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Gaste sua sola do tênis

Hoje, deixarei o carro estacionado. Vou aproveitar para circular a pé. Observar o cheiro, os sons e o gosto da cidade. Pasmar no cotidiano. De quando estive na Europa, uma das coisas que mais senti falta ao voltar ao Brasil foi caminhar pela cidade. Durante o dia, durante a noite… Sem medo e com transporte público para me levar para onde precisasse.
Bom, não é uma boa ideia numa terça-feira “comemorar” o Dia Mundial Sem Carro. Mas 22 de setembro foi eleito o dia em questão em 1998 1997. Cerca de 35 cidades da França participaram com passeios ciclísticos e outras atividades. A ideia foi espalhando, espalhando, até chegar no Brasil em 2001.
De acordo com o Instituto Akatu, uma pessoa que circula 10 km por dia de carro emite, por ano, 75 toneladas de CO2. Para ter uma ideia do montante, de acordo com o Prêmio Época de Mudanças Climáticas de 2008, a farmacêutica Roche no Brasil – uma empresa, não uma pessoa – emitiu 5.593 toneladas de CO2 em um ano.
Sei que, em cidades como São Paulo, as opções de transporte público são péssimas e escassas. Então, vamos usar este dia para protestar. Por um ar, um trânsito, uma qualidade de vida melhor. Para entrar na rede social sobre assunto, clique aqui. Para saber o que vai rolar de especial em São Paulo, veja aqui.

Álcool em gel resseca as mãos

É verdade.
Um belo dia, antes da gripe suína fazer parte do nosso repertório, fui à dermatologista. Para mim, tinha feito uma belíssima compra. Toda vez que ia a shows ou locais com aquele banheiro químico instalado, reparava na solução para limpar as mãos. Era álcool em gel. Achava prática a ideia. Adorava.
Até que comprei um potinho do álcool na farmácia. E mostrei toda orgulhosa da boa limpeza para a dermatologista. Ela respondeu: “Se você reclama de mãos ressecadas, usar o álcool vai piorar a situação”. Meu objetivo era ter o mínimo de higiene quando os banheiros não disponibilizavam sabonetes líquidos ou antes de comer nos restaurantes.
Continuei usando o álcool, sem a paranóia atual. Mas a solução é sempre, toda vez que passar o álcool, esperar secar. Depois, claro, passar um creme para as mãos. Simples assim. Melhor prevenir duas vezes, do que remediar.

Um verdadeiro relato sobre a gripe suína

Numa dessas manhãs de sábado ensolarado, tomei coragem. Encarei a multidão na rua 25 de Março – uma via onde as lojas vendem de tudo, mesmo, e mais barato que no resto de Sampa. A visão da Ladeira Porto Geral, que desemboca na rua, era desoladora. Muita, muita, muita gente se espremia entre lojas, vendedores ambulantes, carros e motos. Respirei fundo, coloquei a bolsa colada em mim e me joguei em um dos ciclos do inferno de Dante.
Eram três horas para comprar tudo o que mentalizava, antes dos estabelecimentos fecharem. Não tinha tempo para delongas. Mas, entre uma loja e outra, reparei que algumas pessoas andavam pela rua com máscaras. Sem dúvida, na esperança de naquele mar de gente não pegar a gripe suína. Como se isso adiantasse para alguma coisa.
Após duas horas no tumulto, paramos para comer – outra destemida estava comigo. Aquelas pessoas que caminhavam de máscara, por ironia, pararam para comer na mesa em frente à nossa. Isso, na praça de alimentação de um shopping da região. Praça de alimentação lotada, diga-se.
Os mascarados abaixavam a máscara para fazer o pedido. E tiravam na hora de comer, claro. Deixavam em cima da mesa. Nesse momento, me perguntei: “O que as pessoas têm na cabeça, além das máscaras?” Sem dúvida, nenhum conhecimento sobre o assunto. Se tivessem com a gripe ou com medo de pegá-la, jamais deveriam ir àquela concentração de vírus, bactérias e outras perebas tudo ao mesmo tempo.
Com um ponto de interrogação encima das minhas madeixas, voltei para as compras. E depois peguei meu carro – tinha deixado no estacionamento próximo à famosa Ladeira Porto Geral. São Paulo tem de tudo. Até mascarados na 25 de Março.

