteúdo do Dispersando via Feed.


De um ano pra cá….

Algo mudou. Tenho ficado mais tempo na frente de um computador. Acompanho discussões pela internet sobre temas que antes nunca tinha ouvido falar. Cidadania científica? Eu nem sabia que esse termo existia. Blogs de ciência? Eu não acompanhava nenhum. Na verdade, eu nem sabia direito o que era blog.
De um ano pra cá, aprendi que escrever sobre temas diferentes do meu objeto de estudo (tão específico) faz com que eu passe a enxergá-lo de uma forma completamente nova. E que escrever num blog dá voz, mas também pode ser uma grande lição de humildade.
De um ano pra cá, tenho prestado mais atenção em certos temas, como política científica, educação em ciência, comunicação e mídia, além das implicações socioeconômicas de uma pesquisa e como ela pode (ou não) contribuir para o desenvolvimento de um país.
De um ano pra cá, conheci pessoas de todos os lugares do Brasil, e meu mundo se ampliou. Tenho aprendido muito com elas. E fiz bons amigos.
Mudei minha opinião sobre algumas coisas. Continuei acreditando em outras. E de forma alguma posso dizer que sou a mesma pessoa de um ano atrás. Não foi o mundo que mudou. Quem mudou nesse último ano fui eu.
Obrigada, Bala Mágica, por ter sido agente dessa transformação – um efeito colateral que eu não previ há exato um ano, quando publiquei o seu primeiro texto.
“A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu tamanho original.”
(Albert Einstein)

VIII Escola do CBPF/MCT está com as inscrições abertas!

… e esta blogueira que vos escreve estará lá, participando da mesa redonda “A prática da divulgação científica e as novas mídias sociais”, juntamente com os professores Dulcidio Braz Júnior (do blog Física na Veia!) e Leandro Tessler (IFGW/UNICAMP, do blog Cultura Científica), com moderação do professor Marcelo Knobel (IFGW/UNICAMP). A ideia é discutir sobre o papel dos blogs de ciência na divulgação e educação científica, e sobre como as novas mídias podem aumentar a participação da sociedade na discussão de temas de ciência.
Alguma informações a respeito da Escola, retiradas da mais recente comunicação por e-mail que recebi da equipe organizadora:
“A programação principal da Escola do CBPF terá 18 cursos voltados para estudantes de graduação e 9, para estudantes da pós, além de incluir outras atividades e palestras, abertas a todos e ao público em geral. “A Escola do CBPF é um evento voltado integralmente para a formação dos estudantes de Física e áreas afins, por isso enfatiza não apenas os temas consagrados ou de fronteira, mas também os aspectos mais peculiares da física e os tópicos que sejam de interesse ou tragam impacto para a sociedade”, afirma o coordenador do evento, Luiz Sampaio, que lembra ainda que, além dos cursos e atividades tradicionais, a Escola este ano traz uma variada programação satélite, “que enriquece e amplia o seu âmbito de ação”. Nesta programação, estão previstos a primeira edição do Programa de Formação Continuada de Professores de Ensino Médio em Física (PROFCEM), de 12 a 23 de julho, o Encontro Nacional dos Estudantes de Pós-graduação em Física (ENAF), de 2 a 4 de agosto, ambos no CBPF, no Rio de Janeiro, e a edição especial da Escola em Nanociência e Nanotecnologia, na Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém.
Também sendo lançado nesta segunda, uma outra novidade é o Blog da VIII Escola do CBPF que vai acompanhar a preparação e a realização do evento (http://www.escoladocbpf.blogspot.com). “Este ano tivemos a preocupação de promover um maior envolvimento dos estudantes do CBPF e dos visitantes com as atividades da Escola, e por isso criamos um espaço que pudesse reflletir e reproduzir essa dinâmica”, explica Luiz Sampaio. O blog vai apresentar dados sobre o CBPF e sobre a programação principal da Escola e de cada evento satélite, além de muitos conteúdos pontuais e úteis aos alunos, como as notas de aula preparadas pelos professores, ou os posts e vídeos, que pretendem destacar o ambiente de ensino diferenciado do CBPF.”
Com a tradição de ser um dos principais eventos de Física do país, a VIII Escola do CBPF pretende reunir em julho, cerca de 500 estudantes na sede do instituto, no Rio. As inscrições para o evento ficam abertas até 10 de junho, para aqueles estudantes que pretendem pedir auxílio de participação, ou 30 de junho, para os demais.”

