Saiba como ajudar a ciência pelo computador

Genial a idéia. Existe no Brasil um projeto de computação voluntária. Com outras palavras, você doa a capacidade de processamento ociosa do seu computar à ciência. Para que isso aconteça, deve-se instalar um software. Enquanto estiver conectado à internet, ele executa os projetos para os quais está configurado como, por exemplo, descobrir uma vacina para a Aids ou vida extraterrestre.
Fiz uma pequena entrevista com Presciliano dos Santos Neto, fundador do SETIBR, grupo brasileiro de apoio ao projeto, para explicar um pouco mais. Ele disse que esta semana alcançou a capacidade de processamento equivalente a 1 teraflops –  como um super computador. Além disso, 50 milhões de créditos foram processados. Veja:
Xis-xis: O que é o SETIBR?
Presciliano dos Santos Neto:
O SETIBR é um grupo de apoio aos projetos BOINC. Iniciamos em 1999 com o SETI@home, que deu origem ao nome do grupo e projeto no qual temos a maior participação. Atualmente, participamos de vários outros projetos como o World Community Grid – que pesquisa cura para doenças como câncer e AIDS -, Climate Prediction – que estuda mudanças climáticas e aquecimento global -, entre outros. A computação voluntária permite que qualquer usuário de computador – com qualquer configuração – com acesso à Internet – mesmo discada – doe a capacidade de processamento ociosa de seu computador para a ciência. Qualquer participante dos projetos BOINC pode criar seu próprio grupo ou participar de times já existentes como o SETIBR.
Xis-xis: O que é o BOINC?
Neto:
BOINC é a sigla de Berkeley Open Infrastructure for Network Computing. Uma plataforma desenvolvida por pesquisadores da Universidade da Califórnia em Berkeley para projetos de processamento distribuído. Ela permite que cientistas, com um pequeno investimento em infraestrutura, tenham acesso a uma capacidade de processamento equivalente a de um supercomputador. Aliás, a capacidade de processamento somada dos projetos BOINC é superior a capacidade de processamento do maior supercomputador do mundo – o IBM RoadRunner.
Xis-xis: Como funciona o programa?
Neto:
O BOINC tem um software voltado ao voluntário, o software cliente, e o software utilizado pelo cientista, o software servidor. É no lado servidor que o cientista vai colocar os dados a serem distribuídos para os voluntários, através do software cliente. Após o processamento, o software cliente retorna os resultados, que são validados e então geram “créditos”, uma unidade com o objetivo de comparar a participação entre os voluntários, times, projetos e países.
Xis-xis: Ao instalar o programa, corre-se o risco de pegar vírus no computador?
Neto:
O risco existe ao baixar o software cliente do BOINC de locais não confiáveis. No site do SETIBR, o download para o software redireciona para o site oficial do BOINC, a fim de evitar esse risco. As comunicações entre o software cliente e servidor são criptografadas, aumentando a segurança. Não é possível afirmar que existe software 100% seguro, mas até o momento não tenho conhecimento de nenhum caso de infecção de virus ou de ataques através do BOINC.
Xis-xis: É possível escolher com qual pesquisa quer colaborar?
Neto:
Sim, os participantes podem escolher em quais projetos participar e, entre os projetos, ainda podem definir  quais aplicações. Por exemplo, o World Community Grid é um projeto com várias aplicações: o FightAIDS@home, Help Conqueror Cancer, Rice Nutrition for the World, The Clean Energy Project, Human Proteome Folding e Discovering Dengue Drugs. É possível, ainda, restringir quanto da capacidade de processamento do computador será utilizada, definindo o número de núcleos de processador que serão usados e em que percentual, bem como os horários em que o programa deve rodar.
Xis-xis: O computador trabalhará mais devagar?
Neto:
O BOINC é desenhado para utilizar a capacidade de processamento ociosa até os limites definidos pelo usuário. Dependendo da configuração, ele pode interferir no desempenho de outros programas, principalmente de jogos e softwares de CAD, mas pode ter as configurações adequadas para minimizar o impacto ou ser facilmente desabilitado quando se deseja rodar uma aplicação mais pesada – basta clicar no ícone na barra de tarefas e em “Pausa”. O software também pode ser configurado para trabalhar apenas como protetor de tela. Nesse caso vai rodar apenas quando o computador estiver ocioso, não interferindo no funcionamento dos demais softwares enquanto o computador estiver em uso.
Xis-xis: Se a pessoa não quiser mais colaborar, como faz para cancelar?
Neto:
Basta desinstalar o software cliente do BOINC do computador.
Interessou? Saiba mais e baixe o programa no site do SETIBR – clique aqui.

