As três mil tumbas fenicio-púnicas de Ibiza

Ibiza – palavra mágica. Desde minha adolescência, minha amigona de infância e eu falámos que um dia aportaríamos na tal ilha catalã. A ilha da fantasia. Da balada. Dos hippies. Dos sonhos. Do impossível que… se tornou realidade. Quando chegamos lá, naquela euforia de sonho/ desejo concretizado, fomos do aeroporto deixar as malas no hotel para, já montadas desde Barcelona, seguirmos à tão famosa balada!
Deixando as – maravilhosas – festas para lá, antes de viajar eu pesquiso. Mesmo. Primeiro, quero tentar entender o que irei ver e viver. A cultura daquelas pessoas. O passado delas. A história. Contextualizar, diria como jornalista. Depois, porque não pretendo perder nada que julgar importante daqui do meu computador. Por fim, eu gosto de ver fotos dos locais que irei visitar para saber o que posso esperar. Aonde estão as belíssimas paisagens de karaokê.
Assim sendo, lá fui eu buscar na internet muito mais sobre Ibiza além das já famosas baladas. Pense comigo. Uma ilha no Mediterrâneo deve ter muita estória para contar. Da praia, eu via castelos e construções medievais. E aquela areia branquinha. E o mar-transparente-azul-piscina. E veleiros, muitos iates. E gente com seios e partes íntimas de fora – outra cultura.
Sítios arqueológicos
Qual não foi a minha felicidade quando descobri que uma praia paradisíaca da ilha possuía um sítio arqueológico fenício? Imagine você. Cerca de 1.400 a.C., os fenícios dominavam o comércio do Mediterrâneo. Naqueles barquinhos de madeira, deixaram onde hoje está o Líbano destino conquistar o mundo. E se estabeleceram em Ibiza.
Na praia chamada Sa Caleta, há um exemplo único de urbanismo fenício no Mediterrâneo. Considerado Patrimônio da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o sítio arqueológico a céu aberto foi fundado no século VII a.C. por fenícios, provavelmente, em busca de metais. Os pesquisadores conseguiram identificar ruas e moradias entre aqueles muros baixos de pedras. Fantástico.
A ilha também abriga a maior e mais conservada necrópole da cultura fenicio-púnica (relativo a Catargo). Chamada Puig des Molins – a língua catalã é gracinha e familiar, uma mistura de espanhol, francês e português -, possui mais de três mil tumbas! A maior coleção de restos púnicos do mundo!
Pergunte se eu visitei esses lugares? Não – ai que dor no coração. Cheguei em Ibiza e queria abraçar o mundo. Visitar esses sítios, ver as belíssimas praias – com pinheiros (!) – e, ainda, me acabar na balada. Em pouquíssimos dias, se não horas. Perguntava para minha amiga e meus, então, novos amigos: “Vamos caminhar até aquelas ruínas? Vamos conhecer a fortificação de Felipe II – vulgo castelo?” Convencer os três, não foi fácil.
Ainda mais eles que moravam no frio de Londres, queriam é se esbaldar naquele verão calor litorâneo como as lagartixas – símbolo da ilha – estirados ao sol! Sozinha, muito caro e triste visitar os sítios. Sem contar que ficar com os amigos também é cultura. Dá vontade é de matar saudade. E rir junto. E brindar o ocaso com um bom – e barato lá – vinho espanhol.
Estava tão esgotada de tanto mochilar pela Europa, que durante os dias pasmei – e dormi para me recompor das baladas – em frente ao mar bem frequentado da praia de Ses Salines dividindo inesquecíveis momentos. E, claro, observava sem ter coragem de andar até a torre de defesa de Ses Portes, construída no século XVI em um dos extremos da praia.
Interessou pelo tema? Arrisque seu espanhol nesses dois sites oficiais: aqui e ali (do qual emprestei a foto do post).
Observação ecochata: dá para perceber que a ilha foi completamente apavorada. Muito desmatada. Essa ocupação de séculos do homem explica tudo. Além de sítios, os antigos plantavam e retiravam sal da ilha. Mas essa é outra história da ocupação humana. Arqueologia também pode ser relacionada à ecologia. Os maias diriam…

O que aconteceu com os caranguejos da praia?

