O fim de um relógio
Todo o mecanismo deste relógio é impulsionado por um único motor que funciona em 60 rotações por minuto (rpm). Girando uma vez a cada segundo impulsiona uma polia que gira uma vez a cada 5 segundos (proporção 1:5). A próxima etapa tem 1 rpm, então uma de 5min, 1 hora, 1 dia, 1 mês, 1 ano e uma década.
O mecanismo da década impulsiona o arco externo que terá uma rotação de um século.
A proporção do início ao fim chegará a 1:31,6 bilhões, que deu origem ao nome da obra – 3.16 Billion Cycles.
Ao fim do ciclo de um século o sistema cairá na falha do aro externo e todo o mecanismo do relógio se desmontará.
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(clique para ampliar)
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A obra foi idealizada pelo designer Che-Wei Wang e faz parte de uma série de seis trabalhos, intitulada “Time in Six Parts”, que terão como objetivo mudar a percepção de tempo, quebrando um século em pequenos incrementos.
Via Gajitz
Arte em corrosão
Muito difícil encontrar tema relacionado com corrosão que tenha apelo para ganhar um texto em um blog. 🙂
Navegando pelo Flickr encontrei duas belas fotos com corrosão de pregos.
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Resta saber qual foi a solução utilizada para provocar a reação.
Sugestões? 🙂
Para quem gosta de corrosão indico o experimento da gota salina –
http://pontociencia.org.br/experimentos-interna.php?experimento=335&GOTA+SALINA
Agradeço bigstrontium pela autorização de uso das imagens.
Quantas pessoas podem viver na Terra?
Quando o documentarista David Attenborough nasceu éramos pouco menos de 2 bilhões de pessoas em todo o planeta. Atualmente a população mundial aproxima-se rapidamente de 7 bilhões de pessoas, e isso com um aumento de pouco mais de 2 pessoas por segundo (já descontadas as mortes).
A vida de Attenborough foi em boa parte dedicada ao acompanhamento da vida selvagem, e lamentavelmente esta situação de vida intocável está cada dia mais difícil de ser encontrada. Esta preocupação com o impacto populacional o fez ingressar na organização Optimum Population Trust, que tem como meta avaliar este cenário.
Então, quantas pessoas podem viver na Terra?
A ONU mantém um setor de acompanhamento do crescimento e existem fortes indícios de uma população que atingirá a marca de 9 bilhões já em 2050. E será atingida pelo simples fluxo natural do comportamento social, sem nenhum incremento forçado. As tendências indicam também que alguns países terão decréscimo populacional, como o Japão, por exemplo, mas isto não será capaz de frear a tendência.
Por volta de 1800 éramos não mais que 1 bilhão de pessoas. O acesso ao controle de doenças, diminuição de mortalidade e melhor qualidade de vida causaram uma violenta explosão populacional.
A citação de Thomas Malthus é comum quando este assunto é abordado.
“The power of population is indefinitely greater than the power in the earth to produce subsistence for man” – Thomas Malthus
Normalmente citam como um erro, como uma visão pessimista e demasiado catastrófica. Mas até quando Malthus estará errado? A Terra certamente possui um limite físico de produção de recursos.
Indícios mostram que a população mundial poderia atingir a marca de 15 bilhões de pessoas se todos vivessem como a média da população da Índia vive. Mas que o mundo só poderia comportar 2,5 bilhões se todos optassem por um estilo de vida comum na Inglaterra.
O primeiro alarme que soa vem da escassez de água em diversos países. Não só este alarme toca, mas outro começa a ser ouvido, o da falta de áreas propícias para a agricultura economicamente viável. E o sinal vem de um fluxo investidores de países desenvolvidos que compram terras em países mais pobres para uma produção exclusivamente voltada para a exportação, sem benefícios desejados para a população local.
Algumas iniciativas de controle populacional infelizmente foram feitas de maneira truculenta e autoritária, criando um fantasma ainda mais assustador de um assunto que incomoda muitos. Poucos gostam de ter alguém palpitando em sua vida pessoal e em quantos filhos devem ter. Iniciativas mais inteligentes e planejadas demonstraram, de maneira quase óbvia, que a educação é o fator que mais influencia na decisão de uma família em optar por ter menos filhos. As mulheres saem na dianteira neste poder de decisão, com uma visível tendência em planejar melhor a vida antes de ter o primeiro filho.
