Menor, e menor, e menor …..

Na década de 1980, a onda era o universo “micro”. Dentro desse universo, a microeletrônica ocupava um espaço importante. Nessa época, a indústria brasileira basicamente copiava o que se fazia lá fora. Vivíamos um período de forte retração da produção industrial e de estagnação econômica. Dado o contexto histórico, nessa época ninguém acreditava que o Brasil teria oportunidade de competir em tecnologias de ponta. Por conta disso, a produção nacional na área da microeletrônica não foi incentivada e recursos humanos especializados não foram formados. Como dizem por aí, perdemos esse bonde.

Na década de 1990, ocorreu a abertura do mercado brasileiro, “globalização” caiu na boca do povo, a internet começou a dar seus primeiros passos, o fim da Guerra Fria resultou numa nova configuração de poderes no mundo e os olhos dos cientistas se voltaram para uma dimensão mil vezes menor que a do micrometro. Desde então, o interesse sobre as “nanocoisas” vem crescendo exponencialmente. Hoje, há mais de 1000 produtos nanotecnológicos no mercado mundial e estudos de prospecção apontam uma tendência de crescimento da área que se estenderá até pelo menos 2050. Não é a toa que a nanotecnologia é considerada como área portadora de futuro pelo governo federal. Além disso, o empresariado brasileiro está acordando para o fato de que não é possível crescer sem inovar. Tomara que, este bonde, o Brasil não perca.


Photoprot: primeiro fotoprotetor 100 % brasileiro contendo nanocápsulas

A Biolab Sanus Farmacêutica lançou hoje pela manhã em São Paulo, no Teatro WTC, o primeiro fotoprotetor contendo nanocápsulas biodegradáveis com tecnologia totalmente desenvolvida no Brasil. E eu estive lá para presenciar tudo. O evento em si foi caprichadíssimo. Estavam presentes representantes do governo Federal e do governo do Estado de São Paulo, da ABIFINA, membros da classe médica, toda a diretoria da Biolab e uma comitiva da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (euzinha incluída). No encerramento, fomos brindados com um emocionante recital de músicos eruditos do Rio Grande do Sul. Mas não se preocupe, caro leitor – encerro aqui meu momento Amaury Jr. Minha intenção é trazer outros aspectos desse evento.

O Photoprot, nome comercial do fotoprotetor contendo nanocápsulas, é fruto de uma parceria entre a empresa Biolab e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), e foi desenvolvido pelo grupo de pesquisa coordenado pelas professoras Sílvia Guterres e Adriana Pohlmann. O fotoprotetor lançado hoje pela Biolab é feito de nanocápsulas biodegradáveis, ou seja, elas rapidamente se degradam em pequenas moléculas naturalmente presentes nos organismos vivos após seu uso, sem danos ao ambiente ou à saúde do consumidor. Uma de suas vantagens consiste em aumentar o tempo de permanência dos componentes ativos na pele.

“O Photoprot nasce da tão propagada e pouco praticada parceria público-privada. O conhecimento da universidade precisa ser trazido para dentro da indústria”, afirmou o Diretor da Biolab, Dante Alário Jr. De acordo com ele, há um esgotamento do modelo que a indústria farmacêutica vem praticando no que se refere a moléculas inovadoras, e o caminho para inovar nesse cenário passa pela nanotecnologia. “Esse momento coroa um trabalho de quatro anos”, disse a professora Sílvia Guterres, ao apresentar a tecnologia de nanocápsulas biodegradáveis (denominada Nanophoton®) para o público presente. E isso é só o início, pois de acordo com Dante, o Photoprot é o primeiro de uma geração de produtos à base de nanotecnologia que a Biolab vem desenvolvendo e irá lançar no mercado em breve.

A nanotecnologia é apontada por muitos como uma oportunidade para o Brasil aumentar de forma expressiva sua competitividade tecnológica no mercado mundial. Concordo com essa visão. Durante o evento, tive a oportunidade de conversar brevemente com o Prof. Mario Baibich, diretor de Política e Programas Temáticos da Secretaria de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento (Seped/MCT), e ele afirmou que vem trabalhando ativamente para convencer os membros da câmara de deputados do quão estratégico é investir em nanotecnologia no Brasil. Cabe salientar que esse tipo de iniciativa é bastante recente no nosso país. “Há cerca de seis anos atrás, não se falava em inovação. Quando iniciei na indústria, há 17 anos, era preciso ir a bibliotecas de universidades para pesquisar, era tudo muito difícil”, contou-me a Gerente de P&D; da Biolab, Solange Soares. Essa realidade faz parte cada vez mais do passado, pois conforme ela, “hoje não é possível crescer sem inovação”.

