Escolha seu curso
Existem vários sites que oferecem cursos completos gratuitos. Coursera, edX, Udacity, Canvas Network, Codecademy, … E cada um deles dá acesso a dezenas de cursos com várias horas de duração.
Podem ser gratuitos, mas demandam uma quantidade significativa de esforço e tempo dedicado no acompanhamento dos vídeos e atividades propostas pelo instrutor. Como então saber se o curso vale a pena?
Uma alternativa é procurar pela opinião de quem já passou pelo curso. E neste caso o website CourseTalk (http://coursetalk.org/) é uma boa ferramenta para reunir estes reviews e dar sugestões de cursos semelhantes.
Slides em sala de aula
Apesar do constante uso de slides em sala de aula, são raros os artigos que tratam do assunto. Relativamente pouco se sabe sobre o efeito pedagógico das apresentações que empregam datashow; também quase nada é dito sobre como organizar uma aula (apresentação) de forma com que ela seja maximizada em seu objetivo. É disto que tratam dois recentes artigos que revisam a área:
– Pedagogy meets PowerPoint: A research review of the effects of computer-generated slides in the classroom – David G. Levasseur e J. Kanan Sawyer (2006 (nem tão recente assim))
– PowerPoint® Presentation Flaws and Failures: A Psychological Analysis -Stephen M. Kosslyn (2012)
Levasseur comenta que existe um certo conflito em relação à efetividade do uso de apresentação de slides em sala de aula. Alguns autores perceberam melhoras nos índices analisados entre os estudantes, enquanto outros não encontraram tais benefícios, até com indicação de alguma piora. Mas uma das tendências é que o fornecimento da cópias dos slides, tanto em formato digital como impresso, é quase uma necessidade para que representem algum benefício na retenção das informações.
Praticamente todos estudos analisados por Levasseur mostraram que os alunos, em média, reagem positivamente às apresentações por slides em sala de aula. Com ressalvas e críticas ao mau uso dos slides por parte de alguns professores, com apresentações enfadonhas ou repletas de efeitos que atrapalham a concentração. Slides podem passar uma mensagem mais interessante, mas também muito mais difícil de processar cognitivamente.
Kosslyn entra na discussão reunindo em seu artigo uma ampla coleção de dados sobre os erros cometidos em relação ao design, em diversas apresentações, nas mais diferentes áreas. Nisto ele reforça que mesmo os princípios de um bom design de um slides pareçam óbvios, poucas vezes são colocados em prática na sua totalidade.
Kosslyn lista também uma série de boas práticas na estruturação de uma apresentação de slides; que tentarei resumir em alguns textos que pretendo publicar futuramente neste blog.
Kosslyn, S., Kievit, R., Russell, A., & Shephard, J. (2012). PowerPoint® Presentation Flaws and Failures: A Psychological Analysis Frontiers in Psychology, 3 DOI: 10.3389/fpsyg.2012.00230
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Levasseur, D., & Kanan Sawyer, J. (2006). Pedagogy Meets PowerPoint: A Research Review of the Effects of Computer-Generated Slides in the Classroom Review of Communication, 6 (1-2), 101-123 DOI: 10.1080/15358590600763383
Seu livro-texto pode ser monitorado
Uma possibilidade que surge com a popularização do uso de leitores de eBooks é do monitoramento dos hábitos do usuário. Não é nenhuma novidade que as empresas como Amazon e Barnes & Noble fazem isso em seus equipamentos para leitura de eBooks, Kindle e Nook. Eles acompanham quantas páginas você já leu, anotações, trechos marcados,… tudo isto com autorização embutida nos Termos de Uso do aparelho ou aplicativo.
A Kobo (empresa de ebooks) dá uma aliviada nesta intromissão com o oferecimento da possibilidade de criar, pelo aplicativo de leitura, uma camada de interação social em um livro.
A nova fronteira neste monitoramento encontra mercado em professores e instituições de ensino interessados em obter dados do uso dos livros-texto eletrônicos. No que é conhecido como ‘educational data mining‘ (mineração ou prospecção de dados educacionais) ou ‘learning analytics‘. Quantas páginas o aluno leu por dia? Quais os trechos mais sublinhados? Alguma anotação foi feita no livro eletrônico? Quais seriam os capítulos do livro que apresentam maiores desafios?
Uma das empresas que testa um destes serviços é a CouseSmart, veja mais detalhes em http://www.coursesmart.com/go/institutions/analytics
E a privacidade?! Gritarão alguns. Não sei se a luta pela privacidade precisaria gastar fôlego nesta discussão. Será que eu preciso ficar incomodado se os outros saberão que por ventura estou com a leitura atrasada no ‘Fundamentos de Química Geral’? Talvez.
Alias, saiba que ao acessar este blog, e praticamente todos os outros sites da internet, todos os teus movimentos e costumes de leitura estão sob análise constante. Claro que tudo feito sem realmente saber em detalhes quem é você.
Coursera em português
O Coursera é um website que oferece a possibilidade de acompanhar gratuitamente dezenas de cursos acadêmicos nas mais diversas áreas.
http://www.coursera.org/
Por enquanto quase tudo está primariamente em inglês. A boa notícia é que voluntários estão traduzindo (legendando) os vídeos das aulas em diversas línguas. E nos cursos mais antigos, o português já aparece entre as opções.
Estou acompanhando (como observador) o curso ‘A History of the World since 1300‘ e vejo que pelo menos 37 vídeos já estão com legendas em português (clique no botão CC para acessar). A promessa é que este número aumente gradualmente.
Também é possível ser voluntário na tradução dos vídeos já disponíveis em todos os cursos. Alguém?
Passo 7: Projeto da estrutura do curso e atividades de aprendizagem
Texto original publicado em “Step 7: Design course structure and learning activities“. Tradução autorizada por Tony Bates.
Neste texto será discutida a importância de propiciar aos estudantes uma estrutura para a aprendizagem online e também na elaboração de atividades de aprendizagem apropriadas. Na verdade, vou argumentar que esta seja talvez o mais importante e menos compreendido de todos os passos em direção a uma aprendizagem online de qualidade.
Este é o oitavo de uma série de 10 textos para a concepção de cursos online com qualidade. Os nove passos visam principalmente os instrutores que são novos na aprendizagem online, ou tentaram sem muita ajuda ou sucesso. Os sete primeiros textos (que devem ser lidos antes deste texto) são:
Introdução
Decida como você deseja ensinar online
Decida que tipo de curso on-line
Trabalhe em grupo
Crie com os recursos existentes
Domine a tecnologia
– Estabeleça metas
Uma versão condensada que cobre todos os posts desta série pode ser encontrada no site ‘What you need to know about teaching online: nine key steps‘. Tem também uma versão em francês ´Ce que le personnel enseignant doit savoir sur l’enseignment en ligne: neuf étapes clés´.
Algumas observações gerais sobre a estrutura no ensino
Primeiro, uma definição, uma vez que este é um tema que raramente é discutido diretamente em qualquer ensino presencial ou online, apesar da estrutura ser um dos principais fatores que influenciam o sucesso aluno.
Três das definições de dicionário de estrutura, são estas:
1. Algo feito de um certo número de partes que são mantidas ou agrupadas de uma forma específica.
2. Maneira na qual as partes são organizadas ou agregadas para formar um todo.
3. A inter-relação ou arranjo de partes em uma entidade complexa.
A estrutura de ensino irá incluir dois elementos críticos e relacionados:
– a escolha, divisão e sequenciamento do currículo (conteúdo)
– a organização deliberada de atividades estudantis pelo professor ou instrutor (desenvolvimento de competências e avaliação)
Isto significa que em uma estrutura de aprendizagem sólida, os estudantes sabem exatamente o que eles precisam aprender, o que eles supostamente precisam fazer para aprender, e quando e como supostamente devem fazer isso.
Em termos de definição, uma estrutura ‘sólida’ não é inerentemente melhor do que uma estrutura ‘solta’, nem inerentemente associada ou ao ensino presencial ou ao online. A escolha (como tantas vezes no ensino) dependerá das circunstâncias específicas. No entanto, vou argumentar que a escolha da melhor estrutura de ensino ou mais adequada é fundamental para a aprendizagem online de qualidade, e enquanto as estruturas ideais para ensino online compartilham muitas características comuns com as presenciais, em outros casos diferem consideravelmente.
Os três principais determinantes da estrutura de ensino são:
(a) os requisitos organizacionais da instituição
(b) a filosofia preferida de ensino do professor
(c) a percepção do professor das necessidades dos alunos.
