A Neurologia das Experiências de Quase Morte
Eu e Rodrigo Véras traduzimos o texto a seguir, que foi publicado recentemente no Ceticismo Aberto.
Artigo de Alex Likerman, publicado em Happiness in this World
Traduzido por colaboração de Rodrigo Véras e André Rabelo
Eu nunca tive um paciente que confessasse ter tido uma experiência de quase morte (EQM), mas recentemente me deparei com um livro fascinante chamado O Portal Espiritual no Cérebro (The Spiritual Doorway in the Brain) de Kevin Nelson, que relata que cerca de 18 milhões de americanos podem ter tido uma. Se for verdade, as chances não são apenas que alguns dos meus pacientes estejam entre eles, mas também alguns dos meus amigos. O que me levou a pensar: o que exatamente a ciência tem a nos dizer sobre a sua causa? Continue lendo…
Seleção x Sorteio
Fonte: Folha Biológica
Autor: Rubens Pazza
Definitivamente, evolução não ocorre ao acaso. Mas afinal, o que torna a evolução biológica não aleatória?
Sem mesmo cunhar o termo “Evolução”, Darwin nos explica que as espécies sofrem mudanças ao longo das gerações, e que um processo chamado de “seleção natura” atua escolhendo os indivíduos que transmitirão suas características aos descendentes. Em outras palavras, a seleção natural determina quem viverá o tempo suficiente para se reproduzir, através do instinto básico de perpetuação da espécie.
Ora, se há uma seleção, não pode haver aleatoriedade. Não existe seleção “ao acaso”. Tomemos um exemplo: toda semana, inúmeras pessoas escolhem seis números que imaginam (e esperam) que sejam escolhidos dentre 50 em um determinado jogo da loteria. Caso acertem, recebem uma soma em dinheiro. Em um local apropriado, há uma urna contendo 50 bolas que representam os 50 números do jogo. Dessa urna retiram-se seis bolas, completamente ao acaso. Nenhum fator específico força a saída de um número da urna em detrimento de outro. Ou seja, os números são sorteados, tirados da urna aleatoriamente, um a um. Jamais diríamos que seis números selecionados, mas sim, que foram sorteados. Continue lendo…
Acupuntura: Eficácia e Riscos
A acupuntura é provavelmente uma das “terapias alternativas” que gozam de maior popularidade no mundo. Seus clientes são persuadidos a pensar que a técnica possui sua eficácia comprovada, e as explicações para isso costumam envolver a estimulação da produção de neurotransmissores como a serotonina, a ação de opióides endógenos no cérebro e no corno dorsal da medula dorsal e o equilíbrio corporal.
É até provável que uma sessão de acupuntura estimule sensações de prazer, mas será que uma sessão de massagem ou até mesmo um bom descanso na cama acompanhado de uma boa música não resulte também na maior liberação de serotonina e nos efeitos supostamente atribuidos às agulhadas?
Seus proponentes definem detalhadamente uma série de pontos no corpo humano que se forem estimulados (não exclusivamente através de agulhas) podem beneficiar um paciente em tratamento de úlceras, gastrites e dores agudas. A Associação Médica Brasileira de Acupuntura chega a afirmar em seu site que UM único estudo foi capaz de provar que a acupuntura funciona. Entretanto, o panorama hoje é que a eficácia da acupuntura ainda carece muito de evidências e os testes empíricos realizados até agora não encontraram efeitos consistentes. Continue lendo…
II Dia Internacional de Desenhar Maomé
Hoje, dia 20/05/2011, é o II Dia Internacional de Desenhar Maomé. Pessoas no mundo todo desenham o profeta mulçumano como forma de protestar contra as mortes e a intolerância no mundo islâmico provocadas pelas charges publicadas no journal dinamarquês Jyllands Posten, em 2005.
A idéia do dia não é provocar a ira islâmica novamente ou desrespeitar gratuitamente a crença de mulçumanos, mas apenas lembrá-los, na forma pacífica de um desenho, que ninguém no resto do mundo precisa se submeter ao conjunto de idéias que compõem a sua religião e que o direito de expressão de idéias vem em primeiro lugar em outros lugares. Ao lado pode ser vista a minha contribuição hehehe
Se mulçumanos acham que sua cultura é privilegiada por algum motivo e que podem ditar qualquer coisa em outra cultura, como o tipo de desenho que fazemos, então a truculência islâmica não pode ser ignorada porque representa em potencial uma ameaça à liberdade de expressão de todos nós. Tal truculência é atual visto que propostas de aprovação de leis antiblasfêmia tem sido comuns em reuniões do conselho de direitos humanos da ONU. Na minha opnião, 100 mortes por causa de alguns desenhos não é uma forma justificável de expressar a sua crença, e é nesse sentido que os desenhos são um forma de protestar contra a intolerância religiosa e à favor do nosso direito de expressão de idéias, nesse caso, artísticas. Como eternizado pelo escritor Philip Pullman, ninguém tem o direito de viver uma vida sem se sentir ofendido. Mais desenhos podem ser vistos “aqui“. Viva a liberdade de desenhar!
Desafiando o consenso científico: Quando os especialistas estão errados?
Fonte: Psychology Today
Autor: Paul Thagard *
Tradução: Rodrigo Véras e André Rabelo
Penso que a psicologia, a medicina e até mesmo a filosofia deveriam ser baseadas em evidências, o que exige que nos voltemos aos cientistas especializados para a reavaliação de nossas crenças correntes. Mas faz parte da natureza da ciência que, por vezes, os especialistas estejam errados. Quando é legítimo desafiar o consenso científico?
Decisões sobre psicoterapia, outros tratamentos médicos, e até mesmo sobre dilemas filosóficos não deveriam ser baseadas em intuições sem suporte de dados, mas em evidências experimentais. A melhor forma de descobrir quais evidências estão disponíveis é consultando especialistas que tenham revisado os estudos relevantes e os relatado objetivamente. No entanto, existem muitos casos na história da ciência em que o consenso científico entre os especialistas estava errado. Os exemplos incluem: As visões psicanalíticas freudianas das doenças mentais que foram dominantes nos anos de 1950, a perspectiva médica pré-1990 sobre as úlceras estomacais serem causadas por estresse e excesso de acidez, e a astronomia pré-copernicana que, confiantemente, colocava a Terra no centro do universo. Continue lendo…