Na África do Sul, quando caminhávamos – vendo uma foca brincar nas ondas – pela areia da praia do Parque Nacional Tsitsikamma (foto acima) em direção a uma trilha, para subir 300 metros de morro, um homem nos parou. Abriu um sorriso: “Oi, tudo bem? De onde vocês são?” Respondemos que éramos do Brasil. “O que acharam do parque, estão gostando?” O lugar era lindo com animais marinhos, fantástico com paredões que despencavam na água, bem cuidado, bem estruturado, com uma lanchonete que não metia a faca na gente, seguro em relação a tudo, enfim, estávamos amando. “Que bom que estão aproveitando, desculpe-me a intromissão, mas sou o diretor do parque e queria saber se estavam contentes.” É por essas e por tudo o mais que amo a África do Sul, mesmo com seus graves problemas sociais.
Na África do Sul e nos maiores parques da Argentina e do Chile, é possível dormir dentro deles. Aproveitar a lanchonete, geralmente, sem preços muito abusivos. Também dá para caminhar com segurança pelas trilhas bem demarcadas e obter informações sobre o local com os funcionários. Os safáris da África dizem por si no imaginário das pessoas – é tudo isso o que você pensa. Aqui do outro lado do Atlântico, gente, o Chile nem parece um hermano brasileiro. As entradas aos parques são baratas e eles são bem sinalizados, organizados, têm excelentes estradas e trilhas – coração para o Parque Nacional Torres del Paine (foto do Sol, abaixo) e Parque Nacional El Morado. Se perder neles, só se for em pensamento…
A África do Sul, que há cerca de 15 anos estava em meio a uma guerra civil, conseguiu se reerguer economicamente sabendo usar o ecoturismo. Aliás, o ecoturismo colaborou até para recuperar áreas naturais e espécies. O Chile, apertadinho entre tanta beleza, tem parques desde o deserto do Atacama até o frio da Patagônia. Quem nunca sonhou em conhecer uma das belezas naturais do Chile? Digo o mesmo para a Argentina, que divide conosco as Cataras do Iguaçu, que tem o Perito Moreno e o Parque Nacional Tierra del Fuego lá no Fim do Mundo. E o Brasil, o que tem? Desse tamanho todo, não tem nada?
Muitos parques (reservas) brasileiros, sejam eles públicos ou privados, se encontram em triste situação. A maioria deles sofre com falta de planejamento e do famoso manejo. Em alguns parques, onde o atrativo eram as aves, não se observam mais aves. Outros quase tiveram que fechar as portas por conta da falta de dinheiro para mantê-los. Outros são depredados pelos visitantes, que em vez de terem orgulho da beleza nacional, preferem destruir o nosso patrimônio. Claro que, já que Deus é brasileiro, ainda há palmeiras onde canta o sabiá.
Existem inúmeros bons exemplos no Brasil. O mais recente que eu visitei, a convite da Fundação Boticário que o mantém, é o Reserva Natural do Salto Morato (foto abaixo) distante apenas 170 quilômetros de Curitiba, capital do meu maravilhoso Paraná. O lugar tem cachoeira de 100 metros, piscina natural, figueira de 350 anos, quase 600 espécies de plantas, cerca de 350 espécies de pássaros (fáceis de serem avistados), mais de 80 espécies de mamíferos… Dá para caminhar por ele com segurança, dá para acampar e ele tem lanchonete. A entrada inteira? Sai por sete reais.
Vamos aproveitar o que temos de lindo e de melhor. Vamos conhecer as reservas respeitando a cultura local, sem retirar nada do lugar, tendo cuidado com nós e com os outros, guardando o meio ambiente. Assim, com essas ações, nós estimularemos a conservação desse e de mais locais. O Brasil é gigante. O Brasil é lindo. A população brasileira é uma das mais simpáticas e generosas do mundo. Isso tudo é o que temos de melhor. Alguns ecoturismo são caros, sim. Então, vamos estimular aqueles que são viáveis para que os inviáveis economicamente se tornem mais acessíveis. E, sempre, sempre com consciência. O ecoturismo pode impactar um lugar, mas pode ajudar a preservá-lo.
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