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Por que o Rio tem morros?

Essa eu aprendi caminhando na Pista Cláudio Coutinho, na Cidade Maravilhosa – clique aqui para ver um vídeo do passeio e saber mais. O local é repleto de placas com explicações sobre a flora, a fauna e a formação rochosa locais. Duas delas me chamaram muito a atenção, diziam como aqueles morros do Rio de Janeiro “apareceram”. Veja que incrível – a geologia me encanta por proporcionar um contato com o passado remoto: a maioria das rochas cariocas que vemos nos morros se formou há cerca de 600 milhões de anos, durante a época chamada Eon Paleozóica.

Faz tanto tempo que a América nem existia.

Simplificando a história, existiam vários continentes dispersos. Devagarinho, eles foram se juntando, juntando, aglutinando… Até que se uniram em um continente gigante chamado Gondwana. Conforme os continentes colidiam, suas margens se acavalam umas sobre as outras formando uma cordilheira de montanhas (isso lembra os Andes?) e soterrando vastas porções da crosta (“casca” externa da Terra). Era algo lentamente violento.

A pressão e o calor da colisão entre os continentes foram tão intensos que fizeram com que uma rocha que estava lá no fundo da crosta se modificasse e aparecesse. Essa rocha, entre elas a do Pão-de-Açúcar, se chama gnaisse. Segundo indicam as placas da Pista, as gnaisses que vimos em forma de morros cariocas foram formadas há 25 quilômetros de profundidade. A erosão – ação da chuva, vento e mar – das partes mais superficiais da crosta fez com que a gnaisse aparecesse.

Nem preciso dizer que me delicio com essas histórias. Leitor, vamos preservar o que levou tanto tempo para ser esculpido.

Para ser um ecoturista decente

Da série especial de Weruska Goeking, sobre San Pedro do Atacama (Chile):

No Valle de La Luna estão as Três Marias. As pessoas que viviam na região e retiravam sal das minas acreditavam que as esculturas eram guardiãs do lugar. Hoje vemos apenas duas Marias e meia porque há cerca de dez anos um japonês tentou subir na escultura à esquerda para tirar uma foto. Como a formação rochosa é “recente”, aproximadamente mais de um milhão de anos, ela não aguentou e cedeu. Depois do acontecimento, de acordo com a guia local, quem ultrapassar a linha formada por pedras aos pés das Marias pode ser deportado.

Ao lado das Três Marias uma construção que até a década de 1970 serviu de abrigo para uma família que explorava sal nas minas locais. A cobertura feita de uma planta oca, parecida com mini bambus, é capaz de manter uma temperatura amena à sua sombra.

A ida à Duna Major reserva um pouco mais de aventura. O esforço para subir seus cerca de 100 metros é recompensado pela vista incrível ao chegar em seu topo, onde é possível enxergar a Cordilheira do Sal, o Vale da Morte e o Salar.

Ainda no início da subida ao topo da Duna Major, a vista surreal de rochas, areia e diversas montanhas nevadas ao fundo.

À frente, o caminho rochoso por onde é permitido subir a duna. Subir pela areia é vetado, já que as pegadas demoram de duas a três semanas para desaparecerem, variando conforme a incidência de ventos. No dia em que visitei três pessoas inadvertidamente deixaram suas pegadas. Uma pena. Um tipo de recordação que, definitivamente, a natureza não precisa.

Observação: Algumas “cavernas”  ao longo do Vale foram construídas pelo homem, quando ainda era permitida a exploração de sal no local.

Saiba mais sobre a participação no post Nem sempre onde há fumaça, há fogo.

Existem pedras que estalam

Da série especial de Weruska Goeking, sobre San Pedro do Atacama (Chile):

Fizemos uma visita ao Valle de La Luna, formado por muitas rochas avermelhadas e dunas claras. Neste ponto, se todos os visitantes ficarem em total silêncio é possível ouvir as rochas “estalarem”. Parece que tudo irá ruir e vir abaixo! A guia garantiu que não.O fenômeno acontece devido à variação de temperatura do lugar. À noite, as rochas se resfriam e, por isso, ficam mais compactas. Com o aumento das temperaturas ao longo do dia se expandem e “estalam”. Assim, o melhor horário do dia para conferir esse fenômeno incrível da natureza é por volta de 12h/13h.

Sal ou gesso?

Não precisa lamber a rocha para saber a resposta. Se conseguir riscar a pedra com a força da unha, é gesso, se não conseguir, é sal. No caso da foto é gesso. Bonito, né?

Saiba mais sobre a participação da jornalista no post Nem sempre onde há fumaça, há fogo.

Aqui quem fala é da Terra!

terra_globe0047.jpgEm ritmo de samba: “Parabéns pra você (tchica tchica bum), nesta daaata queriiida (*cuíca*). Muitas feeelicidaaades, muitos aaanos de viiida!”. Na verdade, a gente não tem muito o que comemorar. Para variar, só estou bem humorada. A música é dedicada ao Dia da Terra, que faz 40 aninhos hoje.
A data nasceu quando o americano Gaylord Nelson convocou o primeiro protesto nacional – lá nos EUA, correto – contra a poluição. Aos poucos, os países foram aderindo ao movimento. A data nada mais é que um alerta. Estamos poluindo nossa agradável casa azul.
Porque, na verdade, calcula-se que nosso planetinha perdido no universo possui entre de 4,5 a 4,6 bilhões de anos. Esses cálculos foram feitos por meio de rochas radioativas, provenientes da crosta terrestre. Quando elas sobem para superfície, se solidificam – por exemplo, por meio de erupções tais como o do vulcão islandês de nome impronunciável Eyjafjallajokull.
Esse tipo de rocha mais antiga encontrada até hoje data de 3,8 bilhões de anos. Elas estão na Groenlândia. Analisando esse dado, conclui-se que a Terra já havia se solidificado nessa remota época. Assim, os cientistas analisaram meteoritos. Com as duas contas, chegaram à idade da Terra. Mesma época em que acreditam que teriam se formado os primeiros corpos “sólidos” do Sistema Solar. Seja lá o que isso significa.
Agora, voltando para o Dia da Terra, vamos lembrar-nos de cuidar da nossa casinha azul. Afinal, se algo mais catastrófico acontecer devido a nossas ações poluidoras – como o aquecimento global -, a Terra continuará seguindo seu caminho pelo universo e sua rota elíptica em torno do Sol. Nós, por outro lado, nos tornaremos poeira desse belo planeta.
Foto: Nasa, claro.