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Debate sobre transgênicos, e aí?

Enfrentei o frio do escondido Pavilhão Armando de Arruda Pereira, no Ibirapuera, sábado. A causa era interessante. Fui conferir o debate de Walter Colli, presidente da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), e Hertor Escobar, jornalista de O Estado de S. Paulo. O tema era “Transgênicos e mídia”, promovido pela revista Pesquisa FAPESP em parceria com os organizadores da exposição Revolução Genômica.
Durante o encontro, foi colocado que muitas matérias ou artigos que ganharam destaque na mídia ou na internet são contra os transgênicos. Também, que há uma falta de conhecimento sobre o tema, principalmente, por parte da população. Natural. É um assunto complexo e nossa educação básica é precária. Muitas vezes, noticiar sobre ciência requer espaço nos veículos de comunicação – para explicar cada detalhe e nomenclatura – o que nem sempre é possível.
Uma pergunta instigante foi feita pela Mariluce Moura, diretora de redação da revista Pesquisa FAPESP: “Por que a discussão sobre a liberação dos transgênicos é tratada de forma tão passional?” Resumindo a discussão, isso seria conseqüência da falta de respeito pelo conhecimento científico e de interesses econômicos. Também, porque os transgênicos estão diretamente ligados a um item básico para nossa sobrevivência, a comida. Segundo o que foi falado, até o momento, as pesquisas científicas indicam que o uso de transgênicos é seguro.
Você sabia que consome transgênicos todo dia? O médico Colli passou uma lista deles: insulina (hormônio que metaboliza o açúcar), interferon alfa (medicação), lipase (enzima responsável pela digestão), enzimas de sabão em pó (!), quimosina (enzima usada na fabricação do queijo), vacinas contra hepatite B e contra gripe aviária.
Mais curiosidades abordadas:

  • Hertor disse que foi feita uma pesquisa na Itália. Questionaram a população. O tomate “normal” tem DNA? E o transgênico? A maioria respondeu que o comum não tinha, mas que o transgênico sim.
  • Conforme foi apresentado por Colli, as plantas transgênicas são mais produtivas. Isso diminuiria o volume de terra usada para as plantações.
  • Nenhuma pesquisa é 100% segura, mas cientistas brasileiros analisam com base científica qual produto transgênico pode ou não ser liberado.

Mas, o que é esse tal de transgênico? É toda espécie que possui material genético de outra. Por exemplo, pode-se jogar agrotóxico para matar as larvas que comem o milho. Ou, colocar no milho o gene da bactéria que “mata” a larva.
Desde que as pesquisas não indiquem riscos ao meio ambiente e para a saúde humana, não vejo problema com os transgênicos. Claro que deve-se ter o controle deles para não causar um desequílibrio ecológico. Quanto à saúde, é importante sempre acompanhar seus efeitos. E você, o que pensa sobre o assunto?
E, já anote na agenda:
Semana que vem haverá uma palestra que promete ser bacana. Jan Hoeijmakers falará sobre “Envelhecimento e longevidade: quanto duram seus genes?”. Será dia 18/05, domingo, às 11h no Parque do Ibirapuera. Hoeijmakers é pesquisador de genética molecular e professor da Universidade Erasmus em Roterdã (Holanda). Ele fez estudos sobre os princípios de organização e processos de reparo de DNA em células vivas. Isso permitiu investigar as bases moleculares do envelhecimento e da expansão do tempo de vida. Com isso, espera combater doenças comuns da velhice. Em 2004, criou a empresa Dnage, que desenvolve produtos contra o envelhecimento a partir desses estudos.

And the Webby goes to…

Este mês, foram divulgados os sites vencedores do The Webby Awards – incluindo os melhores na categoria ciência. Esta é a 12ª edição da premiação realizada pela International Academy of Digital Arts and Sciences. Quase 500 mil internautas do mundo todo e 550 jurados – como o criador dos “Simpson’s” Matt Groening – votaram. Dia 10 de junho, em New York, será a entrega do troféu aí ao lado.
E agora, com vocês… tchan tchan tchan… os melhores sites de ciência:
Vencedor master – Nature
O voz do povão – NASA’s Earth Observatory
Indicados –
Microscope Imaging Station
NASA’s Jet Propulsion Laboratory
Water: H2O = Life
Obs.: Todos são bacanas, mas experimente o Microscope Imaging Station. Também, vale a pena entrar na página da premiação e fuçar os vencedores das outras categorias. Outros sites seguem essa linha de divulgação científica. Bom surf!

