As piranhas de Palmas

DSC_0032.JPGUma historinha para descontrair. Já expliquei aqui que dormi em um acampamento durante o Rally dos Sertões. Em Palmas, o lugar foi escolhido a dedo. Ficava em frente à Praia da Graciosa com aquela água azul-turquesa-esverdeado. Logo que cheguei, fui almoçar e me ambientar. Dei uma volta para entender onde estava (!) – a viagem começou para a maioria em Goiás. E, claro, aproveitar para reportar tudo em fotos.
Estranhei, apesar do calor e do rio/ represa convidativo, as pessoas não entrarem na água. E nem haver muitas embarcações como veleiros sobre ela. Mesmo assim, caminhando no píer, parei para molhar o dedo na água. Ainda mexi bem para dar uma refrescada na mão – sabe como a gente faz para chamar peixes? Quem estava por perto parou com cara de interrogação. Hum.
Apenas a noite uma moça que estuda na cidade me explicou: o rio não está para peixe. Mas para piranhas. Por isso, colocaram aquele cercadinho feio (clique aqui para ver foto) no raso, para as benditas não morderem as pessoas. Uma amiga me contou que um colega dela foi atacado bem nessa praia!
Leia a matéria que publiquei sobre o assunto no Yahoo! E veja as fotos da belíssima e pequena praia no Flickr do Yahoo! Notícias.
Obs.: Foi bem nesse lugar da foto do post que coloquei a mão na água.

Por que andar de carro no Dia Mundial Sem Carro?

DSC_0036.JPGEste é um manifesto. Um grito desesperado a favor do urbanismo que priorize os pedestres, não os carros. As ciclovias, não as avenidas. O transporte público, não o individualismo.
Meu sonho é ir ao trabalho de “biquicleta” – como dizia meu irmão quando era criança. São cerca dez quilômetros. Demoraria o mesmo tempo que levo dirigindo o carro – quase uma hora. E o mesmo para voltar – mais quase uma. Ainda por cima, não teria que “perder” uma hora e meia na academia. Mas o medo de ser atropelada, onde coloco?
E andar a pé? Já escrevi no blog que foi disso que mais senti falta quando voltei da Europa. Antes de ir, me falaram dessa sensação de liberdade e segurança. Coisa que só entendi chegando em São Paulo na hora do rush pelo aeroporto internacional em Guarulhos. Minha vontade era de voltar voando, literalmente.
E o transporte público bom e barato? Em alguns lugares do Brasil, muitas vezes, a diferença é pouquíssima se comparar ao uso do carro. Sem contar as horas espremidos como sardinha. Gostaria de ciclovias, de calçadas bem conservadas e, no mínimo, respeitando a legislação em sua metragem. Deixo aqui meu recado para este dia 22 de setembro.
A foto tirei em Palmas (TO). Qualidade de vida, não? Veja mais no Flickr do Yahoo! Notícias.
Dica: O Yahoo! lançou o site Social Bike, uma iniciativa para o Dia Mundial Sem Carro. Não é porque trabalho lá, mas está bem bacana e trata apenas sobre… bicicleta!
Quem sabe assim, juntos, conseguimos transformar as nossas cidades em pequenas Amsterdãs?

