Som mais irritante

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Qual é o som mais irritante?
Unhas arranhando um quadro, funk, furadeira, bebê chorando…?

Um grupo de neurocientistas decidiu descobrir qual é o som mais irritante, entre uma lista de possíveis candidatos, e para isso colocaram 16 voluntários em um aparelho de ressonância magnética. O resultado foi publicado na revista Journal of Neuroscience em outubro de 2012.

O vencedor foi o som de uma faca raspando em uma garrafa de vidro. Você pode ouvir os sons clicando nos links abaixo.

1- Faca arranhando uma garrafa de vidro
2- Garfo em vidro
3- Giz no quadro
4- Régua em garrafa
5- Unhas no quadro
6- Grito feminino
7- Lixadora
8- Guincho de freio de bicicleta
9- Bebê chorando
10- Furadeira

Os menos irritantes foram:

1- Aplausos
2- Bebê rindo
3- Trovão
4- Água fluindo

O dado mais interessante foi a ativação da amígdala cerebelosas (não confunda com as amígdalas faríngeas), indicando claramente o desconforto sentido pelo voluntário.

A ideia inicial era que o desconforto poderia ser algo de ancestral no cérebro, estando associado ao grito de alerta de primatas. Mas a hipótese não se sustentou em uma pesquisa posterior que testou a reação dos sagui-de-cabeça-branca a sons semelhantes. Restando então a alternativa que os sons são irritantes mais por estarem associados à sensação de dor para ruídos com estas características.

Então os pesquisadores da área da psicoacústica terão que repetir os testes com funk.

Via Presurfer

Artigo: Features versus Feelings: Dissociable Representations of the Acoustic Features and Valence of Aversive Sounds

Tudo em ponta-cabeça


Nosso cérebro é maleável e consegue, com um certo treino e dedicação, adaptar às mudanças de percepção.

Com paciência conseguimos ler um texto invertido.
˙oʇxǝʇ o ɹǝʇɹǝʌuı ǝnƃǝsuoɔ oɹqǝɹéɔ nǝs O
Ou o clássico:
35T3 P3QU3N0 T3XTO 53RV3 4P3N45 P4R4 M05TR4R COMO NO554 C4B3Ç4
CONS3GU3 F4Z3R CO1545 1MPR3551ON4ANT35!

Lá pela metade do século passado o professor e pesquisador Theodor Erismann, da universidade austríaca de Innsbruck, bolou um experimento para testar a capacidade que um humano teria em viver durante alguns dias vendo tudo de ponta-cabeça.

Nada melhor do que ter um estudante ‘voluntário’ para aceitar tal desafio. Foi assim que Ivo Kohler passou a utilizar óculos especialmente adaptados com espelhos para inverter tudo o que via.

Um vídeo registrou as dificuldades inicias de Kohler. Desviar de uma cadeira, descer uma escada era impossível sem a ajuda do professor, passear pelas ruas, defender-se de ataques com uma espada(!) e até tentar tomar um chá.

Após 10 dias de experimento ele já conseguia realizar diversas atividades, até mesmo andar de bicicleta sem muita dificuldade!

Acostumar com tudo invertido significa que ao retirar os óculos o desafio será retomar a vida ao normal. Até um aperto de mãos pode ser confuso.

Além do experimento com o mundo invertido, Theodor Erismann e Ivo Kohler, testaram o resultado do uso de um óculos que invertia a esquerda e direita. Com sucesso! O voluntário, provavelmente o coitado do Kohler, “tornou-se tão à vontade em seu mundo invertido, que foi capaz de conduzir uma motocicleta por Innsbruck enquanto usava os óculos”.

Via Improbable Research.

Lembra! Não vai esquecer!


Algumas das frases que mais me causam angústia:
“Não vai esquecer de… ”
“Lembre que amanhã… ”
“Lembra do que eu te disse… ”
“Onde está aquela… ”

Tenho uma péssima memória para agendar compromissos, tarefas, informações soltas e assuntos que não são do meu interesse imediato. E não adianta ter uma agenda, o problema é acompanhado de uma desorganização crônica. 🙂

Recentemente terminei a leitura do livro (esqueci o título completo, vamos ao Google… ‘memoria campeão livro’) “A arte e a ciência de memorizar tudo: memórias de um campeão de memória” Joshua Foer.

Quais as informações do livro ainda permanecem em minha memória? Várias! Mas quase todas recortadas e com sentido apenas dentro do contexto de minha mente. Informações estas dependentes de meus gostos, memórias passadas, preferências e emoções. Não adiantaria muito repassar esses pedaços no aqui neste texto; ficariam soltos, da mesma forma como que conta um sonho – cheio de emoção e sem muita graça para quem ouve.