Nas palavras de Dante Alário Jr., “este é um momento histórico para a indústria farmacêutica nacional, (…) e o Photoprot marca uma vitória da pesquisa nacional, tão posta em dúvida. Esta é a prova concreta da capacidade da indústria brasileira em inovar”.

P.S.: Aproveitei para ler, durante a viagem de avião, Além de Darwin, de autoria do jornalista Reinaldo José Lopes. Ainda não acabei (falta 1/3 do livro), mas até agora me diverti à beça, e aprendi várias coisas legais sobre a teoria evolucionista. Recomendo.



UPDATE 21/01/2010: A Pesquisa FAPESP Online publicou uma matéria sobre o Photoprot, aqui.

Nanotecnologia: um debate público

O Editorial da última Nature Nanotechnology (nov. 2009) trouxe uma discussão bastante pertinente sobre como é importante que os cientistas que trabalham com nanociência e nanotecnologia comuniquem ao público leigo quais tem sido seus resultados de pesquisa e que produtos eles estão desenvolvendo. O assunto já havia sido levantado há cerca de um mês atrás, com a publicação do relatório Reconfigurando Responsabilidades – Aprofundando o Debate sobre a Nanotecnologia, de autoria de um grupo de cientistas europeus. Infelizmente, por força de alguns compromissos (eles sempre vem todos juntos!), não pude dar a devida atenção ao relatório na época, mas nem por isso esqueci do assunto.

O grande receio do pessoal da área é que a reação pública à nanotecnologia seja semelhante àquela ocorrida há alguns anos atrás com o surgimento dos organismos geneticamente modificados, onde a aversão aos riscos foi tão grande que muitas informações desencontradas e até absurdas foram tomadas como corretas por uma parcela significativa da população. Um dos grandes erros da época foi limitar o debate público sobre os alimentos geneticamente modificados. É justamente nessa linha de raciocínio que tanto o relatório europeu quanto o editorial da Nature defendem que os debates sobre riscos e benefícios da nanotecnologia não devem se restringir aos muros da academia ou das grandes corporações. Concordo plenamente com esse posicionamento.

É preciso trazer a sociedade para a esfera dos debate – afinal, é esta sociedade que sofrerá os impactos (inclusive éticos e sociais) da nanotecnologia. Mas para que o debate seja profícuo, primeiro as pessoas precisam SABER o que é nanotecnologia. E a maioria não sabe. Uma pesquisa realizada pelo PEN em 2007 mostrou que 42 % dos norte-americanos entrevistados nunca haviam ouvido falar em nanotecnologia. A mesma pesquisa demonstrou que 51 % não tinham opinião formada sobre seus riscos e benefícios. Uma pesquisa feita pelo MCT no mesmo ano mostrou que 84 % dos brasileiros entrevistados não conheciam nenhuma instituição dedicada a fazer pesquisa em nosso país. Essa mesma pesquisa demonstrou que a nanotecnologia é uma das áreas mais importantes a ser desenvolvida no Brasil nos próximos anos apenas na opinião de 3 % dos entrevistados. Além disso, a grande maioria (73 %) se informava pouco ou nada sobre ciência e tecnologia, principalmente por não entendê-las. No entanto, 41 % afirmaram ter muito interesse por ciência e tecnologia (!). Os resultados apontados por essas pesquisas demonstram o quão importante é a divulgação científica feita de forma atraente, acessível e com qualidade de conteúdo e o quanto essa demanda ainda não foi satisfeita. Nesse contexto, divulgação científica é um compromisso social de quem constrói a ciência. Um trabalho interessante tem sido feito nesse sentido pela rede Renanossoma, que une pesquisadores de todas as áreas da ciência para discutir os impactos ambientais e sociais das nanotecnologias.