As mulheres não são mais as mesmas

Obrigada vovós por terem queimado vossos sutiãs! Olhe, já ouvi mulher reclamar dessas Joanas d’Arcs ancestrais. Que, por culpa delas, agora nós somos obrigadas a fazer dois turnos. No trabalho, que antes eram só para os homens, e em casa, antigamente só para as mulheres. Tem estudos que ilustram essa realidade. Mas, isso é outro problema. O importante desse post é que temos mais duas lutas ganhas!
Até poucos anos atrás, as mulheres que não se casavam cedo ou que moravam sozinhas eram intituladas como “solteironas”. De forma pejorativa. “A solteirice tem sido recorrentemente representada como uma falta essencial, uma anomalia social, jamais um caminho, entre outros, escolhido como parte de um projeto de vida que pode ser vivido positivamente”, disse Eliane Gonçalves, autora da tese de doutorado defendida na Unicamp “Vidas no singular: noções sobre ‘mulheres sós’ no Brasil contemporâneo”, orientada por Adriana Piscitelli. E os homens? Nesse caso, eram vistos como sucedidos, “bom partido”, bons de…
Após trabalhar com um grupo de mulheres com idades entre 29 e 53 anos, sem filhos e morando sozinhas há mais de dois anos… A pesquisadora contesta a idéia de que elas estão sós porque esperam seu príncipe encantado. Ou que foram preteridas em função das mais jovens ou por motivos afins. “Há escolhas que elas vão fazendo ao longo da vida, como privilegiar a carreira para marcar seu lugar no mundo”. Sob a lógica do “familismo” – pressupõe o par e o casamento como privilégio de saúde e felicidade – a mulher “só” é vista como solitária e infeliz, frustrada e insatisfeita. O fato é que a mulher pode ser feliz na sua independência. Ela namora e pretende ter filhos. Apesar da individualidade… Não deixa de ser uma quebra de preconceitos. Acho ótimo, mas eu quero ter um chinelo velho, no mesmo teto que eu, para esquentar os pés! Fonte: Fapesp
Segundo tabu – adoro essa palavra, veja o filme “Tabu” de Robert Flaherty. Recomendo a leitura do post “Mulheres Famintas” do Sexpedia sobre uma entrevista publicada na Times. A psicóloga norte-americana Michele Weiner afirma que 60 % das mulheres pesquisadas desejam sexo de maneira igual ou superior do que os maridos. Dor de cabeça? Nunca mais!

Quem gosta de passado é…

Museu! Ao menos alguém tem que cuidar do “de onde viemos” para sugerirmos o “para onde vamos”. Os museus são importantíssimos para as sociedades – não vou enumerar todas as relevâncias. Principalmente, em um país como o nosso, onde muitos não estão nem aí para o passado.
Digo isso porque, entre os dias 12 a 18 de maio, no Rio de Janeiro (RJ) acontecerá a 6ª Semana Nacional de Museus. O tema abordado será Museus: Agentes de Mudança Social e Desenvolvimento“. No período, o Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast/MCT) fará uma programação especial. O que inclui lançamento de livros, palestras, cursos, oficinas e a observação do céu pelos telescópios. Uma das principais atividades ocorre no dia 14, quando o Museu estará aberto para que os visitantes conheçam suas instalações e conversem com os funcionários.
A Semana Nacional de Museus é feita sempre no mês de maio desde 2003 – ano em que foi inserida a “Política Nacional de Museus”. Na programação estão projetos educativos e culturais, visitas monitoradas gratuitas, palestras, seminários, filmes, oficinas, espetáculos teatrais, shows, gincanas e outras ações que intensificam as relações dos museus com a sociedade.
Na edição deste ano serão realizadas 1.420 atividades em 447 museus de todas as regiões do país, com destaque para a região Sudeste, com 569 eventos em 169 instituições.

Cuidado, buraco negro!

Nossa, esta semana estou apocalíptica. Nostradamus ficaria assustado comigo! Bem, vamos ao que interessa. O funcionamento do LHC, que seria em maio, foi adiado para junho por questões técnicas e de segurança. Aliás, tem gente com medo de que os minúsculos buracos negros – que possivelmente serão formados dentro dele – engulam toda a Terra. Acabando com a nossa ínfima vida. Os cientistas Walter Wagner e Luis Sancho entraram com um processo na corte federal do Havaí contra o Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (CERN), responsável pelo LHC.

O Large Hadron Collider (LHC) ou, em português, Grande Colisor de Hádrons é um monstruoso acelerador de partículas. Com ele, será possível ter uma noção mais palpável de como o universo foi formado, obter informações sobre o Big Bang, unificar – ou não – leis da física que não se encaixavam, entender que raios é a matéria escura e do que ela é feita, criar pequenos buracos negros… Alguns cientistas brasileiros, com os quais conversei, falaram que é impossível sermos devorados por eles. Acredito nos tupiniquins.

