E o Nobel vai para…

Isis Nóbile Diniz! Brincadeirinha! O fato é que, esta semana e a próxima, serão memoráveis para o meio científico. Dias em que o Nobel 2008 será entregue. Aliás, hoje mesmo foi divulgado que os pesquisadores Yoichiro Nambu, Makoto Kobayashi e Toshihide Maskawa receberam o Prêmio Nobel de Física.
O primeiro, cidadão norte-americano nascido em Tóquio, pela descoberta do mecanismo de quebra espontânea de simetria em física subatômica. Os dois últimos, japoneses, pelo trabalho que previu a existência de pelo menos três famílias de quarks – partículas hipotéticas que constituiriam a base de todas as partículas atômicas. Vão dividir US$ 1,4 milhão.
Ontem, os cientistas franceses Luc Montagnier e Françoise Barre-Sinousi, que descobriram o vírus da Aids, e o alemão Harald zur Hausen, que identificou o vírus que provoca o câncer do colo do útero, ganharam o Prêmio Nobel de Medicina ou Fisiologia.
Além dos citados acima, amanhã será entregue o de Química, dia 9 o de Literatura, 10 o de Paz e 13 o de Economia. Quer acompanhar os vencedores antes de toda a imprensa? Clique aqui, no site oficial do prêmio. Ele possui uma lista com os laureados de todos os tempos, jogos, histórias das estrelas e por aí afora.
Quem foi Nobel?

O prêmio existe desde 1901. Suas bases foram definidas em 1895 quando o sueco Alfred Bernhard Nobel escreveu que sua última vontade: deixar parte de sua riqueza para a criação de um prêmio. Nobel era cientista, inventor, empresário, escritor e pacifista – que criou a dinamite!
Diz a lenda que, o químico de formação trabalhava na fábrica de nitroglicerina do pai engenheiro. Após a falência do estabelecimento, passou a fazer explosivos à base de nitroglicerina líquida. Um acidente com a substância provocou a morte de Emil, seu irmão caçula. Proibido de reconstruir a fábrica e visto como “cientista louco”, continuou a pesquisar a maneira de minimizar o perigo de manusear a nitroglicerina, aperfeiçoou a dinamite e, consquentemente, criou um explosivo mais poderoso: a nitroglicerina gelatinizada.
Nobel acumulou uma fortuna gigante com as patentes e a exploração de poços petrolíferos na Rússia. Como não teve filhos e ficou abalado com a utilização de seus inventos, deixou seu rico dinheirinho à fundação encarregada de premiar aqueles que se destacassem por sua contribuição para o bem da humanidade.
E o Ig Nobel?
É uma sátira que está na 18ª edição. Além de divertir, foi criado para “honrar façanhas que primeiro nos fazem rir e depois pensar”. Pela primeira vez, brasileiros são agraciados! Astolfo G. Mello Araújo e José Carlos Marcelino ganharam o Prêmio Ig Nobel de Arqueologia pelo trabalho “O papel dos tatus no movimento dos materiais arqueológicos: uma abordagem experimental”.
Na pesquisa, ambos chegam a quatro conclusões principais: o movimento vertical dos artefatos, feito pelos tatus, não apresenta direção preferencial; os horizontes culturais dispersos em camadas estratigráficas – seqüências de camadas de rochas – separadas por até 20 centímetros podem ser misturados pelos tatus; a atividade dos tatus deixa traços característicos – buracos – que podem ser reconhecidos durante uma escavação; não há correlação significativa entre o tamanho, o formato ou o peso dos artefatos e a sua mudança de local. Veja os outros ganhadores aqui, no site Inovação Tecnológica.
Quando soube da façanha, confesso. Tirei o maior sarro. Por fim, ganhar um prêmio sempre atrai a atenção. Sabe o ditado “fale bem ou fale mal”… Então, essa é uma maneira de divulgar a ciência, neste caso, do Brasil. Parabéns para todos.

