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O que é o gosto amargo

IMG_3173Essa, da foto, é a Laguna Amarga. Ela fica no considerado parque mais lindo da América do Sul: o Parque Nacional Torres del Paine (Chile). Como uma boa curiosa, advinha qual foi a minha ideia quando vi esse lugar divino? Não, não foi me jogar na água – que deveria ter menos de 5 ºC. Foi prová-la! Isso, mesmo prová-la! Sabe do que ela tem gosto? De bicarbonato de sódio!

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Como você deve ter percebido, viajar para mim é muito mais do que apenas “checar” o lugar bonito e tirar uma foto nele dizendo que estive lá. Eu gosto de entendê-lo e aproveitá-lo em tudo o que o for possível. O maridão e eu estávamos nos despedindo do parque quando paramos para tirar a foto acima em frente ao maciço Paine que dá nome ao parque, aquelas três belíssimas torres lá trás – depois, farei um post sobre essa geologia. O mapa do parque apontava esta como sendo a Laguna Amarga. AMARGA. Eu sabia que todas as águas do parque são potáveis, mas, como alguns lagos têm peixes, recomendo beber as águas das fontes ou dos rios para evitar um piriri.

Perguntei para o maridão: “Vamos provar a água da Laguna?” “Sério, mesmo?”, ele retrucou. Claro! Depois de muito sorrir para ele, se disponibilizou a colocar a mão na água friiiia para encher a garrafinha. Acho que bebi primeiro. Pouquinho. Ele bebeu: “Nossa, que água salgada!” Eu, de novo: “Humm, gosto de bicabornato de sódio”. Por que será?

Ah, rá! Graças ao pH da água! O pH varia de ácido, neutro e básico. Ele varia de 0 até 14, quanto maior o número mais básico (ou amargo) ele será. Por exemplo, o suco de limão tem pH 2 (ácido de baterias, 0). O cloro que usamos para limpar a casa tem 14. O bicabornato de sódio, 9. E a Laguna Amarga… 9.1! Não é divertido? Seu pH deu o nome à lagoa! Ah, por curiosidade, o pH da água “normal” é 7.

Viu como podemos aprender ciência em uma bela viagem? A sigla pH significa Potencial Hidrogeniônico, diretamente relacionado com a quantidade de íons de hidrogênio de uma solução. Quanto menor o pH de uma substância, maior a concentração de íons H+ e menor a concentração de íons OH-. Ou seja, o pH é um indicador.

Quer saber se tivemos dor de barriga? Não!

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Dica de viagem: Da Laguna Amarga e da Laguna Azul (andando mais para frente na estrada de terra, foto logo acima), dá para ver direitinho as três famosas torres que dão nome ao parque. Ambas ficam distantes das principais atrações, acho que cerca de 20 quilômetros para frente, então, se estiver de carro, certifique-se de que tem combustível. Aliás, se for à Torres del Paine de carro, leve tanque extra e planeje as trilhas de maneira que não tenha que circular à toa.

O Sol nasce e se põe no mesmo lugar

11 horas da manhã
11 horas da manhã

A qualquer momento do dia em que eu olhava ao Sol na cidade de Ushuaia, Argentina, principalmente para ter ideia de que horas eram, ele marcava cerca de quatro horas. E estava sempre acima das montanhas. Aquilo começou a me encafifar de tal maneira que observava de canto de olho só para ter certeza de que o astro não estava me trolando. Sério, não podia ser! Nunca estava a pino.

16 horas
4 horas da tarde

“O Sol anda em linha reta! Ele nasce em uma montanha e se põe na ao lado! É sempre assim?”, lá vai eu perguntar à dona da pousada. “Isso porque você não viu no auge do inverno, ele nasce e se põe sobre a mesma montanha”, ela respondeu. No pico do inverno, há poucas horas de luz (veja neste site). Já no verão, ela me disse que o dia começa às quatro da matina e termina lá pelas 11 horas da noite. O Sol nasce no centro do Canal Beagle (que fica em frente à cidade). E que é lindo. Deve ser.