Discutirei cada um destes determinantes nas seguintes diretrizes para escolha da estrutura ótima para uma aprendizagem/ensino online de qualidade.
Requisitos organizacionais da Instituição no ensino presencial
Embora a estrutura Institucional no ensino presencial seja tão familiar que frequentemente não é notada ou tida como garantida, os requisitos Institucionais são de fato um determinante majoritário na forma como o ensino é estruturado, bem como na influência do trabalho dos professores e vida dos estudantes. Listo abaixo alguns dos requisitos Institucionais que influenciam a estrutura do ensino presencial:
– o número mínimo de anos de estudo necessário para obter o diploma
– o processo de aprovação e revisão do programa
– o número de créditos necessários para obter o diploma
– a relação entre os créditos e o tempo de contato na classe
– a duração do semestre e sua relação com as horas de crédito
– proporção instrutor:aluno
– a disponibilidade de espaços na sala de aula ou laboratórios
– hora e local dos exames
Consegue pensar em outros?
Como nossas instituições universitárias cresceram em tamanho, então tiveram os requisitos de organização institucional ´solidificados´. Sem esta estrutura ficaria ainda mais difícil fornecer serviços de ensino que fossem consistentes por toda a instituição. Também a coerência organizacional, entre as instituições é necessária para fins de prestação de contas, a acreditação, o financiamento do governo, a transferência de crédito, a admissão à escola, e uma série de outras razões. Portanto existem razões sistêmicas fortes em porque estes requisitos organizacionais no ensino presencial que são difíceis, se não impossíveis, de mudar, ao menos em nível institucional.
Assim, qualquer professor de pós-secundário é colocado diante de um número enorme de restrições. Em particular, o currículo tem de caber dentro de “unidades” do tempo disponível, como a duração do semestre e do número de créditos e horas de contato de um determinado curso. O ensino tem de levar em conta o tamanho das turmas e disponibilidade de sala de aula. Alunos (e professores) têm de estar em lugares específicos (salas de aula, salas de exames, laboratórios) em horários específicos.
Assim, apesar de o conceito de liberdade acadêmica, a estrutura do ensino presencial ensino é, em grande parte, quase predeterminado por exigências institucionais e organizacionais. Sou tentado a divagar a questionar a adequação de tais limitações estruturais para as necessidades dos estudantes do século 21, ou a imaginar se os sindicatos docentes aceitam tais restrições sobre a liberdade acadêmica, se elas já não existem, mas o objetivo aqui é identificar qual dessas limitações organizacionais aplicam-se também à aprendizagem online, e quais não afetam, porque isto irá inluenciar em como podemos estruturar o ensino online.
Antes de ler a próxima seção, você pode querer percorrer pelos requisitos institucionais organizacionais listados para o ensino presencial e identificar qual deles você acha que também se aplicam ao ensino online e quais não. Você pode, então, comparar as suas respostas com as minhas, abaixo!
Requisitos de organização institucional para o ensino online
Um desafio óbvio para a aprendizagem online, pelo menos em seus primeiros dias, era a aceitação. Havia (e ainda há) muito ceticismo sobre a qualidade e a eficácia da educação online, especialmente daqueles que nunca estudaram ou ensinaram online. Então inicialmente um grande esforço foi projetar aprendizagem online com os mesmos objetivos e estruturas do ensino presencial, para demonstrar que o ensino online era “tão bom quanto” ensino presencial (o que, a pesquisa sugere, foi feito, e muito bem).
Contudo, isto significa aceitar o mesmo curso, creditos, premissas de um semestre do ensino presencial. Note-se no entanto, que, já em 1971, a Universidade Aberta do Reino Unido optou por uma estrutura de programa de graduação que era mais ou menos equivalente, em tempo total do estudo, a um programa regular baseado em um campus, mas que, no entanto, foi estruturado de forma muito diferente, por exemplo, com cursos de créditos completos em 32 semanas de estudo e cursos de meio crédito de 16 semanas de estudos. Uma razão era permitir cursos de fundação integrada multi-disciplinar. A Western Governors’ University, com sua ênfase na aprendizagem baseada em competência, e Faculdade Empire State, em Nova Iorque, com sua ênfase no aprendizado de contrato parea alunos adultos, são outros exemplos de instituições que têm estruturas diferentes da norma para o ensino.
Se os programas online objetivam ser ao menos equivalentes ao programas presenciais, então estarão propensos a adotar pelo menos o mínimo de duração de estudos para um programa (por exemplo, quatro anos para um grau de bacharelado na América do Norte), o mesmo número de total de créditos para obter o diploma, e portanto implícito nisso esta a mesma quantidade de tempo de estudo como os programas presenciais. Onde a mesma estrutura comoeça a ser ‘quebrada’ é no cálculo do ‘tempo de contato’, que por definição é usualment o número de horas de instrução em sala de aula. Portanto um curso de 13 semanas e 3 créditos é praticamente igual a três horas por semana do tempo de aula ao longo de um semestre de 13 semanas.
Há muitos problemas com este conceito de “horas de contato”, que, no entanto, é a unidade de medida padrão para o ensino presencial. Estudar em um nível pós-secundário, e particularmente nas universidades, exige muito mais do que apenas ir em palestras. Uma estimativ comum é que para hora em sala de aula, os estudantes gastem um mínimo de outras duas horas em leituras, trabalhos, etc. Horas de contato variam enormemente entre disciplinas, com usualmente as artes/humanidades tendo bem menos horas de contato do que estudantes de ciência ou engenharia, que gastam uma proporção muito maior de tempo nos laboratórios. Outra limitação do “horas de contato” é que ela mede ‘o que entrou’, e não ‘o que saiu’.
No entanto, ao projetar cursos online, é geralmente necessário assegurar que os alunos trabalhem pelo menos tão arduamente como os estudantes no ensino presencial, ou então, dediquem um tempo equivalente ‘mominal’ na obtenção do grau, caso contrário o programa online pode não ser aceito ou aprovado. Isto significa estruturar o curo de tal forma que os estudantes tenha uma quantidade equivalente de trabalho para fazer, seja online ou presencial. Contudo, a forma com que o trabalho será distribuído pode variar consideravelmente entre um programa presencial e um online.
Quão trabalhoso é um curso online?
Antes que decisões possam ser feitas sobre o melhor modo para estruturar um curso online, algumas pressuposições precisam ser feitas sobre quanto tempo deve-se esperar que um estudante dedique ao estudo no curso. Vemos que isto realmente precisa ser equivalente ao que um estudante em tempo integral fará. Contudo, só falar em número equivalente de horas de contato para a versão presencial não julga todo o tempo restante que os alunos no presencial dedicam aos estudos.
Uma estimativa razoável é que um curso de 3 créditos seja aproximadamente equivalente a 8-9 horas de estudo por semana, ou um total aproximado de 100 horas em 13 semanas. (Um estudante em tempo integral com 10 X 3 créditos por ano, com cinco cursos de 3 créditos por semestre, estimaria-se estudar entre 40-45 horas por semana durante os dois semestres, ou um pouco menos se o estudo continuar no período entre semestres.).
Agora, esta é minha orientação. Você não precisa concordar com ela. Você pode achar que é pouco ou muito para a sua área. Não importa. Você decido o tempo. O ponto importante, porém, é que você tem um alvo bastante específico de tempo total que deve ser dedicado em um curso ou programa em média por um estudante, sabendo que alguns irão atingir o mesmo padrão mais rapidamente e outros mais lentamente. Este tempo total de estudo para um trecho em particular de estudo tal como um curso ou programa, dá um limite ou intervalo no qual você deve estruturar o aprendizado. É também uma boa ideia deixar claro aos estudantes desde o início quanto tempo por semana você está esperando que eles trabalhem no curso.
Sendo que existe muito mais conteúdo que pode ser inserido em um curso, do que o tempo que os estudantes terão para estudar, significa escolher a quantidade mínima de conteúdo para o curso para ter a sonoridade acadêmica, enquanto permita ao estudantes o tempo para atividades tais como a pesquisa individual, exercícios ou trabalho em projetos. Em geral, por serem os instrutores experts no assunto e os estudantes não, existe uma tendência dos instrutores subestimarem a quantidade de trabalho necessária para o estudante completar um tópico. Mais uma vez, um designer instrucional pode ser útil aqui, proporcionando uma segunda opinião sobre a carga de trabalho do aluno.
Estrutura rígida ou solta?