Tudo sobre as pesquisas em animais

Segunda chuvosa com ressaca de eleições. E aí, seu candidato foi eleito? Eu prefiro nem comentar – cada um que apareceu para nos representar, afe. Acompanhando o clima, começo a semana com um tema polêmico: pesquisas feitas em animais. Para entender mais sobre o assunto, conversei com o médico Ricardo Taddeu. “As pessoas não imaginam o quanto dependem dessas pesquisas”, diz. Tire suas dúvidas e conclusões depois de ler a entrevista a seguir. Aliás, não perca e reflita sobre a última resposta.
1. Desde quando são feitas pesquisas em animais?
Quando nos referimos à medicina ocidental, provavelmente, os primeiros a utilizar animais como objeto de estudo foram os egípcios. Talvez porque isso fosse socialmente aceito, já que a dissecção de animais e corpos humanos para mumificação era procedimento rotineiro. Os gregos também realizavam dissecções, sobretudo Herophilus de Chalcedon e Erasistratus de Chios – médicos da antiguidade. Porém, foi Galeno quem alcançou um novo patamar. Ele utilizou animais em estudos que resultaram no tratado anatômico adotado pela medicina ocidental por quase 1500 anos. Além disso, foi um dos pioneiros na realização de estudos fisiológicos com animais.
2. Elas são praticadas em outros países? Quem as utiliza?
Praticamente, todos os países do mundo ocidental se valem da experimentação animal. Cada um tem uma legislação diferente, mas procuram resguardar os animais de qualquer tipo de sofrimento. No Brasil, existem leis e normas para pesquisas em humanos e em outros animais. As penas por não cumpri-las vão desde multas até detenção. Só como exemplo temos o PL 1153, a lei 6638/79, lei 9605, resolução HCPA, e as Diretrizes e Normas da CNS. A União Européia, por exemplo, restringe os testes de cosméticos em animais e espera baní-los completamente em alguns anos. A área do conhecimento humano que mais se beneficia são as ciências biológicas. Mas a psicologia também realiza alguns experimentos. Atualmente, com o desenvolvimento tecnológico, áreas que não realizavam muitos experimentos com animais, como a engenharia e a robótica, passaram a usá-los.
3. Quais animais são os mais empregados? Onde os pesquisadores obtêm esses bichos?
Praticamente todos os animais de pesquisa são roedores – ratos e camundongos – correspondendo a 95% do total de animais empregados. Ao contrário do que se acredita, cães, gatos e primatas representam juntos menos de 1% do total de animais utilizados e esse número diminui a cada ano. Os animais empregados em experimentos devem ser criados em biotérios só para essa finalidade. Isso vale para cães, gatos, porcos, primatas e, principalmente, roedores. Animais de rua capturados pela carrocinha não são usadas em experimentos por estarem em péssimas condições de saúde, o que invalidaria os resultados. Contudo, são utilizados em aulas de técnica cirúrgica nas faculdades de medicina e, no lugar de serem mortos na câmara a vácuo, são sacrificados sem sofrimento sob anestesia.
4. Se nós somos diferentes de outras espécies, os testes em animais são realmente eficazes?
Realmente, há diferenças significativas entre nós – animal humano – e outras espécies. Mas, como se pode notar, nós também somos animais e compartilhamos muitas características. De modo grosseiro, segundo Darwin, todos evoluímos de um ancestral comum. Portanto, diversos processos metabólicos e características anatômicas são iguais ou bastante semelhantes entre as diferentes espécies. Como garantir que resultados obtidos em animais sejam transponíveis para seres humanos? Não há como garantir 100%, mas com a experiência acumulada é possível minimizar os erros.
5. Quais são os tipos de pesquisas?