Vida de cientista não é fácil

Se pensa que todo pesquisador coloca seu jaleco branco e, em seguida, cai na maçante rotina do laboratório trancafiado entre paredes frias… Está enganado. Selecionei duas pesquisas de campo de dar inveja a qualquer alpinista que alcançou o topo do Everest. Aliás, a todo aventureiro de final de semana. Será que não tem uma vaguinha para mim?
Os “sereios”

Fiquei impressionada com o Aquarius. O único laboratório subaquático, ou seja, uma estação de pesquisa estabelecida dentro do mar. Ele está localizado a cerca de 6 km da Flórida, nos Estados Unidos, e a 18 m de profundidade. Os cientistas vivem lá por dez dias. Tempo para explorar o recife de coral. Óbvio, o objetivo do projeto é facilitar as pesquisas realizadas no fundo do oceano. Afinal, basta colocar o cilindro nas costas e dar uma voltinha. Ah, por que não entra água na estação? Ué, tente mergulhar um copo vazio – de ponta cabeça – em uma bacia repleta do líquido para entender. Clique aqui para ler mais, ver outras fotos e vídeos sobre o projeto.

Os caçadores

As “tralhas” carregadas por esses, em geral, meteorologistas parecem sugar os furacões e tornados – veja diferença entre ambos aqui. Mas veja bem. Existem os “caçadores” insanos e os insanos. Os primeiros rodam horas na estrada atrás de um bom exemplar para pesquisa – e colocam suas câmeras e apetrechos de medição a poucos metros do centro da tormenta. Os segundos voam de avião por cima ou entre o fenômeno natural. Nos dois casos, um dos objetivos de tanto risco é estudar o comportamento – ventos, chuvas, etc – desses gigantes. Para xeretar mais sobre o assunto, indico este site da associação americana de caçadores aéreos – Hurricane Hunters – e o site da Universidade do Texas.


Escolha para onde Hubble vai apontar

Quer ser astrônomo por um dia? O site do Hubble dispõe de uma votação diferente para comemorar os 400 anos em que Galileu Galilei apontou seu “telescópio-geringonça” aos céus. O “muderno”  Telescópio Espacial Hubble disponibilizou seis fotos cada uma de um objeto diferente – como galáxias, planetas ou onde nasce as estrelas – no site. O internauta escolhe sua preferida.
É simples. Basta clicar na sortuda e, na página que carregar, colocar seu e-mail. A votação irá até dia primeiro de março. O objeto vencedor, divulgado em abril, será o foco das atenções do Hubble. O gigante se voltará para ele e… tirará 100 imagens. Observação: todos os seis concorrentes são nunca dantes observados. Não é divertido? Para votar, clique aqui. Ah, o site está em inglês. Mas quem não entende, pode relaxar. Uma imagem vale mais que mil palavras.
Eu votei na que está em primeiro lugar – foto acima -: Galáxia em Espiral NGC 5172. É fantástica a imagem, apesar que achei sensacional a idéia de pesquisar mais sobre o nascimento das estrelas – NGC 6634.

Conhece o plástico verde?

A Braskem foi uma das empresas vencedoras do Prêmio Responsabilidade Ambiental da Global Plastics Environmental Conference (GPEC) 2009, promovido pela Society of Plastics Engineers (SPE). A petroquímica brasileira – isso mesmo, pasme – ganhou graças ao projeto “Materiais plásticos feitos de recursos renováveis”.
Trata-se de um polietileno – ou plástico – criado a partir do etanol de cana-de-açúcar. Segundo esta matéria que li no site Terra, o produto é o resultado de uma composição com 90% de eteno e 10% de buteno, gases obtidos a partir do processamento da cana.
Há dois anos, estava pesquisando sobre o produto para publicar uma matéria na revista de decoração em que eu trabalhava. Na época, a assessoria de imprensa afirmou que a partir de 2009 a produção seria em escala industrial.
A empresa está montando uma fábrica em Triunfo, se não engano uma cidade de Pernambuco do Rio Grande do Sul. Pelo que andei lendo, apesar das previsões, apenas ficará pronta para valer em 2010. Eles pretendem produzir até 200 mil toneladas por ano do produto.
Segundo a Braskem, multinacionais de vários ramos – como até a cosmética – estão interessadas. Afinal, o produto contém 100% de matéria-prima renovável. Só tem um problema, quanto será necessário plantar para produzir o tanto?