E então, achou bacana? Inscreva-se!

Prêmio Mercosul de Ciência e Tecnologia – 2010

Eu sei que a notícia está um poquinho atrasada, mas ainda dá tempo!
No dia 5 de abril foi lançado o Prêmio MERCOSUL de Ciência e Tecnologia 2010, com o patrocínio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação Produtiva da Argentina e a parceria da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT/Brasil), do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e do Movimento Brasil Competitivo (MBC). Podem participar candidatos vinculados ao MERCOSUL (seja pela nacionalidade, pela naturalidade ou pela residência nos países membros e associados), nas categorias “Iniciação Científica”, “Estudante Universitário”, “Jovem Pesquisador” e “Integração” (mais informações aqui).
Esse ano, o tema do prêmio é Nanotecnologia. A data-limite para envio dos trabalhos é 23 de agosto de 2010. O regulamento completo está disponível no site da UNESCO
http://eventos.unesco.org.br/premiomercosul.

Mundo, vasto mundo

Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
(Carlos Drummond De Andrade, ” Poema de sete faces”)
Adoro esse trecho do “Poema de sete faces”, do Drummond. Por alguma razão qualquer, tenho pensado muito nele nos últimos tempos … Coincidência ou não, hoje me deparei com uma leitura capaz de ultrapassar a licença poética e a abstração desses lindos versos, até (pasme) seu significado literal.
ResearchBlogging.orgO pessoal da IBM construiu um mapa 3D da Terra tão pequeno que 1000 deles juntos caberiam num espaço equivalente a um único grão de sal de cozinha. Isso corresponde a um globo terrestre com 22 micrometros de circunferência no equador. Nessa escala, uma elevação de 8 nanometros equivale a 1000 metros de altitude. Tal mapa é composto de 500000 pixels, cada um com 20 nanometros quadrados, e foi esculpido na superfície de um polímero derivado de ftalaldeído sensível ao calor, por meio de microscopia de força atômica. Adivinhe quanto tempo levou para construi-lo? Míseros 2 min e 23 s !!!!
Obviamente, esta não foi das mais fáceis tarefas – um novo equipamento foi construído para concretizar esse projeto. Uma das grandes sacadas foi aquecer a ponta do cantilever do microscópio de forma que, por onde ele passasse, fosse gerando sulcos por causar uma despolimerização pontual na superfície do “micro-bloco de polímero”. É como ter um bloco de gelo e ir modelando-o com uma ferramenta aquecida na ponta e bem fininha, para alcançar um alto nível de detalhamento. A diferença é que nessa nossa escultura de gelo imaginária, apenas mudamos o estado físico da água (não há rompimento de ligações entre os átomos de hidrogênio e oxigênio que formam a molécula de água) – já no caso do micro-globo terrestre, a “ferramenta aquecida” (entenda-se a ponta do cantilever) foi capaz de romper ligações covalentes do polímero (ou seja, rompeu as ligações que unem os átomos).
Uma curiosidade: quando os autores do trabalho mencionaram aquecimento, eles não estavam brincando – utilizou-se uma temperatura de 700 graus Celsius para modelar o mapa 3D…
IBM 3D map.jpg
(A) Topografia do globo terrestre em 3D (observe a escala!); nos detalhes (B e C), é possível ver os Alpes, o Mar Negro, as montanhas do Cáucaso e o Himalaia.
A imagem D corresponde à seção transversal indicada pela linha pontilhada branca no mapa maior (imagem A), com sua correspondência de escalas (nanometro x kilometro quanto à altura, e micrometro x kilometro, quanto à distância).

Referência:
Knoll, A., Pires, D., Coulembier, O., Dubois, P., Hedrick, J., Frommer, J., & Duerig, U. (2010). Probe-Based 3-D Nanolithography Using Self-Amplified Depolymerization Polymers Advanced Materials DOI: 10.1002/adma.200904386

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