Peço ajuda aos colegas biólogos. Desde que começou o outono, reparei que o número dos meus amigos caranguejos da espécie Maria-farinha (Ocypode spp.) – mais conhecido como siri, sirizinho, siri-fantasma (!) – diminuiu no litoral norte de São Paulo. Para mim, antes de qualquer coisa praia é lugar de meditação. De pasmar, mesmo. É uma viagem observar esses bichinhos cavocando ao lado da minha canga ou fugindo enquanto caminhamos a beira mar. Ai, cheiro bom de maresia.
Só que os amiguinhos sumiram… Fuçando sobre o assunto, li em algum lugar que praia com Maria-farinha significa praia limpa. Concordo que a poluição no estado de São Paulo continua aumentando. Mas sumir de uma hora para outra? Chuto que a diminuição dos bichinhos deve estar relacionada com reprodução ou época do ano. Não gostariam do “frio”?
Para piorar, não foram apenas os caranguejos que zarparam. Neste final de semana à noite, fomos curtir um luau na areia fria. A essa hora, como de praxe, o holofote não se volta apenas aos violonistas e afinados – ou desafinados – cantores de ocasião. Justiça seja feita. Quem também brilha no breu da praia se chama plâncton. Já contei aqui que esses seres causam catarse.
Agora, vou te falar. Neste final de semana ficamos a ver navios. Aliás, bem lá no fundão, mesmo. Cargueiros. Os plânctons desapareceram. Mais uma especulação desta curiosa nata. Era noite de lua cheiona. Sua luz refletida do sol também era refletida pelas ondas. Podíamos enxergar nitidamente nossas sombras na areia. É claro que os seres bioluminescentes não apareceriam.
E o mar? Se eu fosse surfista, pegaria tubos. Muito agitado. Como não sou, preferi as noites brindadas ao lado dos meus amigos! Para você, também desejo paz e amor.

Quais seriam as dez maiores descobertas da arqueologia?

Estava no trabalho, quando meu editor sugeriu uma matéria para responder essa questão. Nem preciso dizer que amei a missão, certo? Meu cérebro ferveu. Quanto mais pesquisava, mais entrava em dúvida e várias ideias nasciam. Até postei no Twitter que entrevistara um pesquisador super prestativo.
Tratava-se do Pedro Paulo Abreu Funari, “atual professor do Departamento de História da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e membro de instituições internacionais do mundo inteiro”. Já havia conversado o professor para uma matéria sobre Atlântida, mas essa teve um “quê” de relembrar o passado – pegou? Renomado mundialmente, o pesquisador foi fundamental para elaborar a lista. Afinal, ele é quem sabe a importância científica de cada detalhezinho escavado/ encontrado. Eu, apenas, admiro o tema.
E as descobertas eleitas foram: Busto de Nefertiti, Jericó, Lucy, Luzia, Palenque, Parque Nacional Serra da Capivara, Pedra Roseta, Pompeia, Roma e Tumba de Tutankamon. Leia aqui a matéria completa. É claro que, como qualquer lista, esta pode ser criticada por muitos. Natural.
Imagine o quanto já foi encontrado e fundamental à ciência… Foi cruel escolher apenas dez. Deixamos de fora outras cidades da mesopotâmia e bíblicas – contam mais sobre o início da nossa história -, Machu Picchu – encontrada praticamente intacta -, os vasos gregos como o famoso François – registros da civilização antiga -, Petra – achavam que não passava de uma lenda -, objetos e vestuários romanos, inúmeras descobertas egípcias e muito mais.
Aliás, o professor contou que escavaram, se não me engano na Inglaterra, várias tabuinhas de madeira com escritos romanos – relativo ao Império Romano. Imagine, detalhes da vida cotidiana que alguém escreveu há mais de 1500 anos! É raro registros feitos nesse material, como vestimentas, durarem até hoje. Ele próprio traduziu o que continha em das tabuinhas. O que foi gravado? Uma senhora convidando outra para ir à festa de aniversário dela. Não é emocionante?
Fiquei contente em saber que conferi, pessoalmente, dois itens da lista: Roma e Pedra Roseta – veja como foi, aqui. Agora, só faltam as outras oito… Bom, e você? Conte quais descobertas fariam parte da sua lista.