Terei a oportunidade de falar sobre a divulgação da nanobiotecnologia pela mídia e de debater a respeito da divulgação científica feita com o auxílio das novas mídias, juntamente com o jornalista de ciência da Folha de São Paulo Reinaldo José Lopes e o acadêmico de ciências biológicas Luiz Felipe Benites, hoje à noite, na Unisinos. Programação aqui (se você mora na região metropolitana de Porto Alegre, ainda dá tempo de aproveitar o evento!).


Carl Sagan day

(Origem da foto aqui)

Hoje é o dia em que o astrônomo americano Carl Sagan (1934-1996) completaria 75 anos de vida, e em homenagem a esse ilustre cientista e divulgador da ciência, comemoramos hoje o Carl Sagan Day!

Para quem não o conhece, recomendo fortemente a leitura de um de seus ótimos livros, cujo título é O Mundo Assombrado Pelos Demônios. Nesse livro, o autor discorre com maestria sobre as relações entre os mitos, as pesudociências, nossos medos e desejos, bem como as relações entre a ciência e a sociedade, numa linguagem bem acessível e até irreverente.

Como já dizia o próprio:

“Mais vale acender uma vela do que maldizer a escuridão”.

P.S.: Vale dar uma olhada na coletânea de entrevistas e textos de e sobre Carl Sagan, no Ceticismo Aberto.


Relatos do ICAM 2009 – parte I

Frio, chuva, céu cinzento e ventania. Coisas de Porto Alegre nessa época do ano… Só que eu não estou em Porto Alegre, mas sim no Rio de Janeiro! O motivo? Participar da Conferência Internacional sobre Materiais Avançados (ICAM 2009), que está sendo organizada pela Sociedade Brasileira de Pesquisa em Materiais (SBPMat) com o apoio da International Union of Materials Research Societies (IUMRS). Essa é a primeira vez que o ICAM acontece na América do Sul. Além de reencontrar pessoas, trocar ideias e ver o que o pessoal da área está fazendo, nesse ano fiquei atenta sobre assuntos que poderiam interessar ao leitor desse blog. Por isso, dividi o post em dois, para não ficar muito cansativo.

A conferência começou no domingo, com a cerimônia de abertura. Nela estava presente o ministro de Ciência e Tecnologia do Brasil, Sérgio Resende. O ministro é cientista da área de materiais, coisa que eu não sabia. O que chamou a atenção é que sua palestra começou com a citação de um comentário que ele ouviu de um amigo certa vez: “- No Brasil, para todo o lugar que eu vá há um campo de futebol e todo mundo está jogando futebol”. Nas palavras de Sérgio Resende, isso contrasta fortemente com a ausência de uma cultura de ciência no nosso país, o que acaba fazendo com que poucas pessoas sejam atraídas por ela. O ministro citou os esforços do governo para mudar esse quadro, e comentou sobre o contexto histórico da ciência no Brasil.

Não é a toa que a ciência não está presente de forma incisiva na nossa cultura – o CNPq foi criado apenas em 1951, e não havia programas de pós-graduação no Brasil antes da década de 1960. Apenas entre 2003 e 2006 o setor industrial nacional acordou para o fato de que pesquisa, desenvolvimento e inovação podem ser fontes geradoras de lucro e que a parceria entre empresas e universidades pode ser bastante estratégica. Nesse mesmo período, a comunidade científica amadureceu. Tudo isso culminou no Plano de Ação 2007-2010 para Ciência, Tecnologia e Inovação, cujo investimento governamental é da ordem de 26 bilhões de dólares. Dentre as prioridades do programa, está o estímulo a pesquisa e desenvolvimento em 13 áreas estratégicas, sendo duas delas a nanotecnologia e a saúde. Foram citados números que indicam um rápido crescimento e fortalecimento da comunidade científica nacional resultante desse investimento do governo. O ministro encerrou a palestra com um desejo: “- talvez um dia venham a existir mais laboratórios no Brasil do que campos de futebol”. Tomara….

(amanhã comentarei sobre alguns trabalhos de colegas que vi na conferência, especificamente sobre nanotecnologia na área da saúde – e uma ótima estratégia de marketing que funciona em todo o mundo para atrair estudantes para palestras)

Seremos imortais dentro de 20 anos. Hein?!