Outra decisão importante é o quanto você deve estruturar o curso para os alunos. Isso vai depender, em parte, a sua filosofia de ensino preferida e, em parte, das necessidades dos alunos.
Se você tem uma rígida visão do conteúdo que deve ser coberto em um curso particular, e da seqüência em que deve ser apresentado (ou se você recebe um currículo exigido por um organismo de certificação), então é provável que você deseje fornecer uma estrutura muito rígida, com temas específicos atribuídos para estudo em determinados pontos do percurso, com trabalhos feitos pelos alunos ou atividades estreitamente sequenciadas.
Se por outro lado, você acredita que é parte da responsabilidade do aluno gerenciar e organizar o seu estudo, ou se você quer dar aos alunos alguma escolha sobre o que estudo e da ordem em que eles fazem isso, desde que cumpram o aprendizado metas para o curso, então é provável que você optar por uma estrutura solta.
Esta decisão também deve ser influenciada pelo tipo de alunos que estão sendo ensinados. Se os alunos vêm sem habilidades de aprendizagem independente, ou não sabem nada sobre o assunto, eles precisarão de uma estrutura rígida para orientar os estudos, pelo menos inicialmente. Se por outro lado, eles são estudantes do quarto ano ou estudantes de pós-graduação com um alto grau de auto-gestão, então uma estrutura mais solta pode ser mais adequada às suas necessidades. Outro fator determinante será o número de alunos em sua classe. Com um grande número de alunos, uma estrutura rígida e bem definida será necessário para controlar a sua carga de trabalho, pois estruturas soltas exigem mais negociação e apoio para os alunos individualmente.
Minha preferência é por uma estrutura rígida para o ensino online, assim os estudantes tem clareza sobre o que eles devem fazer, e quando tem de ser feito, mesmo a nível de pós-graduação. A diferença é que, com pós-graduados, vou dar-lhes mais opções do que estudar, e períodos mais longos para completar tarefas mais complexas, mas eu ainda assim defino claramente os resultados desejados de aprendizagem em termos de desenvolvimento de competências; em especial, as habilidades de investigação ou pensamento analítico, e forneço prazos claros para o trabalho dos alunos, caso contrário terei minha carga de trabalho aumenta dramaticamente.
Movendo do ensino presencial ao online
Esta é a maneira mais fácil de determinar a estrutura de um curso online. A estrutura do curso já terá sido decidida, em grande medida, na qual o conteúdo de cada semana de trabalho é claramente definido pelas tópicos de aula presencial. O principal desafio não será a estruturação do conteúdo, mas garantir que os alunos tenham adequadas atividades online (veja mais adiante). A maioria dos sistemas de gerenciamento de aprendizagem permite que o curso seja estruturado em unidades de uma semana, seguindo os temas em sala de aula. Isto fornece um calendário claro para os alunos. Isso vale também para abordagens alternativas, como a aprendizagem baseada em problemas, onde as atividades estudantis podem ser divididas quase em uma base diária.
No entanto, é importante assegurar que o conteúdo presencial é repassado de uma forma que é apropriada para a aprendizagem online. Por exemplo, slides de Powerpoint podem não representar totalmente o que é coberto na parte verbal de uma palestra. Isso geralmente significa a reorganização ou redesign do conteúdo de modo que ele esteja completo em uma versão online (o designer instrucional deve ser capaz de ajudar com isso).
Neste ponto, você deve olhar para a quantidade de trabalho que os alunos do modo online terão que fazer no período de tempo definido, para se certificar de que, com todas as leituras e atividades, que não exceda a carga semanal média aproximada que você definiu. É neste ponto que você pode ter que fazer algumas escolhas sobre ter que remover algum conteúdo ou atividades, ou tornar o trabalho “opcional”. No entanto, se for trabalho opcional, não deve ser avaliado e, se não for avaliado, os alunos irão percorrer o conteúdo rapidamente a fim de evitá-lo. Aliás, fazer esta análise de tempo, por vezes indica que você também já sobrecarregou o modo presencial.
O que precisa estar constantemente em sua mente, é que os alunos que estudam online quase certamente irão estudar de forma mais aleatória do que os estudantes que frequentam aulas em uma base regular. Em vez da disciplina estar em um determinado lugar em um determinado momento, os alunos online ainda precisam de clareza sobre o que se deve fazer a cada semana ou talvez durante um período de tempo mais longo, à medida que eles avançam à níveis mais avançados de estudo. O que é essencial é que os alunos não procrastinem na internet e esperem recuperar tudo no final do curso, que é muitas vezes a principal causa de falha em cursos online (e também em aulas presenciais).
Veremos que a definição de atividades claras para os alunos é fundamental para o sucesso na aprendizagem online.
Veremos logo abaixo, quando discutiremos atividades estudantis, que muitas vezes há uma compensação a ser feita entre conteúdo e atividades, se o trabalho do aluno precisa ser mantido em proporções controláveis.
Concepção de um novo curso ou programa online
Se você está oferecendo um curso ou programa que não tenha até agora sido oferecido no campus (por exemplo, um programa profissional ou aplicado a mestres), então você terã muito mais abertura para desenvolver uma estrutura única que melhor se adapta ao ambiente online e também ao tipo de estudante que possa vir fazer este tipo de curso ( por exemplo, adultos que trabalham).
O ponto importante aqui é que o modo como este tempo é dividido não tem de ser o mesmo que para uma classe presencial, porque não há necessidade de organização do estudante de estar em um determinado momento ou lugar, a fim de obter a instrução.
Normalmente, um curso online estará ‘pronto’ e disponível para a libertação aos alunos antes do curso começar oficialmente. Os alunos podem, em teoria, fazer o curso mais rapidamente ou mais lentamente, se desejarem. Assim, o professor tem mais opções ou escolhas sobre como estruturar o curso e, em especial sobre como controlar o fluxo de trabalho do aluno. Isto é particularmente importante se o curso está sendo feito principalmente por alunos que estudam a vida toda ou estudantes em tempo parcial, por exemplo. De fato, pode ser possível a estruturação de um curso de tal forma que diferentes alunos podem trabalhar a diferentes velocidades. Algumas universidades abertas até disponibilizam inscrição contínua, para que os alunos possam iniciar e terminar em momentos diferentes.
No entanto devem existir boas razões para não fazer algumas destas coisas, mas será por causas pedagógicas em vez de razões de organização institucional. Por exemplo, não tenho interesse na inscrição contínua, ou na instrução auto-gerenciada, porque especialmente no nível de graduação eu faço forte uso dos fóruns de discussão online e trabalho online em grupo. Eu gosto que os alunos atuem em um curso praticamente no mesmo ritmo porque isto leva a discussões mais focadas, e e organizar trabalho em grupo quando os estudantes estão em diferentes pontos em um curso é difícil, ou talvez impossível. Contudo, em outros cursos, por exemplo em curso de matemática, a instrução auto-gerenciada pode ter muito sentido. Vamos discutir outras estruturas não-tradicionais de curso quando discutimos atividades estudantis abaixo.
Seja como você estruturar o curso, no entanto, dois princípios básicos permanecem:
– deve existir uma noção de quanto tempo os estudantes devem dedicar a cada semana no curso;
– estudantes devem estar cientes sobre o que precisam fazer e quando precisa ser feito
Sistemas de gestão de aprendizagem (LMS) são muito úteis para que você possa se comunicar e organizar tal estrutura. No entanto, é importante que você decida-se sobre a primeira estrutura, para então fazer com que o LMS represente a estrutura (isso pode ser feito através da criação de um modelo de web exclusiva para o curso dentro do LMS, em colaboração com um designer instrucional ou webdesigner).
Este modelo de curso no Moodle mostra tanto a estrutura do curso (à direita) e lista as atividades estudantis (canto inferior esquerdo)
Projetando atividades estudantis
Esta é a parte mais crítica do processo de design online. Estudantes online não têm nem a estrutura da sala de aula regular ou ambiente de campus para o contato com o instrutor e outros alunos nem a oportunidade para perguntas espontâneas e discussões em uma classe presencial. Atividades paralelas precisam ser deliberadamente construídas em um curso online. Atividades dos alunos regulares são essenciais para manter os estudantes envolvidos e na ativa.
