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2019: um ano para estabilizar as transformações

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Entrei em 2019 com a impressão de que 2018 não acabou. Parece que, agora, a energia desses dois anos chegou ao fim. Ufa. Acho que 2019 foi uma finalização de 2018. Uma época de mudanças que, como todas elas, trazem fins e novos caminhos. Na verdade, um ano para estabilizar essas transformações. Não adianta lutarmos contra algo que precisa mudar, porque as consequências em insistir no que não é para nós podem ser piores. Resultando em somatizações no corpo, na mente, no espírito.

De maneira geral, este foi um ano de foco em muito trabalho e muita realização nele. Sou grata! No primeiro semestre, fui colunista sobre meio ambiente de rádio! Para quem adora falar, esse tipo de trabalho é um encontro. Minha coluna ia ao ar no programa Desperta, da Rádio Transamérica. Quando eu tinha dez anos, pedi um rádio para meu padrinho para, justamente, ouvir essa frequência. Que sinal…

Na mesma época, me despedi da bolsa de divulgação científica do CNPq, onde planejava e executava a comunicação nas redes sociais. Precisei aceitar essa finalização de dez anos de trabalho em divulgação científica que começou lá com meu blog Xis-xis. Preenchi esse tempo com maior dedicação ao meu núcleo familiar. Minha base na vida. O blog, aliás, quase saiu do ar. Vamos ver o que virá com relação a meus projetos pessoais na área de divulgação da ciência.

Como retorno à sociedade, dei inúmeras palestras sobre o projeto de comunicação desenhado ao CNPq. Conheci mais pessoas da área da comunicação e divulgação científica das quais virei fã. Fiz novas amizades. No IEMA, pude exercer com todo amor à causa socioambiental meu trabalho em comunicação. Graças à organização, conheci pessoas do terceiro setor ou ativistas que admiro – pude falar isso para elas.

No IEMA, aprendi a me colocar criticamente sem medo. Aliás, também aprendi que devemos contar para as pessoas, principalmente mulheres, o quanto elas são incríveis. Como elas nos inspiram. Não de maneira leviana. Mas verdadeiramente. Viajei bastante a trabalho, algo que nem imaginava acontecer: Brasília, Rio de Janeiro, Recife, Manaus, Madri… E, coincidentemente, todas essas viagens trouxeram um retorno ao meu eu mais íntimo e genuíno.

“Está de volta à terrinha?”, parentes perguntavam quando disse estar em Manaus. Morei lá e, agora, tive a oportunidade maravilhosa de me aproximar mais dos povos originários. Brasília se relevou uma paixão, um desejo. O Rio, lugar mais lindo do mundo, vive sempre em meu imaginário de bossa. Em uma viagem à Recife decidi casar com o Gustavo. E, em Madri, que já conheci no meu primeiro mochilão para fora do Brasil, realizei o sonho de trabalhar para um mundo melhor em uma Conferência das Partes (COP), encontro da ONU. Uau.

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O mundo é feito de pessoas incríveis. Em busca de uma Terra mais harmônica e justa para se viver. Obrigada natureza, ciência, astros, antroposofia. Obrigada a todas as minhas amigas e amigos que por horas me ouviram me ajudando a estabilizar as transformações deste ano. Obrigada às amigas e aos amigos que confiaram a mim conselhos e caminhos. Obrigada à minha família que me ajudou a realizar todos esses sonhos. Na verdade, só pude tudo isso graças a vocês. Obrigada ao meu mais lindo e novo afilhadinho. Obrigada aos meus pais, irmão, Gustavo e Marina. Vocês são tudo de mais importante para mim. Obrigada, universo. Filha, espero estar construindo com todas essas pessoas um mundo mais lindo para você. Venha 2020!

