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2019: um ano para estabilizar as transformações

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Entrei em 2019 com a impressão de que 2018 não acabou. Parece que, agora, a energia desses dois anos chegou ao fim. Ufa. Acho que 2019 foi uma finalização de 2018. Uma época de mudanças que, como todas elas, trazem fins e novos caminhos. Na verdade, um ano para estabilizar essas transformações. Não adianta lutarmos contra algo que precisa mudar, porque as consequências em insistir no que não é para nós podem ser piores. Resultando em somatizações no corpo, na mente, no espírito.

De maneira geral, este foi um ano de foco em muito trabalho e muita realização nele. Sou grata! No primeiro semestre, fui colunista sobre meio ambiente de rádio! Para quem adora falar, esse tipo de trabalho é um encontro. Minha coluna ia ao ar no programa Desperta, da Rádio Transamérica. Quando eu tinha dez anos, pedi um rádio para meu padrinho para, justamente, ouvir essa frequência. Que sinal…

Na mesma época, me despedi da bolsa de divulgação científica do CNPq, onde planejava e executava a comunicação nas redes sociais. Precisei aceitar essa finalização de dez anos de trabalho em divulgação científica que começou lá com meu blog Xis-xis. Preenchi esse tempo com maior dedicação ao meu núcleo familiar. Minha base na vida. O blog, aliás, quase saiu do ar. Vamos ver o que virá com relação a meus projetos pessoais na área de divulgação da ciência.

Como retorno à sociedade, dei inúmeras palestras sobre o projeto de comunicação desenhado ao CNPq. Conheci mais pessoas da área da comunicação e divulgação científica das quais virei fã. Fiz novas amizades. No IEMA, pude exercer com todo amor à causa socioambiental meu trabalho em comunicação. Graças à organização, conheci pessoas do terceiro setor ou ativistas que admiro – pude falar isso para elas.

No IEMA, aprendi a me colocar criticamente sem medo. Aliás, também aprendi que devemos contar para as pessoas, principalmente mulheres, o quanto elas são incríveis. Como elas nos inspiram. Não de maneira leviana. Mas verdadeiramente. Viajei bastante a trabalho, algo que nem imaginava acontecer: Brasília, Rio de Janeiro, Recife, Manaus, Madri… E, coincidentemente, todas essas viagens trouxeram um retorno ao meu eu mais íntimo e genuíno.

“Está de volta à terrinha?”, parentes perguntavam quando disse estar em Manaus. Morei lá e, agora, tive a oportunidade maravilhosa de me aproximar mais dos povos originários. Brasília se relevou uma paixão, um desejo. O Rio, lugar mais lindo do mundo, vive sempre em meu imaginário de bossa. Em uma viagem à Recife decidi casar com o Gustavo. E, em Madri, que já conheci no meu primeiro mochilão para fora do Brasil, realizei o sonho de trabalhar para um mundo melhor em uma Conferência das Partes (COP), encontro da ONU. Uau.

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O mundo é feito de pessoas incríveis. Em busca de uma Terra mais harmônica e justa para se viver. Obrigada natureza, ciência, astros, antroposofia. Obrigada a todas as minhas amigas e amigos que por horas me ouviram me ajudando a estabilizar as transformações deste ano. Obrigada às amigas e aos amigos que confiaram a mim conselhos e caminhos. Obrigada à minha família que me ajudou a realizar todos esses sonhos. Na verdade, só pude tudo isso graças a vocês. Obrigada ao meu mais lindo e novo afilhadinho. Obrigada aos meus pais, irmão, Gustavo e Marina. Vocês são tudo de mais importante para mim. Obrigada, universo. Filha, espero estar construindo com todas essas pessoas um mundo mais lindo para você. Venha 2020!

É possível abastecer todos os brasileiros com agricultura livre de veneno

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O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo! Desde o início do ano, o Governo Federal liberou 290 substâncias, segundo levantamento do Greenpeace. Se para aplicar o veneno os agricultores devem usar máscara e material para se proteger, imagine o que acontece com a nossa saúde ao ingerirmos frutas, verduras e legumes com agrotóxicos! Uma opção seria consumir alimentos orgânicos, mas em supermercados eles costumam custar mais e fora nem sempre são fáceis de encontrar. Assim, pesquisadores nos Estados Unidos testaram uma solução para tentar tirar o veneno da maçã. Eles deixaram a fruta em uma solução de bicarbonato de sódio diluído em água e conseguiram remover quase todo o resíduo da superfície. Acontece que o experimento foi realizado apenas com duas substâncias e parte do agrotóxico absorvido no interior da fruta permanece lá. Carin Primavesi (vídeo), filha da Ana Maria Primavesi, agrônoma renomada mundialmente, foi clara durante uma entrevista para o CNPq que fiz com ela o ano passado: é possível abastecer todos os brasileiros com agricultura livre de veneno. Carin ainda ressaltou que o agrotóxico mata microrganismos importantes ao solo, deixando-o mais pobre e desprotegido da desertificação. Será que vale aceitar essa maçã?

