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Protegendo as tartarugas no Caribe

Este, enfim, é o último post sobre meu olhar relacionado ao meio ambiente na viagem que fiz este ano ao Caribe. Daqui em diante, mergulharemos nas maravilhas do Rio de Janeiro! Bom, o arquipélago venezuelano Los Roques também tem um projeto para preservar as tartarugas marinhas: a Fundación Científica Los Roques. Como em diversos lugares do mundo, lá no Caribe o número de tartarugas diminuiu consideravelmente nos últimos anos por vários motivos, entre eles a pesca.

Na Ilha de Dos Mosquises, há o que eles chamam de “estação marinha” – que tem a parte de tanques aberta para a visitação. Ela é composta por instalações voltadas ao estudo do ecossistema local e diversos tanques repletos de tartarugas coletadas após o nascimento – veja o vídeo. No local, eles mantém as tartaruguinhas protegidas dos predadores, inclusive do homem, por cerca de dez meses até elas atingirem um tamanho e mobilidade maior. Depois, são soltas na areia para caminharem ao mar e seguirem o seu destino.

 

Das sete espécies de tartarugas marinhas que existem no mundo, cinco vivem na Venezuela e quatro em Los Roques – mais detalhes leia aqui, em espanhol. Segundo o biólogo Carlos (foto), as tartarugas logo ao nascerem passam muito tempo boiando quietinhas na água.

Esse comportamento somado ao seu tamanho – menor que a palma da mão quando nascem – oferece muito risco a esses animaizinhos. Tanto que, nos tanques, a gente vê as tartaruguinhas lindinhas boiando, boiando e apenas parando para comer.

 

Para incentivar os turistas a preservarem Los Roques – e a conhecer o trabalho da fundação -, eles foram bem espertos. Todos os barcos que vão para Cayo de Agua, ilha que possui uma das praias mais lindas do mundo, param em Dos Mosquises na volta. Nesta ilha, os visitantes têm uma palestra sobre a preservação marinha, sobre o ecossistema do local e conhecem o trabalho da instituição.

Após a rápida palestra, de cerca de 15 minutos, você tem certeza de que não deve correr como um doido direto para a água azul-calcinha, por mais que o desejo seja muito forte. Nunca se sabe o que te espera naquela areia fininha abaixo do mar. Na ocasião em que estive lá, por exemplo, conheci o famoso peixe-pedra exposto em um tanque – ele foi coletado em frente à fundação. O animal simpático vive em lugares com pouca profundidade e, como diz seu nome, parece uma pedra. Aí, sem perceber, você entra na água e pisa no bicho. No dorso, ele possui um espinho que – dizem – dói muito quando perfura nossa pele.

 

Bom, o investimento que a fundação recebe é bem menor se comparado ao Projeto Tamar que grandes empresas patrocinam… Independente das condições, o bacana é ver que os biólogos se esforçam para preservar esses animais e o ambiente marinho. Essa percepção faz com que todos saiam satisfeitos da “aula” e, espero, mais conscientes.

 

Obs.: A Fundación Científica Los Roques tem um blog bem bacana com muitas fotos e vídeos relacionados aos trabalhos deles – entre aqui.

Por que os flamingos são da cor rosa?

Participação especial no Xis-xis de Weruska Goeking, sobre San Pedro do Atacama (Chile):

No Atacama, uma das vistas mais bonitas – senão A mais – é a das lagunas altiplánicas, formada pelas lagoas Miscanti e Miniques com as águas vindas das montanhas. Essas lagoas ficam a mais de 4.000 metros de altura do mar.

A região fica a 110 km ao sul de San Pedro de Atacama e tem ao redor os vulcões que dão nome às lagoas, além das montanhas de Puntas Negras, Chaique e Chuculaqui, que dão forma às lagoas.

Depois uma visita à  lagoa Chaxa, que faz parte da Reserva Nacional dos Flamingos e é  formada pelas águas vindas da Cordilheira dos Andes por vias subterrâneas. Em alguns pontos a água é malcheirosa devido à grande concentração de enxofre.

Na lagoa vivem muitos flamingos de cor rosada. Lindos! Mas eles nascem bem branquinhos. A tonalidade rósea é conseguida apenas na idade adulta, depois de eles terem se alimentado com muitos camarões minúsculos e bem vermelhos. Em um ponto de descanso e alimentação para os turistas que fica bem ao lado da Chaxa havia um aquário com vários deles, mas eram tão pequenos que não consegui uma foto boa deles – menos de 1 cm!

Bem próximo da Lagoa Chaxa o terceiro maior “salar” do mundo. Um verdadeiro oásis de sal no meio do deserto, onde se costumava explorar diversas reservas de sal. Atualmente a exploração nessa área é expressamente proibida pelo governo chileno. Pequenas pedras delimitam até onde as pessoas podem pisar.

Observação eco: calor e frio na medida

Por determinação municipal, todas as construções devem usar tijolo de adobe, uma espécie de barro cru que mantém a temperatura amena no interior das casas, tanto no calor quanto no frio, como pode ser visto no pequeno povoado de San Pedro de Atacama.