Xingu Solar: projeto no território indígena aumenta disponibilidade energética e poderia gerar economia para o país

Combinação de tecnologias poderia economizar mais de R$ 360 mil por ano em subsídios, mostra estudo do IEMA sobre instalação de energia solar do ISA

O Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA) realizou dois estudos, um econômico e outro qualitativo e quantitativo, sobre o projeto Xingu Solar do Instituto Socioambiental (ISA). Até agora, pelo projeto do ISA já foram instalados 70 sistemas fotovoltaicos com potência total combinada de 33.260 kWp em 65 aldeias do Território Indígena do Xingu (TIX). Segundo a avaliação, a combinação da produção de energia elétrica de geradores a derivados de petróleo com painéis fotovoltaicos poderia trazer a economia de mais de R$ 360 mil por ano em subsídios federais, caso o atendimento fosse realizado no âmbito do programa Luz para Todos. Além disso, a pesquisa mostrou que as comunidades locais preferem energias renováveis devido à segurança energética por não depender da disponibilidade de combustíveis fósseis e aos benefícios ambientais.

Acesse o estudo em: http://www.energiaeambiente.org.br.

Nem todos os brasileiros estão conectados aos fios do Sistema Interligado Nacional (SIN), que distribui a energia gerada pelas diversas fontes do país. Cerca de três milhões de pessoas são atendidas por sistemas de energia elétrica isolados do SIN. E a maior parte dessas pessoas está na Amazônia. O problema disso é que nem todas essas fontes locais de energia elétrica são seguras, deixando a população que é mais afastada carente de energia para carregar uma lanterna.

“A motivação é discutir o acesso à energia elétrica às centenas de milhares de brasileiros que vivem em áreas remotas na Amazônia, na expectativa de que o enfrentamento deste desafio se dê por meio de uma política pública articulada e inovadora que vá além do setor elétrico”, Pedro Bara, pesquisador do IEMA. O estudo avaliou os impactos econômicos do uso de painéis solares no TIX e os aspectos socioculturais e comportamentais locais com relação ao acesso à eletricidade. Para isso, foram realizadas entrevistas em 15 aldeias com 117 atores envolvidos no projeto: participantes dos cursos de formação, lideranças indígenas, parceiros e equipe do ISA.

Impacto nas contas públicas
O uso da energia solar no lugar dos geradores a diesel no TIX poderia ocasionar a economia de mais de R$ 360 mil por ano em subsídios. Esse potencial econômico é ainda mais expressivo se considerar que a população do TIX é de sete mil pessoas e estima-se que até dois milhões no país ainda não têm acesso. Esse valor de economia é decorrente da simulação do cenário em que as demandas reprimidas por energia elétrica na região seriam atendidas.

O custo por unidade de energia elétrica gerada é: diesel, R$ 1,70; híbrida, R$ 1,42; e solar, R$ 1,04. A opção fotovoltaica e a híbrida – energia solar mais gerador derivado do petróleo – são mais econômicas.

Em um primeiro momento, a tecnologia a diesel tem vantagem sobre a solar. Isso porque apresenta menores custos de aquisição. Porém, o ciclo de vida de um painel solar é de 25 anos. Para realizar uma comparação econômica adequada entre as tecnologias, é preciso considerar as despesas operacionais (manutenção do gerador e abastecimento com combustível) a longo prazo.

Além disso, apenas os geradores a diesel do Território Indígena do Xingu hoje emitem cerca de 600 toneladas de CO2 por ano. Para compensar essa emissão, seria necessário plantar árvores nativas em uma área equivalente a 74 campos de futebol, segundo estimativa baseada em dados do Projeto Carbono das Nascentes do Xingu. Se as comunidades locais fossem atendidas apenas por geradores a diesel de acordo com a real necessidade, seriam emitidas cerca de 1.200 toneladas de CO2 por ano.

Preferência pela solar
Os painéis foram instalados em construções de uso público e não em unidades familiares. No total, 96% dos habitantes com energia fotovoltaica preferem este tipo de geração do que de derivados do petróleo.

A maior oferta de energia elétrica possibilitou expandir a utilização de equipamentos pequenos como celulares e lanternas. Este, principalmente, é um item muito usado pelos moradores. A realização de atividades como o ensino noturno foi facilitada. Os cursos de formação para operação dos sistemas e a participação local na instalação também foram mencionados como pontos positivos do projeto.