*Este texto foi ao ar no programa Desperta, da Rádio Transamérica, apresentando pelos queridos Carlos Garcia e Irineu Toledo. Uma vez por semana, minha coluna sobre sustentabilidade vai ao ar.

A poluição do ar está acima dos padrões da OMS

Olá! Bom dia! Pare e respire fundo… Você sabe o que tem nesse ar que respira? O IEMA, Instituto de Energia e Meio Ambiente, lançou a plataforma da qualidade do ar que reúne dados do monitoramento feito em todo o Brasil e também indica as ultrapassagens das recomendações feitas pela ONU. Dos 27 estados brasileiros, apenas nove realizam o monitoramento da qualidade do ar. São eles: Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná, Goiás e Distrito Federal. Nesses locais, os poluentes material particulado fino e o ozônio seguem em alta. O material particulado fino é um dos maiores responsáveis por doenças respiratórias e cardiovasculares no mundo. Ele é emitido pela queima de combustíveis e formado lá na atmosfera a partir de reações químicas. Já o ozônio pode ser causador de doenças pulmonares e a asma. Ele aparece nos dias ensolarados a partir da reação química de outros poluentes. A concentração dele no Parque do Ibirapuera, por exemplo, chegou a ser o dobro do que a OMS recomenda. Mas uma notícia boa: a maioria dos poluentes apresenta uma tendência clara de queda. Isso graças a programas como o de controle veicular (Proconve) que regulamenta a tecnologia dos motores e a qualidade dos combustíveis. O negócio é olharmos para aquilo que a gente não vê.

*Este texto foi falado por esta palpiteira oficial no programa Desperta, da Rádio Transamérica, apresentando pelos queridos Carlos Garcia e Irineu Toledo.  Uma vez por semana, minha coluna vai ao ar por volta das 6h15 da manhã! Geralmente, às quintas-feiras. Beijo!

Lugar de mulher é na ciência!

Olá! Bom dia! Lugar de mulher é onde? É na ciência! O CNPq lançou a sétima edição do Pioneiras da Ciência, uma iniciativa que homenageia pesquisadoras brasileiras com trabalhos importantes para o avanço do conhecimento científico e tecnológico no país e no mundo! As homenageadas desta última edição são: a entomóloga, especialista que estuda os insetos, Alda Lima Falcão; a física Beatriz Alvarenga; a historiadora e ativista Maria Beatriz Nascimento; a física Ewa Wanda Cybulska; a linguista Leda Bisol; a física Linda Viola Ehlin Caldas; a geógrafa Maria Adélia Aparecida de Souza; a cientista política e escritora Paula Beiguelman; a física Ruth de Souza Schneider; e a bióloga Yocie Yoneshigue Valentin. A homenagem é importante porque mostra para as meninas e mulheres em geral que nós podemos exercer um papel relevante na sociedade. Segundo um estudo feito por pesquisadoras do CNPq, da UNICAMP, Universidade Estadual de Campinas, e da Universidade de Brasília, o total de bolsas de estudo concedidas pelo CNPq a homens e mulheres é igual. Mas a participação das mulheres diminui à medida que o nível das bolsas é maior. Ou seja, há a sub-representação feminina em postos mais avançados da carreira e em posições de prestígio. Isso reflete o preconceito contra as mulheres. E também mostra o fato de ter menos tempo para produzir pesquisas e, assim, subir de posto. Mas juntas e juntos podemos mudar isso. E será melhor para todas e todos. Um beijo!

*Este texto foi falado por esta palpiteira oficial no programa Desperta, da Rádio Transamérica, apresentando pelos queridos Carlos Garcia e Irineu Toledo. Uma vez por semana, minha coluna vai ao ar por volta das 6h15 da manhã! Geralmente, às quintas-feiras. Ouça aqui!

Imagem: CNPq

2019: este pode ser o ano mais quente

Uma falante novidade: sou colunista de sustentabilidade do programa Desperta, da Rádio Transamérica, apresentando pelos queridos Carlos Garcia e Irineu Toledo.  Uma vez por semana, minha coluna vai ao ar por volta das 6h15 da manhã! Aqui, publico o que falei por lá.

