Publicado
30 de ago de 2012
Gerson A. Janczura
O professor Gerson A. Janczura estuda a memória humana no Laboratório de Processos Cognitivos da Universidade de Brasília (UnB). Sendo um dos pioneiros da área, Gerson teve um papel importante na introdução e expansão da psicologia cognitiva no Brasil. Nesta entrevista que ele gentilmente nos cedeu, o professor explorou um pouco do conhecimento que possuímos hoje acerca de como a memória humana funciona, de como somos capazes de formar memórias falsas, das intervenções práticas que a psicologia cognitiva pode subsidiar e das dificuldades que a psicologia cognitiva enfrenta para ganhar espaço no Brasil.
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Publicado
22 de ago de 2012
Mônica C. Miranda é pesquisadora pela Associação Fundo de Incentivo à Pesquisa (AFIP), formada em Psicologia pela Universidade São Marcos e possui Mestrado e Doutorado em Psicobiologia pela Universidade Federal de São Paulo. É orientadora do Programa de Pós-Graduação em Educação e Saúde e Pesquisadora do Depto de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo. Coordena o Núcleo de Atendimento Neuropsicológico Infantil Interdisciplinar (NANI) do Centro Paulista de Neuropsicologia. Mônica é também uma das autoras do livro Neuropsicologia do Desenvolvimento: conceitos e abordagens, publicado em 2006. Além disso, ela também é uma das organizadoras do livro Neuropsicologia do Desenvolvimento: Transtornos do neurodesenvolvimento, que será publicado em outubro de 2012 pela Editora Rubio. Nesta entrevista, a Mônica ofereceu a sua perspectiva, enquanto uma profissional da área, sobre as recentes polêmicas envolvendo o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), além de comentar sobre os seus projetos de pesquisa. Façam bom proveito!
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Publicado
13 de ago de 2012
Indo além da consiência
Como comecei a comentar no último texto, a psicologia têm desvendado nos últimos anos a dimensão implícita ou inconsciente de nossas mentes, que na maior parte do tempo não somos capazes de perceber ou não temos motivação para relatar. Isso significa que, a princípio, podemos possuir avaliações negativas de grupos, como conservadores ou homossexuais, das quais nem nos damos conta ou nos sentimos desencorajados a revelar em público, mas que podem ainda assim enviesar nossos pensamentos e ações no cotidiano.
Para lidar com estes problemas – o da limitada capacidade de introspecção e da falta de motivação para relatar certas informações -, os psicólogos buscaram alternativas para as medidas de auto-relato, e foi a partir dai que o estudo da cognição implícita passou a se tornar uma vasta área de pesquisa não só na psicologia social, mas abrangendo os mais diversos tópicos de interesse – preconceito racial, auto-estima, relacionamento romântico, religião, transtornos mentais, tendências suicidas, vício em drogas [1, 2] – e subáreas da psicologia – psicologia clínica, psicologia forense, psicologia política, psicologia do desenvolvimento, psicologia da saúde e psicologia do consumidor [1, 2]. Uma das principais contribuições que essa área ofereceu foi o desenvolvimento das chamadas medidas implícitas, que nos permitiram tentar responder a perguntas sobre o que estava além da consciência.
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Publicado
7 de ago de 2012
O que podemos saber sobre o que influencia nossos comportamentos?
Imagine o seguinte cenário: alguém lhe pergunta qual era o nome de solteira da sua mãe. Você consegue responder com grande facilidade. Em seguida, a pessoa lhe faz outra pergunta: “como foi que você conseguiu lembrar disso?” Provavelmente, você responderia algo como: “eu não sei, eu só lembrei mesmo.” No dia-a-dia, confiamos regularmente na capacidade das pessoas de explicarem seus próprios comportamentos, como quando perguntamos “porque você fez isso?” ou “porque você não gosta disso?”
Também confiamos, sem perceber, na nossa própria capacidade de avaliar isso, considerando a rapidez com que somos capazes de oferecer explicações para os nossos comportamentos quando somos questionados sobre porque fizemos algo. Mas ao considerarmos o que a psicologia tem a dizer sobre esta capacidade, as pesquisas indicam que com frequência dizemos mais sobre nós mesmos do que poderíamos saber.
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Publicado
3 de ago de 2012
Zé Carioca, personagem simbolizando a malandragem brasileira
O Brasil é o país do “jeitinho.” Somos famosos mundialmente por “dar um jeitinho para tudo” e pela nossa malandragem. O potencial brasileiro para a improvisação e para a criatividade, características centrais do jeitinho, é ao mesmo tempo algo que podemos sentir orgulho e vergonha, pois ao mesmo tempo que o jeitinho se refere a uma habilidade refinada para a resolução criativa de problemas, também se refere à nossa capacidade engenhosa de agir corruptamente para obter benefícios pessoais de maneira criativa.
Nas sociedades chinesas, é comum se observar um construto cultural semelhante ao jeitinho, o guanxi. O guanxi também é uma estratégia usada cotidianamente para a resolução de problemas, mas se diferencia do jeitinho em diversos aspectos, principalmente porque o jeitinho não envolve relações previamente existentes entre as pessoas ou a ação de qualquer mecanismo de reciprocidade, como é o caso do guanxi.
O jeitinho pode ser entendido como um tipo de ação visando obter benefício próprio ou a resolução de um problema prático, fazendo uso de criatividade, cordialidade, engano e outros processos sociais [1]. Tanto na antropologia quanto na sociologia, o fenômeno do jeitinho brasileiro têm sido muito estudado e enfatizado como um aspecto central da identidade cultural brasileira. O símbolo do malandro, ilustrado pelo personagem de desenho Zé Carioca na imagem acima, captura a essência deste modo flexível, porém muitas vezes prejudicial a terceiros, de navegar socialmente.
Um problema enfrentado nas áreas que tradicionalmente estudam o jeitinho é no seu próprio significado, pois diversas definições costumaram capturar diferentes aspectos do jeitinho sem fazer referência aos outros aspectos. Foi visando compreender de maneira mais sistemática o jeitinho brasileiro que um grupo de pesquisadores, incluindo vários brasileiros, publicou este ano um artigo no Personality and Social Psychology Bulletin [1].
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