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Lobos-marinhos acasalando

IMG_1743Huuuum, danadinhos. Peguei no flagra! Enquanto um pequeno lobo-marinho descansava sob a pedra fria, o casal do lado direito “dançava” e rugia alto. Acho que era um macho e uma fêmea acasalando – confesso que não tenho certeza. Segundo esse texto, a época de acasalamento desses animais é no verão. Vai ver que, para os dois da foto, -15ºC é calor…

Na região do Ushuaia (Argentina), na Terra do Fogo, vivem dois tipos de lobos-marinhos. Os lobos-marinhos de um pelo e, de dois pelos. Isto significa que a segunda espécie citada tem, em vez de um, dois pelos para se proteger do frio. Por isso consegue viver até na Antártida.

No inverno, é comum encontrarmos esses animais no Brasil. Para entender, deve-se considerar que as correntes marinhas do Atlântico Sul, geralmente, funcionam assim: a corrente fria sobe margeando a costa da África, esquenta no Equador e desce margeando a costa do Brasil. Nos meses mais frios, correntes podem subir pela costa da América do Sul, trazendo consigo ao nosso país animais marinhos mais comuns em regiões frias como os lobos-marinhos e pinguins. Meteorologia é incrível, não? Minha paixão.

Com certeza, já ouviu alguma garota do tempo dizer: “Entrará no Brasil uma corrente fria proveniente da Argentina”. Agora, você pode entender melhor do que se trata.

Cadê os pinguins da Patagônia?

Estão aqui no Brasil, tirando uma onda. Afinal, nem os pinguins aguentam as temperaturas negativas da Patagônia Austral.

pinguimTodo mundo que vai para o Fim do Mundo espera ver pinguim, mas nem sempre eles estão por lá. Eu os observei na África do Sul, onde eles (Spheniscus Demersus, espécie parente dos sul-americanos) mantêm residência fixa – dá até para ajudar comprando uma casinha para eles, nós investimos no sonho da casa própria desses bichos. Na Patagônia, os famosos pinguins-de-magalhães (Spheniscus magellanicus) são avistados nos meses quentes, principalmente, no verão. Então, se quer ver aquelas colônias gigantes de pinguins, escolha entre eles ou a neve.

Segundo este site da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), principalmente os pinguins jovens migram para locais mais quentes em busca de alimento. Por isso, é comum no inverno ouvirmos notícias dessas aves encontradas no Sul do Brasil e até na Bahia e no Rio de Janeiro. A primeira vez que vi um pinguim no Brasil (e uma foca ou leão-marinho bebê!) foi no litoral do Paraná, há cerca de dez anos, perto da balsa que nos leva até a lindinha Ilha do Mel. Infelizmente, outros eu vi mortos nas areias do litoral de São Paulo. Muitos se perdem durante a volta, chegam exaustos ou sofrem com a interferência do homem no oceano e acabam morrendo. Triste.

Anote na agenda, se você pretende ver um monte de pinguim tudo junto ao mesmo tempo, vá à Patagônia no verão. Agora, se você ama a vida marinha, tem que ir à Península Valdés, na Argentina. Eu não conheço o lugar pessoalmente, mas é lá que podemos ver as orcas (<3) caçarem na areia da praia! Dica muito amiga: neste site, há um calendário da fauna de Puerto Madryn, região da Península Valdés. Parece ser imperdível! E super pertinho de nós.

IMG_1754Obs.: A primeira foto acima foi tirada pelo Gustavo Mendes, em São Sebastião (SP). A foto mais abaixo foi tirada no Ushuaia, Argentina.

Como destruir vários ambientes com espécies invasoras

IMG_1848Duas ideias de jerico. Na realidade, três se formos falar sobre as ovelhas, mas esta fica para outro post. Quem visita o Parque Nacional da Terra do Fogo, em Ushuaia, Argentina, pode observar o trabalho de castores canadenses fazendo suas represas. Sim, esses bichos são geniais, derrubam árvores para conter água. Acontece que, como deve ter reparado, eles são canadenses! E o que fazem do lado oposto do continente? E por que as lebres-europeias, provenientes do outro lado do Atlântico, também podem ser vistas ao lado deles no Fim do Mundo?

Bem, resumindo a história que você pode saber mais aqui, os castores foram introduzidos na região em 1946 pela indústria da pele. Sem predadores naturais, os 25 pares se transformaram em 100 mil indivíduos! Um problema para a bicharada local, que tem que competir por espaço e comida com eles, e para as árvores. Estas são derrubadas sem tempo de recomporem bosques, agora, no chão. Quer dizer, na água.

Por sua vez, as lebres-europeias foram colocadas na Patagônia para serem caçadas pelos homens. Isso mesmo, como um instrumento esportivo. Mas elas foram longe… Atualmente, podem ser encontradas aqui no estado de São Paulo comendo plantações! O caso da lebre-europeia é tão sério, que ela está causando a extinção da lebre-da-patagônia. Esta é rara de ser observada. Agora, a outra, eu mesma vi do ônibus dentro do Parque Nacional Los Glaciares, onde está o famoso glaciar Perito Moreno (Argentina). Aliás, há alguns anos, creio que foi ela que observei no Paraná. Para você ver como a ação humana sobre os animais pode causar um estrago continental.