Está calor aí? Aqui está muito quente! E parece que esse calorão todo vai permanecer. É bom se preparar: pesquisadores têm alertado que 2019 deve ser o ano mais quente já registrado! Isso porque a temperatura do planeta tem aumentado continuamente devido ao aquecimento global. As pesquisas mostram que as ações humanas como uso intensivo de combustíveis fósseis e queimadas de florestas lançam na atmosfera gases que retém o calor dos raios solares, esquentando o planeta mais do que deveriam. Somado a isso, desde dezembro de 2018 o fenômeno El Niño tem elevado a temperatura da superfície do mar do Pacífico. E qualquer mudança na temperatura do oceano afeta diretamente o tempo do planeta todo, em menor ou maior quantidade. O El Niño pode contribuir com uma seca mais intensa no Nordeste, por exemplo. Além disso, as regiões Sudeste, Sul e o estado do Mato Grosso do Sul devem ficar com temperaturas acima da média até junho. Essas informações são do INPE, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.

Aproveite para sintonizar, todo dia entre 5h e 7h da manhã, na rádio para saber as últimas notícias e ainda ouvir música! 🙂 

Foto: Welcomia/ Freepik

Que tipo de praieiro é você?

Hoje, dia 8 de junho, é comemorado o Dia Mundial dos Oceanos. Você, que como eu ama o mar, manja do ambiente marinho onde estica sua canga e pega sua onda? Vamos ver! Teste seus conhecimentos abaixo.

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  1. O Brasil tem a segunda maior barreira de corais do mundo?a)Verdade, parte dela fica no litoral nordestino.
    b)Verdade, os Corais da Amazônia fazem parte dela.
    c)Mentira, todo mundo sabe que barreira de coral quem tem é a Austrália.
    d)
    Mentira, a segunda maior barreira de coral fica na Flórida, Estados Unidos.
  1. O que é um tsunami?
    a)Uma onda gigantesca que perde pouca energia e pode aumentar de tamanho perto da praia.
    b)Uma onda gigantesca que nasce do mesmo tamanho e segue destruindo tudo.
    c)Indiferente. O que importa é surfar a onda.
    d)Uma onda como as marolas que se acabam na praia, mas por ser maior destrói mais.
  1. Com quantas árvores se constrói uma canoa caiçara “de um só pau”?
    a)
    Pelo menos duas, uma para os bancos e outra para a estrutura. b)Prefiro não responder a esta pergunta capciosa.
    c)
    Com um único tronco esculpido de maneira artesanal.
    d)Com um tronco apenas que também é usado para levantar a vela.
  1. O que é um molusco bivalve?
    a)É um personagem inventado para o desenho do Bob Esponja.
    b)
    É aquela famosa conchinha de duas partes que encontramos na beira do mar.
    c)
    É um animal com duas válvulas que vive no fundo do oceano e se alimenta de invertebrados.
    d)
    É uma espécie de esponja marinha que se fixa nos corais.
  1. Qual a diferença de um siri para um caranguejo?
    a)
    O caranguejo tem duas pinças e o siri tem uma.
    b)O caranguejo tem dez patas e o siri tem oito patas.
    c)O siri tem duas patas traseiras que são como nadadeiras.
    d)Só sei que quem anda para trás é caranguejo.
  1. O que é uma “baía”?
    a)Ô, Meu Rei, é apenas um estado brasileiro.
    b)
    Uma área de terra que avança para o mar e cercada de água por todos os lados.
    c)
    Um eufemismo para uma praia “bonita”.
    d)
    Um acidente geográfico onde o mar é quase todo rodeado por terra.

7. O que são peixes bentônicos?
a)
Peixes que vivem junto ao sedimento marinho.
b)Uma espécie de peixe chamada assim em homenagem ao Chico Bento, da Turma da Mônica.
c)Peixes que se alimentam de algas bentas.
d)Peixes que vivem próximos à superfície do mar.

  1. O que são bancos de algas?
    a)Onde os animais marinhos guardam suas economias.
    b)Um local de refúgio e de alimentação para espécies como cavalo-marinho e tartaruga-marinha.
    c)Algas à deriva que enroscam em embarcações.
    d)Algas que invadem a praia deixando a água colorida.

Gabarito:

1.a 2.a 3.c 4.b 5.c 6.d 7.a 8.b

Se você acertou menos de quatro questões, é mergulhar mais no tema para não morrer na praia!