Veja o Cerrado ameaçado pelo fogo

Tenho tanta coisa para contar sobre o Rally dos Sertões, mas algumas tarefinhas – bacanas e trabalhosas – me exigiram bastante. Bom, um dia antes de embarcar destino Palmas (TO) – de onde começou minha aventura – lembro-me de ver em um telejornal bombeiros apagando o fogo de espaços públicos dentro da cidade – como praças e canteiros. Aquela imagem ficou gravada na minha memória. Pensei: “Como pode?” Inacreditável.
Um dia depois, sobrevoando Palmas…
DSC_0017.JPGQuando observei o entorno e a cidade, já do avião, entendi. Primeiro, fiquei pasma positivamente com a cor da represa/ rio Tocantins. Era um azul-turquesa-esverdeado que lembrava Fernando de Noronha. Impressionantemente, lindo – aliás, os rios do Tocantins podem disputar a beleza com os de Bonito (MS). Agora, nas margens… A cor que prevalecia era o preto-queimada. Aí, fiquei triste.
Tudo estava queimado. As vegetações ao lado do aeroporto ainda emanavam fumaça. Inúmeros focos de fumaça preta. Na cidade, canteiros mais canteiros – fazendo divisa com as casas (!) – destruídos. Não diria que eram cinzas, porém fuligens caídas ao chão. Misturadas com tocos, troncos, folhas chamuscando.
DSC_0026.JPGEu vi o Cerrado, que já é ameaçado por nossas plantações, completamente indefeso. Suas árvores belíssimas pareciam mortas em pé. Com meus botões, surge a questão. Certa vez, ouvi um especialista dizendo que, em alguns casos, as pessoas não podem culpar o meio ambiente pelos desastres “naturais”.
Isso porque existem técnicas e estudos que tentam prever possíveis problemas. Sem contar as construções que não respeitam o ambiente que já prevalecia naquele lugar. Coisas óbvias como, por exemplo, construir casas sem fundação em encostas de morros. Um dia, com as chuvas, elas podem desmoronar.
DSC_0028.JPGTodo mundo sabe que temos no Brasil períodos de seca. Não seria possível criar algum mecanismo para conter as chamas? Pesquisei sobre técnicas como, inclusive, escavar uma pequena faixa de clareira no entorno de uma reserva para evitar que o fogo a atinja.
Em todos os quilômetros rodados de Palmas até Fortaleza, vi apenas um carro com autoridades observando as labaredas de fogo na margem da rodovia. Creio que estavam receosos delas atingirem os veículos na estrada.
Enfim, feliz Dia 21 de Setembro. O Dia da Árvore.
Observação: As fotos foram tiradas na saída de Palmas, próximo à Serra do Lajeado. Tudo o que é preto foi queimado. Onde há fumaça, há fogo. Veja mais no Flickr do Yahoo! Notícias. Também confira, em imagens, como o Tocantins resiste e é maravilhoso.

Fique de olho na eficiência energética

eficienciaenergetica.gifMais um post da série sustentabilidade-decoração-residência. Esses dias estava escolhendo geladeira. Entre as preferidas, ganha uma bala quem acertar qual foi o critério de desempate: a eficiência energética- e o Selo Procel. Aliás, tenho usado esse critério em todos os eletrodomésticos que pretendo adquirir.
Claro que gosto de coisas belas. Por exemplo, encontrei um fogão gracinha. Mas a eficiência energética dele estava indicada como “D”. A tabela possui de “A”, melhor desempenho, até “E”, pior. Nem preciso dizer que fiquei inconformada com a empresa que colocou aquele aparelho no mercado. Optei por outro fogão tão bonito quanto.
Nem imagino se mais gente considera essa questão. Aliás, se conhece a “Etiqueta Nacional de Conservação de Energia” e o “Selo Procel”. De acordo com o site “oficial”, “(O Selo Procel) É um produto desenvolvido e concedido pelo Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica – Procel, coordenado pelo Ministério de Minas e Energia – MME, com sua Secretaria-Executiva mantida pelas Centrais Elétricas Brasileiras S.A – Eletrobrás. O Selo Procel tem por objetivo orientar o consumidor no ato da compra, indicando os produtos que apresentam os melhores níveis de eficiência energética dentro de cada categoria, proporcionando assim economia na sua conta de energia elétrica.”
Fica a lembrança para quem esqueceu do selo e a dica para aquele que nunca entendeu o que significa a carinha feliz e a etiqueta colorida colada sobre os eletrodomésticos. E, para quem não se convenceu com o quesito ecochatisse, lembre que quanto mais eficiente um produto, menos energia irá gastar. Assim, consequentemente, menor será sua conta de luz. Fui e apague a luz o último a sair!
Confissão: Durante o Rally dos Sertões, participei de uma discussão informal sobre compras x meio ambiente. Fui convicta ao afirmar que pagaria mais caro para adquirir um produto mais “sustentável”. Infelizmente, descobri que até eu tenho um limite. Neste caso, não é falta de boa vontade, mas financeiro. Deixarei de lado alguns eletrônicos com o selo por serem custosos. No entanto, entre os que posso adquirir, tenho escolhido os que apresentam a melhor eficiência. C’est la vie.

Dúvidas sobre o que é melhor para o meio ambiente?