Isto pode incluir:
– leituras indicadas
– testes de entendimento de múltipla escolha com feedback automatizado, usando as facilidades de teste mediado por computador disponível dentro do LMS,
– questões que levem a respostas de parágrafos curtos, que devem ser compartilhadas com outros estudantes para comparação ou discussão,
– trabalhos marcados e avaliados mensalmente, na forma de ensaios curtos,
– trabalhos individuais ou em grupo, com intervalo de várias semanas,
– um blog individual ou e-portfólio que permita os estudantes refletir sobre o aprendizado recente, que podem ser compartilhados com os instrutores ou outros estudantes
– fóruns de discussão online, que o instrutor precisa organizar e monitorar
Há muitas outras atividades que os instrutores podem conceber para manter os alunos envolvidos. No entanto, todas essas atividades precisam ser claramente ligadas aos resultados declarados de aprendizagem do curso e que possam ser vistas pelos estudantes como uma ajuda que venha prepará-los para qualquer avaliação formal. Se os resultados da aprendizagem são focados no desenvolvimento de habilidades, em seguida, as atividades devem ser projetadas para dar aos alunos a oportunidade de desenvolver ou praticar tais habilidades.
Estas atividades também precisam ser regularmente espaçadas e uma estimativa feita com os estudantes sobre o tempo que será necessário para concluir as atividades. Na próxima etapa, vamos ver que o envolvimento dos alunos em tais atividades precisam ser monitorados pelo instrutor.
É neste ponto no qual algumas decisões difíceis precisam ser feitas sobre o balanço entre ‘conteúdo’ e ‘atividades’. Estudantes online devem ter tempo suficiente para fazer atividades regulares (que não seja apenas de leitura) uma vez por semana, pelo menos, ou o seu risco de abandono ou reprovação irá aumentar dramaticamente. Em particular, eles vão precisar de alguma forma de obter feedback ou comentários sobre suas atividades, tanto do instrutor ou de outros alunos, de modo que o projeto do curso terá que monitorar a carga de trabalho, tanto dos aluno como dos instrutores.
Na minha opinião, a maioria das universidades e faculdades estão entulhadas com conteúdo e não é dada suficiente contrapartida do que os alunos precisarão absorver, aplicar e avaliar em tal conteúdo. Tenho uma regra de ouro que os estudantes online devem aplicar não mais do que metado do tempo lendo o conteúdo, o resto sendo usado na interpretação, análise, e aplicação do conteúdo por meio das atividades citadas acima. À medida que os estudantes tornem-se mais maduros e mais auto-gerenciados a proporção de tempo dedicado às atividades pode aumentar, com os estudantes aptos a identificar conteúdo apropriado que irá possibilitar alcançar os objetivos e critérios estipulados pelo instrutor. Contudo, esta é a minha visão pessoal. Qualquer que seja sua filosofia de ensino, porém, deve haver uma abundância de atividades para os alunos online com algum tipo de feedback, ou eles cairão como moscas em um dia de inverno frio.
UBC’s ETEC 522: este é um programa de graduação com estrutura solta, no qual os estudantes organizam o próprio trabalho em torno dos temas do curso. A estrutura semanas de tópicos está na direita, e os resultados obtidos nas atividades pelos estudantes está no corpo principal, enviados pelos estudantes. Note que não estão usando um LMS, mas o WordPress, um sistema de gerenciamento de conteúdo, que permite mais facilidade no envio de textos pelo alunos e na organização das atividades.
Conclusões
Há muitas outras maneiras de garantir uma estrutura adequada para um curso online. Algumas organizações, por exemplo, como e-College, Pearson ou o Carnegie Mellon Open Learning Initiative, que oferecem cursos completos prontos, para cursos comuns de primeiro e segundo ano. Estes incluem um site de LMS com conteúdo, objetivos e atividades pré-programadas, com um livro que o acompanha. O conteúdo é cuidadosamente estruturado, com atividades direcionadas ao estudantes. O papel dos instrutores é principalmente a entrega, fornecimento feedback dos alunos e atribuição quando necessário. Estes são muitas vezes eficazes, com estudantes completando o curso.
MOOCs (Massive open online course – curso aberto massivo online), como o Stephen Downes, George Siemen’s, e Dave Cormier’s Change 11 possuem uma estrutura solta, com diferentes tópicos com diferentes contribuidores cada semana, mas as atividades dos estudantes, tais como textos em blogs ou comentários, não são organizados pelos designers do curso e são deixados aos estudantes. Contudo, estes não são cursos que garante créditos, e poucos estudantes enfrentam o curso do início ao fim, e este não é o objetivo. Os MOOCs de Stanford e MIT por outro lado são altamente estruturados, com atividades para os estudantes, mas o feedback é totalmente automatizado. Menos do que 10% dos estudantes que iniciam os MOOCs terminam com sucesso, mas estes são cursos que não valem créditos.
O objetivo em um curso ou programa que vale créditos é assegurar a alta qualidade acadêmica e altas taxas de conclusão. Desenvolver uma estrutura apropriada e atividades de ensino é o passo chave para alcançar a qualidade em cursos online que valem créditos.
Próximo passo
No passo 8, irei discutir o papel crítico que tem o instrutor na comunicação online com os estudantes, e como isso pode ser gerenciado dentro do trabalho rotineiro na faculdade.
Questões
1. Quantas horas por semana deve um estudante típico dedicar estudando em um curso de três créditos? se a sua resposta difere da minha (8-9 horas), porque?
2. Se você está planejando um programa online que vale créditos a partir do zero, você precisaria seguir uma estrutura ‘tradicional’ de três créditos por 13 semanas? Se não, como você estruturaria tal curso, e porque?
3. Você acha que a maioria dos cursos estão ‘supersaturados’ com conteúdo e não possuem atividades de aprendizado suficientes? Será que focar muito no conteúdo e não o suficiente no desenvolvimento de competências no ensino superior?
OBS do tradutor: Caso encontre algum erro na tradução, favor avisar.
Limitações do e-Learning
Antes que algum defensor do e-Learning reclame, aviso que sou um incentivador e apoio do desenvolvimento de tecnologias na área.
O pesquisador Dominic Wong fez um interessante apanhado de publicações que citam diversas das limitações existentes na área do e-Learning, e publicou na edição do Journal for the Advancement of Science & Arts de janeiro de 2007.
Os problemas afetam desde a tecnologia, passando pelos professores e chegando até os alunos.
Algumas das limitações/problemas:
– problemas com a largura de banda necessária para transmissão do conteúdo. O enriquecimento do conteúdo com diversas mídia torna a transmissão um problema. ( Que pode ser parcialmente resolvido com adaptação ativa da qualidade da transmissão, e cuidado dos projetistas na criação do conteúdo.)
– falta de computadores disponíveis para acesso ao material. (Que pode ser minimizado com a futura popularização de tablets e dispositivos de baixo custo.)
– novatos no e-Learning costumam ficar perdidos em cursos com plataforma de difícil navegação.
– falta de iniciativa e determinação nos alunos, que abandonam o curso por falta de dedicação. (A procrastinação não é um problema exclusivo do e-Learning. A determinação e auto-controle é algo que se aprende com o tempo (ou não! 🙂 ))
– alunos usuários do e-Learning costumam demorar mais tempo para concluir um curso que dá muita liberdade de cumprimento de metas.
– alunos com pouco treinamento de escrita tem inibição em interagir nos canais abertos para interação (forum, chat, mail,…). (Pode ser minimizado pelo incentivo da criação de blogs ou sites que tem edição livre pelos alunos, para dar espaço para o treinamento espontâneo da escrita.)
– professores tem dificuldade em modificar o estilo do ensino, reformando o que conhecem do mundo presencial para o ambiente online.
– design de baixa qualidade dá a sensação de abandono aos alunos. (Professores devem ter o cuidado de desenvolver um material de qualidade para não dar a impressão de que tudo foi feito as pressas)
– alunos e professores sentem a pressão de ter que estar 24 horas ligados no que está acontecendo no curso. (A solução pode estar na centralização das comunicações em uma modalidade; no mail, por exemplo; ou então em agendamento de intervalos de participação)
– sensação que o curso terá duração infinita pela quantidade de textos e referências sugeridas. (O professor deve lembrar em classificar os materiais conforme prioridades de dedicação por parte dos alunos)
– dificuldade em determinar a honestidade acadêmica e evitar o plágio.
– tarefas síncronas podem ser impossibilitadas em caso de diferença de fuso horário de alguns alunos.
– desconfianças quanto à confiabilidade e reputação do curso.
Estas são algumas das limitações citadas pelo autor. Com adaptação e comentários meus.
É melhor conhecer as limitações para evitar a repetição dos erros e diminuir a frustração.
