Li muito sobre isso. De acordo com o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), a crise financeira em 2009 e 2008 prejudicou o setor da reciclagem. Mas a modo de quê?
O preço dos materiais recicláveis – aparas de papel, sucata de ferro e plásticos – é ditado pela Bolsa de Valores de Londres. Tratam-se de commodities classificadas como mercadorias primárias – ou matérias-primas – que têm seu preço cotado de forma global. Assim, os materiais recicláveis estão sujeitos às variações que as indústrias praticam ao redor do mundo – cotadas em dólar.
Segundo o MNCR, no Brasil, por exemplo, o preço do quilo de plástico caiu de R$ 1 para R$ 0,60, e o do plástico de garrafas pet, de R$ 1,20 para R$ 0,35. O quilo do jornal, dos papelões especiais e finos e dos papéis misturados e brancos também tiveram redução no valor. A reciclagem quebrou no Brasil, para o Movimento. Indústrias de beneficiamento fecharam as portas e demitiram. Ainda, hoje, o setor não se recuperou.
Essas informações constam no artigo “A crise financeira e os catadores de materiais recicláveis”, produzido pelo Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR) e publicado no último boletim Mercado de trabalho: Conjuntura e Análise, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Agora, veja só que problema. Estimativas do Movimento apontam que, no Brasil, 90% de tudo que é reciclado vêm das mãos dos cerca de 800 mil catadores. Eles atuam dentro de lixões a céu aberto ou organizados em cooperativas e associações. Quem precisou trabalhar mais para ganhar o mesmo? Os catadores.