Se você acertou entre cinco e sete questões, já é quase um surfista na crista da onda.

Se você acertou entre oito e nove, quem sabe com mais braçadas alcança o tesouro do pirata?

Agora, se você acertou tudo, parabéns sereia ou sereio do mar! Seu mar está para peixe!

Saiba mais sobre o ambiente marinho e áreas costeiras acompanhando o trabalho do Instituto Costa Brasilis! Mais teste aqui!

 

 

Telescópio captura imagem mais nítida da região da Nebulosa da Tarântula

nebulosaEnquanto nós, praticamente poeira estrelar, debatemos sobre o fim da greve de caminhões aqui na Terra, o Universo continua belo e seguindo o seu destino. Também nos inspirando.

Aproveitando as capacidades do VLT Survey Telescope (VST), no Observatório do Paranal do ESO, no Chile, astrônomos capturaram esta nova imagem muito detalhada da Nebulosa da Tarântula e dos seus numerosos aglomerados estelares e nebulosas vizinhas. A Tarântula, também conhecida por 30 Doradus, é a região de formação estelar mais brilhante e energética do Grupo Local de galáxias.

Brilhando intensamente a cerca de 160.000 anos-luz de distância da Terra, a Nebulosa da Tarântula é a estrutura mais impressionante da Grande Nuvem de Magalhães, uma galáxia satélite da nossa Via Láctea. O Telescópio de Rastreio observou a região e os seus arredores ricos com extremo detalhe, revelando uma paisagem cósmica de aglomerados de estrelas, nuvens de gás brilhante e restos espalhados de explosões de supernovas. Trata-se da imagem mais nítida obtida até hoje de toda a região.

Bom feriado! <3

Grávida: você já ouviu falar sobre fisioterapia para o períneo?

Olá! Faz tempo que não apareço por aqui. Quero voltar a escrever mais para o Xis-xis, sinto uma necessidade absurda de trocar ideias, mas ando muito dedicada ao trabalho e, nas horas vagas, à minha bebê (passa tãaao rápido)! Por isso, convido a acompanhar os textos e atividades publicados lá no site da ONG Iniciativa Verde, onde cuido da comunicação. Tem coisa muito bacana que se relaciona com ciência, meio ambiente e, acima de tudo, à busca em melhorar a qualidade de vida de todos. Eventualmente, também publico algum texto mais profissional no LinkeIn. Passe lá também, se possível.

Agora, voltando à programação, o assunto de hoje é… bebê! Quer dizer, saúde feminina durante a gestação. Quando engravidei, minha vontade era de ter um parto vaginal, com menos interferência médica desnecessária possível. Tive a sorte e o privilégio de já me consultar com uma ginecologista e obstetra honesta que me ajudou a realizar esse sonho do parto normal. Desde o pré-natal, me indicava ações e cuidados para que eu tivesse um parto mais tranquilo possível. Uma das indicações foi a fisioterapia perineal.

Eu estava por volta das 20 e poucas semanas de gestação e, como de costume, já havia lido muito sobre a gravidez em si. Em umas dessas leituras e conversas em um grupo de ioga para grávidas, tinha me deparado com a tal da fisioterapia perineal. A obstetra foi incisiva: “Se quer ter um parto normal, você tem que fazer essa fisioterapia”. Curiosa como eu, não precisava dessa praticamente ordem para me convencer. Eu já queria mesmo. Bastava saber a data mais indicada para começar.

Foi, assim, que conheci a Dra. Carla Dellabarba Petricelli, fisioterapeuta especializada em Uroginecologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp/EPM) e mestre em Ciências da Saúde pelo Departamento de Obstetrícia (Unifesp/EPM). A obstetra a indicou. Delicada, calma e paciente, na primeira sessão de fisioterapia Petricelli fez uma entrevista, explicou como seriam os exercícios e uma análise de como eu me encontrava.

Pode até parecer constrangedor no primeiro momento, visto que é uma fisioterapia que engloba a região genital. Mas, confesso, depois da segunda sessão, eu me divertia contando para amigas e parentes sobre os exercícios para o períneo. Devido a essa curiosidade que a fisioterapia perineal desperta e à importância dela, convidei a fisioterapeuta para esclarecer algumas dúvidas sobre o seu trabalho aqui no Xis-xis.

Carregando a bebê, mas fora da barriga. Uma foto de um bom momento para ilustrar.
Carregando a bebê, mas fora da barriga. Uma foto de um bom momento para ilustrar.