Dominic Wong (2007). A Critical Literature Review on e-Learning Limitations Journal for the Advancement of Science & Arts, 2, 55-62
Nove passos para uma aprendizagem on-line de qualidade: Passo 6: Estabelecer metas
Texto original publicado em “Nine steps to quality online learning: Step 6: Set appropriate learning goals. “. Tradução autorizada por Tony Bates.
Neste texto vou argumentar que você precisa pensar sobre que tipo de objetivo melhor se adaptam para serem alcançados em um curso online, em vez de só fazer o mesmo que em um curso presencial.
Este é o sétimo de uma série de 10 textos sobre a concepção de cursos online de qualidade. Os nove passos visam principalmente os instrutores que são novos na aprendizagem(ensino) online, ou tentaram aprendizagem sem muita ajuda ou sucesso. Os seis primeiros textos (que devem ser lidos antes deste texto) são:
Introdução
Decida como você deseja ensinar online
Decida que tipo de curso on-line
Trabalhe em grupo
Crie com os recursos existentes
Domine a tecnologia
Uma versão condensada que cobre todos os posts desta série pode ser encontrada no site ‘What you need to know about teaching online: nine key steps‘. Tem também uma versão em francês ´Ce que le personnel enseignant doit savoir sur l’enseignment en ligne: neuf étapes clés´.
Objetivos: fazer o mesmo ou diferente
Em muitos casos, será apropriado (de fato, essencial) manter os mesmos objetivos de ensino para um curso online de um curso similar presencial (face-a-face). Muitas instituições em modo dual, isto é, instituições baseadas em campus que também oferecem créditos de cursos online, tal como a University of British Columbia, Penn State, University of Nebraska, oferecem os mesmos cursos tanto presenciais quanto online, particularmente no quarto ano de um curso de graduação. Normalmente a transcrição das notas de exames não fazem distinção se o curso foi feito online ou presencial, desde que os estudantes façam o mesmo exame final do curso, e o conteúdo propriamente dito seja usualmente idêntico em cada versão.
Na UBC, existe um ônibus expresso que percorre cada 4 minutos pela Vancouver Broadway para a universidade, cada ônibus lotado com 200 estudantes. Eu também pego o ônibus para trabalhar na UBC como Diretor de Educação a Distância – quando eu consigo subir no ônibus. Os estudantes frequentemente dormiam no ônibus, então colocamos o seguinte anúncio nos ônibus: “O mesmo professor, mesmo curso, mesmo exame, sem viagens de ônibus: faça um curso a distância.” Nossos números subiram e ficou mais fácil para eu pegar o ônibus nas manhãs.
No entanto, é muito importante antes de mudar o seu curso de presencial para online, que se faça o tipo de análise recomendado nas etapas 1 e 2. Na maioria dos cursos de humanas/ artes/ ciências sociais / educação / administração / design de software, etc não haverá problemas. Os objetivos educacionais serão transferidos facilmente. Terá normalmente uma forma alternativa para se atingir o mesmo objetivo online. Por exemplo, fóruns de discussão on-line, quando devidamente projetados e monitorados, pode alcançar tão bem se não melhor muitas das metas de discussão de aprendizagem feitas em classes presenciais.
No entanto, na enfermagem, odontologia, medicina, ciência, engenharia e design de hardware de computador, e alguns aspectos da educação (como prática de ensino) irá depender muito do tipo de curso, e em particular da necessidade de trabalho prático. Mesmo com alguns desses objetivos sendo alcançados no ambiente online, pode ser muito difícil ou caro para por em prática. Nestes casos você deve procurar para um design de um curso mais híbrido do que um completamente online (veja Passo 2).
Em alguns casos, alguns objetivos de disciplinas baseadas no campus podem ser sacrificados por objetivo diferente mas igualmente valioso que pode ser melhor obtido online. Isto será discutido em mais detalhes na próxima seção deste texto.
Por último, é importante lembrar que, embora possa ser possível alcançar os mesmos objetivos no ambiente online como no presencial, o projeto do ensino provavelmente terá que ser diferente no ambiente online. Assim, muitas vezes os objetivos são os mesmos, mas o método muda. Isso será discutido mais adiante, nos Passos 7 e 8.
Diferentes objetivos para a aprendizagem online?
Embora os objetivos sejam frequentemente transferidos bem do presencial para o online, vale a pena pensar sobre que tipo de objetivos de aprendizagem ou de resultados são particularmente adequados para a aprendizagem online, mesmo se eles não estão atualmente no seu curso presencial. Um novo curso ou programa – tal como um programa de mestrado online destinado a profissionais que trabalham – oferece a oportunidade de explorar plenamente os benefícios potenciais de aprendizagem online.
Habilidades do Século 21
Aprendizagem online é particularmente adequada para o desenvolvimento das genericamente chamadas habilidades de aprendizagem do século 21. Devido à natureza da Internet, aprendizagem online presta-se à aprender gerenciar o conhecimento: como encontrar, avaliar, analisar e aplicar as informações dentro de um domínio de conhecimento específico. Não é possível nestes dias cobrir todo o conhecimento que o aluno vai precisar em um determinado assunto dentro de um programa de quatro anos de graduação ou mesmo depois de outros quatro anos de graduação em um assunto como a medicina. Novos conhecimentos – tal como tratamento com novos medicamentos, projeto de novos softwares e produtos, novos dados – estão expandindo quase que diariamente e irão continuar crescendo por muito tempo após a graduação do estudante. O desafio é desenvolver competências de aprendizagem que ao longo da vida que permitam aos alunos continuar a “gestão do conhecimento” muito tempo depois que eles se formaram.
Entretanto, como com todas as metas de aprendizagem, o ensino deve ser concebido de tal forma que os alunos tenham oportunidades de aprender e praticar essas habilidades e, em particular, tais habilidades devem ser avaliadas como parte do processo de avaliação formal. O que isto significa em termos de design aprendizagem online é usar a Internet cada vez mais como um importante recurso para a aprendizagem, dando aos estudantes mais responsabilidade de encontrar e avaliar informações se, e com instrutores fornecendo critérios e diretrizes para localizar, avaliar, analisar e aplicar informações dentro de um específico domínio do conhecimento. Isso vai exigir uma abordagem crítica das buscas online, dados, notícias ou geração de conhecimento em domínios de conhecimento específicos – em outras palavras, o desenvolvimento do pensamento crítico sobre a Internet e modernos meios de comunicação – tanto o seu potencial e as limitações dentro de um domínio de um assunto específico.
Boas habilidades de comunicação
Esta é outra habilidade chave do século 21. Os estudantes precisam agora da capacidade de comunicar em uma variedade de formas no século 21. Habilidades de escrita e fala permanecem essenciais, mas cada vez mais a capacidade de comunicar através de meios modernos, como as mídias sociais, YouTube, blogs e wikis são particularmente importantes em áreas como jornalismo, negócios, saúde e educação. Aprendizagem online oferece muitas oportunidades para desenvolver tais habilidades.
Aprendizagem dependente e inter-dependente
A habilidade para aprender sozinho ou cada vez mais como parte de grupos informais relacionados profissionalmente, aumenta em sua demanda. Por exemplo, em uma pequena empresa start-up, os trabalhadores frequentemente são os “chefes”, ou o controle de hierarquia é muito plano, significando que cada indivíduo é responsável pelo próprio aprendizado relacionado ao trabalho. A habilidade para aprender, ou individualmente ou por meio de redes informais, é crítica para organizações baseadas no conhecimento. Aprendizagem online por natureza requer que os estudantes tomem cada vez mais a responsabilidade em gerenciar seu aprendizado. Novamente, essa é uma habilidade que pode ser ensinada. Os alunos muitas vezes entram ensino pós-secundário como alunos dependentes. A introdução gradual de aprendizagem online, inicialmente em uma sala de aula, mas estabelecendo a construção de, eventualmente, cursos híbridos ou totalmente online, é uma boa maneira de desenvolver habilidades de aprendizagem independente e inter-dependente.
Habilidades específicas das TIs
Em qualquer área do conhecimento, os alunos cada vez mais precisam saber como usar ferramentas de TI que são específicas para sua área de competência. Alguns exemplos podem ser planilhas do Excel em contabilidade, sistemas de informação geográfica em engenharia de minas ou mesmo imóveis, simulações e desenho assistido por computador em engenharia, etc. Estas ferramentas de TI são muitas vezes integradas ou disponíveis dentro ou por meio da Internet e podem ser incorporadas dentro do projeto de um curso online. Assim, um objetivo chave da aprendizagem pode que todos os estudantes a saiam de um curso competentes na seleção e uso de ferramentas digitais relevantes.