Já as vantagens do sistema fotovoltaico frente ao diesel citadas foram a inexistência de ruído, maior facilidade de manutenção por não possuir partes móveis como os geradores a diesel – que estão sucateados – e o fato de ser desnecessário o abastecimento com combustível. Neste caso, quando acaba o combustível, a região fica dependente da entrega do mesmo para ter energia elétrica. Por exemplo, 53% dos indígenas com fontes de energia solar sentiram-se mais seguros no atendimento médico de urgência contra 24% sem energia solar. Também 43% das aldeias com energia solar tiveram escolas que disponibilizam ensino noturno contra 25% das demais.

Quem fornece energia
Este projeto é importante porque a oferta de eletricidade no TIX é restrita e, quando disponível, a energia utilizada provém de sistemas a diesel ou a gasolina adquiridos pelos próprios habitantes ou fornecidos pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) do Ministério da Saúde.

O acesso à energia elétrica pode levar benefícios às comunidades como garantir a refrigeração de vacinas, soros antiofídicos, de alimentos, o bombeamento e armazenamento de água potável e possibilitar a ampliação de atividades produtivas, culturais e educacionais.

Para garantir que a universalização seja realizada da melhor forma, potencializando todos esses benefícios, é necessário o desenvolvimento de modelos de implementação que incluam as comunidades e que as políticas públicas do setor elétrico se adequem às realidades locais.

Foto: Divulgação/ IEMA

Como levar energia elétrica para comunidades na floresta

Até o fim deste ano de 2019, o ISA, Instituto Socioambiental, e a Associação Terra Indígena Xingu  em parceria com o Instituto de Energia e Ambiente da USP vão levar sistemas de energia solar para 55 escolas, 22 postos de saúde e para mais 12 pontos comunitários da Amazônia. O projeto Energia Limpa no Xingu pretende se tornar uma referência em soluções de energia renovável e descentralizada em comunidades isoladas. Cerca de 760 mil brasileiros dependem dos sistemas desconectados daqueles fios de transmissão do Sistema Interligado Nacional. Aliás, até Boa Vista, capital de Roraima, usa sistema independente de geração de energia. Muitas comunidades isoladas da Amazônia, por exemplo, contam com geradores a diesel. Mas geradores a diesel são barulhentos, dão muita manutenção e custam caro para o bolso dos contribuintes e para o meio ambiente por serem extremamente poluidores. Usar torres de energia solar é uma alternativa. Energia solar tem um custo alto na instalação, mas compensa economicamente e ambientalmente ao longo do uso. O IEMA Instituto de Energia e Meio Ambiente está analisando os impactos do projeto piloto dessa instalação. Ao que parece, todas e todos sairemos ganhando.

*Este texto foi falado por esta palpiteira oficial no programa Desperta, da Rádio Transamérica, apresentando pelos queridos Carlos Garcia e Irineu Toledo. Uma vez por semana, minha coluna vai ao ar por volta das 6h15 da manhã! Geralmente, às quintas-feiras. Beijo!

Foto: IEMA

Carnaval: pode usar glitter?

Está chegando, em alguns locais como na Bahia e nas capitais paulista e carioca já chegou, uma das épocas do ano que mais adoro: o Carnaval! E a cada ano aumenta a polêmica em torno de um brilho muito usado pelos foliões: o glitter. A maioria do glitter é feito de pequenos pedaços de plástico que demoram mais de 400 anos para se decompor. E, por serem tão pequenos, passam direto pelos filtros das estações de tratamentos de esgoto das cidades (quando há tratamento). Assim, caem nos rios e córregos que, mais cedo ou mais tarde, desembocarão no mar. Muitos animais aquáticos como ostras, pequenos peixes e até baleias ingerem esse glitter. Ele pode ser confundido com os plânctons, organismos bem pequenos que fazem parte da base da cadeia alimentar aquática. Então, surge a dúvida: o que usar no lugar do glitter comum? Escolha o glitter biodegradável, que não prejudica o meio ambiente. No Brasil, existe até glitter vegano biodegradável. O problema é que esses produtos ainda são caros. Assim, deixo a dica para quem quer sair ecologicamente purpurinado: use glitter comestível para brilhar. No YouTube, dá para encontrar receitas caseiras. Outra opção é comprar glitter comestível com atenção ao rótulo: ele deve ser livre de plástico e de metais. E bom carnaval!

