“Desmatamento evitado” dá certo, diz ONG

Mastigação. O resultado do leilão do meu chiclete (!) saiu. Será doado R$ 1.100,25 para a instituição Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS). Conheci melhor o trabalho dessa organização no início do ano, enquanto apurava uma matéria. Na época, conversei com o diretor da entidade Clóvis Borges.
Confesso que fico meio cabrera quando o assunto é ONG. Tenho lá minhas desconfianças, críticas e restrições, mas o trabalho deles pareceu interessante. Principalmente, porque a SPVS possui ações para preservar a Mata Atlântica paranaense, ou melhor, as florestas de araucárias.
Óbvio que puxei sardinha para meu lado. Sou paranaense e apaixonada por esse tipo de mata. Adoro o clima da região, o cheiro do pinheiro molhado e toda a fauna sustentada por ele. Fiz matérias sobre suas lendas – leia aqui as histórias.
No começo do ano a SPVS se empenhava em um projeto chamado “Seguro Verde”. A idéia dos caras era realizar o que eles chamam de “desmatamento evitado”. Em vez de sair plantando árvores em tudo quanto é vão livre, eles queriam conservar áreas primárias – em bom estado – de matas com araucária. Afinal, se ninguém protegesse, elas inevitavelmente seriam derrubadas.
Funciona assim. A cada contratação ou renovação de apólice feita no banco HSBC, o cliente “ganha” um bônus para preservar uma área nativa de 88 m² – no caso de seguro veicular – ou de 44 m² – seguro residencial. Segundo estimativas realizadas pela SPVS, cada carro – de médio porte e que rode cerca de 50 km/dia com gasolina – produz anualmente cerca de 4 toneladas de CO2. No caso das residências, o cálculo médio – uso de gás, eletricidade, geração de lixo, etc. – é de 2 toneladas de CO2.
Em seguida, o recurso é repassado aos proprietários de terras – eles recebem uma quantia mensal para que as áreas sejam conservadas. “O Brasil passa a combater o aquecimento global com ações focadas em evitar o desmatamento”, diz Borges. O país é o quinto maior emissor de gases de efeito estufa devido às queimadas e ao desmatamento.
Resultado. Segundo a instituição, o Programa Desmatamento Evitado garantiu a adoção e preservação de 14 propriedades do Paraná. O total protegido chega a 1.763 hectares – o que equivale a 2,67% dos remanescentes de floresta com araucária.
Devastador. Há pouco tempo atrás, as florestas com araucária tinham 167 mil km² das terras sulinas. Dessa quantia, 80 mil km² estavam no Paraná – um terço da área total do estado. Em 2001, só restavam 0,8% desse lindo bioma.
Telêmaco Borba. Cada ano que viajo para minha terrinha natal, vejo menos pinheirinhos de pé. Uma pena… Mas, mesmo assim, há um trecho muito interessante na estrada. Quando falta exatamente uma hora para chegar na cidade, há o início de um corredor polonês composto por pinheiros nos dois lados da beira da estrada. O caminho é uma reta só. Cheia de subidas e descidas. Durante o dia, os braços dos pinos não deixam a luz chegar ao solo. À noite, uma neblina devastadora toma conta do local. Guarde os temores no porta-malas. É o início da Terra do Nunca.

USP terá primeiro prédio ambientalmente sustentável

Essa é em primeiríssima mão! Sexta-feira será o lançamento oficial da primeira edificação ambientalmente sustentável da Universidade de São Paulo (USP): o Centro de Estudos de Clima e Ambientes Sustentáveis (Cecas). Ele ficará na Cidade Universitária.
O projeto do novo prédio nasceu da parceria entre o Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) e a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU). Foi planejado para ter consumo zero de energia e reduzido impacto ambiental e integrará pesquisas multidisciplinares de várias unidades: a Rede Temática sobre Mudanças Globais, o Centro de Ciências da Terra e do Ambiente e o Laboratório de Modelos para a Sustentabilidade das Construções.
Infelizmente, não tenho fotos ou detalhes sobre as tecnologias empregadas. Mas acredito que realmente possui um conceito sustentável, diferente de muitos projetos divulgados por aí. Tenha um lindo dia!
Ah, nesta quinta-feira começa o primeiro – afe, quantos números “um” – encontro de blogs científicos. Ainda dá tempo de se inscrever e é de graça! Veja aqui.