Acabo de receber um e-mail com um link muito interessante, cujo conteúdo transcrevo abaixo:

O cientista Ray Kurzweil afirma que dentro de 20 anos os seres humanos terão capacidade e tecnologia para tornar qualquer um imortal, graças a nanotecnologia.
Ele diz que, teoricamente, a nanotecnologia poderá substituir qualquer orgão de nosso corpo com uma eficácia milhares de vezes melhores que a “original”.
“Dentro de 25 anos poderemos fazer um mergulho de quatro horas sem ao menos precisarmos de oxigênio”
“A nanotecnologia será capaz de aumentar tanto nossas capacidades mentais que poderemos escrever um livro inteiro em apenas alguns minutos”
“Também poderemos entrar em um modo de realidade virtual nunca visto antes, onde os sinais de nosso cérebro será desligado e iremos para onde quisermos. O sexo virtual será algo banal.”
“No nosso dia a dia, figuras holográficas aparecerão em nossos cérebros para nos explicar o que está acontecendo.”

Fonte: clique aqui

Na primeira leitura desse texto, achei que fosse alguma paródia sobre as previsões megalomaníacas a respeito de novas tecnologias, que às vezes saem na mídia para vender jornal. Na dúvida, vasculhei o Google e descobri que o tal R. Kurzweil existe mesmo, é um inventor formado no MIT, liderou o desenvolvimento do primeiro sistema de reconhecimento óptico de caracteres (entre outras contribuições tecnológicas importantes na área de informática) e estava falando sério…. Sério?

Apesar de achar que a nanotecnologia tem muito a oferecer na área médica, em especial quando combinada com células-tronco e terapia gênica, eu sinceramente duvido que em 20 anos seremos capazes de usá-la de forma tão otimista como a descrita acima.

Ainda estamos muito longe de evoluirmos para uma espécie Highlander-cyberpunk….. Mas nem por isso deixamos de sonhar.

P.S.: Agradecimento ao Luis por enviar o link, e por ciceronear a gente (de novo!) aqui no Rio.

UPDATE 04/10/09: Texto interessante de autoria do físico Marcelo Gleiser a respeito desse assunto: aqui.
UPDATE 08/10/09: Outro texto sobre essa declaração, da Suzana Herculano-Houzel: aqui.


Dia nacional do voluntariado

O Dia Nacional do Voluntariado no Brasil foi instituído no dia 28 de agosto de 1985, através da Lei Nº. 7.352. Desde então, ele é comemorado anualmente. Mas não é só para parabenizar os voluntários brasileiros que escrevo esse post.

O voluntariado é um exercício de cidadania, uma forma de fazer diferença. E é também um ato de amor. E não se engane, porque não é só um ato de amor ao próximo – é incrível como a gente acaba ganhando mais do que dá.

Que diferença você faz?

Hummm, quer fazer a diferença e não sabe como? Pense numa competência que você tenha.

Sabe dar aulas? Sabe construir pipas? Sabe jogar basquete? Projetos que envolvam escolas podem ser uma boa escolha.
Sabe cozinhar? Costurar? Trabalhar com madeira? Você seria muito importante para projetos que buscam resgatar pessoas e até comunidades inteiras para o mercado de trabalho.
Sabe ouvir e conversar? Há locais, como casas de repouso, hospitais e orfanatos, onde você pode tornar a vida das pessoas mais leve e agradável.
Você acha que não sabe nada útil para alguém e por isso não pode ajudar? Pois saiba que em muitas comunidades carentes as pessoas mal sabem quais são as noções básicas de higiene, e você poderia ensiná-las na forma de palestrinhas e atividades práticas.
Gosta de plantas e animais? Há muitas iniciativas de proteção ao meio ambiente nas quais se vincular.
Gosta de organizar as coisas e arrumar, mas não gosta muito de ficar em contato intenso com pessoas? Procure a biblioteca pública da sua cidade e ajude a restaurar livros.
Sabe organizar eventos? Saiba que essa é uma das maneiras de arrecadar fundos para causas sociais, e quanto mais gente ajuda, melhor.

Qualquer pessoa pode ser voluntária. Não é preciso ser especialista em nada, não…. Basta querer participar e contribuir. Basta decidir e fazer.