Traga o mundo exterior
Por último, uma das grandes características do ensino on-line é a oportunidade de trazer o mundo para seu ensino. Você pode direcionar os estudantes para sites online, ou os próprios alunos podem coletar dados ou fornecer exemplos do mundo real, de conceitos ou questões abordados no curso, por meio do uso de câmeras em telefones celulares, ou entrevistas em áudio de especialistas locais. Você pode criar um wiki do curso que tanto você quanto os estudantes possam contribuir, e torná-lo então aberto para que outros estudantes e professores possam também contribuir, dependendo do tópico. Se você está ensinando diplomados ou mestres, os próprios estudantes terão experiências muito relevantes que podem contribuir para o programa. Este é um bom modo de permitir os estudantes para que possam avaliar e aplicar o conhecimento dentro de seu próprio domínio.
Há muitos outros objetivos possíveis que são ou impossíveis de cumprir sem usar a Internet, ou seria muito difícil de fazer unicamente em um ambiente de sala de aula. A arte do instrutor é decidir quais são relevantes, e quais são as principais metas de aprendizagem para o curso.
Avaliação é a chave
Contudo, é inútil introduzir novos objetivos de aprendizagem ou resultados e não avaliar o quão bem os estudantes atingiram tais objetivos. Avaliação impulsiona o comportamento dos alunos. Se eles não estão sendo avaliados em habilidades do século 21, eles não vão fazer um esforço para desenvolvê-las. O principal desafio pode não ser o estabelecimento de metas adequadas para a aprendizagem on-line, mas garantir que você tenha as ferramentas e meios para avaliar se os alunos alcançaram tais objetivos.
E ainda mais importante, é necessário comunicar de forma muito clara aos alunos sobre estas novas metas de aprendizagem e como eles serão avaliados. Pode ser um choque para muitos estudantes que estão acostumados a serem enchidos de conteúdo, e então testados em sua memorização destes.
Conclusão
Em alguns aspectos, com a Internet (como acontece com outros meios de comunicação), o meio é a mensagem. O conhecimento não é totalmente neutro. O que sabemos e como sabemos são afetados pelo meio através do qual adquirimos conhecimento. Cada mídia traz uma outra maneira de saber. Podemos lutar contra o meio, e tentar forçar o conteúdo antigo com uma cara de novo, ou podemos moldar o conteúdo para a forma do meio. Pelo fato da internet ser uma força tão grande em nossas vidas, precisamos ter certeza de que estamos tirando o máximo de seu potencial em nosso ensino, mesmo que isso signifique mudar um pouco o que e como ensinar.
Criação de material didático digital
A boa dica para quem quer investir na criação de material didático digital é o livro “e-Learning and the Science of Instruction: Proven Guidelines for Consumers and Designers of Multimedia Learning” de Ruth C. Clark e Richard E. Mayer.
O ponto forte da obra é a dedicação com que os autores procuram sustentar os argumentos com informações retiradas de diversos artigos científicos na área. Ressaltando no final de cada capítulo os pontos mais discutíveis do tema e o que ainda precisa ser respondido com mais pesquisas.
Algumas das ideias dos autores:
– princípio multimídia : os alunos aprendem melhor na combinação de imagens e texto
– princípio da proximidade espacial: é mais adequado que o texto seja apresentado próximo das imagens
– proximidade temporal: material deve ser apresentado com proximidade no tempo. Por exemplo, deve-se evitar dividir o conteúdo em duas telas (de computador/slide)
– coerência: evitar palavras, sons e imagens que não são relevantes ao assunto
– modalidade: quando o material apresentar áudio gravado deve-se evitar a repetição do mesmo conteúdo em texto.
– …
Claro que o livro apresenta estas informações de forma mais completa e embasada do que esta simples lista que fiz aqui.
Mais algumas informações sobre em
http://seer.ufrgs.br/renote/article/viewFile/14145/8082
Nove passos para uma aprendizagem on-line de qualidade: Passo 5: Domine a tecnologia
Texto original publicado em “Nine steps to quality online learning: Step 5: Master the technology“, Tradução autorizada por Tony Bates.
Neste texto vou argumentar que dedicar tempo em ser devidamente treinado em como usar as tecnologias padrões utilizadas na aprendizagem poderá a longo prazo salvar uma boa quantidade de tempo e irá permitir que você alcance uma gama maior de objetivos que de outra forma não poderia sem imaginar.
Este é o sexto texto de uma série de 10 no projeto de cursos online de qualidade. Os nove passos visam principalmente os instrutores que são novos na ensino(aprendizagem) online, ou tentaram sem muita ajuda ou sucesso. Os cinco primeiros textos (que devem ser lidos antes deste) são:
Introdução
Decida como você deseja ensinar online
Decida que tipo de curso on-line
Trabalhe em grupo
Crie com os recursos existentes
Uma versão condensada que cobre todos os posts desta série pode ser encontrada no site ‘What you need to know about teaching online: nine key steps‘. Tem também uma versão em francês ´Ce que le personnel enseignant doit savoir sur l’enseignment en ligne: neuf étapes clés´.
Tecnologia enganosamente fácil
Vou discutir aqui os seguintes tipos de tecnologias de aprendizagem online:
– sistemas de gestão de aprendizagem (tal como Blackboard ou Moodle)
– tecnologias síncronas (como o Blackboad Collaborate ou Adobe Connect)
– tecnologias de gravação de palestras (tal como captura de podcasts e palestras)
Você precisa saber não só como operar essas tais tecnologias, mas também os seus pontos fortes e fracos.
Estas tecnologias são enganosamente fáceis de usar, na parte inicial do uso. Foram projetadas para que qualquer pessoa sem uma base de ciência da computação possa usá-los. No entanto, ao longo do tempo tornaram-se mais sofisticadas, com uma vasta gama de funções diferentes. Você não vai precisar usar todas as funções, mas vai ser melhor se você está ciente de que elas existem, e o que eles podem e não podem fazer. Se você quiser usar um determinado recurso, é melhor começar o treinamento para que possa usá-lo de forma rápida e eficaz.
Para dar um exemplo. Com um curso online com um número grande de inscrições, há uma probabilidade de haver várias seções diferentes, talvez com vários instrutores diferentes. No entanto, é provável que o conteúdo seja o mesmo para cada secção. É possível em alguns LMSs permitam inserir o conteúdo uma vez e depois então dividir os estudantes entre diferentes seções, ao invés de copiar e colar o conteúdo em cada seção separada. Se configurado corretamente, qualquer alteração no conteúdo – como uma nova URL ou texto ara leitura – também pode ser adicionado apenas uma vez, com cada seção recebendo a nova versão automaticamente. No entanto, (a) você precisa saber se o LMS tem essa característica; (b) você precisa saber como configurá-lo desta forma. Você também precisa saber como manter seções separadas, de modo que cada grupo pode ter sua própria versão dos materiais, se necessário. Você também precisa decidir se instrutores individuais que compartilhem o mesmo material do curso poderão mudar o material central e em caso afirmativo, qual o procedimento será utilizado para informar os outros instrutores.
Além disso, novas funções estão constantemente sendo adicionadas aos LMSs existentes. Por exemplo, se você estiver usando o Moodle existem plugins (como o Mahara) que permitem aos alunos criar e gerir os seus próprios e-portfolios ou então os registos eletrônicos de seu trabalho. A próxima onda de plugins é provável que seja na análise de aprendizagem, que lhe permitirá analisar a maneira como os estudantes estão usando os LMS e como isso se relaciona com seu desempenho, por exemplo.
Assim, uma sessão de aprendizado das várias funcionalidades do LMS e como melhor utilizá-los seria bem interessante. O mesmo se aplica às tecnologias síncronas, como Blackboard Collaborate. Também vale a pena saber como incorporar ou integrar o Collaborate ou Adobe Connect com seu LMS – ou se não seria melhor mantê-los separados.
Esta formação deve ser fornecida pelo centro ou unidade que proporciona o desenvolvimento de professores e/ou suporte de tecnologias de aprendizagem. Se sua instituição não tem essa unidade, ou tal formação, seria interessante pensar muito cuidadosamente sobre a viabilidade do uso de aprendizagem online – até mesmo os instrutores mais experientes, ocasionalmente, precisam desse apoio. Além disso, como qualquer profissão, você provavelmente terá de gastar pelo menos um pouco de tempo uma vez por ano observando todos os novos recursos adicionados durante o período.
