Arquivo da tag: pássaro

Adote a fauna da cidade

Resolvi que minha varanda seria verde quando compramos o apartamento – há quase um ano. Mas não sabia que cuidar das plantas vicia. De madrugada, 5°C, está a Isis lá fora como uma estátua sorridente observando as filhinhas. Logo ao acordar, vai a doida de pijama amarelo e pantufas vermelhas regar as mudinhas. Antes de sair para trabalhar, uma última contemplada. Resultado? Em três meses, temos: dois cactos (última aquisição), dois “bambus-da-sorte”, uma carnívora, árvore da felicidade, pimenteira, três violetas, rosa trepadeira (a bebê), mini rosa, jardineira com várias marias-sem-vergonha, orquídea, brinco-de-princesa e lavanda.

Cultivar plantas surgiu da tentativa de tornar o concreto mais aconchegante e em ajudar minimamente a capturar carbono. Porém, depois do “reflorestamento”, uma discussão sobre ter ou não – e qual – um ser animado de estimação inspirou outra ideia. Um problema para adotar um gato, cachorro ou cacatua é ficar o dia todo fora de casa e, sempre que possível, viajar aos finais de semana. O bichinho poderia sofrer ao permanecer sozinho no apartamento por muito tempo. A solução deveria ser mais livre, mais “Era de Aquário”. Propus: vamos adotar a fauna da cidade. O marido topou.

O brinco-de-princesa foi pendurado para atrair beija-flor. Ainda não vi nenhum sugando suas flores, mas um da espécie visitou – numa tarde dessas de domingo – a varanda de cima. Que feliz! Pode ser que ele tenha ido até a nossa quando estávamos fora de casa. Outras plantas que atraem borboletas e abelhas também serão cultivadas na “gigante” varanda. Estou analisando quais seriam mais adequadas à iluminação e ao espaço. Mesmo assim, ainda é insuficiente. Beija-flor, borboleta e abelhinha não fazem primavera. Quero mais… quero maritacas!

Dei mais essa sugestão. Já no dia seguinte, empolgados compramos semente de girassol – dizem que essas aves pequenas, ruidosas e bagunceiras a-do-ram. Prendi na grade um pote leve de plástico, que guardava na gaveta da cozinha, e tasquei um monte de sementes dentro. Nada. Coloquei mais um pouco. O vento derrubou as sementes lá em baixo. Nada. Compartilhei meu mal resultado com meus colegas de redação. Eduardo Cesar, fotógrafo da revista Pesquisa Fapesp, emprestou sua habilidade para a marcenaria e fez um comedouro de bambu. Ficou perfeito. Há cerca de um mês, o refeitório está preso à grade.

Nada. Dizem que as maritacas demoraram cerca de dois meses para perceberem que colocamos o alimento. Tudo bem, serei paciente. Agora, além de observar as plantas e as flores de casa, todo dia chego correndo à varanda para saber se tivemos visitas. Quem sabe elas virão amanhã?

Obs.: Obrigada amigos que nos presentearam com plantinhas!