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Mais confiável que o Google: “Enciclopédia da Vida”

Que Google que nada… A Enciclopédia da Vida (Encyclopedia of Life ou EOL, em inglês) é um ambicioso projeto que busca organizar e disponibilizar pela internet as informações de todas as vidas presentes na Terra. E olhe que isso não é pouco. Existem cerca de 1,8 milhão de espécies conhecidas. O site diz sintetizar todo esse conhecimento – incluindo  taxonomia (espécie, grupo, etc), distribuição geográfica, coleções, genética, história evolutiva, morfologia, comportamento, relações ecológicas e importância para o bem-estar.
Eu busquei a palavra “onça” – escrito exatamente dessa maneira – e apareceu o resultado correto! Fantástico. O único detalhe é que o site está em inglês, apesar que algumas páginas podem ser lidas em espanhol. Outra coisa chatinha é que o site demora para carregar e alguns dados só pode ler se cadastrar – como os comentários.
O EOL afirma que é abastecido por cientistas e não-cientistas de museus e instituições de pesquisa de todo o mundo. Atualmente, o site possui 20 empregados diretos. Ele é ideal para pesquisas de colégio, sanar dúvidas ou para matar a curiosidade. Clique aqui para conhecer o site.

O site da imagem é outra opção de busca de vida na Terra. Clique aqui e conheça o mundo que se abre!

“Desmatamento evitado” dá certo, diz ONG

Mastigação. O resultado do leilão do meu chiclete (!) saiu. Será doado R$ 1.100,25 para a instituição Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS). Conheci melhor o trabalho dessa organização no início do ano, enquanto apurava uma matéria. Na época, conversei com o diretor da entidade Clóvis Borges.
Confesso que fico meio cabrera quando o assunto é ONG. Tenho lá minhas desconfianças, críticas e restrições, mas o trabalho deles pareceu interessante. Principalmente, porque a SPVS possui ações para preservar a Mata Atlântica paranaense, ou melhor, as florestas de araucárias.
Óbvio que puxei sardinha para meu lado. Sou paranaense e apaixonada por esse tipo de mata. Adoro o clima da região, o cheiro do pinheiro molhado e toda a fauna sustentada por ele. Fiz matérias sobre suas lendas – leia aqui as histórias.
No começo do ano a SPVS se empenhava em um projeto chamado “Seguro Verde”. A idéia dos caras era realizar o que eles chamam de “desmatamento evitado”. Em vez de sair plantando árvores em tudo quanto é vão livre, eles queriam conservar áreas primárias – em bom estado – de matas com araucária. Afinal, se ninguém protegesse, elas inevitavelmente seriam derrubadas.
Funciona assim. A cada contratação ou renovação de apólice feita no banco HSBC, o cliente “ganha” um bônus para preservar uma área nativa de 88 m² – no caso de seguro veicular – ou de 44 m² – seguro residencial. Segundo estimativas realizadas pela SPVS, cada carro – de médio porte e que rode cerca de 50 km/dia com gasolina – produz anualmente cerca de 4 toneladas de CO2. No caso das residências, o cálculo médio – uso de gás, eletricidade, geração de lixo, etc. – é de 2 toneladas de CO2.
Em seguida, o recurso é repassado aos proprietários de terras – eles recebem uma quantia mensal para que as áreas sejam conservadas. “O Brasil passa a combater o aquecimento global com ações focadas em evitar o desmatamento”, diz Borges. O país é o quinto maior emissor de gases de efeito estufa devido às queimadas e ao desmatamento.
Resultado. Segundo a instituição, o Programa Desmatamento Evitado garantiu a adoção e preservação de 14 propriedades do Paraná. O total protegido chega a 1.763 hectares – o que equivale a 2,67% dos remanescentes de floresta com araucária.
Devastador. Há pouco tempo atrás, as florestas com araucária tinham 167 mil km² das terras sulinas. Dessa quantia, 80 mil km² estavam no Paraná – um terço da área total do estado. Em 2001, só restavam 0,8% desse lindo bioma.
Telêmaco Borba. Cada ano que viajo para minha terrinha natal, vejo menos pinheirinhos de pé. Uma pena… Mas, mesmo assim, há um trecho muito interessante na estrada. Quando falta exatamente uma hora para chegar na cidade, há o início de um corredor polonês composto por pinheiros nos dois lados da beira da estrada. O caminho é uma reta só. Cheia de subidas e descidas. Durante o dia, os braços dos pinos não deixam a luz chegar ao solo. À noite, uma neblina devastadora toma conta do local. Guarde os temores no porta-malas. É o início da Terra do Nunca.

Eu vi pinguim

Este ano, o número de pinguins – sem acento, Acordo Ortográfico – que apareceram na costa brasileira foi recordista. Não tenho o total, mas esse dado biologistas me passaram. Todo inverno, as aves viajam da Patagônia em busca de alimento. Fogem do frio rigoroso de lá, porque falta comida. Como o mar de alguns estados do Nordeste, como a Bahia, estava com dois graus a menos na temperatura, eles conseguiram nadar além de Salvador.
Dentro do oceano, existem correntes de água – lembra-se do filme “Procurando Nemo”?. Eles pegam “carona” nelas e sobem para o Brasil. Alguns, geralmente os mais fracos – seleção natural -, se perdem do bando e param nas praias. Machucados, mordidos, famintos são cuidados por especialistas que, em seguida, mandam eles de volta para o mar. Veja aqui um infográfico bem engraçado dos bichinhos que serão colocados no mar de Rio Grande do Sul hoje mesmo. A corrente marítima para volta à “casa” passa perto do Brasil. Acredito que em poucos dias eles estarão na Argentina novamente.
Há alguns anos, no inverno gélido e coberto de ventos, fui para Pontal do Sul, no embarque para a Ilha do Mel, Paraná. Estava eu, só, caminhando pelas pedras onde os pescadores lançam seus anzóis. Pasmando com os olhos descansados no mar agitado, observei algo estranho na água. “Ué”, cocei a cabeça. “Acho que vi um pato no mar”, pensei. “Pato… No mar?”, foquei com mais atenção.
Era um… PINGUIM! Se eu não me engano, da espécie pinguim-de-magalhães. Ah, que gracinha! Ele mergulhava e “boiava” calmamente. Até que, uma hora mergulhou e o perdi de vista. Sai contente, pô, já tinha visto golfinho no verão da Ilha do Mel, mas pinguim era novidade! Voltando para contar aos meus parentes, mais uma surpresa. E não é história de pescador.
Uma foquinha bebê! Ela subiu nas mesmas pedras, toda machucada. Acho que estava cega de um olho. Muito debilitada mesmo – e agitada. Cheguei perto, ela se virou para mim. A minha idéia – coisa de Felícia – foi fazer “carinho” na sua pele. Ah tá que ela iria deixar. Começou a rosnar, como um cachorro. Ameaçava morder – claro, bem. Logo em seguida, fugiu. Quando surgiu no Iate Club, chamamos os biólogos da região que trataram o animal. Disseram que, provavelmente, ela foi ferida por pescadores, por tentar comer o peixe das redes. Se ambos os animais sobreviveram? Espero que sim. Leia aqui um post de Uma Malla Pelo Mundo sobre as aves.
Foto: Centro de Recuperação de Animais Marinhos (CRAM).