Acabei de ler mais um excelente livro do Carl Sagan – Variedades da Experiência Científica, uma visão pessoal da busca por Deus.
O livro é uma transcrição de palestras na Universidade de Glasgow, para falar sobre “teologia natural”.
Talvez o título possa trazer alguma confusão para quem não leu o livro. O Sagan não acreditava em Deus, e talvez a melhor definição para ele seria o agnosticismo.
Já logo no início o Sagan demonstra que a insistência em considerar o homem como centro do universo nunca foi muito longe, e a cada avanço da ciência esta idéia era novamente massacrada. E ele segue dizendo que “na minha opinião, é que o deus retratado é pequeno demais. É um deus de um mundinho, e não um deus de uma galáxia, muito menos de um universo.”.
Outro desafio, bem semelhante ao encontrado em seu romance Contato, é sobre os sinais divinos, que são sempre obscuros. “Essa questão das provas da existência de Deus, se Deus tivesse querido nos dar alguma, não precisa ficar restrita a esse método meio questionável de fazer declarações enigmáticas a sábios antigos e torcer para que elas sobrevivam. Deus poderia ter gravado os Dez Mandamentos na Lua. Bem grande. Cada mandamento com dez quilômetros de comprimento. e ninguém poderia vê-los da Terra, até que um dia grandes telescópios fossem inventados ou uma nave espacial se aproximasse da Lua, e lá estariam eles, gravados na superfície lunar. As pessoas diriam: “Como aquilo foi parar lá?”. E haveria então várias hipóteses, a maioria delas extremamente interessantes.
Ou por que não um crucifixo de cem quilômetros em órbita da Terra? Certamente Deus seria capaz de fazer isso. certo? É claro, não criou o universo? Uma coisinha simples como colocar um crucifixo em órbita da terra? Perfeitamente possível.
O livro termina com um apanhado de perguntas e respostas, o assunto é muito interessante e a angústia aumenta ao se perceber que o livro se aproxima do fim.