Perspectivas Evolucionistas Acerca da Religião

Muitas pessoas buscaram explicações para a natureza da religião – porque ela é tão comum em grupos humanos e porque ela parece ser “natural”, já que é encontrada em tantas sociedades e tribos?

Afinal de contas, muitas religiões estimulam comportamentos de alto custo reprodutivo, como atentandos suicidas (e.g. homem-bomba), mutilação genital e o celibato (Bulbulia, 2007). Além disso, alguns rituais religiosos exigem sacrifício de recursos e são exaustivos, perigosos, dolorosos e cansativos.

E se deus não existir, como muitos pensam, as pessoas que acreditam nele estão sistematicamente errando os seus julgamentos acerca do mundo e a seleção natural deveria ter reduzido ou eliminado tendências religiosas, pois entender o mundo de forma errada normalmente incorre em custos altos (e.g. não perceber que um tigre está vindo na sua direção ou pensar que deus  irá protegê-lo do tigre).

Algumas das explicações mais comuns fazem referência à necessidades humanas críticas, como a vontade de evitar infortúnios, a morte ou de compreender o universo, mas muitas destas explicações se baseiam em noções erradas sobre religião (Boyer, 2003) e não possuem evidências advindas de testes empíricos. Continue lendo…

Amar o Próximo

Existe uma profunda ligação entre todas as formas de vida na Terra com o universo. Como foi eternizado por Carl Sagan na série Cosmos (apesar da frase não ser sua), somos todos feitos de poeira estelar. Mais do que isso, estamos conectados a todas as estrelas, planetas, luas, asteróides e pedras por este laço que nos remete à infância do nosso universo.

“Somos todos primos” foi o que Carl Sagan escreveu em seu livro Bilhões e bilhões, ilustrando o fato de que podemos traçar um ancestral comum entre quaisquer duas pessoas que vivam hoje em dia. Mas não somos primos apenas de seres humanos: a teoria da evolução nos permitiu vislumbrar a complexa árvore da vida, na qual o ser humano é um de vários outros ramos. Continue lendo…

Evidência de Vida Fora da Terra é Criticada

Após a publicação do artigo no Journal of Cosmology (JOC) que afirmava ter encontrado microfósseis em um meteriorito, comentado no último texto do blog, muitas críticas tem sido feitas ao trabalho de Hoover. Um artigo publicado hoje (08/03/11) na Nature tece uma série de considerações que diminui a credibilidade do artigo e que tentarei resumir os pontos principais a seguir. Continue lendo…

Cientista Diz Encontrar Evidências de Vida Fora da Terra

Richard B. Hoover, astrobiólogo da NASA, publicou um artigo no Journal of Cosmology, onde afirma ter encontrado evidências conclusivas de vida alienígena. Não de cabeçudos verdinhos tarados e brincalhões perambulando por ai, mas de microfósseis de organismos similares às cianobactérias que conhecemos, em pedaços de um meteriorito.

Hoover reforça que as evidências não podem ser entendidas como bactérias que contaminaram o meteriorito quando entraram na atmosfera terrestre, e sim como fósseis de organismos que viveram fora da Terra. Continue lendo…

A Aliança entre Ciência e Religião

Existem diferenças fundamentais entre ciência e religião, que provavelmente se relacionam com algumas das tensões existentes entre elas. A ciência e a religião possuem um longo histórico de desavenças e atritos, mas houveram mudanças nesta relação – muitos líderes religiosos e teólogos reconhecem a legitimidade de conhecimentos científicos antes rejeitados, como a teoria da evolução e os 4,5 bilhões de anos da Terra (Dawkins, 2009; Sagan, 1997).

Apesar de terem ocupado posições antagônicas em muitos momentos (quase se vendo como rivais ou inimigas), ambas possuem um inimigo em comum muito mais poderoso atualmente, que merece mais atenção do que qualquer desavença sobre quando o nosso planeta foi criado ou a eficácia da camisinha – o inimigo é a destruição desenfreada da natureza. Continue lendo…

A Ciência se Baseia na Fé?

