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A Amazônia é maior do que se pensava!

Hoje, trago boa notícia! Pesquisadores de três universidades brasileiras descobriram que a Amazônia é maior do que a oficial, mapeada pelo IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística! Em alguns locais, a profundidade dela pode ser de até 250 km de diferença! Além disso, o estudo revela que a área de transição da Floresta Amazônica para o Cerrado é mais biodiversa do que em cada bioma separado. Eles desconfiaram de que havia algo estranho quando visitaram algumas áreas tidas oficialmente como Cerrado, mas na verdade viram que eram florestas de transição entre os biomas. Essas florestas são diferentes, têm árvores menores, e são importantes porque formam uma espécie de escudo de proteção por serem mais resistentes às queimadas. Ao mesmo tempo, eles viram áreas de florestas maiores, mais densas, também constando como Cerrado. Ao checarem o mapeamento oficial, os pesquisadores verificaram que as ferramentas utilizadas quando ele foi produzido nos anos de 1970 eram menos precisas que as de hoje. Agora, os cientistas estão refazendo os limites da Amazônia e devem lançar o novo mapa até o fim deste ano. Isto será importante porque a Amazônia é mais protegida por lei do que o Cerrado. Será mais uma maneira para tentar conter o desmatamento, principalmente, criminoso.

*Este texto foi falado por esta palpiteira oficial no programa Desperta, da Rádio Transamérica, apresentando pelos queridos Carlos Garcia e Irineu Toledo.  Uma vez por semana, minha coluna vai ao ar por volta das 6h15 da manhã! Geralmente, às quintas-feiras. Beijo!

Xingu Solar: projeto no território indígena aumenta disponibilidade energética e poderia gerar economia para o país

Combinação de tecnologias poderia economizar mais de R$ 360 mil por ano em subsídios, mostra estudo do IEMA sobre instalação de energia solar do ISA

O Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA) realizou dois estudos, um econômico e outro qualitativo e quantitativo, sobre o projeto Xingu Solar do Instituto Socioambiental (ISA). Até agora, pelo projeto do ISA já foram instalados 70 sistemas fotovoltaicos com potência total combinada de 33.260 kWp em 65 aldeias do Território Indígena do Xingu (TIX). Segundo a avaliação, a combinação da produção de energia elétrica de geradores a derivados de petróleo com painéis fotovoltaicos poderia trazer a economia de mais de R$ 360 mil por ano em subsídios federais, caso o atendimento fosse realizado no âmbito do programa Luz para Todos. Além disso, a pesquisa mostrou que as comunidades locais preferem energias renováveis devido à segurança energética por não depender da disponibilidade de combustíveis fósseis e aos benefícios ambientais.

Acesse o estudo em: http://www.energiaeambiente.org.br.

Nem todos os brasileiros estão conectados aos fios do Sistema Interligado Nacional (SIN), que distribui a energia gerada pelas diversas fontes do país. Cerca de três milhões de pessoas são atendidas por sistemas de energia elétrica isolados do SIN. E a maior parte dessas pessoas está na Amazônia. O problema disso é que nem todas essas fontes locais de energia elétrica são seguras, deixando a população que é mais afastada carente de energia para carregar uma lanterna.

“A motivação é discutir o acesso à energia elétrica às centenas de milhares de brasileiros que vivem em áreas remotas na Amazônia, na expectativa de que o enfrentamento deste desafio se dê por meio de uma política pública articulada e inovadora que vá além do setor elétrico”, Pedro Bara, pesquisador do IEMA. O estudo avaliou os impactos econômicos do uso de painéis solares no TIX e os aspectos socioculturais e comportamentais locais com relação ao acesso à eletricidade. Para isso, foram realizadas entrevistas em 15 aldeias com 117 atores envolvidos no projeto: participantes dos cursos de formação, lideranças indígenas, parceiros e equipe do ISA.

Impacto nas contas públicas
O uso da energia solar no lugar dos geradores a diesel no TIX poderia ocasionar a economia de mais de R$ 360 mil por ano em subsídios. Esse potencial econômico é ainda mais expressivo se considerar que a população do TIX é de sete mil pessoas e estima-se que até dois milhões no país ainda não têm acesso. Esse valor de economia é decorrente da simulação do cenário em que as demandas reprimidas por energia elétrica na região seriam atendidas.

O custo por unidade de energia elétrica gerada é: diesel, R$ 1,70; híbrida, R$ 1,42; e solar, R$ 1,04. A opção fotovoltaica e a híbrida – energia solar mais gerador derivado do petróleo – são mais econômicas.