Dez lugares para conhecer no Brasil antes de morrer

16131_207773173323_567153323_3017952_7995322_n.jpgMuitos brasileiros desprezam o próprio país, incluindo suas descobertas científicas e até as belezas naturais – acredite. Aliás, prefiro concluir que isso se dá devido a falta de educação – formal, mesmo. O que, como consequência, reflete no “novo” Código Florestal – assunto para outro post – e, claro, no desmatamento. Bobinhas essas pessoas. Na matéria que escrevi sobre quais seriam as dez maiores descobertas da arqueologia, figuravam duas brasileiras. Ju-ro.
Uma era a nossa vovó Luzia – “O crânio de 11.500 anos de uma mulher (Homo sapiens), desenterrado em Minas Gerais, revolucionou as teorias sobre a ocupação do continente americano. Sugeriu que os humanos com traços negróides migraram para a América três milênios antes dos antecessores dos índios”. A outra, o Parque Nacional Serra da Capivara – “O homem já vivia na região do Parque Nacional Serra da Capivara, no Piauí, há 100 mil anos – foram cadastrados 1.301 sítios arqueológicos e 292 vestígios como aldeias. No local, duas figuras rupestres possuem 36 mil anos. ‘A descoberta derrubou a teoria de que a América do Norte teria sido povoada inicialmente e somente por volta de 15 mil anos atrás os homens teriam chegado à América do Sul’, explica a arqueóloga Niéde Guidon, diretora presidente da Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham)”.
É óbvio que pirei, principalmente, no parque. Afinal, a Luzia está guardada no Museu Nacional/UFRJ, no Rio de Janeiro. Estive lá e não vi o crânio. Agora, as pinturas rupestres do Piauí tenho mais chance de conhecer pessoalmente. E requer o contato com a natureza! Divagando com meus pensamentos – para variar -, concluí que preciso conhecer muitos lugares no Brasil, antes que eles sejam destruídos. Locais de valor, principalmente, ambiental e, consequentemente, científico. Assim, resolvi fazer uma lista com os dez lugares brasileiros que todos deveriam conhecer antes de morrer – ou de serem destruídos.
Priorizei os valores ambientais – ou científicos muito antigos – do país. Infelizmente, ainda não conferi todos com meus próprios olhos. Mas a lista serve para lembrar que temos muito o que preservar e valorizar no Brasil. Haja tempo e dinheiro para tanta viagem. Bom, vamos à lista. E os dez lugares no Brasil para conhecer antes de morrer são:
Abrolhos
O arquipélago é o primeiro parque marinho do país com a maior biodiversidade no mar do Atlântico Sul.
Bonito
Localizado no Cerrado, possui águas transparentes graças ao calcário e abriga fósseis de mamíferos gigantes.
Cataratas do Iguaçu
Suas quedas possuem, em média, 65 m de altura e sua formação geológica data de aproximadamente 150 milhões de anos.
Chapadas
São as formações de relevo mais antigas do Brasil, entre elas estão a da Diamantina, dos Guimarães e dos Viadeiros.
Fernando de Noronha
O arquipélago vulcânico abriga as maiores colônias reprodutoras de aves em ilhas oceânicas do Atlântico Sul Tropical.
Floresta Amazônica
Possui o Arquipélago de Mariuá, maior de água fluvial do mundo, e tudo o mais que a floresta abriga.
Lençóis Maranhenses
São 155 mil hectares com dunas de até 40 metros de altura e lagoas de água doce, raro fenômeno geológico.
Mata Atlântica do Estado de São Paulo
Nesta, eu roubei. Incluo o Petar, com mais de 300 cavernas, a Serra do Mar e o Litoral Norte de beleza indescritível.
Pantanal
A maior planície alagável do mundo, ligado às Bacias do Prata e Amazônica.
Parque Nacional Serra da Capivara
Localizado na Caatinga, possui pinturas rupestres e indícios de que o homem esteve por lá 100 mil anos atrás.

