Consumo Conspícuo e Seleção Sexual – Porque Preferimos o Mais Caro

Fonte: NERDWORKING

Autor: Felipe Novaes

Estamos vivendo numa época onde o ter sobrepuja o ser. Essa frase se tornou um clichê. Mas ela diz a verdade, realmente estamos muito mais sensíveis ao que o outro tem do que ao que ele é. Às vezes, o que se tem funciona como um indicador daquilo que se é. Claro que algumas pessoas fogem a essa regra, mas o quanto elas realmente fogem? Será que é possível fugir de tal tendência totalmente? Estudos interessantíssimos mostram que, além de avaliarmos a confiabilidade, beleza, respeitabilidade e status de alguém de acordo com o que essa pessoa possui, também levamos em conta – e muito – o valor gasto. Alguns estudiosos chegam a dizer que esse mecanismo está por trás não só da mente humana, mas também das relações de seleção sexual de outros animais, mostrando que essa é uma tendência antiga que compartilhamos com outros seres.

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Ser otimista é saudável?

Romance protagonizado por "Pollyanna", uma menina cuja filosofia de vida é sempre encontrar algo para ficar contente

“Pense positivo”, “vai dar tudo certo, você vai ver”, “isso não vai acontecer com a gente, a probablidade é muito pequena”. Estes exemplos são familiares para você? Já ouviu isso de alguém hoje (ou ontem)? É cotidiano observar a capacidade que muitos de nós possuem de ser extremamente otimista, mesmo quando existem evidências claras de que deveriamos estar mais preocupados com o que está por vir.

Seja em relação ao contágio de doenças, ao furto de bens ou à acidentes graves, o ser humano parece tender a ver tais riscos como distantes de si e improváveis. Ser otimista já foi relacionado em alguns estudos com uma série de efeitos psicológicos benéficos, como menor ansiedade e melhor bem-estar. Este excesso de confiança, todavia, pode nos tornar ainda mais vulneráveis do que já somos, exatamente por pensarmos que não corremos certos riscos e não tomarmos ações necessárias de precaução.

O otimismo pode ser entendido tanto como uma superestimação de eventos futuros positivos quanto uma subestimação de eventos negativos futuros [1]. O que alguns estudos recentes tem indicado é que nós somos propensos a apresentar um otimismo exagerado, “irrealista”, em relação à eventos futuros [1,2]. Na psicologia social, uma propensão similar à esta já havia sido identificada nos anos 1970 e batizada de crença em um mundo justo [3]. Obviamente, esta crença (a de que o mundo é inerentmente justo) é bem otimista em relação à realidade cruel que salta aos nossos olhos diariamente, quando lemos ou ouvimos um noticiário. De acordo com esta ideia, as pessoas acreditam que o mundo é fundamentalmente justo e que coisas ruins acontecem com pessoas ruins – todos passam pelo que merecem [4].

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Pseudo-profundidade: Receitas para simular profundidade – aspirantes a gurus, tomem nota

Fonte: Psychology Today

Autor: Stephen Law

Tradução: André Rabelo

Deepak Chopra: mestre da pseudo-profundidade e da pseudociência

Ao redor do mundo, audiências se sentam aos pés de experts do marketing, consultores de estilo de vida, místicos, líderes de culto e outros “gurus” à espera do próximo insight oculto e profundo. As pessoas frequentemente pagam uma boa quantia de dinheiro para ouvir estas palavras de sabedoria. Como então estes indivíduos elevados chegam aos seus insights penetrantes? Qual é o segredo da profundidade deles? Infelizmente, em alguns casos, a audiência é enganada pelas artes das trevas da pseudo-profundidade.

A arte de soar profundo é muito facilmente dominada. Você também pode fazer pronunciamentos que soem profundos – e significativos – se você estiver preparado para seguir algumas regras simples.

Primeiro, tente afirmar o incrivelmente óbvio. Só faça isto m-u-i-t-o-l-e-n-t-a-m-e-n-t-e, com uma espécie de aceno de quem sabe. Isto funciona particularmente bem se sua afirmação tiver algo a ver com algum dos grandes temas da vida, do amor, da morte e do dinheiro. Aqui estão alguns exemplos:

A morte chega para todos nós

Todos nós queremos ser amados

O dinheiro é usado para comprar coisas

Tente você mesmo. Se você pronunciar o óbvio com suficiente seriedade, seguido de uma pausa longa, você logo poderá encontrar outros começando a acenar em concordância, talvez murmurando “Isso é verdade”.

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Tudo acontece por uma razão?

Fonte: Psychology Today

Autor: Paul Thagard

Tradução: André Rabelo

Quando as pessoas precisam lidar com situações difíceis em suas vidas, às vezes elas se tranquilizam dizendo que tudo acontece por uma razão. Para algumas pessoas, pensar desta forma torna mais fácil lidar com problemas de relacionamento, crises financeiras, doenças, morte e até mesmo desastres naturais como terremotos. Pode ser angustiante pensar que coisas ruins acontecem apenas por acaso ou acidente. Mas elas acontecem.

O provérbio de que tudo acontece por uma razão é a versão moderna, New Age, do antigo provérbio religioso: “É a vontade de Deus.” Os dois provérbios têm o mesmo problema – a  completa ausência de evidência de que são verdadeiros. Não só não há boas evidências de que Deus existe, mas não temos maneira de saber o que é que ele (ou ela) queria que acontecesse, diferente daquilo que de fato aconteceu. Deus realmente quis que centenas de milhares de pessoas morressem em um terremoto em um dos países mais pobres do mundo? Qual poderia ser a razão para este desastre e o sofrimento em curso de milhões de pessoas, privadas de comida, água e abrigo? Porque as pessoas acham tranquilizante que o terremoto do Haiti aconteceu por uma razão como a vontade de Deus, quando eventos terríveis como estes sugerem um alto nível de malevolência no universo ou em seu alegado criador? Felizmente, tais eventos podem ser vistos alternativamente (e com boas evidências) como o resultado de acidentes e possivelmente até mesmo do acaso. Continue lendo…