DSC08181.JPGSou a rainha dos “mas por quê?” desde criança – meus pais que digam. Sempre tive na ponta da língua: “porque sim não é resposta”. Claro que falava de tal maneira engraçadinha para não ser mal educada.
Aliás, já contei por aí que creio que a curiosidade sobre tudo do mundo foi o que me transformou em jornalista – e me faz buscar explicações na ciência. Encontrar uma resposta é como avistar uma ilha deserta, deslumbrante, com rede, água de coco, frutinhas frescas e ensolarada em meio a um mar azul-escuro agitado devido a uma forte tempestade.
Bom, a rede mundial de computadores é útil nesse quesito navegação. Hoje, internet afora, encontrei um projeto da Universidade de Taubaté (Unitau) que disponibiliza em sua página a resposta para diversas questões ambientais! Terra à vista!
O site responde dúvidas como: Papel reciclado é sempre bom para o ambiente? Como saber qual secador é mais econômico? Qual é o jeito ecologicamente correto de fazer a barba, com aparelho elétrico ou manual? O que polui menos, cremar ou enterrar um corpo?
Tire suas dúvidas aqui! Pelo que entendi, o site faz parte do plano para o gerenciamento de resíduos gerados pela comunidade acadêmica da universidade. Maravilha, minha gente. A marinheira agradece.
Foto: Fiz em São Sebastião, praias lindas.

Forno elétrico ou a gás? Eis a questão

forno.pngEste texto faz parte daquela série sobre sustentabilidade-decoração-residência citada no post anterior. Toda vez, antes de adquirir algo para casa, reflito sobre qual seria a opção que agrediria menos o meio ambiente. A dúvida cruel que me tira o sono no momento é: compro um forno elétrico ou a gás (de embutir)? Pense comigo.
O primeiro utiliza a energia proveniente, no Brasil, de hidrelétricas (maioria das fontes). Isto é, renovável. O seguinte usa um recurso limitado. No entanto, me disseram que, neste caso, é mais dispendioso para o meio ambiente e à economia do país usar energia elétrica para gerar calor (?).
Não encontrei nenhum site de confiança que desse uma resposta. Se quiser participar comigo desta discussão, melhor se puder ajudar a resolvê-la, fique à vontade nos comentários. A mestre-cuca, aqui, agradece com um bolinho quentinho.
Dica: Pesquisando na internet sobre o assunto, encontrei no site da Bebel um artigo sobre fogões – e não fornos. Nele, ela diz que alguns modelos de fogões elétricos gastam cerca de 40% mais energia que os fogões a gás. E que os fornos mais econômicos são os micro-ondas.

Bambu é usado como piso em residências

Aqui no blog, em posts dispersos, darei dicas, farei divagações e quero abrir discussões sobre decoração e sustentabilidade. Um tema complicado. Como já disse mil vezes, a melhor maneira de preservar o meio ambiente é não consumindo nada. Porém, qualidade de vida é essencial para cada uma das pessoas. Essa questão tem me corroído internamente. Mas vamos ao problema central de todos estes posts temáticos: como montar uma casa da maneira mais sustentável possível?
No final de semana, uma amiga arquiteta deu uma dica: piso feito de bambu. Este ano, durante uma entrevista, uma especialista em meio ambiente me disse que devemos aplicar a madeira em casa – claro que certificada. Entre suas razões, a madeira mantém o carbono fora da atmosfera e dura se cada tipo for corretamente usado de acordo com sua vocação. Como o bambu cresce mais rápido que uma árvore, achei interessante o caso. Além disso, minha amiga disse que visualmente o piso fica lindo. Abre um balão ao lado da minha cabeça… Quer conhecer o material? Clique aqui.