O livro não é um manual de como treinar a memória, é o relato de um jornalista que durante um ano treinou para competir no Campeonato de Memória dos Estados Unidos – e venceu!

Uma das revelações mais importantes feitas por Joshua Foer, é que mesmo treinando exaustivamente durante um ano, e sendo um campeão de memorização, seu cérebro não atingiu nenhum nível de genialidade, apenas ficou muito bom no que treinou.

Leitura recomendada! Fiquei tão envolvido com a história que acabei esquecendo alguns compromissos. ¬¬

http://joshuafoer.com/moonwalking-with-einstein/

Alucinações – Oliver Sacks


Oliver Sacks, um dos melhores escritores na área de neurociências, está com um novo livro no forno, a ser lançado nos EUA no dia 6 de novembro; desta vez tratando especificamente do tema ‘Alucinações’. Apesar de no Brasil terem traduzido o título do livro ‘Musicophilia: Tales of Music and the Brain´ (2007) como ‘Alucinações musicais’.

Uma imperdível oportunidade de ter acesso antecipado aos assuntos abordados no livro, é assistir a entrevista de Oliver no ‘ World Science Festival’ deste ano.

Oliver Sacks: The Bewitching World of Hallucinations

Oliver Sacks: The Bewitching World of Hallucinations from World Science Festival

A entrevista é conduzida pelo jornalista John Charles Hockenberry que aproveita para contar um pouco de suas próprias experiências em situação de consciência alterada. E em seguida convida Oliver Sacks ao palco, comentando que ele talvez seja o Justin Bieber da neurociência.

Oliver comenta que as alucinações variam do emocionante ao amedrontador. De um escape ou tentativa de simulação da realidade realizada pelo cérebro; tanto como uma válvula que alivia alguma situação difícil, quanto algum sofrimento não desejado pela pessoa que passa pelo evento alucinatório.

Em vários momentos é citada a epilepsia, hipnose, situações específicas do sono e cegueira como possíveis despertadores de eventos de alucinação.

Como é comum em suas livros, Oliver Sacks comenta experiências pessoais na área. Tanto das visões alucinatórias de formas geométricas que tem por causa da recente cegueira no olho direito, causada por um câncer. Quanto de antigas experimentações que fez com algumas drogas alucinógenas (recomendando que não façam o mesmo).

A entrevista foi transmitida pela internet e esteve aberta a questões para a platéia presente. Inclusive com uma pergunta feita por Neil deGrasse Tyson.

Seu cérebro enquanto urina

creative commons
O que acontece no seu cérebro quando você urina?

Mais uma preocupação para a ciência!

O artigo publicado no ´The Journal of Urology´, “Um relatório preliminar sobre o uso da ressonância magnética funcional com simultânea urodinâmica para gravar a atividade cerebral durante a micção” [A Preliminary Report on the Use of Functional Magnetic Resonance Imaging with Simultaneous Urodynamics to Record Brain Activity During Micturition] basicamente mostrou as regiões cerebrais mais ativas durante um xixi básico.

As voluntárias para o estudo foram 12 mulheres, sendo que 8 destas conseguiram urinar enquanto deitadas.

E na conclusão os autores ainda defendem que “Os dados sugerem que estudos adicionais são necessários para validação”.

Agora o próximo passo é encontrar pesquisadores e voluntários cheios de curiosidade científica para realizar um estudo sobre o número 2!

A Preliminary Report on the Use of Functional Magnetic Resonance Imaging with Simultaneous Urodynamics to Record Brain Activity During Micturition.
The Journal of Urology
Volume 188, Issue 2, August 2012, Pages 474–479

Via Discoblog

Tapete nauseante

cuidado
Estudo publicado na revista Perception, em 2011, demonstra que alguns padrões repetitivos podem causar algum tipo de náusea.

O artigo intitulado ´The sickening rug: a repeating static pattern that leads to motion-sickness-like symptoms.´ [Tapete nauseante: um padrão repetitivo estático que leva à sintomas parecidos com náusea por cinetose (devido ao movimento)], comenta que observadores não cientes de que ocorria algum efeito com o tapete, ficaram observando a imagem durante 5 minutos. Ao responderem um questionário avaliador de náusea, a pontuação foi mais alta do que quando observavam um padrão neutro nas mesmas condições.

Levando à conclusão que: “Resultados são consistentes com pesquisas que sugerem que indivíduos neurologicamente normais, que vêem um padrão de repetição estática, podem experimentar sintomas desagradáveis​​, alguns das quais similares à cinetose.”