Conheça todas as trilhas de São Paulo

Você sabia que existem várias trilhas submarinas no estado de São Paulo? É a prática do snorkeling – ou mergulho com snorkel – acompanhada por um guia. Uma delas fica na Ilha Anchieta, meia hora de barco de Ubatuba. Para falar a verdade, quando estive na ilha – quando era jovem, brincadeira – não consegui fazer a trilha. A bióloga que acompanhava já havia saído da água.
Na realidade, descobri essa trilha lá. Entrei de gaiato no navio porque meu pai foi escavar uma espécie de antigo engenho de açúcar junto com a orientanda dele. Aproveitei a carona para conhecer a ilha – lê-se fazer trilhas. Claro que fiquei um tempo no meio do mato, naquele calor úmido, acompanhando a escavação. E fazendo mil perguntas sobre como eles sabiam que aquele amontoado de pedras foi, um dia, um forno – devido ao formato e aos restos de pó encontrados dentro dele.
Depois de ter matado a curiosidade, resolvi deixar os pesquisadores trabalhar em paz. Peguei um bote para seguir até a parte principal da ilha, que recebe as escunas e outras embarcações. Além do antigo presídio, que é possível visitar, fiz as duas trilhas: do Saco Grande e da Praia do Sul.
A segunda é mais bacana. O mirante no meio do caminho é de tirar o fôlego – mesmo porque é uma subida, ai como estou engraçada. Ao chegar na praia, encontra-se uma pequena piscina natural formada pela maré. Fiquei sozinha pasmando nos peixinhos coloridos.
Depois, voltei para a outra parte da ilha, em busca de um antigo cemitério que havia no local. Me avisaram: “Não tente encontrá-lo, porque não há trilha e você vai se perder”. Sabe como é… Pensei, “pelo barulho das ondas acho a praia de volta”. Ãham. Dez metros dentro daquela vegetação meio rasteira, já não ouvia o barulho do mar. Não querendo dar trabalho para os bombeiros, retornei.
Dei toda essa volta para contar que existe um site mantido pelo governo do estado sobre todas as trilhas que há dentro das unidades de conservação paulistas. O “Trilhas de São Paulo” possui uma lista com todas elas, o grau de dificuldade, onde ficam, mas não passa muitos detalhes a mais. De qualquer maneira, mostra que o estado ainda oferece mais do que a capital de concreto – graças.
E aí, se interessou pela maravilhosa a ilha? Leia mais sobre o Parque Estadual da Ilha Anchieta aqui. Até a próxima caminhada.

Tem alguém aí?

IMG_0180.JPGEstou sentindo falta de escrever para o blog. Tanto que tenho até sonhado com posts! Fiz uma lista de assuntos dos quais quero falar – que só aumenta… Mas costumo dizer que na vida “trabalhamos” em várias “frentes”.
Às vezes temos que dedicar mais tempo para uma ou outra. É o que tenho feito no momento. Estou investindo em algumas, pois trazem frutos deliciosos!
Deixando de blá blá blá, vamos ao que interessa: ciência e meio ambiente. Aguarde posts – sucintos -, escritos com água na boca! Babando…