Que bela divulgação científica!

Li no Boletim da Agência FAPESP: dia 25 de janeiro deste ano teve início a Mostra Internacional On-line de Nanoarte 2009-2010, organizada por Cris Orfescu, professor da Universidade de Nova York (Estados Unidos). Há 154 imagens na exposição, das quais 15 foram produzidas por pesquisadores ligados ao Centro Multidisciplinar para o Desenvolvimento de Materiais Cerâmicos (post anterior sobre o CMDMC aqui), o qual é coordenado pelo professor Elson Longo, do Instituto de Química da Universidade Estadual Paulista (Unesp).


Eis uma forma inegavelmente linda de divulgar a ciência, você não acha? Há imagens fabulosas lá, recomendo a visita!


A direção do futuro

Viradas de ano são momentos em que muitas pessoas fazem um balanço sobre suas vidas. Onde acertaram, onde erraram, quais foram seus ganhos e suas perdas no ano que passou. O futuro é vorazmente desejado, e a expectativa de que seja auspicioso embala os primeiros dias de janeiro. O tempo (e como o percebemos) vem sendo foco de discussão de filósofos e poetas desde priscas eras. Para o filósofo Santo Agostinho, somente o presente existe – o passado é memória, o futuro ainda não aconteceu.



“Que é o tempo? Quem poderá explicá-lo clara e brevemente? Quem o poderá apreender, mesmo só com o pensamento, para depois nos traduzir, por palavras, o seu conceito?”
[AGOSTINHO, S. Confissões. 18a. Edição. Rio de Janeiro: Vozes, 2002.]


Newton considerava o tempo linear, infinito e completamente dissociado do conceito de espaço. Einstein abalou as estruturas da física ao demonstrar que o tempo pode ser curvado e não existe independentemente do espaço. Stephen Hawking, para completar, afirmou que o tempo teve um início e terá um fim. Os físicos podem ser mais poéticos do que imaginam…
Estava perdida nesses pensamentos filosóficos até esse instante, quando escutei um barulho na cozinha – acabaram de derrubar um copo no chão! Os cacos de vidro que resultaram dessa queda jamais voltarão espontaneamente a ser copo, porque seu grau de desordem (entropia) aumentou. A segunda lei da termodinâmica é inexorável! O universo tende a aumentar sua entropia até um máximo e não há o que possamos fazer a respeito. Um vidreiro poderia coletar os cacos de vidro e reconstruir o copo, mas o seu aumento de ordem implicaria em um aumento de desordem dos arredores (pois energia seria requerida no processo de reconstrução, a qual seria gerada pela queima de combustível – e combustível queimado tem entropia maior que combustível não-queimado).
Se a entropia do universo sempre aumenta, então logicamente a entropia de ontem é menor que a de hoje, que por sua vez é menor que a de amanhã. “O crescimento da entropia designa, pois, a direção do futuro” [Ilya Prigogine, O Fim das Certezas – Tempo, Caos e Leis da Natureza, Editora UNESP, São Paulo, p. 25, 1996]. É a famosa seta do tempo, da qual somos atores, vítimas e, muitas vezes, fugitivos frustrados. Embora a passagem do tempo seja inevitável, a forma como a percebemos pode ser cruel ou apaziguadora. Tudo depende de nosso olhar.
“Move-se a mão que escreve, e tendo escrito, segue adiante;
Nem toda a tua Piedade ou o teu Saber a atrairão de volta, para que risque sequer metade de uma linha;
Nem todas as tuas Lágrimas lavarão uma só de tuas Palavras.”
Omar Khayyam (poeta, matemático e astrônomo persa)