Relacione seu treinamento em tecnologia em como deseja ensinar
Há realmente dois componentes distintos, mas fortemente relacionados no uso da tecnologia: como a tecnologia funciona, e o que deveria ser utilizado. Estas são ferramentas criadas para ajudá-lo, então você tem que ser claro quanto ao que você está tentando alcançar com as ferramentas. Esta é uma questão instrucional ou pedagógica. Assim, se você quer encontrar formas de envolver os alunos, ou dar-lhes a prática no desenvolvimento de competências, tais como resolução de equações quadráticas, aprenda quais são os pontos fortes ou fracos das várias tecnologias que possibilitam fazer isso.
Isso é um pouco de um processo iterativo. Quando um novo recurso está sendo descrito ou demonstrado, pense em como isso pode se ajustar ou facilitar algum de seus objetivos de ensino. Mas também esteja aberto para a possibilidade de alterar seus objetivos ou métodos para tirar proveito de uma ferramenta que permita você fazer algo que você não tinha pensado em fazer antes. Por exemplo, um plugin de e-portfolio pode levar você a mudar a maneira de avaliar os alunos, de modo que resultados de aprendizagem sejam mais “autênticos” e baseados em evidências, do que fazer o mesmo em um ensaio escrito. (Isso será discutido na próxima etapa “Definição de metas apropriadas para a aprendizagem online.”)
Porque não simplesmente gravar minhas palestras em sala de aula?
Podcasts e captura de palestra permitem que as palestras sejam registradas, armazenadas e baixadas pelos alunos. Então, por que se preocupar em aprender a usar outras tecnologias online, como um LMS?
Embora isso possa parecer muito mais fácil para você, como um instrutor, é provável que você acabe tendo mais trabalho, porque é provável que você seja inundado com e-mails individuais, ou com uma elevada taxa de reprovação dos estudantes. Em outras palavras, os alunos em geral não aprendem bem online desta forma. Há várias razões para isso:
– alunos online precisam de um sentido de “presença” do professor ao estudar online. Eles não recebem isso de palestras gravadas por si só. Eles precisam de um contato regular e contínuo. Se isto não é “gerido” corretamente pelo instrutor, é provável que você receba uma infinidade de e-mails. Um LMS fornece uma variedade de maneiras para você estar “presente” online, tais como facilitar a discussão online, a adição de materiais ou contribuições pessoais a respeito das idéias ou conceitos difíceis, fornecendo feedback individual para alunos em seus trabalhos online, etc.
– alunos online têm de adequar o estudo com outros aspectos de suas vidas, como trabalho e família. Geralmente há uma proporção muito maior de alunos online trabalhando em tempo integral e com família, do que em classes face-a-face. Palestras longas em geral não funcionam tão bem com esses alunos.
– download de um vídeo longo de uma palestra leva tempo, dependendo da velocidade da internet, mas pode demorar até 10 minutos de “tempo morto”, enquanto se aguarda o download de um vídeo.
– atenção diminui ainda mais rapidamente online do que em uma palestra em sala de aula.
– estudantes online também tendem a estudar em pequenos ‘pedaços’ de tempo (por causa de seus compromissos na vida), palestras de 50 minutos não funcionam tão bem para eles. A retenção tende a ser melhor quando o estudo está espalhado por períodos frequentes mas em períodos mais curtos de tempo. Um LMS é realmente bom para fazer isso.
– mais de 60 anos de pesquisas mostram que as palestras são um meio inadequado para instrução (ver Christensen Hughes and Mighty, 2010). Uma grande parte é perdida ou mal interpretada, ou ainda mais é esquecido imediatamente após o final da palestra. A qualidade do ensino online é baseada em pesquisas que identificaram como os estudantes aprendem melhor (ver “E-learning: padrões de garantia de qualidade, organizações e pesquisa“). Aprendizagem assíncrona combinada com uma utilização seletiva de tecnologias síncronas fornecem melhores resultados.
Isto não quer dizer que a gravação ocasional de você como o professor não seja valioso. No entanto, o melhor é mantê-lo entre 10 a 15 minutos no máximo, e deve adicionar algo único ao curso, tais como algo sobre a sua própria pesquisa, ou um professor convidado sendo entrevistado, ou relacionar notícias com as questões ou princípios que sejam objetos de estudo em um curso.
A entrega de conteúdo é muito melhor realizada por meio dos LMS, no qual é permanente, organizado e estruturado (veja Passo 7, mais adiante), disponível em quantidades discretas, que podem ser acessados a qualquer momento, e podem ser repetidos quantas vezes for necessário pelo aluno.
Se você deve usar a captura de suas palestras, pense sobre como estruturar sua palestra para que ela possa ser gravada em seções separadas de, digamos, 10 a 15 minutos. Uma maneira de fazer isso é parar em um ponto adequado para fazer perguntas aos alunos em sala de aula, proporcionando um ponto claro para a edição em vídeo. Em seguida, forneça trabalho online para acompanhamento da palestra, como um fórum de discussão ou alguma pesquisa online sobre o tema para os estudantes.
Conclusões
Tecnologias de aprendizagem online, tais como sistemas de gerenciamento de aprendizagem (LMSs) foram projetados para se ajustarem ao ambiente de aprendizagem online. Isso requer uma certa adaptação e aprendizagem por parte do instrutor. Como qualquer ferramenta, quanto mais você souber sobre ela, provavelmente melhor você conseguirá usá-la. Assim, a formação formal sobre a tecnologia é necessária, mas não precisa ser onerosa. Normalmente, um total de duas horas de instrução específica e bem organizadas sobre como utilizar um LMS deve ser suficiente, com uma sessão de revisão de uma hora por ano.
A parte mais difícil será descobrir a melhor forma de usar as ferramentas educacionalmente. Isso requer que você tenha uma concepção clara de como os estudantes aprendem melhor, como você precisa ensinar para corresponder a isso, e como conceber este tipo de ensino por meio do uso das tecnologias online.
Próximo passo
O próximo passo será concentrar no estabelecimento de metas adequadas para a aprendizagem online e abordar algumas das questões pedagógicas levantadas neste texto.
Questões
1. Quanto treinamento formal que você teve no sistema institucional de gestão de aprendizagem (LMS)? Isso é suficiente e você está totalmente confiante de que sabe todas as características e a melhor forma de usá-los?
2. Quando você deve usar uma tecnologia síncrona como o Blackboard Collaborate? Quais são as desvantagens de tecnologias síncronas para os alunos online? (veja, “Modelos para selecionar e usar tecnologias: Síncrona ou assíncrona?” para saber mais sobre isso).
3. Deveria você repensar inteiramente o seu ensino ao ir para o ambiente virtual ou você pode usar o seu material de sala de aula? Quais seriam as possíveis desvantagens da utilização online de aulas gravadas?
Referência
Christensen Hughes, J. and Mighty, J. (eds.) (2010) Taking Stock: Research on Teaching and Learning in Higher Education Montreal QC and Kingston ON: McGill-Queen’s University Press, 350 pp
Nove passos para uma aprendizagem on-line de qualidade: Passo 4 : Crie com os recursos existentes
Texto original publicado em ‘Nine Steps to Online Learning: Step 4: Build on existing resources‘. Tradução autorizada por Tony Bates.
Neste texto argumento sobre o uso de recursos online já existentes em vez de reinventar a roda, o que irá salvar uma boa quantidade de tempo do professor, se comparado a criar tudo do zero.
Este é o quinto texto de uma série de 10 que tratam sobre o projeto de cursos online de qualidade. Os nove passos são focados principalmente em professores que são novos na aprendizagem online, ou tentaram sem muita ajuda ou sucesso.
Os primeiros quatro textos (que você deve ler antes deste) são:
Introdução
Decida como você deseja ensinar online
Decida que tipo de curso on-line
Trabalhe em grupo
Uma versão condensada que cobre todos os posts desta série pode ser encontrada no site ´What you need to know about teaching online: nine key steps´. Tem também uma versão em francês ´Ce que le personnel enseignant doit savoir sur l’enseignment en ligne: neuf étapes clés´.