*Este texto foi falado por esta palpiteira oficial no programa Desperta, da Rádio Transamérica, apresentando pelos queridos Carlos Garcia e Irineu Toledo.  Uma vez por semana, minha coluna vai ao ar por volta das 6h15 da manhã! Geralmente, às quintas-feiras. Beijo!

Foto: Carnaval de 2018/ Isis Diniz

Ser é existir

Neste Dia das Mulheres, meu desejo é que todas nós possamos SER. Ser, acima de tudo. Porque não, hoje nós AINDA não podemos. Que nós possamos ser diretoras de empresas e, por isso, que nossos maridos assumam mais tempo com nossos filhos, sim – não “fizemos” sozinhas. Que nós possamos ser gordinhas – e isso não justifica perder algo. Que nós possamos ser alguém caminhando pelas ruas despreocupadamente, seja durante o dia ou durante a noite. Que nós possamos ser mulheres que gostamos de ciência, mas, ao mesmo tempo, também de maquiagem – uma atitude não invalida a outra. Que possamos ser “bonitas” sem sermos julgadas “burras”. Que nós possamos ser excelentes motoristas, sim. Que possamos ser preocupadas com o meio ambiente – ignorante é aquele que ignora o seu próprio futuro. Que possamos ser “mulher de fases”. Aceitem: temos hormônios e nossos humores variam de acordo com eles. Sempre foi assim e isso não significa que, se um dia estamos irritadas, é porque estamos de TPM. Que possamos ser menininhas. Mulheronas. Lésbicas. Bissexuais. Heterossexuais. Ou qualquer outra opção sexual – a “escolha” é nossa, ninguém vai “arrumar” nada. Que tenhamos o direito de não sermos vaidosas. Que possamos ser “gostosas” para nós mesmas. Que possamos ser equiparadas com relação ao salário – aliás, que possamos ganhar mais por termos estudado mais. Que possamos ser simpáticas sem sermos taxadas de “bobinhas”. Ou ser “bobas” quando quisermos. Ser mães que amamentam após o bebê completar dois anos de idade. Ser mães do nosso jeito. Que nós possamos optar não por ser nada. Ou ter direito de não querer ser. Apenas, nos deixem ser.

As pessoas são uma história de geografia

Esta pequena crônica não tem nada a ver com ciência. Ou, pode ter. Tem a ver com geografia, história, geologia, sociologia. Mas, acima de tudo, tem a ver com a gente. Homo sapiens. Segue um pequeno texto feliz. Tenha um lindo dia!

Música traz cada lembrança deliciosa… Estava ouvindo Caetano Veloso e Roberto Carlos cantar Wave, do meu amado Tom Jobim. Na hora, viajei no tempo para 2015 e no espaço para Puerto Natales, no Chile. Estávamos, o Gustavo Mendes e eu, num restaurante. Conversei em espanhol com o garçom magrinho, que trouxe o menu para a gente. Escolhíamos qual prato típico ia nos aquecer naquele cerca de 0 grau que fazia lá fora, em pleno feriado super festivo da Independencia Nacional. O garçom parou para observar um pouco de longe.

O chamamos e fizemos o pedido. E ficamos quentinhos observando as ruas cada vez mais agitadas, felizes, repletas de patriotas. Enquanto esperávamos o prato, o garçom perguntou: “Vocês são brasileiros?” “Sim”, dissemos animados. Ele contou que era colombiano (mal, na época, eu saberia que hoje seria apaixonada pela Colômbia, que estaria pesquisando a história do país), meio acanhado. Percebemos que, de repente, havia um certo preconceito por lá contra colombianos.

Ele disse que morava há tempo no Chile e que a família dele tinha uma “casa nas montanhas”. Um dos passatempos preferidos dele era, enquanto caía a neve, ficar na casa de campo bebendo vinho e ouvindo bossa nova! Detalhe, com a lareira acesa, claro. “Bossa nova é a música perfeita para esta ocasião.” Eu, que sempre remeti à brisa quente do Rio de Janeiro e, especialmente, ao Arpoador com aquele mar verde-água ao tipo de música, fiquei com um pingo de inveja. Deve ser bom, mesmo, e já me imaginei bebendo vinho, ouvindo Tom, com a neve caindo lá fora. No entanto, nosso amigo garçom estava aflito.