David Attenborough encerra o documentário “How Many People Can Live on Planet Earth?” comentando que os dados fornecidos podem ser desanimadores e neste caso a melhor maneira de encarar a situação é com o máximo de planejamento feito de maneira racional.
Quero um espintariscópio
Imagem original da Wikipedia, cedida por Theodore Gray.
Já sei o que vou querer de presente de Natal! (pouco atrasado)
Um espintariscópio!
Serve para visualização de desintegração nuclear e certamente não será encontrado em nenhuma loja de 1,99!
A montagem e o conceito são simples. Uma pequena amostra de material radioativo é colocada abaixo de uma camada de um material cintilador (radioluminescente), que pode ser o sulfeto de zinco, e que produz luz ao ser atingido por uma partícula alpha proveniente da desintegração nuclear. O sulfeto também é (ou era) encontrado em interruptores de luz que brilham no escuro. Mas fique tranquilo pois esses interruptores não apresentam radioatividade e a luz é decorrente de uma inofensiva fosforescência.
A lente no topo da peça facilita a visualização dos pequenos pontos de luz que ocorrem na superfície do material cintilador.
A foto é de um modelo que vinha junto em um kit de ciência para crianças, chamado “Atomic energy”.
O meu presente vai custar apenas 30 dólares lá na lojinha da United Nuclear. Este modelo possui uma amostra radioativa de tório e não apresenta riscos à saúde enquanto selada.
Mergulho no Cenote Angelita
Cenotes são depressões no solo cheias de água e ligadas a uma caverna marinha.
Esta ligação com a água salgada pode produzir um efeito interessante de aparecimento de uma haloclina, ou seja, uma região com um forte gradiente de salinidade.
A água com maior salinidade tende a se acumular na parte inferior do cenote, isto devido a própria posição da fonte da água salina e pela maior densidade da água quando salgada.
No vídeo abaixo é possível perceber a interface entre a água doce e salgada.
(este primeiro vídeo não é sobre o cenote Angelita)
No cenote Angelita a camada inferior e mais salgada também apresenta uma elevada quantidade de sulfeto de hidrogênio, entre outras substâncias, e uma turvação ainda mais evidente. Isto ocorre pela decomposição de matéria orgânica que cai dentro do cenote.
Veja um mergulho nesta camada:
Outro vídeo
Artigo (que não li! :-)) sobre sulfetos e sulfatos nesta haloclina:
The ocurrence and effect of sulfate reduction and sulfide oxidation on coastal limestone dissolution in Yucatan cenotes [PDF]
42 tentativas para matar Hitler
Por que ninguém tentou matar Hitler?
Esta é uma pergunta que certamente muitas pessoas já fizeram.
Tentaram! E foram diversas vezes! Algumas com um planejamento extremamente refinado e outras que não chegaram nem a ser executadas.Talvez a tentativa mais famosa de assassinato de Hitler, seja a a que deu origem ao filme Operação Valkíria, mas existiram pelo menos outras 41 tentativas que também apresentam detalhes merecedores de atenção.
No impressionante documentário da National Geographic, 42 Ways to Kill Hitler, alguns destes planos são explicados em detalhes, em uma equilibrada união entre história e suspense.
Roger Moorhouse, autor do livro Quero Matar Hitler, faz diversos comentários durante o documentário, o que leva a crer que este livro seja uma obra importante para quem quer saber mais sobre o assunto.
No Brasil este documentário já foi também exibido no History Channel.
Ciência e o Islã
Jim Al-Khalili, físico nascido em Bagdá, apresenta na BBC Four uma série de três episódios sobre a relação entre a ciência e o Islã.
No primeiro episódio, Al-Khalili, conhecido também pela série Átomo, demonstra a importancia do ´Translation Movement´, no qual uma série de livros importantes de todo o mundo foram traduzidos para o árabe. Isto impulsionou o domínio árabe na medicina e matemática. Atualmente os livros de medicina da época já não impressionam mais, pois defendem uma grande quantidade de técnicas e ideias não mais aceitas como formas adequadas de tratamento. No entanto, a matemática ainda deve muito para as importantes contribuições que ficaram marcadas na algebra e no algoritmo, no qual a presença do AL nas palavras sempre nos lembrará do seu passado. (o prefixo “al-” designa o artigo definido no árabe)
No segundo episódio também fica claro que o interesse pela aplicação prática do conhecimento era um bom motivo para o desenvolvimento da matemática, com forte apelo no aumento da eficiencia de cobrança de impostos. E também na geografia e astronomia, que eram uteis para a determinação do tamanho do império árabe e posição exata de um viajante quando longe de Meca, que desejava não errar a direção de suas orações.