O fantástico mundo do sertão brasileiro

DSC00167.JPGO Rally dos Sertões foi uma das coisas mais fantásticas das quais já participei. E, sem dúvida, também o maior perrengue da minha vida. Bom, a corrida é o fio condutor para algo muito maior: a troca de cultura e as paisagens deslumbrantes (meio ambiente). O interessante, e óbvio, é que todas as pessoas que participam de alguma forma de um evento desses – seja como mecânico, médico, motorista – tem detalhes em comum: o espírito aventureiro, a vontade “explorar” o desconhecido e uma imensa curiosidade. Porque, sem isso, zero dois, é pede para sair.
O perrengue. Fui cobrir os bastidores da competição para o Yahoo! – veja as fotos aqui – da maneira mais roots possível, dormindo na Vila Sax. Trata-se de uma “vila” que, como um circo, é montada de cidade em cidade – a competição começa em Goiás e acaba no Ceará, não há uma cidade “sede”. Isso significa que eu dormi em barracas, tomei banho em um banheiro de lona comunitário com quatro chuveiros de água fria – no chão do box, havia uma caixa de água cortada ao meio para pisarmos, vulgo “jacuzi” para os rallyzeiros -, escovei os dentes em um tanque e fiz xixi no matinho – um vaso sanitário para cerca de 100 pessoas que dividiam a vila era inviável em determinadas horas do dia. Às vezes, faltava água e luz. Outras, a vila era montada no asfalto. E, em todas, os veículos que participavam do Rally eram consertados ao lado das barracas durante toda a noite – imagine barulho de motor acelerando e de maçarico até o amanhecer. Quem conseguia dormir entre tantos roncos – inclusive humanos – deveria acordar cedo, algumas vezes antes do sol raiar, para passar o dia chacoalhando na estrada de terra, areia ou asfato esburacado. Fácil.
A beleza. Fui para lugares que nunca imaginei conhecer como Palmas (TO) e Teresina (PI). Juro, até fiquei emocionada ao chegar nesta capital. Segundo minha referência, São Paulo, Teresina era um lugar muito distante sobre o qual não conhecia sua cultura – que é rica e pesquisei antes de pisar lá. Também foi impressionante observar a Caatinga de perto. Aquilo, sim, é sertão. Lugar seco. Solo empoeirado e com pedregulhos. Mata áspera que parece fantasma – ao contrário dos seus habitantes solícitos que conheci no interiorzão do Piauí. O Cerrado também tirou o fôlego. Porém, a cereja do bolo esperada por todos era o Jalapão. Não tive tempo para ir a suas cachoeiras e me banhar em seus rios, nem ver suas dunas. Mesmo assim, o pouco que presenciei é de chorar de lindo – vide foto. Ainda bem que o lugar é um pouco inacessível, uma forma de o manter protegido do turismo predatório. Em seguida, uma surpresa boa foi atravessar um parque estadual – que não encontrei o nome (!) – localizado entre o Tocantins e o Maranhão. Lugar divino. Lá vi araras azuis e canindés voando aos pares. E passei por trilhas como um devido rally off road. Brevemente, incluo também nesta beleza as pessoas que conheci – “locais” e de passagem como eu. Primeiro, a curiosidade entre os habitantes dos povoados mais distantes do Brasil por nós era a mesma que sentíamos por eles. Em segundo, como em um reality show, fomos obrigados a conviver com pessoas de diversos lugares do mundo que acompanhavam a caravana de cerca de 1700 pessoas do Rally dos Sertões. Convivência, entre desconhecidos, em situações extremas 24 horas por dia. Lá fiz grandes amigos. Sejam de uma semana ou de uma vida. O tempo dirá.
Só sei que me senti em um mundo paralelo. Em um Brasil completamente desconhecido dos “cosmopolitas” das capitais do Sul e do Sudeste – sem preconceito, ok? Parênteses: ao chegar em São Paulo, pela primeira vez do avião achei a cidade bonita – o piloto sobrevoou nossas represas. E me senti como se estivesse voltando de uma viagem ao exterior. Com uma nova e completamente diferente cultura na bagagem – sensação parecida com minha volta do meu “mochilão” na Europa. Não sei o quanto isso irá impactar nas profundezas do meu ser – que bonito isso. Agora, para os que só pensam em comprar, digo uma coisa. Vi com meus próprios olhos que essa terra há de comer que quanto menos consumo, mais a natureza é preservada. Paralelamente, o triste, nisso tudo, é ver compatriotas passando necessidades por não terem luz, água encanada e esgoto – vou tentar encaixar isso em ciência ou meio ambiente para relatar aqui no blog e, quem sabe, desta maneira dar uma força para ajudá-los. Vidas secas.
Estórias para dormir sorrindo
É verdade que o perrengue rende as melhores piadas internas e as mais engraçadas histórias – incluindo as coisas mais nojentas. Como, por exemplo, uma “participação especial” minha. Na última viagem de Sobral para Fortaleza (ambos CE), eu, muito cansada, dormia na banco de trás do carro. O motorista e um colega jornalista conversavam sobre viagens – entenda que eu não participava da conversa, pois estava com Morfeu. O jornalista disse que foi para Fernando de Noronha pela Trip – só ouvi essa parte. Acordei e perguntei: “Você foi de dupla hélice?” Ele disse: “Sim”. Em seguida, emendou: “E você? Como foi pela Gol?” Tarde demais. Eu já dormia como um anjo. Após o silêncio, acordei com as risadas deles. E, aí, entendi o que aconteceu.