A teoria do caos e o que você tem a ver com isso

Você está cansado depois de um dia exaustivo de trabalho, mas ainda não está na hora de ir para casa. Aí você pega um lápis e começa a brincar com ele, para distrair. Coloca o lápis em cima da mesa e dá um peteleco. O lápis se move até uma nova região da mesa, fica oscilando um pouco e para. Pode não parecer, mas há uma teoria muito interessante que explica tudo o que aconteceu com esse lápis. Pode-se dizer que o lápis parado está em equilíbrio termodinâmico e o lápis em movimento está fora do equilíbrio. Equilíbrio é um estado do sistema (que nesse caso é sua mesa contendo o lápis) onde não se observam mudanças ao longo do tempo – um lápis parado está sempre no mesmo lugar, do mesmo jeito. Logicamente, estados fora do equilíbrio mudam ao longo do tempo. O interessante é que esses estados fora do equilíbrio podem ser divididos em dois grupos. Observe que quando você dá o peteleco no lápis, ocorrem duas situações diferentes em sequência: primeiro ele muda de posição até chegar a uma nova região da mesa, depois ele fica oscilando até chegar no seu estado de equilíbrio. A primeira situação corresponde a um estado longe do equilíbrio, e a segunda situação é um estado próximo do equilíbrio. O peteleco que você deu nada mais é que uma força externa atuando no seu lápis, o que acaba causando sua movimentação. A mudança gerada por essa força é uma flutuação em relação ao estado de equilíbrio. Onde quero chegar com tudo isso? Elementar, meu caro Watson. O mundo em que vivemos não está em equilíbrio termodinâmico.



Perto do equilíbrio, as flutuações (lembra do peteleco no lápis?) tendem a se tornar cada vez menores conforme o tempo passa. Nesse caso, a resposta do sistema a uma mudança é diretamente proporcional à sua intensidade. Porém, longe do equilíbrio, as flutuações tendem a se tornar cada vez maiores e o sistema evolui para um novo estado entre numerosos possíveis. Aqui, a resposta não é mais necessariamente proporcional à intensidade da mudança e não se pode ter certeza de como exatamente o sistema irá evoluir. Pequenas causas podem gerar grandes efeitos. É por isso que sistemas longe do equilíbrio só podem ser explicados a partir de probabilidades – aí está a famosa teoria do caos. Grande parte do que observamos no universo está longe do equilíbrio.



Os novos estados que o sistema longe do equilíbrio atinge podem ser bastante organizados, formando o que os físicos chamam de estruturas dissipativas. Dessa forma, fica fácil entender que as flutuações (ainda lembra da história do lápis?) de um sistema instável são capazes de gerar ordem. É por isso que eu, você, este computador, as nuvens do céu (e claro, né…, as nanopartículas) existem. Eis, caro leitor, o que a teoria do caos tem a ver com você: o ser humano, em toda sua complexidade, é um belo exemplo de estruturas dissipativas* oriundas de flutuações – que iniciaram nos primórdios da vida na Terra.



*estruturas dissipativas – assim mesmo, no plural, porque o ser humano é mais que (apenas) uma estrutura dissipativa.


Agradecimento ao Prof. Paulo Netz, pelas contribuições e pela leitura crítica desse texto.




O pai da ideia ….

Ilya Prigogine ganhou o Prêmio Nobel em Química de 1977 pelos seus estudos sobre termodinâmica fora do equilíbrio e por propor a teoria das estruturas dissipativas. As informações desse post foram baseadas principalmente no seu livro Termodinâmica: dos motores térmicos às estruturas dissipativas, que utilizei como fonte de estudo ao longo desse semestre na disciplina de Físico-Química Avançada (a qual foi, sem dúvida, a maior lição de humildade que tive até o momento neste meu doutorado em química).

Nanoarte

De tempos em tempos tenho publicado aqui algumas imagens de microscopia eletrônica de “nanocoisas”, cujas formas são tão interessantes, que acabaram sendo premiadas no concurso Science as Art, promovido todo ano pela Materials Research Society (MRS). As imagens de microscopia eletrônica são obtidas em escala de cinza – alguns “artistas” usam programas como Photoshop para colorizá-las e realçar sua beleza.

No Brasil, uma iniciativa semelhante foi feita, no que se refere à divulgação das coisas nanométricas sob o ponto de vista estético. Há um tempo atrás recebi um e-mail do Centro Multidisciplinar para o Desenvolvimento de Materiais Cerâmicos (CMDMC) com indicação para um link sobre “Nanoarte“. Abri o link e tive uma grata surpresa: as imagens são lindas! Selecionei quatro de forma aleatória para deleite do leitor, mas recomendo que todas sejam vistas.