Muitas críticas direcionadas à ciência costumam compará-la às religiões. Tais críticas giram em torno da idéia de que, assim como na religião, é necessário que os cientistas tenham fé na ciência para que ela funcione; que a ciência é muito mais parecida com as religiões do que os cientistas gostariam de admitir e que a ciência construiu seus próprios dogmas inabaláveis, inquestionáveis e rígidos. Será que estas críticas fazem sentido?

Se alguém está honestamente disposto a defender tal posição, é importante se atentar para o que cada um delas, ciência e religião, tem como fundamentos básicos: a dúvida e a , respectivamente. Continue lendo…

A Ciência Sob Ataque

No documentário “A Ciência Sob Ataque” (Science Under Attack), Sir Paul Nurse, que é um bioquímico, prêmio nobel em 2001 e atual presidente da Royal Society, busca compreender a desconfiança e a hostilidade que andam circundando a relação entre a população e os cientistas.

Paul discute como algumas conclusões praticamente consensuais no meio científico receberam nos últimos anos uma onda de ataques infundados com o objetivo de negá-las, especialmente nos debates acerca da causa do aquecimento global, da causa da AIDS e das pesquisas sobre alimentos geneticamente modificados (a lista poderia se estender a muitos outros tópicos). Muitas das críticas deixaram o plano do debate pacífico e passaram para ameaças e ataques diretos a laboratórios e pesquisadores por parte de ativistas enfurecidos. Continue lendo…

Negacionismo

“O sono da razão produz monstros” (el sueño de la razón produce monstruos) é o título que acompanha a obra ao lado, de Francisco Goya, onde um homem adormece e é assombrado por “monstros” da noite. Goya foi um defensor do iluminismo e satirizou a sociedade de sua época na série de gravuras “Los Caprichos“.

A sociedade da época de Goya guarda muita semelhança com a sociedade em que vivemos, ainda impregnada pela superstição, pela religião, pelo misticismo e pela antipatia à razão.

Avançamos muito desde o século XVIII nesse sentido, tempos onde uma mulher seria queimada viva se alguém a denunciasse como bruxa – mesmo que não existissem provas – e um homem poderiar ser torturado até a morte se duvidasse de algum dogma religioso.

Ao longo do século passado houve uma tendência, principalmente nos círculos filosóficos mas na população de um modo geral, de se negar evidências e tentar demonstrar que não havia consenso sobre vários conhecimentos estabelecidos. A crítica que visava invalidar a razão e relativizar tudo ad infinitum ficou conhecida como o negacionismo. Continue lendo…

A Natureza Humana – Entre o Amor e a Guerra

Uma série de vídeos  foi produzida em 2010, patrocinada pela The Leakey Foundation, onde os primatologistas Frans de Waal e Richard Wrangham, assim como o psicólogo Steven Pinker, discutem a natureza humana. Os vídeos exploram perguntas como: Somos pacíficos ou agressivos por natureza? Tendemos a criar conflitos ou a cooperar?  Macacos possuem um senso de “justiça”? O que ocorre quando o poder é concentrado em um indivíduo ou uma nação? Continue lendo…

The Changing Ape

The Changing Ape (algo como O Macaco Mutante ou que se modifica) foi um documentário produzido em 2010, onde a antropóloga Jill Pruetz, que por 9 anos se dedicou a estudar uma população de Chimpanzés em Fongoli, no Senegal, compartilha achados importantes que, segundo ela, podem reescrever o nosso entendimento do que é ser um humano e ser um chimpanzé.

Pruetz fez muitas filmagens que revelam comportamentos inesperados desses chimpanzés. A caça, a cultura, a diversão e o manuseio de ferramentas foram por muitos tempo aspectos considerados como delimitadores que separavam nós dos outros animais. Os dados que Pruetz relata e ilustra nas filmagens bota em questionamento o quanto esses aspectos realmente nos diferenciam, visto que muitos deles puderam ser observados nos chimpanzés de Fongoli. Continue lendo…