Em um primeiro momento, a tecnologia a diesel tem vantagem sobre a solar. Isso porque apresenta menores custos de aquisição. Porém, o ciclo de vida de um painel solar é de 25 anos. Para realizar uma comparação econômica adequada entre as tecnologias, é preciso considerar as despesas operacionais (manutenção do gerador e abastecimento com combustível) a longo prazo.

Além disso, apenas os geradores a diesel do Território Indígena do Xingu hoje emitem cerca de 600 toneladas de CO2 por ano. Para compensar essa emissão, seria necessário plantar árvores nativas em uma área equivalente a 74 campos de futebol, segundo estimativa baseada em dados do Projeto Carbono das Nascentes do Xingu. Se as comunidades locais fossem atendidas apenas por geradores a diesel de acordo com a real necessidade, seriam emitidas cerca de 1.200 toneladas de CO2 por ano.

Preferência pela solar
Os painéis foram instalados em construções de uso público e não em unidades familiares. No total, 96% dos habitantes com energia fotovoltaica preferem este tipo de geração do que de derivados do petróleo.

A maior oferta de energia elétrica possibilitou expandir a utilização de equipamentos pequenos como celulares e lanternas. Este, principalmente, é um item muito usado pelos moradores. A realização de atividades como o ensino noturno foi facilitada. Os cursos de formação para operação dos sistemas e a participação local na instalação também foram mencionados como pontos positivos do projeto.

Já as vantagens do sistema fotovoltaico frente ao diesel citadas foram a inexistência de ruído, maior facilidade de manutenção por não possuir partes móveis como os geradores a diesel – que estão sucateados – e o fato de ser desnecessário o abastecimento com combustível. Neste caso, quando acaba o combustível, a região fica dependente da entrega do mesmo para ter energia elétrica. Por exemplo, 53% dos indígenas com fontes de energia solar sentiram-se mais seguros no atendimento médico de urgência contra 24% sem energia solar. Também 43% das aldeias com energia solar tiveram escolas que disponibilizam ensino noturno contra 25% das demais.

Quem fornece energia
Este projeto é importante porque a oferta de eletricidade no TIX é restrita e, quando disponível, a energia utilizada provém de sistemas a diesel ou a gasolina adquiridos pelos próprios habitantes ou fornecidos pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) do Ministério da Saúde.

O acesso à energia elétrica pode levar benefícios às comunidades como garantir a refrigeração de vacinas, soros antiofídicos, de alimentos, o bombeamento e armazenamento de água potável e possibilitar a ampliação de atividades produtivas, culturais e educacionais.

Para garantir que a universalização seja realizada da melhor forma, potencializando todos esses benefícios, é necessário o desenvolvimento de modelos de implementação que incluam as comunidades e que as políticas públicas do setor elétrico se adequem às realidades locais.

Foto: Divulgação/ IEMA

Como levar energia elétrica para comunidades na floresta

Até o fim deste ano de 2019, o ISA, Instituto Socioambiental, e a Associação Terra Indígena Xingu  em parceria com o Instituto de Energia e Ambiente da USP vão levar sistemas de energia solar para 55 escolas, 22 postos de saúde e para mais 12 pontos comunitários da Amazônia. O projeto Energia Limpa no Xingu pretende se tornar uma referência em soluções de energia renovável e descentralizada em comunidades isoladas. Cerca de 760 mil brasileiros dependem dos sistemas desconectados daqueles fios de transmissão do Sistema Interligado Nacional. Aliás, até Boa Vista, capital de Roraima, usa sistema independente de geração de energia. Muitas comunidades isoladas da Amazônia, por exemplo, contam com geradores a diesel. Mas geradores a diesel são barulhentos, dão muita manutenção e custam caro para o bolso dos contribuintes e para o meio ambiente por serem extremamente poluidores. Usar torres de energia solar é uma alternativa. Energia solar tem um custo alto na instalação, mas compensa economicamente e ambientalmente ao longo do uso. O IEMA Instituto de Energia e Meio Ambiente está analisando os impactos do projeto piloto dessa instalação. Ao que parece, todas e todos sairemos ganhando.

*Este texto foi falado por esta palpiteira oficial no programa Desperta, da Rádio Transamérica, apresentando pelos queridos Carlos Garcia e Irineu Toledo. Uma vez por semana, minha coluna vai ao ar por volta das 6h15 da manhã! Geralmente, às quintas-feiras. Beijo!

Foto: IEMA