O que você não sabia sobre o Edward Cullen da série Crepúsculo

(não, não é o Orkut do Robert Pattinson)

Há uns dias atrás terminei de ler o livro Crepúsculo (Twilight), estimulada pela enxurrada de gente que já havia lido e a-ma-do. A historia é a seguinte: uma moça humana (Bella Swan) e um vampiro (Edward Cullen) se apaixonam e a partir daí começam os conflitos e as tensões, porque apesar de apaixonado, o vampiro tem sede pelo sangue da moça – o que é um perigo mortal para ela. Tudo bem que a autora criou um vampiro que é o cara perfeito, além de sex symbol bonitão… mas há algo que eu achei bizarro nele. Perdoe o spoiler quem ainda não leu o livro, mas sob a luz do sol ele brilha intensamente – o que justificaria sua preferência pela penumbra, já que ninguém gostaria de chamar tanta atenção, não é ? (tá, quase ninguém)

Puxa, vampiros no meu imaginário derretem, queimam ou evaporam sob a luz do sol. Mas simplesmente brilhar e mais nada? Doido. Para brilhar intensamente daquele jeito descrito no livro, só se a pele dele fosse feita de nanocristais como aqueles sintetizados pela equipe do professor Todd Krauss, da Universidade de Rochester (USA). Em geral os objetos absorvem a energia do sol e a reemitem como calor. Não é o caso dos tais nanocristais, que devido às suas características estruturais não deixam as partículas de luz ser transformadas em calor – elas batem no nanocristal e são logo refletidas como num espelho nanoscópico. Mas luz de que cor? A pergunta faz sentido porque, mudando o tamanho dos nanocristais, é possível mudar a cor da luz que eles emitem. E convenhamos, mais estranho que um vampiro brilhante é um vampiro brilhante e colorido. Tal fenômeno acontece porque mais de 70 % dos átomos que compõem um nanocristal estão na sua superfície (coisas que só a nanotecnologia faz por você). Essa característica faz com que os elétrons se afastem e se aproximem dos núcleos dos átomos de uma forma particular quando a luz bate neles, influenciando na energia da luz que é reemitida – e por consequencia, na sua cor (quanto mais azulada a luz, mais energética ela é, e quanto mais avermelhada, menos energética).

Peles feitas de nanocristais brilhantes não poderiam existir mesmo num mundo com vampiros porque não são moléculas orgânicas, mas sim materiais inorgânicos semi-condutores? Está bem…. não poderiam ser componentes da pele, mas poderiam ser componentes do que vai em cima dela (sejamos criativos!): já imaginou celebridades como a Britney Spears ou a Madonna vestindo uma roupitcha feita desses nanocristais e que brilha pra caramba sob os holofotes, tal qual um laser ambulante? (sim, é possível construir lasers com esses nanocristais na vida real…)

Imaginou? É, pode haver coisas mais bizarras que um vampiro que brilha sob o sol…

Você estava procurando informações sobre o livro Crepúsculo, seus principais personagens, Orkut, algum sex symbol ou as últimas da Britney ou da Madonna e acabou caindo aqui? Pois saiba que esse post faz parte da blogagem coletiva “Cientista também caça paraquedista“, do Science Blogs Brasil. Se gostou, volte sempre!!!

Fundacentro agora tem subsite sobre nanotecnologia

A Fundacentro (Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho) criou um subsite de nanotecnologia como resultado do projeto “Impactos da nanotecnologia na saúde dos trabalhadores e meio ambiente”, feito em parceria com instituições de peso como Fiocruz, DIEESE, Escola Nacional de Saúde Pública, entre outras.

A ideia é divulgar para o publico leigo informações sobre os impactos da nanotecnologia na saúde dos trabalhadores e no meio ambiente, bem como dados de pesquisa, produção e mercado em nanotecnologia no Brasil. Por ser novo (foi inaugurado hoje!) o subsite ainda está em desenvolvimento, mas já há muito material legal sobre o assunto. Vale conferir!

P.S.: Obrigada a Maria Lionzo pela dica.