A alquimia (mais um AL) encontrou o seu reforço na necessidade de um controle de qualidade na manufatura de moedas (dinar), obtendo peças de ouro com quantidades de elementos liga que resultassem em um material com resistência adequada ao manuseio. Desta alquimia cada vez menos mística e mais prática, o Islã também obteve o conhecimento dos materiais alcalinos essenciais para a manufatura do sabão. A destilação para a produção de perfumes e o domínio de novas técnicas de produção de vidros coloridos também encontraram espaço na ciência da época.
No terceiro episódio Jim Al-Khalili mostra boas evidências de que Copérnico obteve informações importantes da astronomia árabe para formular o seu modelo heliocêntrico.
Mas como todo esse brilho de desenvolvimento se apagou?
É óbvio que existe uma rede complicada de causas para as mudanças históricas. Mas foram relatados alguns fatores, como a diminuição do império árabe por sucessivas guerras, a perda da oportunidade de adotar a impressão rápida de livros também foi um erro que marcou o declínio da ciência no mundo árabe. Nesta última foi a rigidez dos princípios do Islamismo que causou o atraso, pois existe a crença de que a palavra escrita no Alcorão representa diretamente o desejo de Alá.
http://www.bbc.co.uk/programmes/b00gksx4
Trailer
Qual é o seu ORCID?
A competição (saudável ou não) por ter um Lattes recheado de artigos, capítulos de livros, teses, índices de eficiência, citações, filmes, etc, esbarrava no problema da possível existência de outro João da Silva com um péssimo índice de publicações, causando uma confusão na identificação única de um pesquisador.
Surge então a iniciativa ORCID ( Open Researcher and Contributor ID ), uma identificação única alfanumérica para marcar cada pesquisador com um código único de rastreamento.
Este número poderia ser utilizado de maneira ampla pelo pesquisador, para deixar a sua marca nas inúmeras atividades científicas que realiza durante a carreira acadêmica. O artigo na Nature ´Credit where credit is due´ chega a citar que a identificação única poderia até mesmo ser utilizada para identificar contribuições em banco de dados, comentários em blogs e edições na Wikipedia.
A promessa dos participantes do grupo que idealizou o ORCID é de que em até 6 meses o sistema estará pronto para os primeiros testes, utilizando como inspiração o já existente http://www.researcherid.com/ da Thomson Reuters.
O sistema contará com validação e autenticação da autoria no uso do ORCID, para evitar o inevitável mau uso da idéia pelos criativos destruidores de qualquer coisa que parece minimamente interessante.
Veja mais em
http://www.orcid.org
Editorial (2009). Credit where credit is due Nature, 462 (7275), 825-825 DOI: 10.1038/462825a
Campo magnético
Em uma montagem presente no Museu de Ciências de Madri – CosmoCaixa – o visitante pode alterar a posição de um imã que está localizado no centro de uma rede de ponteiros móveis, o que possibilita uma bela visualização do campo magnético.
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Bônus
Vídeo que une áudio das explicações de Richard Feynman e animações gráficas sobre campo elétrico e magnético.
´Editado em 11/12/2009: Infelizmente o vídeo foi removido. Provavelmente por direitos autorias sobre a voz do Feynman. Ok, tudo bem. Ficamos então só com o material livre em ´Projeto Tuva – Microsoft e Richard Feynman´. Agradeço o Leonardo pelo aviso.´
Foto sob licença Creative Commons.
Homem quântico
A física quântica precisa aguentar sucessivas investidas de burros que não entendem do assunto, e utilizam as informações da área para embasar uma imensa coleção de besteiras.
Ao ver o título ´Quantum Man´ no Reddit pensei que era mais uma destas bobagens. Engano meu, é uma bela escultura.
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É bem provável que o escultor Julian Voss-Andreae não tenha um discurso pseudocientífico, já que trabalhou com física quântica no grupo de pesquisas do físico Anton Zeilinger.
Julius é também o escultor da obra Angel of the West, exposta no campus do Scripps Research Institute.
Nesta ele representou um anticorpo dentro de um anel, em uma referência ao Homem Vitruviano de Leonardo da Vinci.
Veja também
Um anjo real