Para a minha gestação e parto, o trabalho da Dra. Carla foi fundamental. Graças a ela, eu já sabia o que esperar na hora do expulsivo, a maneira mais indicada de agir em cada etapa do trabalho de parto, conheci melhor o meu corpo grávido, minha musculatura perineal e abdominal voltou ao lugar rapidamente após o parto, tive poucas dores musculares na parte de baixo barriga durante a gravidez, psicologicamente estava mais segura para o parto e até para o pós-parto no que diz respeito ao meu corpo. Sou muito grata por ter tido essa oportunidade.

Leia a entrevista abaixo! O que melhor ser fazer: perguntar. Espero que seja útil a você também! E, para a Carla, só tenho que agradecer e desejar um futuro mais brilhante! <3

Isis Rosa Nóbile Diniz – O que é a fisioterapia perineal? Que músculos ela trabalha?
Dra. Carla Dellabarba Petricelli – A fisioterapia é uma ciência da saúde que estuda, avalia, previne e trata disfunções acerca do movimento humano. A fisioterapia tem diversas áreas de atuação, as mais conhecidas são: fisioterapia ortopédica, cardio-respiratória, neurológica, esportiva. Na saúde da mulher, a fisioterapia uroginecológica e/ou fisioterapia pélvica trabalha nas disfunções dos músculos do assoalho pélvico ou também conhecido como períneo. Esses músculos tem funções muito importantes para a mulher, pois além de sustentar os órgãos pélvicos (bexiga, útero, intestino) no seus devidos lugares, auxilia na continência urinária e fecal, melhora a resposta orgásmica, e além disso, tem a capacidade de se alongar para o nascimento do bebê. Quando esses músculos estão fracos, a mulher pode ter problemas de incontinência urinária ou fecal, podem sofrer de disfunções sexuais ou ter a descida dos órgãos citados acima.

Isis – Quem é o fisioterapeuta perineal? Quais profissionais pode passar exercícios? Existem diferentes técnicas como o uso do epi-no ou outros métodos? Qual a principal indicação de cada?Dra. Carla – O profissional que deve atuar nesse área é o fisioterapeuta (pois é ele quem estuda e entende todas as disfunções acerca da musculatura perineal). Então, é o fisioterapeuta especializado em assoalho pélvico (que estudou uroginecologia, saúde da mulher ou fisioterapia pélvica) que pode prescrever exercícios perineais, pois a paciente passará por uma avaliação específica para saber o grau de força muscular dessa região e, a partir daí, o profissional irá montar um protocolo de exercícios individual para aquele paciente, focando no fortalecimento muscular.

Dependendo do grau de fraqueza muscular, não trabalhamos apenas com exercícios, utilizamos recursos específicos para auxiliar no ganho de força muscular como a eletroestimulação perineal (recurso usado em outras fases da vida da mulher, quando o músculo não consegue contrair voluntariamente, esse equipamento ajuda o músculo a ganhar força “passivamente”), cones vaginais (são pesos que quando colocados na vagina incrementam o ganho de força) entre outros. Apesar de trabalharmos muito com o fortalecimento muscular para tratar disfunções, também podemos atuar no final da gestação, com o alongamento perineal. Nesse caso, usamos um equipamento conhecido com Epi-no, que foi desenvolvido por uma empresa alemã, com o intuito de treinar essa região para as demandas do parto.

Isis – Uma pergunta envergonhada: qual a diferença da fisioterapia para o pompoarismo?
Dra. Carla – O pompoarismo é oriundo da cultura indiana em que as mulheres são ensinadas a contrair os seus músculos perineais voluntariamente durante a relação sexual a fim de adquirir maior prazer sexual. Não existe diferença no movimento realizado, existe diferença no foco do tratamento. O fisioterapeuta irá trabalhar os músculos com intuito de reabilitar a função muscular e até tratar disfunções sexuais com o mesmo exercício.

Isis – Por que ela é importante para o parto? Ela evita a “bexiga caída”? Evita a laceração ou que se faça a episiotomia?
Dra. Carla – Vamos lá, os exercícios perineais com o intuito de fortalecimento muscular são importantes na gestação para prevenir o enfraquecimento desses músculos e impedir as incontinências urinária e fecal, que muitas vezes começam a surgir na gestação e não apenas no pós-parto. Então, é de extrema importância esse treino muscular, para evitar sim a “descida” dos órgãos pélvicos, até aproximadamente 32 semanas de gestação.