Ele queria saber os nomes dos cantores brasileiros de bossa nova para baixar e ouvir segurando sua bebida preferida. Ele não entende português, não sabia por onde começar. Veio com um guardanapo e uma caneta e pediu, um pouco escondido do chefe dele: “Vocês podem anotar o nome dos cantores para eu baixar as músicas?” No começo, escrevemos nomes mais contemporâneos como o de Roberta Sá. Fizemos uma lista com uns dez nomes. Até que ele nos mostrou o CD que tinha.

Sabe aqueles que vende no aeroporto, coletânea com cantores menos conhecidos cantando os clássicos readaptados? Ficamos compadecidos. Precisávamos começar do começo: Tom Jobim, Vinicius de Moraes, João Gilberto, Baden Powell… E os nomes aumentavam no papel… O guardanapo, com cerca de 25 músicos maravilhosos, ficou bem preenchido. O garçom guardou no bolso e saiu todo feliz. Vimos comentar com o barman. Após o jantar, ganhamos até uma bebida nacional, que é servida no feriado (algum chileno sabe o nome?). Aliás, foram dois copões da bebida deliciosa – que nem era servida no lugar, mas preparam para a gente.

E, até hoje, eu me pego pensando. Será que ele conseguiu baixar as músicas? Será que era o que esperava? Será que está feliz? Ou será que nos xingou e perdeu a chance de pedir exato o que queria? Será que veio para a Copa ou às Olimpíadas – por onde a gente passava, convidada os novos amigos hermanos para passearem aqui, demos até nosso e-mail para vários para ajudá-los a enfrentar a República Tupiniquim. Espalhamos dicas de segurança e de como se passar por brasileiros.

As viagens não são apenas feitas de paisagens indescritíveis como do maciço Paine, um dos locais mais lindos que já vi na vida. Aliás, Torres del Paine está para as montanhas como Fernando de Noronha está para o mar. As viagens são feitas de momentos. Bons momentos passados ao lado das pessoas. Caiu, agora, uma lágrima. Obrigada, amigo colombiano. Hoje, estudando mais sobre seu país, desejo que ele seja tão lindo de se viver quanto é maravilhoso em belezas naturais. E quanto a nossa conversa. Ah, e pena que esquecemos de colocar na sua lista esse CD do Caetano com o Roberto! Duas vozes que parecem feitas para a bossa nova…

Como mudar o mundo por meio das redes sociais e dos aplicativos?

RJ - RIO-DE-JANEIRO - 04/08/2016 - REVEZAMENTO DA TOCHA RIO 2016 - Revezamento da Tocha Olimpica para os Jogos Rio 2016. Foto: Rio2016/Fernando Soutello

Nós temos vontade de melhorar a nossa qualidade de vida, viver em equilíbrio em comunidade, habitar um mundo mais igualitário e deixar um planeta mais harmonioso para as futuras gerações (nossos filhos, netos, sobrinhos, crianças de toda a Terra). Também, as pesquisas até têm apontado, cada vez mais queremos trabalhar em empresas que respeitem o ser humano e a natureza. Empresas que têm o propósito de cuidar do planeta ou que, ao menos, tenha ações para compensar os seus impactos.

As redes sociais e os aplicativos se mostraram um espaço para relaxarmos, mas também para nos conectarmos a outros que pensam como nós ou que têm o mesmo propósito ampliando as nossas vozes. E é, por meio deles, que podemos unir a nossa vontade de viver em um mundo mais harmônico com empresas investindo em uma causa que melhora diretamente a qualidade de vida de todos no planeta: o plantio de árvores nativas.