A ideia é encabeçada pelo professor Elson Longo, do Instituto de Química da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP). Os créditos das imagens são de Rorivaldo de Camargo, técnico em microscopia, e Ricardo Tranquilin, mestrando. Belas imagens e bela iniciativa.

OBS.: As imagens do projeto são de materiais cerâmicos em pó. A única coisa que senti falta no site foi de uma indicação mais específica do que é composta cada imagem e detalhes da técnica empregada para obter cada uma.


Nanotecnologia: um debate público

O Editorial da última Nature Nanotechnology (nov. 2009) trouxe uma discussão bastante pertinente sobre como é importante que os cientistas que trabalham com nanociência e nanotecnologia comuniquem ao público leigo quais tem sido seus resultados de pesquisa e que produtos eles estão desenvolvendo. O assunto já havia sido levantado há cerca de um mês atrás, com a publicação do relatório Reconfigurando Responsabilidades – Aprofundando o Debate sobre a Nanotecnologia, de autoria de um grupo de cientistas europeus. Infelizmente, por força de alguns compromissos (eles sempre vem todos juntos!), não pude dar a devida atenção ao relatório na época, mas nem por isso esqueci do assunto.

O grande receio do pessoal da área é que a reação pública à nanotecnologia seja semelhante àquela ocorrida há alguns anos atrás com o surgimento dos organismos geneticamente modificados, onde a aversão aos riscos foi tão grande que muitas informações desencontradas e até absurdas foram tomadas como corretas por uma parcela significativa da população. Um dos grandes erros da época foi limitar o debate público sobre os alimentos geneticamente modificados. É justamente nessa linha de raciocínio que tanto o relatório europeu quanto o editorial da Nature defendem que os debates sobre riscos e benefícios da nanotecnologia não devem se restringir aos muros da academia ou das grandes corporações. Concordo plenamente com esse posicionamento.

É preciso trazer a sociedade para a esfera dos debate – afinal, é esta sociedade que sofrerá os impactos (inclusive éticos e sociais) da nanotecnologia. Mas para que o debate seja profícuo, primeiro as pessoas precisam SABER o que é nanotecnologia. E a maioria não sabe. Uma pesquisa realizada pelo PEN em 2007 mostrou que 42 % dos norte-americanos entrevistados nunca haviam ouvido falar em nanotecnologia. A mesma pesquisa demonstrou que 51 % não tinham opinião formada sobre seus riscos e benefícios. Uma pesquisa feita pelo MCT no mesmo ano mostrou que 84 % dos brasileiros entrevistados não conheciam nenhuma instituição dedicada a fazer pesquisa em nosso país. Essa mesma pesquisa demonstrou que a nanotecnologia é uma das áreas mais importantes a ser desenvolvida no Brasil nos próximos anos apenas na opinião de 3 % dos entrevistados. Além disso, a grande maioria (73 %) se informava pouco ou nada sobre ciência e tecnologia, principalmente por não entendê-las. No entanto, 41 % afirmaram ter muito interesse por ciência e tecnologia (!). Os resultados apontados por essas pesquisas demonstram o quão importante é a divulgação científica feita de forma atraente, acessível e com qualidade de conteúdo e o quanto essa demanda ainda não foi satisfeita. Nesse contexto, divulgação científica é um compromisso social de quem constrói a ciência. Um trabalho interessante tem sido feito nesse sentido pela rede Renanossoma, que une pesquisadores de todas as áreas da ciência para discutir os impactos ambientais e sociais das nanotecnologias.

Terei a oportunidade de falar sobre a divulgação da nanobiotecnologia pela mídia e de debater a respeito da divulgação científica feita com o auxílio das novas mídias, juntamente com o jornalista de ciência da Folha de São Paulo Reinaldo José Lopes e o acadêmico de ciências biológicas Luiz Felipe Benites, hoje à noite, na Unisinos. Programação aqui (se você mora na região metropolitana de Porto Alegre, ainda dá tempo de aproveitar o evento!).


