Enquanto Alagoas está repleto de coqueiros – vou fazer um post sobre isso -, desde 1500, Pernambuco foi tomado pela cana-de-açúcar. Antes, ela era cultivada para gerar o açúcar. Agora, também é usada na produção de etanol.
Por todas as estradas que passei como a PE-060, a PE-009 e a BR 101 – veja um roteiro resumido da viagem aqui, no Google Maps – apenas lembro de uma única vez cruzar uma Área de Proteção Ambiental (APA) de Mata Atlântica no estado de Pernambuco.
Durante praticamente todo o trajeto, a Mata Atlântica cedeu lugar à cana plantada até a beira das estradas. Inclusive, cultivada em cima dos morros (!) – observe na foto. As matas ciliares dos rios que vi foram preservadas. Mas alguns riachos chegam a cruzar estradas de terras – foto abaixo.
O pior não pára por aí. Para facilitar a colheita – ajudar a despalhar a cana -, em muitos casos ela é queimada. Eu vi a prática. O perigo é que o fogo pode alcançar as matas de preservação. Além disso, segundo pesquisas, as partículas suspensas entram no sistema respiratório. Elas podem provocar reações alérgicas e inflamatórias ou, se caírem na corrente sanguínea, complicações em diversos órgãos.
De acordo com a Fundação Joaquim Nabuco, “a cana-de-açúcar é plantada na zona da mata de Pernambuco, na chamada zona canavieira há quase 5 séculos. A área cultivada tem cerca de 12 mil km², fica situada próxima ao Oceano Atlântico, possui solos ricos para a agricultura, onde não há ameaças de secas e os rios são perenes”. Apesar do histórico, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2007, São Paulo é o estado que mais cultiva a cana-de-açúcar (58,8% da safra nacional).
No Nordeste, o sol da primavera é escaldante. Percorrendo as estradas, nossos braços expostos ao sol ardiam. Quando cruzamos a APA, uma brisa fresca tomou conta do carro. O barulho dos pássaros também nos deixou mais tranquilos.
Foi triste ver a riqueza do bioma-mais-lindo-do-mundo ceder lugar à monocultura da cana-de-açúcar. Minha vontade era de negar o etanol. Porém, ironicamente, o carro que usei no trajeto foi abastecido com álcool. Que, não sei até quando, ainda polui menos que o petróleo. Veja mais fotos aqui.