Algumas informações assombrosas sobre o LHC:
É a maior obra de engenharia civil;
Tem 27 km e está construído a 100 m abaixo do solo;
A França e a Suíça gastaram 10 bilhões de francos suíços na construção;
Sem contar o investimento feito por outros países;
Os cientistas estão em busca do Higgs, uma partícula jamais vista;
Podem descobrir se existem as 11 dimensões extras da “Teoria de Cordas”;
O tubo é revestido com 96 toneladas de hélio líquido resfriado a -271 ºC;
Que vantagem Maria leva? Em cinco anos, nossa internet ficará mais rápida. Poderão ser empregadas novas terapias contra o câncer, menos invasivas e mais eficientes. Os lasers tenderão a melhorar… Entre outras coisas boas que, no futuro, nos aguarda…
Agradecimento: Prof. Dra. Maria Cristina Batoni Abdalla . Ela é super competente.

Virada Científica

Em São Paulo, haverá a Virada Cultural no próximo final de semana. Ou, Virada Científica. Separei algumas atrações do gênero para quem preferir aprofundar seus conhecimentos sobre ciência. Se estarei em algum deles? Não sei. Adoro ciência, mas sou apaixonada por samba e bossa nova. Fiquei entusiasmada com a programação do Teatro Municipal e com o Bloco da Virada… Também, com a promoção de livros do catálogo da Pinacoteca, o jantar do MCB, os cafés literários…
Veja alguns eventos ligados diretamente, ou não, ao tema ciência:
Planetário Aristóteles Orsini
Museu da Língua Portuguesa
Pinacoteca do Estado
FESPSP
Virada das Vampiras
Confira toda a programação aqui. A do Metro, ali. Mais o SESC.
Ah, e aproveite para deixar o carro em casa. Conseqüentemente, a não poluir ainda mais a cidade. O metrô vai funcionar 24 horas. Faça como eu. Entre escolher uma escada ou um elevador, sempre digo: “Quem pode/ precisa gastar energia? Eu, claro. Não Itaipu”.

60ª reunião da SBPC será em Campinas

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) – criada entre outros, pelo José Reis – faz todo ano uma reunião para discutir temas relacionados ao assunto, apresentar simpósios, etc. A próxima será entre os dias 13 a 18 de julho na UNICAMP, em Campinas (SP). A temática será Energia – Ambiente – Tecnologia. Detalhe: a cidade também foi sede da 1ª Reunião Anual realizada em 1948. As inscrições já estão abertas. Saiba mais aqui.

USP debate uso dos campi dia 24

Até que enfim… Qual o papel de uma universidade pública? Além de formar os alunos, ela deve atender a sociedade. Afinal, nós “patrocinamos” ela. Pois é… no Brasil nem sempre é bem assim. Mas, parece que uma luz acendeu.
No próximo dia 24 de abril, a partir das 9h, o campus da Universidade de São Paulo, situado na capital, reberá o “Fórum Permanente sobre Espaço Público: a USP e a especificidade de seus campi”. A idéia: promover uma ampla reflexão e discussão sobre o uso, a ocupação e a destinação do campus universitário público, de modo a contribuir para seus processos de governança, conservação e funcionamento sustentável.
De acordo com a assessoria de imprensa: “O Fórum, que prevê encontros presenciais a cada dois anos, pretende contribuir para harmonizar as relações entre os diferentes grupos, que vão dos usuários da comunidade USP, os gestores da Universidade, o entorno social e político, aos cidadãos paulistanos em geral.”
As discussões contarão com a presença de dois palestrantes, o professor da Faculdade de Direito (FD/USP) , Edmir Netto de Araújo, que é doutor em Direito do Estado, com ampla produção científica no campo do Direito Administrativo; e Euler Sandeville Júnior, professor assistente da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU/USP), que coordena a Área de Concentração Paisagem e Ambiente, do Programa de Pós-Graduação da FAU, e o Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental (PROCAM/USP).
A recepção e entrega de material será feita a partir das 8h, no Auditório Francisco Romeu Landi, localizado à Av. Prof. Luciano Gualberto, travessa 3, nº 380, Cidade Universitária, Butantã. O encerramento está previsto para as 17h. O evento será transmitido no endereço www.iptv.usp.br .
As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo e-mail espacousp@usp.br. Mais informações pelos tels: (11) 3091-4600/1986/1654.