Leia também Nem sempre onde há fumaça, há fogo.

Pescadores alimentam tubarões em Fernando de Noronha

Fernando de Noronha é a ilha da fantasia. Um sonho, mas não perfeita. E a “culpa” é nossa. Recentemente, pescadores estão arriscando a vida dos turistas e da própria população.
Há pouco tempo os pescadores resolveram limpar os peixes no porto – foto – e jogar os restos no mar. A graça é ver os tubarões se alimentando desse resto. A região está repleta deles. De snorkel, eu vi três tubarões, creio que da espécie tubarão-limão.
Em setembro e outubro, as águas da área estão calmas. Por isso é possível com snorkel, a partir da praia mesmo, mergulhar no naufrágio do navio grego “Eleani Stathatos”. Veja o vídeo que gravamos dele:

No verão, as águas do porto ficam repletas de ondas. Quando o mar está muito agitado, o porto “se muda” para a Baía do Sueste – uma praia “no mar de fora”, voltado para o oceano. E os surfistas pegam onda na Praia do Porto.
O fundo do mar da Praia do Porto é de pedras – aliás, de todas as praias, mas a maioria é forrada de areia dourada. Por isso os surfistas correm o risco de bater nas pedras e se machucar. Ou mesmo qualquer pessoa pode tomar um caldo e se ralar.
Como os pescadores alimentam os tubarões, ambientalistas temem que os bichos ataquem quem sangrar. Principalmente, na época em que não forem alimentados.
Assim, segundo agentes de turismo de Fernando de Noronha, os ambientalistas estão estudando uma maneira de acabar com essa prática. Lá na ilha, quase todas as praias possuem placas explicando as proibições ecológicas. Como, por exemplo, que é proibido sair da praia da Baía do Sancho para nadar com os golfinhos. Não respeitou? Toma multa do fiscal do Ibama.
Na palestra que conferi no Projeto Tamar, disseram que em Fernando de Noronha nunca houve um caso registrado de ataque de tubarão em humanos. Tá, apenas um. Um turista puxou o rabo de um tubarão-lixa. O animal arrancou um pedaço da carne do braço do infeliz.
Outras observações para serem consideradas sobre Noronha:
Na maior parte da BR 363, principal via da ilha, não existe calçada. As pessoas caminham na rodovia ao lado de carros e bugues em alta velocidade – muitas vezes conduzidos por pessoas que nunca dirigiram um bugue na vida. Os guias até avisam sobre o perigo, já que o hospital da ilha é um pronto-socorro equipado para acidentes simples. Aliás, nas ruas asfaltadas da Vila dos Remédios – centro – também não existe calçada;
Fernando de Noronha está tomada por ratos e gatos! Tudo bem que os gatos atacam os roedores, mas eles também caçam os pássaros da região que não estão acostumados com felinos;
Há problema com o depósito do lixo. Além disso, a energia da ilha é obtida por termoelétrica – que usa combustível fóssil. Eles estavam testando energia eólica – menos poluente -, mas um raio prejudicou o projeto;
Não vi ciclovias! Como acontece no resto do Brasil, a prioridade é para os carros. Carros e bugues que queimam muito óleo. Poxa, em uma ilha tão pequena, com uma bicicleta qualquer um poderia visitar os principais pontos. Mas andar de magrela na BR 363 é uma ação suicida;
Os turistas, na Praia do Atalaia, não respeitam o meio ambiente. Todos os guias repetem cinquenta mil vezes que é proibido pisar e encostar nos corais. Um fiscal do Ibama também fica de prontidão para retirar os infratores da água. Porém, quem está de snorkel, vê a falta de educação de alguns turistas.

