Ciência e inferência. Parte II: Popper e a tese do holismo.
Fonte: Bule Voador
Autor: Rodrigo Véras
A tentativa de escapar do dilema Humeano perpetrada por Popper – ao encarar a inferência científica como um processo hipotético-dedutivo falsificacionista – parece não ter surtido o efeito esperado. Os críticos muito rapidamente perceberam que esta abordagem destoava de boa parte das práticas dos cientistas. As aspirações normativas do modelo Popperiano de oferecer um critério de demarcação capaz de diferenciar a ciência da pseudociência, de maneira clara e simples, também não prosperaram, ainda que a refutabilidade de uma hipótese possa ser um guia útil em muitas situações, como estratégia preliminar na prática demarcatória.
Ciência e inferência. Parte I: A dúvida de Hume e a solução de Popper.
Fonte: Bule Voador
Autor: Rodrigo Véras
Ao imaginar um cientista, muitos ainda devem visualizar um indivíduo que coleta várias dados e faz muitas observações, às vezes ao longo de uma vida inteira, e a partir delas obtém leis gerais sobre algum fenômeno. No cerne desse procedimento está uma forma de inferência de extrema importância, a indução. De uma maneira bem simples, quase caricata, na indução se parte de observações ou casos isolados e se chega à generalizações. Dependemos, o tempo todo, em nosso dia a dia, deste tipo de raciocínio. Ao valermo-nos dele, empregando-o intuitivamente, acreditamos que algo que deu certo antes dará certo de novo, que o dia se seguirá à noite e que efeitos se seguirão às causas. Porém, pelo menos desde Hume, existem pensadores que acreditam que há algo de pernicioso em relação à indução. Algo de intrinsecamente irracional estaria oculto por trás desta inocente forma de inferência, e acabaria por contaminar todos nossos esforços em busca de conhecimento e nem mesmo as ciências estariam imunes. Continue lendo…