Os impactos da nanotecnologia – vídeo I da ChemMatters

Sigo o consultor do Project on Emerging Nanotechnologies (PEN), Andrew Maynard, no Twitter. Foi lá que vi um link sobre um video interessante a respeito dos impactos da nanotecnologia, promovido pela ChemMatters, da American Chemical Society. Infelizmente o vídeo está em inglês e sou uma negação para inserir legendas, mas só as imagens já valem o click!

Carl Sagan day

(Origem da foto aqui)

Hoje é o dia em que o astrônomo americano Carl Sagan (1934-1996) completaria 75 anos de vida, e em homenagem a esse ilustre cientista e divulgador da ciência, comemoramos hoje o Carl Sagan Day!

Para quem não o conhece, recomendo fortemente a leitura de um de seus ótimos livros, cujo título é O Mundo Assombrado Pelos Demônios. Nesse livro, o autor discorre com maestria sobre as relações entre os mitos, as pesudociências, nossos medos e desejos, bem como as relações entre a ciência e a sociedade, numa linguagem bem acessível e até irreverente.

Como já dizia o próprio:

“Mais vale acender uma vela do que maldizer a escuridão”.

P.S.: Vale dar uma olhada na coletânea de entrevistas e textos de e sobre Carl Sagan, no Ceticismo Aberto.


Mesa redonda sobre a Compreensão Pública da Ciência

Há um pouco mais de mês recebi um convite do L. Benites A., o Amigo de Wigner, para participar de uma mesa redonda sobre Compreensão Pública da Ciência, que fará parte da programação do XII RABU (Reunião Acadêmica da Biologia da Unisinos), que ocorrerá de 9 a 13 de novembro em São Leopoldo/RS. Fico muito feliz de compartilhar a mesa com o Luiz Felipe e também com o jornalista da Folha de São Paulo Reinaldo José Lopes, outro blogueiro de ciência dos bons.
Como não sou especialista em divulgação científica de forma geral, vou falar do que sei: nanobiotecnologia. Mais especificamente, a Nanobiotecnologia Pelos Olhos da Mídia (sempre fazendo o contraponto com a realidade do laboratório).

Certamente, o bate-papo acabará envolvendo também uma discussão que já foi levantada no II EWCLiPo: o papel dos cientistas e dos jornalistas na divulgação de ciência. Espero representar bem os cientistas divulgadores de ciência por lá!

As inscrições abrirão no dia 12 de outubro. Espero você lá!


As aventuras de Fernanda Balla (mágica) pelos quatro cantos do Rio de Janeiro

(sim, esse título também é uma referência ao blog da Lúcia Malla)

Sábado, fim do segundo dia do II EWCLiPo – mas a noite… essa só estava começando. Como contei no último post desse blog, o pessoal resolveu continuar a discussão, que começou pela manhã, lá no bar Saint-Tropez, na praia dos anjos. Quando cheguei, encontrei duas grandes mesas já abarrotadas de blogueiros, em conversas animadas.

Não tive dúvida, sentei numa pequena mesa ao lado e pedi uma muqueca de peixe e frutos do mar + chopp. Fantástica!!!! Quando o placar já estava 4 x 1 para a muqueca (era comida para umas 4 pessoas!), chegou um pessoal pedindo licença para sentar na mesa: era a equipe de jornalistas da Ciência Hoje, que também estavam participando do evento. Equipe, aliás, divertidíssima – dei boas risadas com essa turma. E, como bons jornalistas, encheram-me de perguntas. Uma delas foi:”-Por que você começou a fazer um blog de ciências?”

“-Você quer a resposta oficial ou a não-oficial?”
“- A não-oficial, claro!”
“-Então tá, a resposta OFICIAL é porque acredito que divulgação científica bem-feita é um compromisso social. A NÃO-OFICIAL é porque eu acho que escrever para o blog é um divertimento!” (nesse momento um silêncio se estabeleceu e o pessoal da mesa fez uma cara de pena para mim….)