Didaticamente, pode-se dividi-las em básica e aplicada. A pesquisa básica objetiva gerar conhecimentos novos úteis para o avanço da ciência sem aplicação prática prevista. Envolve verdades e interesses universais. Geralmente, não possui aplicações diretas, ao menos inicialmente. Ela serve de base para a construção de hipóteses que serão testadas posteriormente. Por exemplo, descoberto em ratos uma proteína diretamente envolvida na formação de novos vasos – angiogênese – o que permite o crescimento de tumores. Mesmo sem aplicação direta, essa descoberta será a base para a busca de novas formas de tratamento do câncer. Enquanto isso, a pesquisa aplicada procura gerar conhecimentos para aplicação prática e dirigidos à solução de problemas específicos. Envolve verdades e interesses locais. Por exemplo, teste de novas drogas em animais buscando uma que seja capaz de impedir a angiogênese e, consequentemente, o crescimento tumoral. Novos medicamentos poderiam ser usados isoladamente ou combinados com outras formas de tratamento.
6. Os animais sofrem antes, durante ou depois dos experimentos?
Cada país tem sua legislação que regulamenta o uso de animais em experimentos e impede que eles sejam submetidos a experimentos que dêem sofrimento. No Brasil, existe uma lei federal que regulamenta o emprego de animais em pesquisas e proíbe qualquer tipo de maus-tratos (lei 6638/79). Segundo o USDA Annual Report – do United States Department of Agriculture -, do ano 2000, 63% dos animais empregados em pesquisa sofreram apenas um desconforto ou dor momentânea, comparável a uma picada de injeção. Do total, 29% dos animais empregados recebem anestésicos ou analgésicos e apenas 7% não recebem nenhum tipo de analgesia – porque isso interferiria no experimento. Porém a dor é minimizada o máximo possível. Além disso, ao contrário do que se acredita, cientistas não são alheios ao sofrimento animal. Primeiro, por serem seres humanos que se preocupam com os animais da mesma forma que qualquer outra pessoa. Somando-se a isso, para obter resultados válidos, os animais empregados devem estar em boas condições de saúde e higiene. A dor também é evitada, pois ela torna os animais imunossuprimidos.
7. Esse tipo de pesquisa pode ser substituído por outra?
As opções disponíveis e mais empregadas são simulações de computador, estudos in vitro e procedimento em cadáveres – como culturas de células ou tecidos humanos. Outras opções seriam observação clínica, voluntários humanos doentes ou sãos), material oriundo de mortes naturais, visualização não-invasiva em condições clínicas, observação em usuários, inferência estatística e substituição dos animais por plantas.
Atualmente, é impossível substituir completamente o uso de animais, principalmente, na experimentação. Quando se trata de animais utilizados no ensino, alguns modelos surgem como substituto, mas possuem potencial restrito, preços altos e duração limitada. É bastante complicado treinar procedimentos cirúrgicos em manequins. Desse modo, estaríamos fazendo experimentos in anima nobile – expondo o paciente ao dano e o médico ao erro.
8. Por que geram tanta polêmica?
Não existe um único motivo que possa explicar toda a polêmica. O principal deles é a ignorância e o fanatismo “quase religioso” pregado por algumas entidades de defesa dos animais. Curiosamente, os mais intolerantes são aqueles com menos informações sobre o assunto. Eles representam um grupo que, além de acreditar em fotos e vídeos sensacionalistas e falsos, ainda propagam a idéia de que experimentos com animais é tortura. Há de se convir que é uma imagem com muito apelo, porque a maioria das pessoas que gostam de animais os vê como seres puros e indefesos e não tolera imaginar o sofrimento desses “fofinhos”. Em associação, algumas entidades de defesa dos animais tratam o assunto como religião. Existe uma “indústria do ecologismo” que cresce rapidamente. Com certeza algumas entidades levam o assunto a sério, mas boa parte delas explora a ignorância das pessoas ao criar “igrejas” de adoração à natureza e repulsa ao ser humano. Talvez o ponto mais curioso nisso tudo é que os cientistas são a única parte flexível. A comunidade científica entende e aceita que o mínimo de animais deve ser sacrificado e sempre com o menor sofrimento possível. Mesmo apresentando dados sobre esses procedimentos, a incredulidade ignorante predomina.