Educar para socorrer o peixe-boi-marinho

Durante minhas andanças por Alagoas, passei para conhecer o Projeto Peixe-Boi-Marinho no povoado de Porto da Rua, mais especificadamente, no rio Tatuamunha. Foi en-can-ta-dor!
Antes dos colonizadores portugueses comerem o animal até ele – agora – correr risco de extinção, o peixe-boi-marinho habitava quase toda a costa brasileira. Se não me engano, estava presente desde o norte do Espírito Santo até o Pará. Mas no mar? Pois… é.
O Trichechus manatus, nome científico do bicho, é diferente do peixe-boi do Amazonas. A espécie (Trichechus inunguis) da Floresta Amazônica vive apenas em rios. O peixe-boi-marinho nasce nos rios, em meio ao mangue, e fica por lá com a mãe até sair da amamentação. Depois disso, segue para o mar.
Porém ele não vai muito longe da costa. O peixe-boi-marinho prefere as águas rasas. Ele se alimenta de algas que arranca com ajuda de sua unha – veja na foto. Segundo a guia – super atenciosa que quer cursar biologia, tomara que consiga -, de alga em alga ele pode pesar mais de 500 kg!
Apesar do tamanho, o peixe-boi-marinho é um animal super dócil. Esse foi um grande problema. Por ser fofinho – literalmente, não? -, ele se aproximava do homem. Não tinha tanto medo do Homo sapiens. O que facilitou sua caça.
Atualmente, o projeto com patrocínio da Petrobras e apoio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) busca repopular a costa brasileira. No rio Tatuamunha, há um espaço destinado à readaptação do animal – veja a foto. Os bebês que se perderam da mãe, os indivíduos estressados ou machucados são levados para esse cercadinho.
Biólogos alimentam e acompanham os animais até se certificarem de que eles estão aptos para voltar a serem livres na natureza. Durante 24 horas, um segurança no local checa se está tudo bem com os bichinhos. Qualquer problema, liga para o biólogo de plantão.
Todos podem visitar o projeto, eu escolhi uma guia credenciada pelo Ibama. Paga-se uma taxa, creio que R$ 20 por pessoa, que será revertida para a preservação. O passeio começa no mangue.
Nós andamos por 15 minutos em tábuas fincadas sobre o mangue e sobre o rio. No mangue, o clima é bem abafado. Depois, pegamos uma espécie de balsa que nos leva até o recinto de readaptação. Como tivemos sorte, conseguimos encontrar solto no rio o peixe-boi-marinho Aldo!
A balsa não pode se aproximar do animal. Deve ficar até 200 metros de distância dele. Mas o Aldo é curioso. Foi até nós e abraçou o barco! Apaixonante. Diferente dos outros compatriotas que foram soltos no rio – a fêmea Lua, por exemplo, passeia por toda a costa do Alagoas e vai até Porto de Galinhas, em Pernambuco -, o Aldo não saiu do Tatuamunha. Ainda não se sabe ao certo o porquê.
Para monitorar esses animais, logo após serem soltos, durante um período os responsáveis pelo projeto colocam um rádio no peixe-boi-marinho. Trata-se de um equipamento desenvolvido no Brasil. O rádio é amarrado na cauda, de forma que não atrapalhe e nem machuque o bicho. Depois de checar que está tudo ok com o comportamento do animal, o equipamento é retirado.
Quando chegamos ao rio, uma bióloga recém-formada olhou feio para nossa balsa. Um passarinho verde contou que ela reprova a visita de turistas. Mas, graças aos turistas, o projeto conseguiu empregar os pescadores que antes matavam o animal – o peixe-boi-marinho, diferente das tartarugas, quando se enrosca nas redes de pesca tem força suficiente para rasgá-las. Também gerou emprego para artesãos que fazem souvenir e para habitantes que agora têm o sonho e emprego se cursar biologia.
Além disso, ao conhecer mais sobre os hábitos e ver o quão o animal é cativante, as pessoas tendem a cuidar de seu ambiente. E a respeitar mais o peixe-boi-marinho. Educação é tudo. Confira mais fotos do passeio aqui. Saiba mais sobre o peixe-boi-marinho ali. Dica: faça o passeio no final da tarde para aproveitar o maravilhoso pôr-do-sol no rio Tatuamunha.

Por que os golfinhos acompanham os barcos?

Marque a opção que julgar correta:
a) Porque eles são exibicionistas.
b) Porque eles são curiosos.
c) Porque eles são machos pra cacete.
d) N.D.A.
A resposta certa é… “c”. Porque eles são machos pra cacete. Os golfinhos acompanham os barcos para defender as fêmeas. É o seguinte. A fêmea copula em cerca de dez segundos com vários machos. Eles ficam em fila indiana atrás dela. Como não existe exame de DNA, quando o bebê golfinho nasce, ninguém sabe quem é o pai.
Aí, quando aparece uma embarcação perto de onde eles estão, se os machos golfinhos acham que o barco pode trazer perigo para as fêmeas e seus filhotes, eles seguem em volta do barco. Até achar que as fêmeas e os filhotes estão em uma posição segura. Veja aqui fotos de um bando de golfinhos acompanhando meu passeio de barco em Fernando de Noronha.
Confira o vídeo que o @gustamn gravou no naufrágio do navio grego “Eleani Stathatos” na Praia do Porto, em Fernando de Noronha. É possível ouvir os golfinhos bem baixo, ao fundo:

Os golfinhos mais comuns encontrados na ilha são chamados de Rotador. Isso porque, para se comunicar, eles dão piruetas no ar. Conforme o golfinho cai na água, ele produz um tipo de turbulência que os demais interpretam. É apaixonante. Pena que não consegui bater fotos a tempo.
Os golfinhos-rotadores têm duas cores: cinza na parte superior e branca na inferior. Eles são pequenos com, aproximadamente, 1,50 m. Se alimentam à noite e descansam durante o dia. Antes, os turistas podiam nadar com os golfinhos em Fernando de Noronha. Segundo os guias, como muita gente puxava a cauda e as nadadeiras dos bichos, tornou-se proibido nadar com eles. Inclusive, é proibido passar de barco onde eles estão.
Na Baía do Sancho, por exemplo, existe uma placa avisando sobre a proibição. Em cima da falésia de 50 metros, fica um fiscal do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) com binóculo. Pronto para multar quem não seguir a lei. Mas… se você estiver nadando ou o barco passando e o golfinho for ao encontro, divirta-se! Para saber mais sobre esse animal, indico o site do Projeto Golfinho-Rotator Fernando de Noronha.