Parto normal ou cesárea?

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Emily Cahal/ SXC.hu

Vou fazer uma pausa nas discussões sobre as manifestações aqui no blog para falar de outro assunto atual ao menos na minha timeline do Facebook: partos. Muitas amigas minhas estão grávidas ou tiveram filhos recentemente. Além das fotos dos bebês lindos e dos barrigões redondões, vez ou outra as conversas faceboquianas acabam em parto. Ouço muitas dúvidas e até ideias equivocadas sobre o assunto. Por isso, gostaria de ajudar as mulheres a debaterem a importância de um parto normal e saberem quando a cesárea é necessária.

De modo geral, a cesárea é uma cirurgia indicada quando a mãe ou o bebê correm risco em um parto normal. Alguns exemplos de indicação: quando o bebê “não vira”, está com a bundinha para baixo (isso porque, geralmente, o maior diâmetro do corpo do bebê é a cabeça, assim, pode ser que ele fique entalado com metade do corpo preso); quando a mãe não tem dilatação suficiente para o bebê sair; ou, quando há o sofrimento fetal (o ritmo cardíaco do bebê é instável, ele faz cocô dentro da barriga da mãe, etc).

Na maioria dos países desenvolvidos, o parto normal é feito quando não há esses riscos – leia o texto a epidemia da cesárea. E, por que o sistema de saúde deles prefere o parto normal? Além de ser mais barato por lá, ele traz muitos benefícios para a mãe e para o bebê. Abaixo, listo algumas dessas vantagens baseadas em pesquisas científicas para ajudar a desmitificar esse tipo de parto. Quando há a opção de escolha, por que não ser favorável ao parto normal – ou parto natural, se preferir (aquele em que se faz a menor intervenção possível como não anestesiar a mãe)?

Seguem algumas observações sobre o parto normal (se quiser saber mais, clique nos respectivos links):

Vale ressaltar que as condições da mãe e do bebê devem ser avaliadas pelo médico durante o acompanhamento da gravidez e, claro, durante o parto. Essa acesso a médicos e a recursos de qualidade garantem um parto mais seguro, seja normal ou com acesso necessário à cesárea. Tendo esse apoio, cuide da sua saúde para ter um parto e um bebê saudável e… Parabéns!

Obs.: Não sou médica. O que escrevo é de acordo com relatos de médicos, com o que li e com o que apurei para fazer matérias sobre o tema. Portanto, doutores, me corrijam se eu estiver errada.

Manifestantes: país sem partido se chama ditadura

IMG_9479Este blog é um espaço para discutir questões relacionadas à ciência e ao meio ambiente. Mas eu queria pedir licença para fazer uma breve observação sobre as manifestações que estão ocorrendo. Afinal, elas atingem o país e indiretamente, como consequência querendo ou não, os temas que me proponho a tratar aqui.

Ontem à noite fui à comemoração pela tarifa ter voltado à R$ 3 do Movimento Passe Livre (MPL) na avenida Paulista, em São Paulo (SP). Cheguei duas horas depois, às 19 horas, do que o combinado pelos manifestantes. Não vou descrever o que vi, afinal, isto está estampado em toda a imprensa. E, você deve saber que o MPL vai parar ao menos por enquanto com as manifestações. Vou falar sobre o que senti.

Olhe, o pessoal de modo geral está cansado com a política que temos e, consequentemente, com os partidos. Acontece que não existe democracia sem partido. País sem partido se chama ditadura. Você pode não concordar com alguns manifestantes de partidos que se organizaram para ir às manifestações, mas eles não podem ser agredidos. Além disso, eles também têm o direito de se manifestar. Podem, literalmente, levantar as suas bandeiras.

Agressão a outro modo de pensar e à imprensa, ainda mais com atos violentos, é antidemocrático. É contra a liberdade de expressão. Você pode discutir e debater, mas jamais agredir até mesmo com palavras. Portanto, a discussão e a liberdade de expressão, ambas, são pilares da democracia.

Manifestação pode ser uma ação democrática, mas a votação também é uma ferramenta a favor da democracia. Você também se expressa via votos. Se elegeu alguém, cobre desse seu governante transparência e que atenda aos objetivos propostos – os quais, provavelmente, você concorda já que votou nele. E, se está cansado dos partidos, monte novos ou exija melhoras dos quais simpatiza. Agora, país sem partido é ditadura.

