Uma equação para a qualidade
O pesquisador Kimmo Ericksson, da Universidade de Estocolmo, publicou um artigo na revista Judgment and Decision Making, demonstrando que a adição de uma equação em um texto acadêmico pode resultar em uma percepção de que o trabalho possui uma melhor qualidade.
Resumo do artigo:
Matemática é uma ferramenta fundamental da pesquisa. Embora potencialmente aplicável em todas as disciplinas, a quantidade de formação em matemática que os alunos normalmente recebem varia muito entre as diferentes disciplinas. As disciplinas nas quais amaioria dos pesquisadores não dominam a matemática, o uso da mesma pode causar um maior respeito. Para demonstrar isso eu condizi uma pesquisa online com 200 participantes, que possuem experiência na leitura de relatórios de pesquisa e pós-graduação. Os participantes foram apresentados a resumos de dois artigos publicados (um em antropologia evolucionária e um em sociologia). Com base nesses resumos, os participantes foram convidados à julgar a qualidade da pesquisa. Um ou outro desses resumos foi alterado por meio da inclusão de uma frase extra retirada de um artigo completamente diferente e então adiocnando uma equação que não fazia sentido no contexto. Os resumos que incluía ma matemática sem sentido tendiam a ser julgados como tendo uma maior qualidade. No entanto, este “efeito de matemática nonsense” não foi encontrado entre os participantes com formação em matemática, ciência, tecnologia ou medicina.
O artigo: The nonsense math effect
Cortando unhas no espaço
Chega de perguntas sobre o banheiro dos astronautas.
Como um habitante da estação espacial internacional corta as unhas?
As lascas de unhas cortadas não podem ficar flutuando pela estação, com risco de engasgar ou entrar no olho de alguém.
A solução é encontrar uma passagem na qual o ar da estação é constantemente aspirado e fazer todo o trabalho por ali.
As lascas ficarão na grade até o dia da faxina na estação.
Esfera incandescente em água
Veja o que ocorre quando uma bola de níquel incandescente é submersa em água.
Boa parte do que aconteceu pode ser explicado pelo efeito de Leidenfrost, no qual uma superfície quente quando em contato com um líquido gera uma camada isolante de vapor.
Não tente repetir o experimento sem equipamento de proteção e conhecimento sobre o metal utilizado.
Bibliotecário robótico
Quando uma biblioteca ultrapassa a marca de 1 milhão de itens, o trabalho dos bibliotecários fica cada vez mais difícil. Encontrar, buscar, entregar, organizar tantos exemplares toma cada vez mais tempo e espaço.
A biblioteca da Universidade Estadual da Carolina do Norte resolveu deixar a tarefa repetitiva para um robô, e a parte que ainda precisa de um cérebro para os bibliotecários.
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O bookbot organiza tudo em mais de 18.000 caixas, com cada item marcado com código de barras o sistema consegue guardar e organizar tudo em um espaço que ocupa apenas 1/9 do método tradicional.
A tecnologia não é uma novidade e já é utilizada em empresas que precisam organizar uma grande quantidade de itens em estoque.
O sistema bookbot tira a chance do usuário vagar pela biblioteca em busca de alguma surpresa interessante. Apesar disto já não ser permitido em acervos de obras raras que demandam condições controladas de armazenamento e manipulação. No entanto, ainda restam os sites que possuem sistemas de indicação de obras semelhantes e adequadas ao gosto do leitor, como a Amazon e o GoodReads.
O orientador não viu
É muito arriscado brincar em um ambiente de trabalho acadêmico, principalmente se os colegas e chefes não gostam da brincadeira.
O ganhador do prêmio Nobel de química de 1961 Melvin Calvin era conhecido pela seriedade e pouca paciência com brincadeiras. Um alvo perfeito para uma missão arriscada: desenhar um homem pescando em um dos diagramas, sem que Melvin Calvin percebesse.
O estudante de graduação A. T. Wilson que trabalhava como assistente de Calvin apostou com um secretário do departamento que conseguiria passar pelo arriscado teste.
O resultado
O detalhe do peixe
Calvin faleceu em 1997 e parece que nunca descobriu a brincadeira, que pode ser vista no artigo ‘The Photosynthetic Cycle. CO2 Dependent Transients‘, publicado no Journal of the American Chemical Society em 1955.
Mulheres com pouca roupa
Estudo publicado na PLOS One revela que avatares femininos no Second Life usam bem menos roupas se comparados aos avatares masculinos.
Sério!? ¬¬
Os números.
Os dados indicam que 71% dos avatares masculinos tem entre 75 e 100% da pele coberta por roupas. Enquanto que 47% dos femininos estão com 25 a 49% da pele coberta. Com a limitação de não ser conhecido se o usuário do avatar era homem ou mulher.
Quem costuma jogar Mmorpg já sabe que o poder da armadura de um personagem feminino é inversamente proporcional ao tamanho.
O interessante é que as universidades insistem em realizar pesquisas envolvendo o Second Life, mesmo que quase ninguém mais utilize o mundo virtual. Conclusão, pesquisadores usam avatares com pouca roupa.
Artigo: Virtually Naked: Virtual Environment Reveals Sex-Dependent Nature of Skin Disclosure
Som mais irritante
Qual é o som mais irritante?
Unhas arranhando um quadro, funk, furadeira, bebê chorando…?
