“Como vou ligar o rádio hoje de manhã?” Estava preocupada ontem, como milhares de brasileiros. Afinal, após sintonizar na Transamérica cedinho, todo dia seguia ao trabalho ouvindo a BandNews FM. Minha filha ficou doente e, por dar atenção a ela, cheguei mais tarde. Pode ser impressão, mas parecia que os outros motoristas estavam dirigindo mais silenciosamente e passageiros quietos, em luto no trânsito.
Ambientalmente falando, sabia que este ano, de 2019, seria um desafio. Eu me preparei para atravessá-lo com firmeza, generosidade e buscando mais conhecimento como base. Jamais imaginaria que seria tão trágico. Brumadinho, Flamengo, Rio de Janeiro e tantas outras aflições. Até que perdemos um dos melhores e mais necessários jornalistas do momento: Ricardo Boechat.
Infelizmente, não o conheci pessoalmente. Mesmo assim, o tinha como uma pessoa íntima do cotidiano, que ouvia todos os dias por anos. Além disso, sempre admirei o modo como ele escutava as pessoas em geral, dava voz a todos e buscava um local mais justo para se viver. Parecia ser uma pessoa transparente e íntegra.
Além de gostar de me comunicar, escolhi cursar jornalismo por ter aquela inocência de tornar o planeta uma casa mais equitativa. Eu achava que poderia mudar o mundo para melhor. Rapidamente, descobri que sozinha seria impossível. Aliás, acompanhada já é difícil. E até passei por muitos momentos de desilusão. Inclusive, recentemente – o, praticamente, fim do Museu Nacional foi muito desanimador para mim.
Agora, perdemos um grande profissional. Tornou-se quase uma unanimidade por ser tão jornalista, verdadeiro no sentido mais nobre dessas palavras. Uma estrela. Ninguém é substituível – ao contrário do que diz o ditado. E neste momento o chamado aparece novamente. Se faz presente.
Todas (os) nós, principalmente jornalistas, não importando onde estivermos atuando, precisamos colocar em prática ainda mais as características tão esperadas das profissão. Sermos curiosas (os), prevenidas (os), precisas (os) e éticas (os). E, acima de tudo, humildes.
Não que tenhamos deixado essas qualidades de lado. Mas quem sabe, unidas (os) sob essas características, ressaltando simplicidade e verdade com nós mesmas (os), possamos ser uma poeira de estrela montando uma Terra mais igualitária, justa e fraterna. Muito amor para todas (os) nós.