Observação: eu simpatizo com a anarquia… Você que não gosta de partidos, leia sobre ela. 😉

Historiadora explica os “apenas” 20 centavos

Ansiosa e agitada com as manifestações, eu sentia ânsia por escrever algo sobre este momento lindamente histórico em que vivemos. Mas, nada… Nenhuma vírgula, verbo, adjetivo ou substantivo descreveria um pouco do significado da manifestação “Não são apenas pelos 20 centavos”, “Revolta do Vinagre” ou chame como quiser. Ela é muito maior do que qualquer palavra. O que fazer, então?

Liguei – agora! – para uma amiga historiadora e fiz o pedido: “Dá um depoimento sobre as atuais manifestações para meu blog?” Afinal, ela estudou, e muito, tem uma bagagem incrível para analisar o que acontece. A historiadora aceitou, mas preferiu não se identificar. Segue, abaixo, um resumo da nossa alegre conversa de mais de uma hora. Ah, antes de ler, quero ressaltar o que ela repetiu: “Desde a primeira passeata, eu não li o que a imprensa publicou, nem os colunistas que acompanho. Desta vez, quis construir o momento com outro olhar”.

O Brasil não está mudando, ele já mudou:

 

“O sentimento não estava parado: essa história de que o brasileiro é pacífico não existe. Esta manifestação mostra um amadurecimento político e assusta porque está bem consistente. Assusta, inclusive, os governantes. Além disso, este movimento nasce na ausência de uma esquerda articulada.

O brasileiro estava ansioso por ser representado pela esquerda porque se sentia cansado de receber imposições. Porém, após eleita, ela não fez mudanças significativas. Como consequência, o povo ficou politicamente órfão em uma ‘revolução inacabada’, onde há um espaço político vazio.

As pessoas começaram a se manifestar pela questão do aumento das tarifas do transporte público. Só que a tarifa é um rótulo. Há muito mais do que isso. Observando a manifestação, vemos diversas bandeiras de movimentos e cartazes com pedidos de várias áreas. Aí, alguns começaram a se dar conta: ‘Opa! A coisa está se pulverizando’. O que é mais importante desta manifestação é a articulação. Não existe falsa ideologia ou ausência de ideologia no movimento.

Durante este movimento, quando o governo deu abertura ao diálogo com os manifestantes, se mostrando disposto a conversar com os organizadores, confirmou o poder desses grupos. Quando você topa dialogar é porque acredita no que o outro está falando. Se você não acredita, não chama para conversar. Será que essa é a nossa Primavera Árabe? O que vai ser?

A manifestação irá ocupar o espaço da esquerda (e o da direita também!). Estou eufórica acreditando que, talvez, esteja acontecendo uma releitura da esquerda na América Latina. Eu tenho a impressão – pode ser que não seja isso – que, novamente, o Brasil está na frente falando aos quatro cantos da América Latina.

‘Não tem partido político nenhum por trás do movimento’, disse um dos rapazes que ajudaram a organizar a manifestação. Claro que, agora, haverão os oportunistas. Por isso, é preciso tomar cuidado para evitar uma futura desilusão. Pode ser que partidos políticos, vendo a força do movimento, afirmem: ‘Fui eu quem elaborei’. Além disso, também é perigoso quando o governo chama os manifestantes para definirem o trajeto da passeata. Isso porque ele tenta usar a geografia como manipulação de poder.

Na época da Ditadura, em 1964, os ditadores acabaram com as praças. Pode reparar, São Paulo praticamente não tem praça. Colocaram bancos nelas e muros de concreto para dificultar a reunião dos manifestantes nesses locais antes amplos e muitos simbólicos historicamente. No Vale do Anhangabaú, por exemplo, aconteceu em 1984 o último comício antes da votação da emenda Dante de Oliveira, a favor das Diretas Já – e eu estava lá! Os viadutos, por sua vez, são uma herança nazista usados para desagregar. Muitos não têm nem calçada para pedestres. Nós herdamos essa geografia.

Hoje, as pessoas, entre muitos motivos, vão à avenida Paulista porque ela é ampla. Ela permite a reunião de muita gente. Assim, o governo quer usar a geografia como instrumento de poder quando o governo tenta ditar o caminho que os manifestantes devem percorrer. Não deve combinar nada e, sim, deixar o pessoal passar.

As manifestações, em vários estados do Brasil, vão assustar. Aparentemente, existiam várias temáticas que incomodavam o brasileiro e que pareciam estar perdidas. Parecia que a sociedade não queria participar por uma qualidade de vida melhor. Mas não era isso. Virá um novo movimento que terá destaque maior com relação à ideologia do Século XXI. E o Brasil é o protagonista.”