Depois desse período, deve-se manter o treinamento de força muscular, mas começamos a mudar o foco e fazemos o alongamento perineal com o Epi-no. Esse equipamento é um exercitador que foi criado para treinar o período expulsivo com a paciente. Nele, a mulher sente os músculos do períneo sendo alongados até a sua capacidade máxima e depois ela treina a forma como deve expulsar o balão inflado. É claro que esse alongamento deve ser feito com o auxílio de um fisioterapeuta e, dessa forma, a mulher melhora esse alongamento até o momento do nascimento do bebê.

Existem vários artigos científicos que falam de uma grande chance do períneo permanecer íntegro, ou seja, sem que a paciente tenha laceração (quando o músculo se rasga durante a passagem do bebê) ou precisar de episiotomia (corte na vagina para facilitar a passagem do bebê). Os estudos são muito recentes e ainda tem muito a ser estudado, mas para que se tenha sucesso nesse treinamento, o paciente deve procurar um fisioterapeuta para entender como realizar o treinamento, porque existem particularidades no posicionamento do aparelho e como proceder durante toda a sessão.

Isis – E para o pós-parto, qual a sua relevância?
Dra. Carla – No pós-parto, o mais importante é fortalecer os músculos para que a paciente não tenha nenhuma disfunção desse grupo muscular. Esse treino já pode ser feito após oito horas de parto vaginal ou cesárea.

Isis – Aliás, outra curiosidade: homem também pode fazer? Em quais situações é indicada?
Dra. Carla – Geralmente, os homens apresentam queixa nessa região após cirurgia de retirada de próstata, em que ficam incontinentes. Precisa de um fisioterapeuta para avaliar a força muscular e reabilitar essa musculatura para melhorar o quadro de incontinência urinária.

Isis – Acredita que com o aumento de parto humanizado e valorização do parto normal, existe uma procura maior por esse tipo de fisioterapia? As pessoas têm vergonha de dizer que fazem? Como escolher um profissional adequado?
Dra. Carla – Sim, na verdade atualmente as mulheres estão tendo mais informações sobre o parto normal e enfrentando os seus medos acerca da dor que sentirão ou do tempo de trabalho de parto e outros fantasmas. E as informações obtidas têm facilitado a procura da fisioterapia. E isso tem sido libertador, porque muitas pacientes tem ajudado a divulgar o trabalho que a fisioterapia realiza, não sinto que as mesmas tenham vergonha ao falar desse serviço. Para escolher um profissional adequado é preciso saber a sua formação e a sua experiência profissional. Colegas de outras profissões acabam indicando como obstetras e/ou enfermeiros.

Isis – Antigamente, as mulheres faziam mais trabalhos físicos, caminhavam mais, eram mais fisicamente ativas. Acredita que, por isso, elas pariam com maior facilidade?
Dra. Carla – Já existem alguns estudos que falam que mulheres ativas apresentam partos mais rápidos e sua recuperação é melhor comparadas às sedentárias. Por isso que estimulamos a atividade física na gestação, mesmo quando a paciente é sedentária orientamos que inicie alguma atividade. A fisioterapia pélvica pode complementar a atividade já realizada com exercícios globais mais direcionados que auxiliarão no trabalho de parto e no período expulsivo.

 

Amamentar é psicológico

Fotos Marina-45Amiga (o)! Estou em falta com este blog. Espero que entenda que este ano resolvi me dedicar à maternidade, ao meu trabalho e à minha família. Estou vivendo um momento de me reencontrar. Afinal, maternidade é isso: psicológico.

Falando nisso, a bebê já completou um ano e eu sigo amamentando. Tive a sorte (e a preparação) de amamentar assim que a bebê nasceu sem nenhum empecilho e de continuar amamentando. A bebê saiu da maternidade mais gordinha do que nasceu, ou seja, ao contrário do que é esperado, ela não perdeu peso nos primeiros dias. Nem na primeira semana de vida. E nem durante todos os meses de amamentação exclusiva.

A amamentação seguiu tranquila até eu avacalhar e ter o peito rachado quando ela estava prestes a completar um ano. Como assim avacalhar? Comecei a amamentar deitada, de qualquer jeito, sem me preocupar com a tão falada “pega correta”. O resultado foram dias para meu peito cicatrizar. Após eu voltar a tomar cuidado, ele melhorou. Assim, muitas futuras mamães e até atuais mães me perguntam como consegui a façanha de amamentar – quase – sem problemas. O segredo? Ah, como diz o livro homônimo é… psicológico.