Eu vi pinguim

Este ano, o número de pinguins – sem acento, Acordo Ortográfico – que apareceram na costa brasileira foi recordista. Não tenho o total, mas esse dado biologistas me passaram. Todo inverno, as aves viajam da Patagônia em busca de alimento. Fogem do frio rigoroso de lá, porque falta comida. Como o mar de alguns estados do Nordeste, como a Bahia, estava com dois graus a menos na temperatura, eles conseguiram nadar além de Salvador.
Dentro do oceano, existem correntes de água – lembra-se do filme “Procurando Nemo”?. Eles pegam “carona” nelas e sobem para o Brasil. Alguns, geralmente os mais fracos – seleção natural -, se perdem do bando e param nas praias. Machucados, mordidos, famintos são cuidados por especialistas que, em seguida, mandam eles de volta para o mar. Veja aqui um infográfico bem engraçado dos bichinhos que serão colocados no mar de Rio Grande do Sul hoje mesmo. A corrente marítima para volta à “casa” passa perto do Brasil. Acredito que em poucos dias eles estarão na Argentina novamente.
Há alguns anos, no inverno gélido e coberto de ventos, fui para Pontal do Sul, no embarque para a Ilha do Mel, Paraná. Estava eu, só, caminhando pelas pedras onde os pescadores lançam seus anzóis. Pasmando com os olhos descansados no mar agitado, observei algo estranho na água. “Ué”, cocei a cabeça. “Acho que vi um pato no mar”, pensei. “Pato… No mar?”, foquei com mais atenção.
Era um… PINGUIM! Se eu não me engano, da espécie pinguim-de-magalhães. Ah, que gracinha! Ele mergulhava e “boiava” calmamente. Até que, uma hora mergulhou e o perdi de vista. Sai contente, pô, já tinha visto golfinho no verão da Ilha do Mel, mas pinguim era novidade! Voltando para contar aos meus parentes, mais uma surpresa. E não é história de pescador.
Uma foquinha bebê! Ela subiu nas mesmas pedras, toda machucada. Acho que estava cega de um olho. Muito debilitada mesmo – e agitada. Cheguei perto, ela se virou para mim. A minha idéia – coisa de Felícia – foi fazer “carinho” na sua pele. Ah tá que ela iria deixar. Começou a rosnar, como um cachorro. Ameaçava morder – claro, bem. Logo em seguida, fugiu. Quando surgiu no Iate Club, chamamos os biólogos da região que trataram o animal. Disseram que, provavelmente, ela foi ferida por pescadores, por tentar comer o peixe das redes. Se ambos os animais sobreviveram? Espero que sim. Leia aqui um post de Uma Malla Pelo Mundo sobre as aves.
Foto: Centro de Recuperação de Animais Marinhos (CRAM).

Existe gravidade na órbita da Terra

Já entrevistei muita gente interessante – “famosas” ou “desconhecidas” – que admiro. Rui Ohtake, Tomie Ohtake, Ana Niemeyer, Mauro de Salles Villar, Evanildo Cavalcante Bechara, diversos cientistas e por aí vai. Essa semana, conversar com Thyrso Villela, diretor de Satélites e Aplicações da Agência Espacial Brasileira (AEB), teve um gostinho diferente.
A entrevista foi amena, sobre conhecimentos que, para ele, deve ser como 1 + 1 = 2 para qualquer pessoa. Mas, poxa, se eu tivesse dinheiro pagaria para fazer uma viagem espacial. Queria dar uma voltinha na Terra e dizer: “Ela é azul”. Sei lá, bateu algo nacionalista e de astronauta em mim.
Durante a conversa tive uma “revelação” – óbvia -, mas que matuta na minha cabeça. Parece algo mágico. Quando se está em órbita na Terra, a gravidade do planeta é sentida sim. Ela é apenas, no máximo, 10% menor do que a em solo. “A sensação de estar flutuando é porque a nave, nesse caso, está em queda constante com relação ao solo, mas sempre em movimento acompanhando a rotação da Terra”, disse o pesquisador. (errei!) “A sensação de estar flutuando é porque a nave, nesse caso, está acompanhando a curvatura da Terra”, disse o pesquisador. Estou com a cena das estrelas do filme “2001: Uma odisséia no espaço” na cabeça. E a música…
Foto: Nasa.