Butantan produzirá vacinas contra leishmaniose

Fui numa coletiva de imprensa – reunião apenas para jornalistas que as instituições fazem para divulgar algo – na Fundação Butantan, na última linda sexta-feira ensolarada. No próximo ano, pesquisadores brasileiros começarão a fazer testes em cachorros de uma vacina contra leishmaniose visceral ou doença de calazar.
Pelo jeito, os ensaios apenas confirmarão o que os cientistas já sabem. Testes realizados em ratinhos e em humanos, nos Estados Unidos, mostraram que a vacina é 70% eficiente e não apresenta problemas. Os pesquisadores estão muito animados. Quando saímos da coletiva, ao meio dia, eles continuaram a reunião para discutir sobre investimento e onde serão realizados os ensaios.
Uma parte dos 23 milhões de reais para a construção da fábrica já foi captado. Se tudo ocorrer bem, no primeiro semestre de 2009 ela estará praticamente pronta. Aliás, sabia que o Butantan tem uma fábrica para cada vacina? E que algumas são microbianas? Ai que fantástico. As bactérias é que são colocadas para trabalhar. Devem produzir inúmeras proteínas que se tornarão vacinas.
Você, leitor do “rico” Sul e Sudeste, deve estar se perguntando. Mas que jossa é essa doença? A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera-a uma das seis maiores endemias – doença que se restringe a um determinado local – do mundo. No Brasil, em 2006, 1.810 pessoas tiveram leishmaniose visceral. Se não trata, tem 90% de chance de falecer. E como o lugar mais afetado é o Nordeste…
Aliás, por que os Estados Unidos, que não possuem muitas doenças tropicais, estão fazendo pesquisas? Neste específico caso a parceria foi realizada com o Brasil – as vacinas serão produzidas aqui. O que gera economia financeira, oportunidade para pesquisadores brasucas e desenvolvimento científico e tecnológico para nosso país abençoado por Deus.
Mas, pelo que vi por aí, o país norte-americano possui uma série de interesses em outras pesquisas sobre doenças tropicais: se preparar para o aquecimento global, vender remédios para os inúmeros doentes subdesenvolvidos, cuidar dos soldados que combatem “em trópicos” ou para ajudar os mais pobrinhos.
Bom, sei que a coletiva foi bárbara. Informal, os pesquisadores estavam em uma mesa de reunião enquanto conversávamos com eles. Sentados no entorno. Aliás, ir ao Butantan é sempre ótimo. Quando era criança, todo domingo pedia para os meus pais me levarem para “ver as cobras”. Ficava fascinada com aquele poço cheio de répteis – medo de cair lá -, com as vacinas e com o trenzinho que circulava pelo lugar – claro.
Um dia desses, levei primos crianças para conhecer o que eles chamavam de “Bitantã”. Adoraram! Alguns complexos novos não existiam no meu tempo – estou ficando velha: o Museu de Microbiologia e o berçário. Imagine que “munitinhos” os bichinhos bebês…
Na volta da coletiva, insisti para o taxista levar a filhinha dele ao “Bitantã”. Afinal, quer passeio mais mil e uma utilidades? Arborizado, torna os filhos mais inteligentes e não pesa no bolso. O site do museu é este. Leia a matéria sobre a vacina – com todas as explicações – aqui. Bom domingão quente e de céu azul para ti! Agora vou correr no parque!

Mapa interativo sobre ciência

A revista americana Seed criou o mapa interativo “A place for science” – “Um lugar para a ciência”, em portuga. A idéia é poética. Jornalistas perguntaram para os pesquisadores algo como “Onde você quer chegar?”. Colocaram as respostas no mapa, no lugar onde estão localizados ou realizam pesquisas. O site também mostra onde ficam laboratórios, conta breves histórias relevantes para a ciência e – o melhor – possui fotos maravilhosas de institutos e pesquisas. Crítica: o mapa é incompletíssimo. Não possui nada do Brasil e super fatura os laboratórios dos Estados Unidos. O que vale é a brincadeira. Clique aqui para “viajar”. Aliás, se tiver um tempinho de sobra, veja o portifólio de fotos da revista aqui – são bacanas.
Obs.: O leilão do chiclete Trident chegou ao fim. O meu ficou em segundo lugar, atrás do gatinho “Halley”. Obrigada a todos que colaboraram – amigos, colegas e futuros conhecidos. Os macaquinhos também agradecem. Avisarei quando souber onde será a cerimônia de entrega.

Vídeos de ciência em um minuto

Esse projeto é supimpa. Trata-se de um site – parece um blog – que publica vídeos com duração de um minuto sobre temas científicos. Agora, está no ar um curta-metragem explicando como se adquire energia proveniente das ondas do mar. O Cienciaenunminuto.com é em espanhol, mas fácil de entender. Outra dica. A empresa que desenvolve os vídeos possui um blog sensacional chamado Sopa de Ciências. Também na “lengua latina”, vale muito a leitura – veja aqui.

A bolsa está em alta

Se fosse a bolsa de valores, também daria pulos de alegria. A mala em questão é a “bolsa da astronauta”. Eu sei. O ônibus espacial Endeavour pousou hoje são e salvo na Califórnia. O xixi  virou água – mas ninguém, exceto Jesus, conseguiu transformar água em vinho, o que é uma pena. O astronauta Don Pettit criou um copo para ser usado em gravidade zero e brindou “ao simples fato de estarmos no espaço e podermos”. Ah, e também por não precisar mais tomar café frio de canudinho.
Apesar de todos esses fatos históricos marcantes já fazerem parte do passado, a bolsa que Heidemarie Stefanyshyn-Piper deixou ir lentamente para um lugar mais longínquo… Meus caros… Virou lixo espacial. Por isso é monitorada. E, o melhor, pode ser vista de pertinho com qualquer telescópio “simprinho”.
Se você – como eu – não possui o apetrecho, não se preocupe. Clique aqui e veja um vídeo da bolsa filmada a olho nu voando espaço afora. Só não vale fazer pedido. Aliás, por que a astronauta Heidemarie não mergulhou como peixinho atrás da mala? Não era da marca Luis Vuitton, mas custava 100 mil dólares. Veja aqui um trecho da bolsa escapando das mãos da astronauta e voando, literalmente, espaço afora.
Todas as informações acima obtive no site G1. Também quer monitorar o novo lixo espacial? Aqui.
Obs.: O blog Reação Ambiental lançou sua primeira campanha: “Doe Sangue!”. “Mesmo com os avanços da ciência e suas várias descobertas, ainda não foi encontrado um substituto para o sangue humano”, dizem os autores. Saiba mais aqui.