 

Tudo de bom

Bom, os benefícios da amamentação já foram exaustivamente abordados e estudados. Entre eles, para a mãe estão: menor risco de desenvolver câncer de mama e de ovário, menor risco de ter fraturas de quadril por osteoporose, voltar mais rápido ao peso de antes de engravidar, a barriga volta mais rápido ao que era antes de engravidar, o corpo libera endorfina que dá sensação de prazer, a ocitocina liberada (“droga do amor”) tem diversos papéis como de reforçar a ligação entre mãe e filho, entre outros.

E para o bebê? A cada pesquisa descobrem mais benefícios. Ajuda o bebê a se acalmar, a não ter as chamadas “cólicas” (aquele choro que ninguém consegue identificar a causa), fornece anticorpos, ajuda a elaborar o paladar para diversos alimentos (já que o gosto do leite muda de acordo com o que a mãe ingere), pode reduzir a mortalidade infantil em até quase 25%, ajuda a maturar o intestino, é o alimento mais rico em nutrientes que se pode oferecer ao bebê, previne a hipotermia, protege contra infecções gastrointestinais e respiratórias, previne contra o desenvolvimento de alergias, entre um monte de outras coisas.

 

É obrigatório?

Tem mãe que não quer amamentar. E essa é uma escolha. Ela não é menos mãe ou ama menos seu filho por isso. A decisão deve ser respeitada. Tem mãe que não pode amamentar. Algumas doenças como HIV e hepatites acredita-se que podem ser transmitidas via aleitamento materno. Em outros casos, a mãe precisa tomar alguns medicamentos de uso contínuo que também podem ser passados para o leite, contraindicando a amamentação. Também existem casos de mães que fizeram plásticas no seio que danificaram os dutos lactíferos. Em outros raros casos, as mães querem, mas não conseguem amamentar. Lembrando que mães com bico invertido ou plano conseguem amamentar, podem ter mais dificuldade, mas querer pode ser poder.

E qual o segredo do sucesso? Paciência, em primeiro lugar. E pega correta, disputando o páreo. Amamentar requer tempo. Disposição. Quando a gente amamenta, a gente cansa. Sua. Emagrece. Parece que corremos a maratona. Principalmente durante a noite, o ato de amamentar libera melatonina (substância responsável por ajudar a regular nosso relógio biológico sobre dia e noite), o que dá um sono incontrolável. In-con-tro-lá-vel. Deve ser por isso que dizem que a amamentação substitui o sexo. Não substitui, mas dá um sono… Por isso que bebês e mães parecem desmaiados após a amamentação.

 

O segredo

Bom, amamentar requer tempo. Demora. O bebê novinho suga devagar. Às vezes, eles querem ficar no peito, independente da idade, em busca de proteção e aconchego. Outras, choram e esperneiam porque o leite desce devagar. Se ele está nervoso, basta amamentar para que se acalme – as batidas de ambos os corações tendem a se regularem iguais. Quando você amamenta, sinaliza para a criança que ela está segura, que aquele é um lugar seguro.

Sem contar que, como disse acima, amamentar requer energia. Eu ingiro muito mais calorias, acho que quase 800 calorias mais por dia (esse número varia entre mães e filhos) do que antes da gravidez. Na gravidez, creio que basta ingerir no máximo mais 400 calorias por dia. Você parece calma sentada por horas, mas cansa! Dá até calor. Como se estivéssemos, mesmo, nos exercitando na academia. Sem contar que temos que ficar alerta para não dormir enquanto amamentamos. Pode ser perigoso sufocar ou derrubar o bebê. Está caindo de sono? Amamente sentada no chão e com pouca almofada. Ou… peça para alguém ficar ao seu lado te acordando, rs (isso quando a pessoa ao lado não dorme e é você quem tem que acordá-la na madrugada!). Você está dormindo? O ajudante responde: “Não, apenas estou descansando os olhos”. Está bom, rs.

E o que é a tal da lendária “pega correta”? É o jeito que o bebê abocanha. Da maneira correta, não deve doer. No começo, assim que ele nasce, pode incomodar. Mas com o tempo você não sentirá nada – apenas o leite descendo podendo até dar pontada nos seios. O bebê deve abocanhar quase toda a parte debaixo da auréola ficando com uma boca parecida com de peixinho na parte de cima. Veja aqui. Com o maxilar, ele bombeia o leite (dentro da auréola há uma espécie de bombinha que ajuda a puxar o leite).

Parece mágica da natureza. Nosso corpo é incrível e mais ainda como o cérebro age. Você sabia que até mães que adotam podem conseguir amamentar? Colocando o bebê no seio e com os hormônios liberados pelo cérebro, ela pode começar a produzir leite. É impressionante.