14% dos jovens fizeram sexo com pessoas que conheceram pela internet

Não imaginava que esse número era tão grande! Mas, na realidade, coloco esse post para dizer que entendi o porquê, entre 2001 e 2007, ter caído o número de partos em jovens para 18% no SUS. Ou, a gravidez na adolescência diminui 32% no Estado de são Paulo em dez anos.
Simples. Uma pesquisa realizada com 6.308 alunos entre 13 e 16 anos de escolas particulares conveniadas ao Portal Educacional, revelou que 22% das 1.383 adolescentes que perderam a virgindade usaram a pílula do dia seguinte para evitar a gravidez. E quase 20% dos entrevistados já tiveram relação sexual com pelo menos cinco parceiros.
No mundo, 45% das pessoas infectadas com o HIV, atualmente, são de jovens de 15 a 24 anos. Para saber mais sobre sexo, indico o ótimo blog: Sexpedia.

As etapas da separação

Sabia que toda a separação entre casais, sem exceção, são iguaizinhas? Por mais incrível que possa parecer, todo mundo de todo o mundo passa pelos mesmos passos. A diferença está na intensidade para cada pessoa.
As etapas são muito curiosas, duvido que não se identifique. Só não vale chorar se estiver passando por isso. A idéia é refletir para superar. Conheça as etapas na ordem cronológica – o texto pode ser grande, mas é rapidinho de ler:
1. A decisão
As insatisfações se tornam visíveis. Não existe mais diálogo, companheirismo, prazer de estar junto e as discussões que eram mensais começam a ser quase diárias. Pesa-se novamente os prós e contras e decide-se adiar a ruptura, apostando no resgate da relação. O processo de decisão, por qualquer uma das partes, é lento. É assustadora a idéia de construir uma vida sozinha e triste admitir que o relacionamento acabou. Há muito medo e dúvida envolvidos, seja por questões financeiras ou emocionais. Essa fase pode ser aberta e conhecida pelo casal, se eles optam por discutir os problemas e encontrar soluções, ou silenciosa. Passa o tempo e as coisas pioram novamente, com uma carga cada vez mais insuportável. A relação se transforma numa guerra ou num tédio completo. A tensão é tanta que não há mais saída. O momento de decisão fica mais claro quando ao invés de questionar o tempo todo “como está o meu casamento?”, você começa a perguntar “como eu estou?” É hora de encarar a separação de frente, sem jogar nada sob o tapete.
2. A negação
Há uma fase inicial em que se começa a negar que as coisas estavam tão ruins assim. Você acha que está exagerando, jogando uma relação longa e legal pela janela por besteira, que é só uma crise que passa como as outras. A negação é comum e pode vir tanto de quem decidiu pela separação ou pelo outro. Afinal, separar é doloroso, difícil e tendemos a esquecer as coisas ruins do relacionamento para tentar aplacar a dor da ruptura. O ser humano é ambivalente e os sentimentos também. Portanto, você vai demorar um tempo para ter certeza de que tomou a decisão certa (ou se ele tomou). É possivelmente perfeito querer sair fora da relação e ao mesmo tempo sofrer um medo danado de concretizar a perda.
3. O fracasso
Porque o divórcio representa o fim de um projeto de vida, cujo o investimento emocional foi muito grande. Afinal, ninguém casa pensando em separar. Por mais prática e realista que seja, você sempre acha que vai ser para sempre, que vai sempre ser amada e amar aquele homem. E mais, o outro conhece tudo da sua vida, é seu porto seguro e muitas vezes, seu único amigo. Você fica descrente nos relacionamentos como um todo, acha que nunca mais vai se apaixonar e casar. Acha que todos são descartáveis e nada é duradouro. E que você não é capaz de fazer alguém te amar novamente.
4. A culpa
Aparece em consequência da incapacidade que sentimos por não conseguirmos salvar esse projeto (onde eu errei, por que o outro não gosta mais de mim, o que aconteceu, por que eu?).