Qual não foi a minha supresa quando ouvi a mesma coisa – que divulgação científica é um divertimento – da prof. Suzana Herculano-Houzel, a primeira palestrante da manhã de domingo! Suzana nos brindou com uma palestra brilhante sobre o cientista e seu papel da divulgação de ciência. Segundo ela, existe SIM mercado para livros de divulgação científica no Brasil, e cientistas podem e devem suprir essa demanda. Eu não conhecia em maiores detalhes o trabalho dela, que é apoiado por órgãos como CNPq e FAPERJ (quem disse que divulgação científica é perda de tempo, hein?) – o fato é que virei fã de carteirinha da Suzana. Na palestra seguinte, a Alessandra Carvalho fez o contraponto, mostrando para a plateia qual é o papel do jornalista na divulgação científica (muito instrutivo!).

Infelizmente, não pude assistir às demais palestras do II EWCLiPO, nem participar do encerramento, mas valeu – conheci pessoas muito receptivas e agradáveis, com objetivos em comum: tornar a ciência e o pensamento crítico parte relevante do cotidiano das pessoas, desmistificar a figura do cientista (que pode até ser meio doido, mas também é gente!) e… se divertir com tudo isso 🙂

Ainda não sei o que o pessoal decidiu sobre o EWCLiPo do próximo ano, mas seja onde for (Natal! Natal!), certamente estarei lá.

P.S.1: Na volta para o Rio, parei em Cabo Frio para almoçar bobó de camarão com chorinho ao vivo (nessa viagem de 10 dias pelo estado do RJ, só faltou a caldeirada de frutos do mar – mas como disse um amigo, não se pode ganhar todas).

Como é possível ver nas fotos, São Pedro não me sacaneou totalmente. Apesar do tempo ruim durante a semana no Rio, o sol apareceu no fim de semana. Devido a isso, tive a chance de ficar absolutamente extasiada com a beleza e com a cor do mar de Arraial (pena que as imagens abaixo não fazem jus ao que vi in loco).

(praia dos Anjos – local do II EWCLiPo, vista do alto do Pontal do Atalaia – Arraial do Cabo, RJ)
a autoria das fotos é minha, mesmo…

P.S.2: Optei por contar a minha visão pessoal do II EWCLiPo como um diário de viagens para não chover no molhado – antes de mim, muita gente boa descreveu o evento em detalhes de forma brilhante. A compilação dos post que tratam do EWCLiPo está sendo feita pelo Takata no Gene Repórter. Confira!

UPDATE 01/10/09: A Tati Nahas fez uma “ewclipagem” das fotos lá no Ciência na Mídia. Vale a visita.

Uma Balla (mágica) pelo mundo

(sim, o título é uma referência ao blog da Lúcia Malla)

Nove horas da noite de sexta-feira. Saí da cidade maravilhosa depois de uma semana de chuva e frio. Destino: a paradisíaca Arraial do Cabo. O fim de semana prometia… Lá estava eu indo participar do II EWCLiPo (Encontro de Weblogs de Ciência em Língua Portuguesa). Um inesperado congestionamento na ponte Rio-Niterói atrasou minha chegada – que era para ser as 23h, mas só larguei minhas coisas na pousada à 1h da madrugada. Isso não me impediu de levantar cedinho no sábado, com toda a disposição do mundo… Nesse dia eu teria a chance de conhecer os rostos por trás de tantos blogs legais sobre ciência. Sim, há rostos por trás deles!

