Homens gays têm mais interesse sexual em crianças do que homens heterossexuais?

Fonte: Psychology Today

Autora: Alice Dreger*

Tradução: Rodrigo VérasAndré Rabelo

Eu pensei em segurar este post até a próxima vez que alguém no noticiário declarar que os homens gays são os culpados pelo abuso sexual de crianças. Eu provavelmente só teria que esperar umas duas semanas, no máximo.

Mas decidi ir em frente e divulgar esta pesquisa, para que da próxima vez que este assunto vier à tona, as pessoas racionais falando sobre essa questão tenham os dados que necessitam para sustentarem seus palpites.

Então, já no começo, deixe-me responder à minha pergunta no título:

Será que os homens gays têm mais interesse sexual em crianças do que homens heterossexuais? Não. E temos estudos de laboratório para provar isso.

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Programa do CQC sobre Vidência

O programa CQC exibiu recentemente uma reportagem sobre vidência onde eles entram em contato com videntes adeptos de diferentes abordagens (borra de café, bola mágica, cebola). Apesar do tom satírico característico do programa, essa reportagem levanta a questão da pseudociência e demonstra um aspecto que sempre foi muito positivo do programa: seu senso crítico afiado. Segue o vídeo do programa abaixo.

 

Cientistas Desde Cedo

Um número crescente de evidências têm apontado que mesmo crianças muito novas possuem uma capacidade de identificar padrões estatísticos sofisticados e relações causais em suas interações com o ambiente, e que muitos aspectos centrais do pensamento científico já estão presentes mesmo em etapas iniciais do desenvolvimento infantil humano. Isso é o que o psicólogo cognitivo Frank Keil da Universidade Yale relata em um artigo publicado recentemente na revista Science (Keil, 2011). Alguns exemplos comentados no artigo serão brevemente ilustrados a seguir.

Os cientistas recorrem diariamente a uma vasta gama de habilidades cognitivas essenciais para a realização do seu ofício como quando detectam correlações, inferem causas e descrevem mecanismos para explicar suas observações. O que é mais impressionante nos recentes estudos sobre desenvolvimento cognitivo é que muitas dessas habilidades podem ser observadas em crianças nos seus primeiros meses de vida.

ResearchBlogging.orgPodemos encontrar um exemplo disso na forma como crianças adquirem linguagem. Uma criança aprendendo a usar a linguagem precisa perceber a frequência com que certas sílabas ocorrem assim como “inferir padrões emergentes de ordem superior a partir dessas sílabas” (Keil, 2011). Um estudo de 2009 demonstrou que crianças com 5 meses de idade  aprendendo uma linguagem eram capazes de identificar os sons das sílabas assim como padrões visuais associados com cada sílaba. Continue lendo…

Semeando o Mundo com Heróis

Tudo que é necessário para o triunfo do mal é que homens de bem não façam nada.
– Sir Edmund Burke

A revista Science publicou um artigo recentemente (Miller, 2011) que traz o relato de um dos mais novos projetos do psicólogo social Phillip Zimbardo. Ele se tornou um dos psicólogos mais famosos no mundo por ter conduzido o famoso experimento da prisão de Stanford (comentado anteriormente aqui) e por ter sido o apresentador da série de divulgação científica Discovering Psychology.

Zimbardo particpou em 2004 do julgamento de Ivan “Chip” Frederick, um dos sargentos acusados de envolvimento em episódios de abuso e tortura na prisão de Abu Ghraib, no Iraque. O caso fez Zimbardo retomar questões envolvidas no seu famoso experimento e deu a inspiração para o seu próximo grande experimento –  o Projeto Imaginação Heróica – que tem como objetivo usar os resultados de pesquisas em psicologia social para ensinar as pessoas a reconhecerem as influências sociais às quais elas estão sujeitas no seu dia-a-dia e encorajar essas pessoas a praticarem “atos de heroísmo cotidiano” em situações que envolvam, por exemplo, bullying escolar, discriminação racial, discriminação sexual, violência doméstica, tortura ou abuso sexual.