Nanobiotecnologia no ENEM

Desde o início desse ano participo de um projeto de extensão universitária visando educação popular chamado Alternativa Cidadã (já comentei sobre isso aqui no blog), onde leciono química em caráter voluntário. O MEC, como sabe quem tem lido os jornais, está reestruturando a forma de entrar nas universidades e, com isso, a própria lógica do ensino médio (para melhor, na minha opinião).

A ferramenta dessa reestruturação é o novo ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), cuja primeira edição ocorrerá em outubro. A ideia é extirpar a decoreba e valorizar o raciocínio e a multidisciplinaridade. O pessoal do MEC disponibilizou no site uma espécie de simulado com exemplos de questões, divididas em quatro competências ou habilidades: Ciências da natureza e suas tecnologias, Ciências humanas e suas tecnologias, Linguagens, códigos e suas tecnologias e Matemática e suas tecnologias. Química, biologia e física se inserem na primeira competência.

Qual não foi minha surpresa quando, ao analisar a prova simulada de Ciências da natureza e suas tecnologias, deparei-me com uma questão sobre nanobiotecnologia! Outras questões dessa competência trazem textos bem interessantes de revistas de divulgação científica, como a Ciência Hoje, com temas que vão da física envolvida na nossa audição até os motivos (químicos e biológicos) que justificam porque copos de poliestireno são um problema ambiental.

Pelo que pude perceber, essa reestruturação do ensino nas escolas, que o MEC está propondo com o novo ENEM, segue uma abordagem de ciência mais conectada com a realidade dos alunos – o que é uma ótima maneira de criar novos entusiastas da pesquisa científica e tecnológica no nosso país, sigam eles o caminho da academia ou do mundo corporativo. Isso só reforça o compromisso social que os cientistas tem no que se refere a divulgar ciência para o público em geral.

Os blogs científicos tem grande potencial como ferramenta desse processo. Se você é cientista (ou aspirante, como eu), pense nessa ideia – divulgue a sua área. Aproveito o gancho para divulgar o 2 encontro de blogs científicos em lingua portuguesa, que ocorrerá em Arraial do Cabo (RJ), de 25 a 27 de Setembro de 2009, com financiamento do CNPq e apoio da UFRJ e do IEAPM. Eu já me inscrevi.

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PS.: Ficou curioso sobre a questão do ENEM que envolve nanobiotecnologia? Bem, aí está ela:

A nanotecnologia está ligada à manipulação da matéria em escala nanométrica, ou seja, uma escala tão pequena quanto a de um bilionésimo do metro. Quando aplicada às ciências da vida, recebe o nome de nanobiotecnologia. No fantástico mundo da nanobiotecnologia, será possível a invenção de dispositivos ultrapequenos que, usando conhecimentos da biologia e da engenharia, permitirão examinar, manipular ou imitar os sistemas biológicos. LACAVA, Z.; MORAIS, P. Nanobiotecnologia e saúde. Com Ciência. Reportagens. Nanociência & Nanotecnologia. Disponível em: http://www.comciencia.br/reportagens/nanotecnologia/nano15.htm. Acesso em: 4 maio 2009.

Como exemplo da utilização dessa tecnologia na Medicina, pode-se citar a utilização de nanopartículas magnéticas (nanoimãs) em terapias contra o câncer. Considerando-se que o campo magnético não age diretamente sobre os tecidos, o uso dessa tecnologia em relação às terapias convencionais é

(A) de eficácia duvidosa, já que não é possível manipular nanopartículas para serem usadas na medicina com a tecnologia atual.
(B) vantajoso, uma vez que o campo magnético gerado por essas partículas apresenta propriedades terapêuticas associadas ao desaparecimento do câncer.
(C) desvantajoso, devido à radioatividade gerada pela movimentação de partículas magnéticas, o que, em organismos vivos, poderia causar o aparecimento de tumores.
(D) desvantajoso, porque o magnetismo está associado ao aparecimento de alguns tipos de câncer no organismo feminino como, por exemplo, o câncer de mama e o de colo de útero.
(E) vantajoso, pois se os nanoimãs forem ligados a drogas quimioterápicas, permitem que estas sejam fixadas diretamente em um tumor por meio de um campo magnético externo, diminuindo-se a chance de que áreas saudáveis sejam afetadas.

E aí? Você sabe qual é a resposta?

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