 

Dicas

Abaixo seguem minhas dicas (uma compilação de instruções fornecidas por minha obstetra, pela pediatra, pela minha fisioterapeuta e proveniente de infinitas leituras). Prepare-se para a amamentação antes do bebê nascer. Deram certo para mim. De repente, podem te ajudar:

  • A partir da 37ª semana de gestação, tente com sua mão formar um bico no bico do seu seio;
  • Antes do bebê nascer, combine com a obstetra que você quer amamentar logo após parir se esse não for o procedimento do local;
  • Tome ao menos quatro litros de água por dia! Sem água, sem leite;
  • Tenha paciência;
  • Insista sempre;
  • Procure não se estressar;
  • Evite oferecer chupeta, ela pode confundir o bebê prejudicando a pega (e pequisas indicam que bebê que usa chupeta larga o seio mais cedo do que os que não usam);
  • Evite oferecer mamadeiras, elas também podem atrapalhar a pega e fazer o bebê largar antes o seio, já que você produzirá menos leite e o leite da mamadeira sai mais fácil. Se precisar, ofereça leite no copo ou na colher (sim, dá um trabalhão, o segredo é não deixar o bebê se esgoelar de fome);
  • Está sentindo que está com pouco leite? Está estressada? Deixe o bebê sugando no seu peito. O ato ajuda a estimular a volta da produção de leite;
  • Confie no bebê;
  • Use sutiãs adequados (inclusive na hora de dormir) ao tamanho do seu seio (isso também ajuda a manter o peito firme);
  • Conchas de proteção podem ajudar a dessensibilizar o bico do peito;
  • No primeiro dia após o parto e durante dois dias, massageie o seio com movimentos circulares de fora para perto do bico para evitar que empedre e a mastite. Também vale chacoalhá-los, rs;
  • O bico pode ser um lugar exposto a bactérias que causam infecções. Tome banho lavando da cabeça aos pés, cuidado em piscinas;
  • Rachou? Passe lanolina no primeiro dia, use concha e deixe o bico do seio exposto ao ar;
  • Sempre que possível, deixe o bico do seio secando ao ar livre;
  • Impeça que o bebê puxe ou empurre o seio;
  • Evite lavar o peito após amamentar. Lave apenas no banho, normalmente. Evite passar sabonete no bico;
  • Use roupas confortáveis;
  • Sente-se com a coluna ereta;
  • Posicione o bebê na altura do peito com o auxílio de travesseiros ou almofadas enquanto amamenta;
  • Procure sentar como “índia” para melhorar a circulação nas pernas;
  • Evite gritar enquanto amamenta. Imagine alguém gritando no seu ouvido enquanto você se alimenta;
  • Aceite e peça ajuda com os outros afazeres;
  • Se alimente bem, coma alimentos saudáveis;
  • O bebê não está ganhando peso? Saiba que nos primeiros minutos o leite que sai tem mais anticorpos e água, o leite mais gordo (com calorias) vem depois. Portanto, deixe ao menos o bebê 15 minutos seguidos em cada seio;
  • Está cansada da livre demanda? Ofereça um peito por pelo menos meia hora e mexa no pezinho do bebê para que ele não durma enquanto mama. Deixe ele com menos roupa para não dormir. Em seguida, troque a fralda do bebê para que ele acorde mais e coloque um pouco mais de roupa adequada ao clima. Ofereça o outro seio por pelo menos mais 15 minutos. Se ele dormir, aproveite para descansar após colocá-lo por 15 minutos “para arrotar”. Geralmente, neste esquema, os bebês acabam mamando entre duas e três horas de intervalo. Se ganhar peso, parabéns, continue assim.
  • Ofereça o último seio primeiro;
  • Curta cada precioso momento. As crianças mamam por pouco tempo. Passa rápido.

Se você quer muito amamentar e não está conseguindo, procure ajuda. Se você não quer, tudo bem. O importante é ser feliz!

Foto: Poline Lys.

Por que eu tenho olhos castanhos? Ou azuis?

Vou fazer uma pausa nos posts e vídeos sobre a minha amada Patagônia para postar um vídeo da parceria do Xis-xis, este blog que vos fala, e do Aprenda.bio! Você nunca entendeu que raios é o tal do gene? E muito menos o que é gene recessivo, dominante e o porquê de você não ter olhos claros? Calma, minha gente. Estamos aí para ajudar. Veja o vídeo abaixo e tire suas dúvidas! Qualquer coisa, só escrever nos comentários! Um abraço e boa iluminada semana!

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