Matutando sobre o Sol, tive uma luz – rá. Como eu não pensei nisso antes… Ushuaia está bem ao Sul do planeta. A Terra é inclinada, isto gera as estações do ano. No inverno, a parte virada mais para longe do Sol se “esconde” do astro. No verão, ela permanece mais tempo perto do Sol (veja no vídeo abaixo). Agora, o curioso é ver o Sol andando em linha reta na região noroeste e de repente sumir nas montanhas onde ele nasceu. Muito doido.

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Ah, eu ouvi dizer por lá que Ushuaia significa algo como “de onde vem o Sol”. Não lembro a fonte, mas faria sentido.

Por que o bicho-preguiça é lerdo?

[youtube_sc url=”http://www.youtube.com/watch?v=tyJxxhp4AcQ”]

Você conhece o bicho-preguiça, animal que faz parte da fauna brasileira, certo? Mas sabe por que ele é devagar? Ou que ele é rápido em algumas atividades? Aprenda mais um pouquinho sobre o mamífero no vídeo acima, feito por mim em parceria com o Aprenda.Bio.

Para ver mais vídeos dessa parceria, entre no nosso canal no YouTube: Além da Bio. E divirta-se!

Obs.: Tá engraçada essa imagem de abertura do vídeo onde eu estou rindo como um bicho-preguiça! Acha que sou boa atriz?

Por que o Rio tem morros?

Essa eu aprendi caminhando na Pista Cláudio Coutinho, na Cidade Maravilhosa – clique aqui para ver um vídeo do passeio e saber mais. O local é repleto de placas com explicações sobre a flora, a fauna e a formação rochosa locais. Duas delas me chamaram muito a atenção, diziam como aqueles morros do Rio de Janeiro “apareceram”. Veja que incrível – a geologia me encanta por proporcionar um contato com o passado remoto: a maioria das rochas cariocas que vemos nos morros se formou há cerca de 600 milhões de anos, durante a época chamada Eon Paleozóica.

Faz tanto tempo que a América nem existia.

Simplificando a história, existiam vários continentes dispersos. Devagarinho, eles foram se juntando, juntando, aglutinando… Até que se uniram em um continente gigante chamado Gondwana. Conforme os continentes colidiam, suas margens se acavalam umas sobre as outras formando uma cordilheira de montanhas (isso lembra os Andes?) e soterrando vastas porções da crosta (“casca” externa da Terra). Era algo lentamente violento.

A pressão e o calor da colisão entre os continentes foram tão intensos que fizeram com que uma rocha que estava lá no fundo da crosta se modificasse e aparecesse. Essa rocha, entre elas a do Pão-de-Açúcar, se chama gnaisse. Segundo indicam as placas da Pista, as gnaisses que vimos em forma de morros cariocas foram formadas há 25 quilômetros de profundidade. A erosão – ação da chuva, vento e mar – das partes mais superficiais da crosta fez com que a gnaisse aparecesse.

Nem preciso dizer que me delicio com essas histórias. Leitor, vamos preservar o que levou tanto tempo para ser esculpido.

Qual a origem da expressão “sem eira, nem beira”?

Este não é um post sobre ciência como a maioria das pessoas imaginam, mas enquadro na categoria humanidades. Bom, descobri o significado da expressão “sem eira, nem beira” passeando pelas ladeiras de Olinda, em Pernambuco.
Durante o Brasil colonial, os ricos construíam suas casas com três acabamentos no telhado. De baixo para cima, as partes eram chamadas de eira, beira e tribeira. As casas dos pobres eram feitas apenas com tribeira. Assim, quando um filho (a) de rico queria se casar com um pobre, os pais não se conformavam: “Ora, pois! Mas a casa dele (a) não tem eira, nem beira!”
Mais duas curiosidades rápidas

Anos após o “descobrimento”, apenas os ricos tinham o direito de ver o rosto de Jesus. Então, na linda Igreja de São Bento, construída em 1599, o Cristo crucificado foi inserido no andar superior. Na parte térrea, os pobres participavam da missa. Os negros – escravos – só tinham permissão para acompanhar as ladainhas dos padres do lado de fora da igreja.

Algumas pedras usadas para construir as ruas de Olinda foram retiradas do mar, daquele magnífico paredão de pedra onde “moram” os corais. Por isso, se você caminhar olhando para baixo, encontrará um monte de conchas encrustadas nas ruas. Como na foto.
Boa semana! Beijinho, beijinho, tchau, tchau.