Eu poderia estar dormindo, poderia estar comendo, poderia estar malhando, meditando, lendo, fazendo ioga, xixi. Mas, enquanto a bebê dorme, estou aqui para te alertar: ter filho te fará se sentir mais incompleta. Uma conversa que tive esta semana com a Maria Guimarães, bióloga-jornalista e uma das autoras do blog Ciência e Ideias, me fez refletir sobre esse sentimento. Na verdade, esta semana, eu iria escrever um post sobre cólicas em bebês e pesquisas sobre o assunto, mas deixo para uma próxima. Vou usar esta meia hora que tenho para avisar “azamigas”.
Não sei o porquê você resolveu ter filho. Não sei se eu escolhi parir para me sentir mais “completa”. Acho que os genes falaram mais alto: um brinde para a perpetuação da espécie. Há anos li um post da Paula Signorini, uma das autoras do blog Rastro de Carbono, que nunca esqueci (ATENÇÃO: NÃO ESTOU COLOCANDO REFERÊNCIAS DE LEITURAS E DE PESQUISAS NOS POTS ATUAIS PORQUE LEIO PELO CELULAR E ESCREVO PELO COMPUTADOR. PORTANTO, FAÇO AS ANÁLISES COM BASE EM ARTIGOS CIENTÍFICOS E OUTROS AUTORES, MAS SEM TEMPO PARA PROCURAR TUDO E COLOCAR AQUI). Nele, a Paula questiona a relação entre ter filhos e a degradação do planeta. Minha desculpa para ter é essa: criar uma pessoa para que ela ajude a formar um mundo mais harmonioso para vivermos. Que combata o aquecimento global como a mãe faz, hoje, trabalhando na Iniciativa Verde. Que tenha compaixão, respeito pelos outros seres e pela natureza. Que seja feliz procurando a felicidade dentro de si.
Quando estava grávida, amigas eram sinceras comigo. Diziam: “Quando ela nascer, você sentirá que um pedaço seu estará fora de você”. Até minha obstetra advertiu: “Eu digo que o cordão umbilical é cortado várias vezes durante a vida, se prepare para quando voltar a trabalhar”. Sempre fui uma pessoa independente dentro das condições de cada momento. Ou procurei ser. Nunca imaginei que seria uma mãe dedicada. Também me descobri mais paciente e tolerante às necessidades fisiológicas como o sono. Qualidades que eu tinha, mas não nesse tamanho. Por isso, quero aproveitar a me retratar com as demais mães que um dia critiquei – até por serem tão pacientes que se tornaram fastidiosas. Realmente, você só sabe como será como mãe quando nascer ou adotar um rebento (aliás, nascimento é uma forma de adoção).
E por que você se sente, então, mais incompleta? Desde o nascimento, aquele pedaço que um dia esteve, literalmente, dentro de você vai desenvolvendo autonomia. Ele deixa de se alimentar via placenta (aliás, sabia que a imunidade da grávida cai, um dos motivos, porque o bebê é um corpo estranho – tem genes do pai – e as células de defesa precisam tolerá-lo para que ele não seja abortado?) para se nutrir do leite produzido pelo teu corpo (outra curiosidade: parte da gordura e dos anticorpos que o bebê recebe são “retirados” do culote. Portanto, agradeça às gordurinhas localizadas pela saúde do teu filho). Depois, vai se descolando do seu seio para receber frutas e legumes.
“Os filhos são do mundo”, lembra o ditado. É verdade. Mas, cada vez que eles se “distanciam” do seu umbigo, mais você se sentirá incompleta. Aquele pedacinho originado por seu querido óvulo (que já estava pronto antes de você nascer, ou seja, você carregava o projeto de filho já quando vivia dentro da barriga da sua mãe), deve ganhar o mundo. Isso é ser saudável. Amém. Assim que deve ser. Então, querida mamãe, vou te dar um conselho: leve o mundo dentro de si.