5. A rejeição
Se a separação foi pedida pelo outro, é inevitável. Uma das coisas mais difíceis de ouvir é que você não é mais amado. A auto-estima cai, você se sente feio/feia, desinteressante. Cuidado para não se humilhar ou transformar esse sentimento em rancor, principalmente quando o outro começar a namorar de novo.
6. O medo
Em menor ou maior grau, sempre está presente. Medo de não conseguir ser feliz de novo, da solidão, de reconstruir a vida financeiramente e emocionalmente.
7. Os altos e baixos
No meio disso tudo, há dias em que você está se sentindo uma pessoa ótima, livre, poderosa e corajoso e dias em que não consegue dar um sorriso, acha que o mundo vai acabar, que é vítima de todo o sofrimento, a mais feia. Não se desespere. É normal. Vai chegar um momento em que os altos serão cada vez maiores que os baixos.
8. Manter a amizade ou querer vingança
É difícil quebrar o vínculo com quem se foi tão íntimo, amado e que te conhece tão bem. Quase impossível. O tempo cura isso e o distanciamento é inevitável, mesmo que a separação tenha sido amigável. É, acima de tudo, essencial para o recomeço da sua vida. Não fique se sentindo  na obrigação de entender tudo, compreender o que o outro sente, o que está acontecendo e não se culpe por ataques de ciúmes e posse. Tente ser amigavel, sim, mas respeite seus limites. Se você sofre ao ouvir que o outro saiu com amigos, não pergunte e não procure saber. Do lado oposto, não nutra ódio ou revanche. No fundo esses sentimentos também são a maneira, negativa, de não cortar o vínculo, um processo lento, doloroso e necessário. Melhor não falar com o “ex” que ficar brigando e tramando vingança. Melhor para você.
9. Começar de novo
É difícil, e no começo muito desanimador. Há a excitação de cair no mundo, solteira(o), fazer o que quiser, decorar a casa como bem entender. Mas há o medo, a solidão, o vazio. A cama que antes tinha dois agora só tem você, coisas que estava acostumado a fazer não tem mais graça sem a companhia do outro. É preciso ter coragem e estrutura emocional nessa hora. Reúna os amigos, a família, tenha sempre gente por perto para os momentos de solidão. Mas não fique empurrando os sentimentos para debaixo do tapete. Devagar, vá se acostumando com o tempo que tem para você. Ele também é precioso.
10. A perda definitiva
Acontece quando o outro começa um novo relacionamento. Tristeza, acessos de ciúme e posse são inevitáveis. Afinal, ele era exclusivo seu e vê-lo com outra pessoa dói porque você inevitavelmente se compara à nova parceira e porque é um sinal definitivo – ou quase – de que você perdeu, que a relação acabou mesmo e, principalmente, que você foi substituída.
Ontem à noite, conversei com a psicóloga Jacy Torres Lima – autora do texto acima que publico na íntegra. Ela é especialista em separação de casais – não, não me separei ou estava em consulta. Apenas conversamos. Durante o bate-papo, ela passou o material acima que achei bem curioso. Duvido que, quem já passou por uma situação dessas, não tenha se reconhecido no texto… Ah, e ele é científico.
Há mais de 20 anos a psicóloga montou um Grupo de Orientação para Descasados (Godes). Segundo a Jacy, foi uma atitude pioneira – na época o povo não se separava como hoje. Ela forma grupos de pessoas separadas para aprenderem a lidar melhor com a situação, como uma espécie de Alcoólatras Anônimos (AA). Aliás, Jacy procura parceiros para montar grupos em outras cidades, que não seja São Paulo. Os psicólgos que tiverem interesse entrem em contato com ela pelo telefone (11) 5575-0815. Veja o site aqui. E deixo a dica.
Obs.: No blog Roda de Ciência, destinado à discutir o assunto, todo mês fazemos votação para escolher qual tema será debatido. Clique aqui para ecolher o do próximo.