Ciência e o Islã

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Jim Al-Khalili, físico nascido em Bagdá, apresenta na BBC Four uma série de três episódios sobre a relação entre a ciência e o Islã.
No primeiro episódio, Al-Khalili, conhecido também pela série Átomo, demonstra a importancia do ´Translation Movement´, no qual uma série de livros importantes de todo o mundo foram traduzidos para o árabe. Isto impulsionou o domínio árabe na medicina e matemática. Atualmente os livros de medicina da época já não impressionam mais, pois defendem uma grande quantidade de técnicas e ideias não mais aceitas como formas adequadas de tratamento. No entanto, a matemática ainda deve muito para as importantes contribuições que ficaram marcadas na algebra e no algoritmo, no qual a presença do AL nas palavras sempre nos lembrará do seu passado. (o prefixo “al-” designa o artigo definido no árabe)
No segundo episódio também fica claro que o interesse pela aplicação prática do conhecimento era um bom motivo para o desenvolvimento da matemática, com forte apelo no aumento da eficiencia de cobrança de impostos. E também na geografia e astronomia, que eram uteis para a determinação do tamanho do império árabe e posição exata de um viajante quando longe de Meca, que desejava não errar a direção de suas orações.
A alquimia (mais um AL) encontrou o seu reforço na necessidade de um controle de qualidade na manufatura de moedas (dinar), obtendo peças de ouro com quantidades de elementos liga que resultassem em um material com resistência adequada ao manuseio. Desta alquimia cada vez menos mística e mais prática, o Islã também obteve o conhecimento dos materiais alcalinos essenciais para a manufatura do sabão. A destilação para a produção de perfumes e o domínio de novas técnicas de produção de vidros coloridos também encontraram espaço na ciência da época.
No terceiro episódio Jim Al-Khalili mostra boas evidências de que Copérnico obteve informações importantes da astronomia árabe para formular o seu modelo heliocêntrico.
Mas como todo esse brilho de desenvolvimento se apagou?
É óbvio que existe uma rede complicada de causas para as mudanças históricas. Mas foram relatados alguns fatores, como a diminuição do império árabe por sucessivas guerras, a perda da oportunidade de adotar a impressão rápida de livros também foi um erro que marcou o declínio da ciência no mundo árabe. Nesta última foi a rigidez dos princípios do Islamismo que causou o atraso, pois existe a crença de que a palavra escrita no Alcorão representa diretamente o desejo de Alá.
http://www.bbc.co.uk/programmes/b00gksx4
Trailer

Discussão - 5 comentários

  1. Joâo Carlos disse:

    No entanto, não existe uma só sura no Corão que tenha a mais vaga ligação com o obscurantismo científico (como, aliás, não existe também nada que obrigue mulheres a usarem burkas, nem promessas de recompensas a terroristas).
    Igualmente, em toda a pregação atribuída a Jesus, não há nada que justifique as Cruzadas ou a Inquisição.
    Religiões são inócuas, até que os poderosos e os "espertos" tomam delas para suas próprias conveniências.

  2. massacritica disse:

    Concordo com as afirmações iniciais. Mas as religiões não são inócuas. Existem diversas passagens nos livros sagrados que celebram a violência e o desprezo.

  3. Tati Nahas disse:

    Uma preciosidade essa série, obrigada por compartilhar! Ótima dica!

  4. Sibele disse:

    O "descobrimento" do Brasil deve-se indiretamente à ciência árabe da época. Portugal e Espanha foram os primeiros a lançarem-se na expansão marítima por reunirem as condições necessárias a essa empreitada, no século XV. Entre essas condições, sem dúvida figura a expertise da engenharia naval árabe, influenciando a Escola de Sagres, de onde saíram os grandes navegadores; além da apropriação de tecnologias de instrumentos de navegação aperfeiçoadas pelos árabes, como a bússola e o astrolábio. Tudo graças à influência àrabe na península ibérica ocupada durante as invasões mouras.
    Mas a maior contribuição árabe ao ocidente, ao meu ver, foram suas traduções de textos clássicos gregos e latinos, possibilitando a recuperação dessas obras durante o Renascimento, na Europa, e assim legando-nos um patrimônio cultural greco-romano no qual se baseia nossa cultura ocidental. Se não fosse isso, muitos textos clássicos estariam irremediavelmente perdidos, banidos que foram da Europa durante a Idade Média.
    Quem leu "O nome da Rosa", de Umberto Eco, pode perceber como tais textos eram execrados pelo fundamentalismo cristão de então.
    É, fundamentalismo não é só no Islã, não.

  5. massacritica disse:

    O ´descobrimento´ do Novo Mundo foi abordado pelo documentário também como um fator que deslocou o foco econômico para a Europa. A ciência vai onde tem dinheiro. 🙂

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