Cheguei timidamente no Hotel A Ressurgência, local onde o encontro estava acontecendo desde sexta à tarde. Lá estava o simpaticíssimo prof. Mauro Rebelo, um dos organizadores do evento, repassando os slides da sua palestra, que seria a primeira da manhã. Perguntei a ele onde estava todo mundo. O prof. Mauro abriu um sorriso e disse que a confraternização do dia anterior tinha terminado mais tarde que o previsto. Depois de cerca de meia hora, aos poucos as pessoas foram chegando, e eu fui reconhecendo os rostos (ou parte deles, né Rafael?) das fotografias que constam nos blogs. Eu não tinha colocado referência ao Bala Mágica no meu crachá, e não tenho foto no blog, então foi inusitado algumas pessoas me reconhecerem também: “- Ahh, essa é a bala mágica!”. Vejam que ganhei um nickname e fiquei me achando com essa, hahaha…

Na qualidade de organizador, o prof. Mauro chamou o pessoal a entrar no auditório (blogueiros de ciência, quando se juntam, começam a discutir sobre a vida, o universo e tudo mais, e não páram sem a ação de uma força externa). Uma atmosfera de discussão e troca profícua de ideias tomou conta do ambiente e permeou todo o evento. A palestra do prof. Mauro sobre escrita criativa foi ótima – “preguiça, ignorância e medo nunca geram ideias criativas”. Na sequencia, a prof. Sonia Rodrigues nos trouxe sua experiência com inclusão digital de jovens e adolescentes. Não pude deixar de lembrar de coisas que já vivenciei lecionando no Projeto Educacional Alternativa Cidadã. O Carlos Cardoso nos brindou com uma divertidíssima palestra sobre como ganhar dinheiro com blogs – e outras cositas mas! Se você tiver a oportunidade de assistir esse publicitário que ganha a vida como blogueiro profissional e se apresenta como nerd, assista. (Descobri, por exemplo, que os blogs de ciência estão na categoria “Personal Carl Sagan”). O Carlos Hotta e o Átila Iamarino nos apresentaram sua experiência como gerentes do ScienceBlogs Brasil, e altas discussões surgiram sobre os critérios para um blog ser incluído no SBBr (afinal, quem não quer esse selo de qualidade para seu blog?)

Depois do almoço, o prof. Osame Kinouchi nos falou sobre redes complexas e mostrou o panorama da blogosfera científica brasileira. Depois dele, o prof. Leandro Tessler trouxe à baila a discussão sobre o efeito da ciência de má qualidade (ou anti-ciência) divulgada pela mídia na opinião pública, e mencionou a questão da hierarquização da informação na rede (ou a falta dela). E se você acha que só blogueiros de ciência estavam presentes no EWCLiPo, surpreenda-se com o palestrante seguinte: O Bernardo Esteves, editor da Ciência Hoje Online, veio com uma equipe e nos mostrou qual o papel de jornalistas e cientistas na divulgação da ciência.

Após as palestras, o prof. Osame anunciou os vencedores do prêmio de melhor blog científico, organizado pelo Anel de Blogs Científicos. O Bala Mágica ganhou o terceiro lugar (e um certificado!) na categoria Mente e Cérebro, Saúde e Medicina. O primeiro lugar dessa categoria foi do Ecce_Medicus. Qual a surpresa quando a Maria foi receber o prêmio? Na plateia, as pessoas se perguntavam: “- Então o Karl é menina?”. Não… o Karl é uma entidade 😉

Para variar, eu sempre pago mico nesses momentos. Estava eu posando para a foto com o certificado na mão, quando escuto de alguém da plateia:
“-Não é foto, ele está filmando!”; “-Ahhh, tá…hehehe”. Os prêmios humorísticos também foram distribuídos lá. Menção especial ao Roberto Takata, que ganhou o troféu (na verdade, um sapinho) de comentarista de destaque da blogosfera (e do II EWCLiPo também!).

Depois de um dia de altas discussões, a galera toda foi para o Saint-Tropez, para continuar o papo com cerveja. Mas como o post está longo, continuo contando o que aconteceu em Arraial amanhã.

P.S.: Optei por contar a minha visão pessoal do II EWCLiPo como um diário de viagens para não chover no molhado – antes de mim, muita gente boa descreveu o evento em detalhes de forma brilhante. A compilação dos post que tratam do EWCLiPo está sendo feita pelo Takata (o ganhador do sapinho!) no Gene Repórter. Confira!
UPDATE 29/09/09: vídeo com depoimentos de blogueiros que participaram do II EWCLiPo, na página da Ciência Hoje Online.

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