Um grupo de neurocientistas decidiu descobrir qual é o som mais irritante, entre uma lista de possíveis candidatos, e para isso colocaram 16 voluntários em um aparelho de ressonância magnética. O resultado foi publicado na revista Journal of Neuroscience em outubro de 2012.
O vencedor foi o som de uma faca raspando em uma garrafa de vidro. Você pode ouvir os sons clicando nos links abaixo.
1- Faca arranhando uma garrafa de vidro
2- Garfo em vidro
3- Giz no quadro
4- Régua em garrafa
5- Unhas no quadro
6- Grito feminino
7- Lixadora
8- Guincho de freio de bicicleta
9- Bebê chorando
10- Furadeira
Os menos irritantes foram:
1- Aplausos
2- Bebê rindo
3- Trovão
4- Água fluindo
O dado mais interessante foi a ativação da amígdala cerebelosas (não confunda com as amígdalas faríngeas), indicando claramente o desconforto sentido pelo voluntário.
A ideia inicial era que o desconforto poderia ser algo de ancestral no cérebro, estando associado ao grito de alerta de primatas. Mas a hipótese não se sustentou em uma pesquisa posterior que testou a reação dos sagui-de-cabeça-branca a sons semelhantes. Restando então a alternativa que os sons são irritantes mais por estarem associados à sensação de dor para ruídos com estas características.
Então os pesquisadores da área da psicoacústica terão que repetir os testes com funk.
Máquina inútil em versão avançada
Claude Shannon, matemático americano, mantinha em seu escritório uma estranha máquina, cuja única função era auto-desligar. O invento partiu de uma ideia do pesquisador Marvin Minsky, especialista em inteligência artificial.
Agora a máquina evoluiu para uma versão mais complexa. Várias chaves complicam a vida da máquina que quer ficar em paz!
Esta versão foi feita a partir de uma impressora Canon 850i fora de uso.
Veja os detalhes em
http://leyanda.de/stuff/useless_adv.php
Fique com a pele Frigidine
Um pouco de luz ‘Frigidine’ e sua pele seria renovada! Prometia uma matéria na revista Modern Mechanix, em janeiro de 1929.
De olho na (sempre) crescente demanda por novos tratamentos de beleza, a associação nacional americana de fornecedores de produtos para salões de beleza [National Beauty and Barbers Supply Dealers Association], oferecia um equipamento que emitia uma luz especial, batizada de ‘Frigidine’.
A promessa era que a luz de cor azulada seria um substituto para a massagem adstringente. Com o tratamento a pele secaria e seria facilmente removida; resultando em estimulação do crescimento de uma pele renovada.
Desconfio que a tal luz azul poderia conter comprimentos de onda na faixa do ultravioleta. Que não são nada adequados para quem quer ter uma pele saudável.
Crime não compensa, dizem economistas
Crime não compensa… pelo menos o crime de assalto a bancos na Inglaterra. É o que comenta o texto “Robbing banks. Crime does pay – but not very much” [Roubando bancos. Crime paga – mas não muito.], publicado na revista Significance de junho de 2012, publicação da Royal Statistical Society e American Statistical Association.
Os pesquisadores alegam que “Crime é uma atividade econômica como qualquer outra: tem seus lucros, suas perdas, seus riscos e seus retornos. Tem também seus insumos, de trabalho e de capital, e seus custos.” e também “Podemos dizer exatamente porque roubar bancos é uma má ideia.”
De posse dos dados (antes) confidenciais dos roubos a bancos, os Professores Barry Reilly, do Departamento de economia da Universidade de Sussex; Professores Neil Rickman e Robert Witt da Universidade de Surrey, fizeram uma análise da quantidade de dinheiro que foi roubada em cada ação, da média de criminosos por roubo, taxa de sucesso dos criminosos, número de clientes presentes durante o assalto, vezes em que o alarme foi ativado, etc
No final das contas, os bancos (ingleses) tem mais prejuízo com o investimento em segurança, custos psicológicos para os funcionários, problemas na reputação da empresa assaltada,… do que com o valor roubado propriamente dito.
A média britânica dos valores roubados em assaltos ficou em £20.331 (libras esterlinas, em torno de 60.000 reais). Como a equipe de assaltantes tem em média 1,6 pessoas. O valor para cada membro da quadrilha resultaria em torno de £12.706. O que equivale a menos de 6 meses da média salarial do país. Para piorar a vida dos assaltantes de primeiro mundo, a tentativa de aumentar os lucros também aumenta a chance de ser preso; colocando tudo a perder.
O uso de armas de fogo, e uma equipe maior, aumenta o retorno médio da ação e a taxa de sucesso; mas também gera complicações adicionais em caso de prisão e julgamento, e aumenta os custos da operação.
Não só na Inglaterra a conta não é favorável. Também nos EUA a coisa não tá fácil. O faturamento cai para apenas $4.330 em média por pessoa. Um pouco mais que a média de $1589 obtido em assaltos de outra natureza, ou o baixo lucro de $769 em assaltos à lojas de conveniências. Assim, fica a dica dos criminosos americanos tentarem carreira lá pela Inglaterra.
Então, não roube bancos! Agora está provado cientificamente que é uma má ideia. E melhor não repetir o estudo com dados no Brasil, pode ser que o resultado não seja adequado para publicação.
Veja o texto original em:
Robbing banks: Crime does pay – but not very much. Significance (2012); Barry Reilly, Neil Rickman e Robert Witt; DOI: 10.1111/j.1740-9713.2012.00570.x