O plantio de árvores nativas em áreas rurais visando recuperar a floresta que havia ali e degradamos no passado, chamada também de recuperação florestal, é tão importante que ganhou até destaque na abertura das Olimpíadas! Primeiro, é irresistível pegar uma mudinha ou imaginar que um clique nosso se reverterá em uma árvore plantada que viverá, talvez, por mais tempo que nós. Segundo, este é um legado que deixamos aqui na Terra.

iniciativa_verde_villa_lobos-360O plantio de uma pequena mudinha de árvore nativa envolve toda uma cadeia do bem. Ela é produzida em um viveiro do interior (que ajudou a gerar renda para uma população que, de repente, antes trabalhava degradando a mata!). Para se ter uma muda, precisamos da semente. Logo, ela é colhida em alguma floresta que necessita ser preservada para esse fim, entre outros. Em seguida, essa mudinha é plantada por, muitas vezes, uma pessoa que às vezes desmatava (ou estava desempregada) e, agora, consegue sustentar sua família cuidando do planeta.

Em seguida, a mudinha crescerá em uma área de proteção ambiental (uma vez plantada uma árvore nativa, ela só pode ser derrubada se for por uma obra de interesse público). Conforme vai crescendo, ela atrai borboletas, pequenos mamíferos, lobos-guarás, macaquinhos. Ela pode fornecer alimento e proteção para diversos animais. As abelhas e os pássaros polinizarão a área onde está a mudinha (e suas outras amigas mudas) trazendo mais vegetação, diversificando e enriquecendo essa floresta que cresce.

Essa mudinha começa a reter a água da chuva no solo com suas raízes (calcula-se que 80% da água da chuva é “absorvida” por árvores da Mata Atlântica). Assim, aquele córrego que passa perto dela fica mais caudaloso. Ou a nascente que secou começa a voltar à vida. A população do campo que não tem recurso financeiro, que precisa diretamente da natureza para sobreviver, consegue voltar a plantar hortaliças e outros alimentos para comer e até vender. O espaço da sua propriedade que cedeu para o plantio (que já estava com o solo degradado de tanto a vaquinha pisar ou de tanto plantar) valoriza o local! Além de deixar a paisagem mais agradável e bonita.

Quem mora na cidade pode ir para o campo e fazer ecoturismo nesses locais. Pode respirar um ar mais puro. Pode ter mais água na torneira e de melhor qualidade. Essa pequena mudinha, conforme vai crescendo, absorve o gás carbônico da atmosfera. Aos poucos, ela vai evitando que o temido e impalpável aquecimento global nos atinja. Afinal, quando a gente muda o uso do solo (desmata, por exemplo), altera as chuvas. Ela evita que sejamos, aqui na cidade, atingidos por aguaceiros que alaguem tudo ou por secas que fazem nossos narizes coçarem insuportavelmente. Nossa saúde agradece.

Como o efeito borboleta (“o bater de asas de uma borboleta no Brasil pode desencadear um tornado no Texas”), essa pequena ação pode mudar o nosso futuro para melhor. Durante o evento Social Media Week, vou dar a palestra “Já pensou em plantar árvores por meio da internet?” para mostrar como podemos plantar mudinhas por meio das redes sociais, de aplicativos e da internet em geral. Mostrarei ações de marcas como a Sky ou a Wappa com a Iniciativa Verde que envolvem o plantio de árvores nativas. Lindos casos. Que marca a sua marca quer deixar no mundo?

Fotos de cima para baixo: Rio2016/Fernando Soutello, Marcelo Scandaroli/ Iniciativa Verde, Isis Nóbile Diniz/ Iniciativa Verde

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Museu de Astronomia do Rio tem evento sobre divulgação de ciência na internet

Pessoal (quem gosta do tema, quer se aprofundar ou tem algum interesse), participe do evento sobre divulgação científica na internet no Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) do Rio de Janeiro. Será nesta sexta-feira, dia 3 (sim, logo chegaremos em junho!), com entrada gratuita! Quem não poder ir, pode acompanhar o debate ao vivo online. Um abraço! 😀 E uma estrelada semana!

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Diversidade representada na 4ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres

Veja como foi o segundo dia da 4ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres (4aCNPM), contado pela Cládice Nóbile Diniz, delegada pelo Rio de Janeiro e relatora.