Movendo o conteúdo online
A gestão do tempo é fundamental na aprendizagem(ensino) on-line. As faculdades muitas vezes gastam uma grande quantidade de tempo na conversão do seu material de sala de aula em uma forma que vai funcionar em um ambiente online, mas isso pode realmente aumentar o seu trabalho. Por exemplo, slides de PowerPoint muitas vezes estão sem comentários do professor, ou perdem o conteúdo crítico, ou falham em cobrir as nuances e ênfases. Contudo, vou sugerir que durante o tempo em que algum deste trabalho não possa ser evitado completamente, você poderá cortar parte do ‘tempo de conversão’ usando alguns recursos online já existentes.
No Passo 1 recomendei o repensar do ensino, e não só simplesmente mover palestras gravadas ou slides em PowerPoint para o ambiente online, mas em desenvolver materiais de forma que permitam os estudantes à distância um melhor aprendizado. Agora neste Passo 4 pareço estar em contradição ao sugerir que você deve usar os recursos existentes. Contudo, a distinção aqui é entre a utilização dos recursos existentes que não se transferem tão facilmente para um ambiente de aprendizagem online (como uma palestra gravada de 50 minutos), e utilização de materiais já desenvolvidos especificamente para o ensino online.
Use a tecnologia institucional já existente
Antes de discutir o conteúdo, se a sua instituição já tem um sistema de gerenciamento de aprendizagem, tais como Blackboard ou Moodle, use-o. Não se meta em discussões sobre se é ou não é a melhor ferramenta, pelo menos quando você está começando. Francamente, em termos funcionais, há poucas diferenças importantes entre as principais LMSs. Você pode preferir a interface de um sistema em detrimento de outro, mas isso vai ser mais uma sobrecarga pela quantidade de esforço que terá que ser feito ao tentar usar um sistema não é suportado pela sua instituição. LMSs não são perfeitos, mas eles evoluíram ao longo dos últimos 20 anos e, em geral, são relativamente fáceis de usar, tanto por você, e mais importante pelos alunos. Eles fornecem uma estrutura útil para organizar o seu ensino on-line, e se o LMS é devidamente apoiada, pode obter ajuda quando necessário. Há flexibilidade suficiente em um sistema de gestão de aprendizagem para que você possa ensinar de diversas maneiras diferentes. Em particular, dedique tempo em ser devidamente treinado em como usar o LMS. Com um par de horas de treinamento você pode economizar muitas horas na tentativa de fazê-lo funcionar da maneira que deseja.
O mesmo se aplica às tecnologias web síncronas, tais como Blackboard Collaborate ou Adobe Connect. Eu tenho minhas preferências, mas todos eles fazem mais ou menos a mesma coisa. As diferenças na tecnologia não são nada se comparadas com as diferentes maneiras que você pode usar essas ferramentas. Estas são decisões pedagógicas e de ensino. Concentre-se nisso ao invés de tentar encontrar a tecnologia perfeita. Na verdade, pense com cuidado sobre quando seria melhor usar ferramentas síncronas em vez assíncronas. Blackboard Collaborate é útil quando você quer começar juntos com um grupo de estudantes ao mesmo tempo, mas essas ferramentas síncronas tendem a ser centradas no instrutor (ministrar palestras e controlar a discussão). No entanto, você pode incentivar os alunos para que trabalhem em pequenas equipes em um projeto, com o uso do Blackboard Collaborate, para decidir sobre papéis ou então para finalizar um trabalho de um projeto, por exemplo. Por outro lado, as ferramentas assíncronas, dotam os alunos online de mais flexibilidade do que as ferramentas síncronas, e permitir-lhes trabalhar de forma mais independente (uma habilidade importante para os alunos desenvolverem).
Use o conteúdo online existente
A Internet e, em particular a World Wide Web, tem uma imensa quantidade de conteúdo já disponível. Muito disto está disponível gratuitamente para uso educacional, sob certas condições (por exemplo, citação da fonte – procure a licença Creative Commons geralmente no final de uma página web). Você vai encontrar conteúdo existente que varia enormemente em qualidade e variedade. As principais universidades como MIT, Stanford, Princeton e Yale fizeram gravações de palestras em sala de aula, e etc, enquanto as organizações de ensino à distância, tais como o UK Open University tornaram todos os seus materiais de ensino online disponíveis para uso livre. Grande parte deste material pode ser encontrado no iTunesU da Apple.
No caso das universidades de prestígio, você pode ter certeza sobre a qualidade do conteúdo – é normalmente o que os estudantes do campus têm – mas muitas vezes não tem a qualidade necessária em termos de design instrucional ou de adequação para aprendizagem on-line. (Para uma discussão sobre isto veja Keith Hampson’s: MOOCs: The Prestige Factor; ou OERs: The Good, the Bad and the Ugly). Recursos livres de instituições como a UK Open University ou o Carnegie Mellon’s Open Learn Initiative normalmente combinam conteúdo de qualidade com um bom design instrucional.
Onde os recursos educacionais abertos são particularmente valiosos são na sua utilização como simulações interativas, animações ou vídeos, que seriam difíceis ou caros demais para um único instrutor desenvolver. Exemplos de simulações em disciplinas de ciências como a biologia e a física podem ser encontrado aqui: Phet, ou no Khan Academy, para a matemática; mas há muitas outras fontes também.
Mas, assim como recursos abertos ditos como “educacionais”, há uma grande quantidade de conteúdo “bruto” na Internet que pode ser de valor inestimável para o ensino online. A principal questão é se você, como o instrutor precisa encontrar tal material, ou se seria melhor fazer os alunos pesquisar, encontrar, selecionar, analisar e aplicar tais informações. Afinal, essas são habilidades-chave que os estudantes precisam ter no Século 21.
Certamente, nos primeiros dois anos de uma graduação a maioria dos conteúdos não é único ou original. Na maioria das vezes estamos sobre ombros de gigantes, ou seja, organizando e gerenciando o conhecimento já descoberto. Apenas nas áreas onde você realiza pesquisa, única e original que ainda não foi publicada, ou onde você tem o seu ‘toque’ próprio no conteúdo, é realmente necessário para criar ‘conteúdo’ a partir do zero. Infelizmente, porém, ainda pode ser difícil encontrar exatamente o material que você quer, pelo menos, de uma forma que seria apropriado para os seus alunos. Em tais casos, então será necessário desenvolver os seus próprios materiais, e isto será discutido mais adiante no Passo 7. No entanto, a construção de um curso em torno dos materiais já existentes fará muito sentido em muitos contextos.
O que seus colegas estão fazendo?
Outro recurso bastante valioso é o material que seus colegas já desenvolveram para seus cursos. Se muitos de vocês estão ensinando cursos relacionados, é provável que eles terão material, como um gráfico de equipamento ou um clip de vídeo de um experimento, que também seria relevante para o seu próprio curso. Certamente, se muitos de vocês estão desenvolvendo um programa, então existe uma margem considerável para trabalhar em colaboração e então desenvolver materiais de alta qualidade que possam ser compartilhados.
Conclusão
O ensino online oferece-lhe uma escolha de focalizar no desenvolvimento de conteúdo ou na facilitação da aprendizagem. Conforme o tempo passa, mais e mais o conteúdo na área de seus cursos estará disponível gratuitamente a partir de outras fontes, através da Internet. Esta é uma oportunidade para focar no que os estudantes precisam saber, e em como podem encontrar, avaliar e aplicar. Estas são habilidades que se perpetuarão além da lembrança do conteúdo que os estudantes obtiveram em um determinado curso. Então, temos de nos concentrar tanto nas atividades estudantis; sobre o que eles precisam fazer, como na criação de conteúdo original para nossos cursos. Isto será discutido em mais detalhe nas etapas 6, 7 e 8.
Questões
1. Quão original é o conteúdo que você ensina? Poderia em estudantes aprender tão bem do conteúdo já existente? Se não, qual é o ‘extra’ que você está adicionando? Isto está contemplado no seu design de um curso online?
2. O conteúdo já existe na internet? Você já olhou para ver o que já está lá?
3. Você está evitando usar tecnologia que já tem suporte institucional, tal como os LMSs ou ferramentas síncronas? Se sim, porque? Você tentou ver se por acaso elas irão fazer o que você deseja?
4. O que teus colegas estão fazendo online – ou talvez na sala de aula, com respeito ao ensino digital? Poderiam trabalhar em conjunto no desenvolvimento de material?
5. Você teve algum treinamento formal no uso das LMS institucionais ou tecnologias síncronas?
Se você sentir que um curso online é muito trabalhoso, então talvez as respostas para estas questões podem indicar onde está o problema.
Próximo
Passo 5: Domine a tecnologia