Estudo para prevenir algas na Guarapiranga

“Descobri” um oásis em São Paulo. Nem parece a cidade. Tem água, muita água, um pouco ainda de fauna e flora preservada e esportes – claro – aquáticos. Fiquei encantada com a Represa Guarapiranga – em tupi-guarani significa “garça vermelha”.
A primeira vez que fui lá, este ano, fiquei com nojo daquela água azul meio marrom. Mesmo assim, pisei no lodo do fundo da represa para entrar em um veleiro. E rezei para não pegar uma pereba. Até agora nada apareceu…
A água é meio sujinha, sim, e existem invasões ilegais de terra. Mas para as pessoas lutarem contra ambos, creio que precisam conhecer o problema – e a beleza – de perto. Esses dias voltei lá. Para piorar a situação, notei que a água está repleta de algas!
Para cuidar desse mais um problema, a Sabesp disse que fechou uma parceria com a Universidade Federal de São Carlos (Ufscar). O contrato, de R$ 1, 15 milhão, tem validade de um ano. No acordo, caberá à Sabesp fornecer relatórios da qualidade da água da Guarapiranga. A Ufscar, que já possui estudos relacionados ao tema, deverá desenvolver o modelo de previsão de crescimento compatível com a realidade da represa.
Trata-se de um método matemático que leva em conta uma série de variáveis, como insolação, temperatura, aspectos físicos e biológicos do manancial. Com o cruzamento dessas informações, será possível apontar quais partes da represa tendem a contar com o florescimento das algas. A partir daí, a Sabesp deverá combater esses organismos nos pontos de maior intensidade.
O que são algas?
São cianobactérias – microorganismos que tem estrutura celular como de uma bactéria e fazem fotossíntese. Ao entrar em contato com materiais orgânicos – como esgoto -, podem liberar compostos como a geosmina e o metilisoborneol. O primeiro, também encontrado em alguns vegetais como a beterraba, está associado ao odor de mofo. O segundo, ao cheiro e gosto de terra. Apesar de não causar risco à saúde, o tratamento da água não consegue remover essas sensações. Confesso que não sou muito fã de algas…
Pobreza, menos saúde e menos preservação ambiental
Por sofrer com as ocupações irregulares, que despejam o esgoto in natura no manancial, o problema é recorrente na Guarapiranga. Como disse acima, esses organismos se alimentam dos nutrientes presentes nos dejetos. O sol forte e a ausência de chuvas contribuem para o surgimento das algas.
Obs.: A foto tirei em uma marina da represa. Charmosos os veleiros, não?

Comprovado: ar da balada melhorou depois da Lei Antifumo

Conheço uma DJ foférrima que, antes de toda essa discussão sobre cigarro em ambientes fechados, me falava que se preocupava com a própria saúde. “Passo muito tempo em baladas fechadas, com muita gente fumando”, dizia ela. Mulher sabe mais que homem. Se a roupa voltava fedendo cigarro, imagine nossos cabelos… Assim, ela tentava manter uma vida mais saudável possível – e evitar esses lugares quando desnecessário.
Agora, uma pesquisa realizada pela Secretaria de Estado da Saúde com 50 garçons e clientes em casas noturnas de São Paulo revelou que bastava uma noite em um ambiente fechado para que um não-fumante atingisse níveis de monóxido de carbono no pulmão equivalentes aos de fumantes. Uma semana depois da implantação da nova lei, os pesquisadores voltaram aos locais, “testaram” 30 não-fumantes e constataram a mudança.
Desta vez, os resultados mostraram índices baixos de monóxido de carbono no pulmão dos não-fumantes do início ao fim da noite. Em algumas pessoas, esses níveis baixaram mais ainda. Como o caso de um garçom que mora com três fumantes. Chegou ao trabalho, uma casa noturna, com 10 ppm – partes por milhão: 1 ppm é uma molécula entre 1.000.000 – de monoxímetria – níveis de contaminação por monóxido de carbono. Passadas duas horas, o índice baixou para 4 ppm.
Na primeira pesquisa, os resultados revelaram que em todos os casos houve aumento na medição de monóxido de carbono. Em 65% das pessoas, após algumas horas de exposição à fumaça do cigarro, os não-fumantes já tinham níveis similares ao de fumantes.
No levantamento mais recente, dos 30 testes realizados, 23 mostraram oscilação mínima na monoxímetria, entre dois pontos para mais ou para menos. Quatro casos tiveram uma oscilação superior a 3 ppm para cima  -o que pode ser explicado pelo entra-e-sai dos garçons na cozinha, diz o governo. E outros três casos mostraram queda superior a 5 ppm.
Não sei se essa mostra pode resumir todos os estabelecimentos do estado – creio que não. E muito menos onde foram coletados esses dados. Mas não deixa de ser interessante. Se quiser saber mais sobre a Lei Antifumo, clique aqui. “É proibido fumar, diz o aviso que eu li. É proibido fumar, pois o fogo pode pegar”, cantarolo.

É a vez dos adolescentes e das crianças exigirem uma Sampa melhor

Há um tempo, postei aqui no blog que o Movimento Nossa São Paulo colocou um questionário online para nós, pobres cidadãos, analisarmos a qualidade de vida da metrópole – se é que ela existe. Não titubeei. Estou entre as 4.500 pessoas que responderam ao questinário. Agora, eles criaram um novo para crianças e adolescentes entre 10 e 15 anos. A pesquisa chama-se Índicadores de Referência de Bem-Estar no Município (Irbem).
O questionário ficará disponível até 30 de setembro. Junto com o formulário online, há uma página com orientação para os educadores, no caso do preenchimento ser feito em sala de aula ou em grupos ligados a projetos sociais. Fale para seu filho, sobrinho, neto, irmão, enfim, responder a pesquisa clicando aqui. Trata-se de uma maneira de exercer a cidadania e de mostrar para a criança que ela deve cobrar por um presente melhor.
Alexandre Schneider, secretário municipal de Educação, assumiu o compromisso de aplicar os questionários do Irbem em todas as escolas da rede pública. Escolas particulares também se dispuseram a abordar o assunto na sala de aula. “As crianças e adolescentes vão herdar a cidade em um futuro próximo e por isso também devem dar sua opinião”, afirma Maurício Broinizi , coordenador da Secretaria Executiva do Movimento Nossa São Paulo.
As escolas e entidades interessadas em adotar o questionário como atividade pedagógica devem entrar em contato pelo e-mail zuleica@isps.org.br ou pelo telefone (11) 3894-2408. Bom sabadão.