Uma boa sugestão de estampa de tapete para quem tem labirintite.

ResearchBlogging.org
Bonato, F., Bubka, A., Ishak, S., & Graveline, V. (2011). The sickening rug: A repeating static pattern that leads to motion-sickness-like symptoms Perception, 40 (4), 493-496 DOI: 10.1068/p6829

O poder da mente sobre o corpo

Ilustração em matéria publicada na revista Popular Science, em edição de setembro de 1937.
controle mente
Quando desliguei a eletricidade, uma enfermeira segurou um telefone no ouvido do soldado “surdo”. Através dele veio a voz de sua noiva, em Chicago. “Meu doce, eu consigo te ouvir!” ele gritou
Com uma mistura de histórias pouco críveis, a matéria ´Cure the Body Through the Mind´ (Cura do corpo através da Mente) mostra um pouco da antiga percepção da influência que a mente poderia ter sobre o corpo. Com poucos dados e muitos relatos de caso, esta percepção era precária – e ainda é.
Uma mulher jurava estar engasgando com um osso de galinha, durante uma semana ficou sofrendo com os sintomas. Um especialista examinou sua garganta e não encontrou nada.
Diagnóstico: sintomas imaginários.
Solução: bastou o médico simular que extraia o osso da garganta, para tudo voltar ao normal.
O pobre homem retratado na ilustração acima, foi vítima de uma armação. Ele, um soldado da Primeira Guerra, afirmava estar surdo após dias de intenso bombardeio. Seu médico, suspeitando ser um um problema não relacionado com o aparelho auditivo, resolveu criar um teatro tecnológico para curar a suposta surdez. E bingo! Eis que tudo fica bem quando o homem acredita que está curado.
Além do caso deste soldado, outros relatos afirmam que falsos tratamentos, com eletrodos e muito hocus pocus, resultaram em melhoras quase milagrosas.
O placebo levado ao extremo.
O autor termina dizendo:
“Algum dia, médicos poderão ser capazes de medir os efeitos da felicidade e tristeza, esperança e desespero. A interligação da mente e corpo é um campo de estudos que está recebendo cada vez mais atenção. Psiquiatras – os curandeiros modernos – que devolvem visão aos cegos, audição aos surdos, e alívio aos aflitos, estão liderando o caminho para um melhor entendimento das valiosas zonas de fronteira da medicina.”
Veja o artigo em
http://books.google.com/books?id=YygDAAAAMBAJ&pg=RA1-PA42#v=onepage&q&f=false
Indico também
Todo Mundo em Pânico (texto do Kentaro Mori)

Desejo de amputação – em vídeo

Talvez esta seja uma das coisas mais estranhas que já vi – pessoas que desejam que alguma parte do seu corpo seja amputada. A estranha condição é conhecida como ´Body integrity identity disorder´.
Já comentei sobre o assunto em meu antigo blog
http://www.gluon.com.br/blog/2007/02/04/desejo-amputacao/
O programa Catalyst, da rede de TV ABC, disponibilizou um vídeo sobre o assunto.
captura-tela-video-amp.jpg
Assista em
http://www.abc.net.au/catalyst/stories/2576978.htm
No vídeo eles demonstram alguns experimentos que enganam o cérebro. Um poderia ser descrito como como uma experiência de troca de corpo. O vídeo mostra que braço sente uma coisa mas a visão capta outra informação, causando a confusão. O cérebro possui uma espécie de mapeamento do corpo e de suas sensações, e isso pode ser facilmente enganado. O experimento da mão de borracha também revela que a temperatura da mão verdadeira diminui, indicando uma possível confusão cerebral de controle das funções desta.
Só espero que esta idéia não tenha nenhum caráter memético, e que alguém tenha vontade de cortar alguma parte do corpo após assistir o vídeo.
Encontrei no Boing Boing, que encontrou no Mind Hacks.

Pombo muito inteligente

Sou um admirador da inteligência dos animais. Adoro observar comportamentos criativos e inovadores.
Este pombo me surpreendeu com sua inventividade. Mesmo sendo uma espécie de treinamento ainda considero este comportamento como sendo fenomenal.

O vídeo é um registro real de laboratório de um pombo resolvendo um clássico problema de caixa e banana, testado anteriormente em chimpanzés, por Wolfgang Kohler, em 1917.
O pombo recebe alimento como recompensa por bicar a banana de brinquedo.
O artigo foi publicado na Nature
‘Insight’ in the pigeon: antecedents and determinants of an intelligent performance
Nature 308, 61 – 62 (01 March 1984);
doi:10.1038/308061a0

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