Hoje, fiquei para relatar um grupo que tratou das propostas de dois eixos: o de políticas públicas para as mulheres e o de sistema de políticas públicas para as mulheres. O primeiro tinha 88 propostas enviadas pelas conferências municipais e estaduais, sendo 32 a ter que se selecionar as dez mais prioritárias. O segundo tinha 30, onde se devia selecionar cinco. No eixo das políticas, eram propostas e as dez tiradas foram consideradas como desafios. No sistema nacional de políticas para mulheres, as seis propostas foram selecionadas como recomendações (as propostas e monções devem entrar no site do evento).

O ambiente no grupo foi muito rico. Vale ressaltar que um grupo de interesse somente tinha suas reivindicações compreendidas e acatadas se ao menos houvesse uma interessada presente. Por exemplo, as índias iam ficar com suas reivindicações encaminhadas em um “sacolão” geral, mas sendo informadas disso por uma militante negra, apareceram e passaram a atuar bem articuladas conseguindo garantir o que elas achavam o mais importante hoje: a demarcação das terras indígenas e quilombolas. Eram do Mato Grosso e denunciaram o assassinato no ano passado de um líder e a mutilação de outro, que ficou em cadeira de rodas.
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Uma moça com um carrinho de bebê era uma presidiária em liberdade condicional que trazia reivindicações para as presidiárias e às em liberdade condicional. Curiosamente, no grupo havia uma liderança das agentes penitenciárias, sendo ela responsável por um grupo em liberdade condicional. Ela confirmou as denúncias da jovem, ratificando a necessidade de políticas afirmativas de proteção. Um caso que ambas comentaram como exemplo é o da necessidade de escolta de emergência de saúde para as presas que adoecem. A polícia não providencia e elas ficam sofrendo sem socorro.

Houve muitos outros casos interessantes relatados por outras mulheres (os homens que aparecem na foto estão trabalhando no evento). Aliás, essa foi a primeira conferência com representação das mulheres ciganas. Eram um grande grupo muito colorido, lindo. Na volta em frente ao hotel encontramos com os que vinham da manifestação. A tristeza e a desolação me lembraram as pinturas do Portinari.

Notícias da 4ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres

*Abri espaço neste blog para que a Cládice Nóbile Diniz, delegada pelo Rio de Janeiro e relatora da 4ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, dividisse conosco suas impressões e o que está acontecendo esta semana no respectivo evento em Brasília. Ah, se estranhou o sobrenome, sim, somos parentes. Ela é minha tia-madrinha <3. Vamos lá às novidades. 

A 4aCNPM foi decidida em março de 2015. É um evento que ocorre a cada quatro anos. Neste participam quase três mil mulheres eleitas em conferências estaduais. Fui eleita delegada pelo Rio de Janeiro e convidada para ser relatora. Aqui tudo é grandioso: uma relatora para grupo de 150 delegadas. Vinte grupos sobre quatro eixos. Vai ser um trabalho incrível!

Hoje foi fogo. Houve de tudo. Uma delegada do Rio eleita e aprovada foi barrada na última hora por que ia com o filho de quatro anos. Foram detidas 73 delegadas da Bahia porque elas tinham gritado no avião “não vai ter golpe”. Esta manifestação foi contra a deputada federal Eronildes Vasconcelos, a “Tia Eron “, e o Deputado Federal José Carlos Aleluia, ambos da Bahia. Foram liberadas depois de quatro horas quando o José Eduardo Cardozo, da Advocacia-Geral da União, e a secretária especial de Políticas para as Mulheres Eleonora Menicucci foram lá.

Chegaram pouco antes da fala da Dilma e foram ovacionadas e recebidas em pé e com palmas. O discurso da Dilma foi emocionante. Afirmou que vai honrar seus 54 milhões de eleitores, nunca tendo pensado em renunciar. A ministra Eleonora falou bonito também. Lembrou que, nas décadas de 60 e 70, as mulheres “vestiram calças” e saíram para trabalhar. Mas os homens não “vestiram saias” e não se ocuparam da parte do trabalho deles em suas casas.

A delegada pela União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Camila Lanes, avisou em plenária que a CPI da merenda tinha sido instalada e o auditório veio abaixo. As mulheres conseguiram aprovar a eliminação dos delegados homens após tensa disputa, com seis intervenções próss e outras tantas contra.

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Mãe e filho na roda do berimbau tocado só por mulheres