Monitorando radiação em casa

Um projeto polonês está utilizando uma rede de voluntários para realizar monitoramento de radiação em várias partes do mundo.
E qualquer um pode participar!
Basta comprar um sensor vendido pela equipe do projeto, por 27 Euros (mais custos da remessa internacional) e rodar o projeto via software BOINC (computação distribuída gratuita).

O objetivo é criar um mapa mundial de monitoramento contínuo de radiação.
Google maps com pontos onde os sensores estão localizados
A imagem, capturada no momento em que escrevo este texto, indica que na Europa todos sensores ligados estão na faixa normal de radiação – sinalizada pela cor verde dos pontos. Os pequenos símbolos de radioatividade marcam as posições geográficas das usinas nucleares.

Veja no website do projeto mais alguns detalhes
http://radioactiveathome.org/boinc/

Parece que não temos nenhum participante na América do Sul.
google maps mostrando que no Brasil não temos sensores

Rutherford e o experimento da folha de ouro

captura de tela do vídeo
Uma reconstrução moderna do clássico experimento da folha de ouro, originalmente realizado por Ernest Rutherford.

O físico Bruce Kennedy explica no vídeo como funciona a montagem do experimento e como ocorreu na época a mudança de conceitos sobre a representação do átomo.

Vídeo com legendas em português. Para ativar clique no botão CC.

Explosão nuclear para conter vazamento de óleo

explosão para conter vazamento
Existiram diversos projetos de uso das explosões nucleares para fins pacíficos. Tanto por parte dos americanos, quanto em projetos idealizados pelos russos.
Os americanos apostavam no poder das explosões para uso em fins pacíficos no que chamavam de ´Peaceful nuclear explosions´. Isto incluía o projeto ´Operation Plowshare´, com uso de explosões para construção de baías e canais.
Operation Plowshare

A possibilidade de uso de uma explosão nuclear para aumentar a produção de gás natural foi testada no Projeto Rulison, em 10 de setembro de 1969, com a detonação de uma carga nuclear de 43 kilotons.
No entanto o gás extraído após o teste foi considerado ser muito radioativo para a comercialização, e somente em 2005 os níveis de radioatividade foram considerados normais na área.

Os russos foram mais longe com projetos desta natureza, conduzidos dentro da filosofia do ´Nuclear Explosions for the National Economy´, apelidado de Program #7. Os testes pretendiam facilitar a exploração geológica, intensificar a extração de óleo e gás, melhorar a extração de carvão, escavar canais e represas (como no projeto americano) e, talvez o mais interessante neste momento, no uso das explosões para a contenção de
vazamento de gás em locais de extração que apresentassem algum problema.
Os russos realizaram ao todo 5 explosões para conter vazamentos de gás, e mais alguns detalhes sobre os procedimentos podem ser lidos no relatório ´The Soviet Program for Peaceful Uses of Nuclear Explosions (PDF)´ (agradeço Kentaro Mori pela informação).
Uma destas tentativas é descrita no vídeo abaixo.

Existem diversos aspectos a serem considerados no uso deste tipo de medida drástica, e talvez o mais importante seria que uma explosão poderia agravar o problema, gerando um imenso fluxo de vazamento de óleo na região.

Quero um espintariscópio

Spinthariscope imagem original da wikipedia
Imagem original da Wikipedia, cedida por Theodore Gray.

Já sei o que vou querer de presente de Natal! (pouco atrasado)
Um espintariscópio!
Serve para visualização de desintegração nuclear e certamente não será encontrado em nenhuma loja de 1,99!
A montagem e o conceito são simples. Uma pequena amostra de material radioativo é colocada abaixo de uma camada de um material cintilador (radioluminescente), que pode ser o sulfeto de zinco, e que produz luz ao ser atingido por uma partícula alpha proveniente da desintegração nuclear. O sulfeto também é (ou era) encontrado em interruptores de luz que brilham no escuro. Mas fique tranquilo pois esses interruptores não apresentam radioatividade e a luz é decorrente de uma inofensiva fosforescência.
A lente no topo da peça facilita a visualização dos pequenos pontos de luz que ocorrem na superfície do material cintilador.
A foto é de um modelo que vinha junto em um kit de ciência para crianças, chamado “Atomic energy”.
O meu presente vai custar apenas 30 dólares lá na lojinha da United Nuclear. Este modelo possui uma amostra radioativa de tório e não apresenta riscos à saúde enquanto selada.

Tecnécio na veia

O tecnécio-99m ou 99mTc (o m é indicação para metaestável) é um radioisótopo comumente utilizado em medicina para facilitar o diagnóstico de doenças, isto se dá pela criação de contraste que facilita o imageamento de certas partes do corpo, uma delas é a tireóide, demonstrada no vídeo.
A Bionerd, que possui um canal no YouTube, mostra o que ocorre ao se injetar tecnécio-99m na veia. No início não existe quase radiação em seu corpo, e o contador Geiger acusa apenas uma pequena radiação de fundo, que está presente naturalmente em todos ambientes e corpos. Os estalidos no contador indicam a detecção.
A amostra injetada possui uma radiação de 70MBq, ou seja, a cada segundo emite uma radiação proveniente do decaimento de 70.000.000 de átomos. Após a injeção o Geiger acusa uma forte radiação na região do pescoço, e em todo corpo da Bionerd.
Ela também demonstra o resultado da imagem obtida, que revela a tireóide com um formato parecido com uma borboleta e as glândulas salivares.

Ao retornar para casa ela resolve beber um energético com cafeína, que é um diurético, para urinar e coletar o tecnécio que era eliminado pelo seu corpo. A urina coletada foi então concentrada com a evaporação da água. A pasta amarelo-escura é urina concentrada e também dispara o contador Gieger.
A idéia de concentrar a urina já levou a descobertas interessantes. Em 1964, o alquimista alemão Hennig Brand, ao destilar urina para tentar encontrar a ´essencia da vida´, acabou por obter um produto que brilhava no escuro, o que mais tarde foi identificado como fósforo branco. Em 1773, o químico Hilaire Rouelle descobriu a uréia ao destilar urina. Já outros alquimistas não tiveram muita sorte em ferver urina para tentar achar ouro. É amarela, mas nem tanto! 🙂
Até onde eu sei não existe nenhum benefício direto para a saúde tomar doses de elementos radioativos. Mas, no passado, isto já foi uma linha de pensamento defendida por alguns. Prova disso era a venda de produtos que prometiam diversas coisas, como por exemplo, tornar a água radioativa para ser uma fonte de saúde em seu consumo diário.
O tecnécio-99m possui uma meia-vida de aproximadamente 6 horas. Em poucos dias ela estará praticamente livre do composto em seu corpo, ajudada pelos processos naturais de eliminação… pela urina.
Frase interessante no canal da Bionerd no YouTube:
´Nada na vida é para ser temido, é apenas para ser entendido.´ Marie Curie
Excelente!
Leia também
Escoteiro Radioativo: o retorno!
Vidros de urânio
Agradeço ao Kentaro Mori pelas ideias para melhorar o texto.
Ps: vou ficar afastado da internet nos próximos dias. A aprovação dos comentários pode ficar atrasada.

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