O projeto planeja encorajar e dar o suporte para pesquisas sobre o tema, organizar cursos em escolas, incentivar a criação de jogos, programas, sites e grupos de ação conjunta. Além disso, pessoas do mundo todo podem enviar vídeos para serem publicados no site do projeto sobre os seus atos de heroismo realizados. Continue lendo…

Uma Conversa com Vinícius Ferreira sobre Psicologia Cognitiva

Vinicius Thomé Ferreira é doutor em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRGS) e atualmente é professor da Escola de Psicologia da Faculdade Meridional (IMED). Tem experiência em intervenção terapêutica, atuando principalmente nos seguintes temas: saúde, bioética, psicopatologia, psicologia evolucionista, psicologia cognitiva, avaliação psicológica e psicoterapia.

Além disso, mantém um ótimo blog de divulgação científica, o Psicologia Cognitiva. A seguir vocês poderão ler uma entrevista concedida gentilmente por ele para o blog Ciência – Uma Vela no Escuro, explorando uma série de aspectos acerca da psicologia cognitiva, da ciência cognitiva e da terapia cognitiva.

Vinicius, o que é a psicologia cognitiva?

A psicologia cognitiva é uma área da psicologia que se ocupa de estudar os fenômenos mentais, especialmente aqueles que envolvem as informações que temos sobre o mundo (recepção, organização, armazenamento, processamento e expressão). Esses fenômenos são chamados de processos cognitivos, pois permitem que tenhamos algum tipo de representação, um conhecimento do mundo e de nós mesmos.

Qual a importância da psicologia cognitiva hoje no panorama mundial da psicologia?

Ela é uma das correntes psicológicas mais influentes na atualidade. Ela cresceu muito com a necessidade de termos na psicologia um referencial teórico que conseguisse lidar com o pensamento tão bem como o behaviorismo lida com o comportamento. Talvez o grande mérito da psicologia cognitiva seja o esforço de analisar com experimentação controlada os fenômenos mentais como o pensamento, a percepção, a memória e a linguagem, estabelecendo de forma robusta o conhecimento sobre estes fenômenos. Além disso, possui uma aplicação prática na educação, auxiliando no desenvolvimento de materiais educacionais de melhor qualidade, e na psicoterapia. No campo organizacional, permite a compreensão mais afinada dos processos de comunicação, além de ser um recurso que pode aumentar a eficiência e a eficácia do trabalho. Continue lendo…

Corpos Sem Almas

Fonte: Project Syndicate

Autor: Paul Bloom

Tradução: Rodrigo VérasAndré Rabelo

O principal estudioso da inteligência artificial do mundo, uma vez descreveu as pessoas como máquinas feitas de carne. Isso capta muito bem o consenso nas áreas de psicologia e neurociência, que nos diz que nossas vidas mentais são produtos dos nossos cérebros físicos, e que esses cérebros são moldados não por um criador divino, mas pelo processo cego de seleção natural.

Mas, com exceção de uma pequena minoria de filósofos e cientistas, ninguém leva essa visão a sério. É ofensiva. Ela viola as doutrinas de toda religião e  entra em conflito com o senso comum. Nós não sentimos, afinal, que somos apenas corpos materiais, pura carne. Ao contrário, ocupamos nossos corpos. Nós os possuímos. Somos espontaneamente atraídos para a visão defendida por René Descartes: Nós nascemos naturalmente dualistas, assim, vemos corpos e almas de forma separada.

Esse dualismo tem consequências significativas para a forma como pensamos, agimos e sentimos. O filósofo Peter Singer discute a noção de um círculo moral – o círculo de coisas que são importantes para nós, que têm um significado moral. Este círculo pode ser muito pequeno, incluindo apenas os seus parentes e aqueles com os quais você interage diariamente, ou pode ser muito amplo, incluindo todos os seres humanos, mas também fetos, animais, plantas e até mesmo o próprio planeta terra. Para a maioria de nós, o círculo é de tamanho médio, e destrinchar seus limites precisos – Será que inclui as células-tronco, por exemplo? – pode ser uma fonte de angústia e conflitos. Continue lendo…