Arquivo da tag: telescópio

Telescópio captura imagem mais nítida da região da Nebulosa da Tarântula

nebulosaEnquanto nós, praticamente poeira estrelar, debatemos sobre o fim da greve de caminhões aqui na Terra, o Universo continua belo e seguindo o seu destino. Também nos inspirando.

Aproveitando as capacidades do VLT Survey Telescope (VST), no Observatório do Paranal do ESO, no Chile, astrônomos capturaram esta nova imagem muito detalhada da Nebulosa da Tarântula e dos seus numerosos aglomerados estelares e nebulosas vizinhas. A Tarântula, também conhecida por 30 Doradus, é a região de formação estelar mais brilhante e energética do Grupo Local de galáxias.

Brilhando intensamente a cerca de 160.000 anos-luz de distância da Terra, a Nebulosa da Tarântula é a estrutura mais impressionante da Grande Nuvem de Magalhães, uma galáxia satélite da nossa Via Láctea. O Telescópio de Rastreio observou a região e os seus arredores ricos com extremo detalhe, revelando uma paisagem cósmica de aglomerados de estrelas, nuvens de gás brilhante e restos espalhados de explosões de supernovas. Trata-se da imagem mais nítida obtida até hoje de toda a região.

Bom feriado! <3

Entrevista: astrofísica fala sobre meteoritos

Fiquei impressionada com o meteorito que caiu na região dos montes Urais, na Rússia, na sexta-feira (15). Filha de geólogo, cresci aprendendo sobre os diversos tipos de rochas, inclusive sobre essas que “caem do céu”. E, justamente por caírem do céu, sempre chamaram mais a minha atenção. É quando o mundo joga na nossa frente o fato de que há um universo (infinito?) em nossa volta e que somos menor que um grão de areia dentro desse gigante, relativamente, pouco conhecido. Por isso, exceto pelos feridos, fiquei em êxtase. Voltei ao meu tempo de criança em que viajava observando ora as rochas, ora o céu.

Para saber mais sobre esse meteorito e compartilhar com você essas incríveis informações, pedi para a Tânia Dominici, astrofísica e pesquisadora do Laboratório Nacional de Astrofísica (MCTI/LNA), responder algumas dúvidas. Atenciosa, Tânia topou na hora dedicando um pouquinho do seu precioso tempo para nos ajudar a entender o que aconteceu na sexta-feira. Leia a entrevista abaixo e levante seus olhos ao céu!

Primeiro de tudo: o que é um meteorito?

Os meteoritos são o material que sobrevive à entrada de um meteoro na atmosfera terrestre e chega até o solo. O meteoro, por sua vez, pode ser originado por pedaços de asteroides ou restos de cometas. São os eventos que, às vezes, observamos durante a noite e popularmente chamamos de “estrelas cadentes”.

Ou seja, o que se registrou na Rússia foi a queima de um meteoro na atmosfera durante o dia, sendo os meteoritos os restos que chegaram ao solo e estão sendo procurados e recolhidos desde então.

Recolher e estudar os meteoritos em laboratório é muito importante, porque eles são resquícios dos primórdios da formação do Sistema Solar. Assim, nos ajudam a entender como os planetas foram formados.

É comum meteoritos caírem na Terra?

Sim, ocorrem todos os dias (tanto meteoros quanto meteoritos). O que acontece é que a maior parte da superfície terrestre é coberta por oceanos ou áreas desabitadas. Assim, eventos como o da Rússia, que ocorreu em uma área urbana, raramente são registrados.

Os meteoros podem ser originados por pedaços de material extraterrestre tão pequenos quanto um grão de areia e, de fato, o evento russo parece ter sido causado pelo maior meteoro desde o Tunguska em 1908 que, estima-se, tinha cerca de 100 metros (contra 15 metros estimados do meteoro que queimou sobre os Montes Urais). Por este ponto de vista, o evento da última semana foi extremamente raro.

Existe algum lugar atingido por meteoritos com mais frequência, por quê?

Não. Eles podem cair em qualquer local. A probabilidade de um evento como o do dia 15 de fevereiro ocorrer na Rússia é a mesma de que seja em São Paulo ou Itajubá…

O que acontece quando um meteorito atinge a atmosfera e o solo terrestres? Ele sempre explode ao entrar em contato com ambos?

Na verdade, ele não explode. O material se queima pelo atrito com a atmosfera e contato com o oxigênio. O que vimos na Rússia, com os vidros estourando, portas e telhados sendo arrancados foram ocorrências causadas pela onda de choque provocada pelo deslocamento do ar durante a queima do meteoro na atmosfera, uma vez que ele entrou com velocidade superior a 50 mil km/h. Ou seja, as pessoas não foram feridas por meteoritos, mas sim pelos estilhaços provocados pela onda de choque.

Em quanto tempo, desde que avistado na atmosfera, um meteorito pode atingir o solo? Dá para termos uma ideia?

É bastante difícil prever. Depende do tamanho do meteoro, da velocidade de entrada, da altitude da atmosfera onde ocorre a queima… De qualquer modo, ao avistar um meteoro como o da última sexta, o máximo que as pessoas poderiam fazer seria rapidamente tentar se afastar das janelas e portas de vidro que poderiam se estilhaçar.

Seria possível identificar quando um meteoro desse tamanho vai atingir a Terra?

Neste momento, vários telescópios mundo afora estão dedicados à descoberta e acompanhamento de asteroides e cometas. Observatórios profissionais e astrônomos amadores trabalham de forma coordenada para isso. Praticamente todos aqueles asteroides muito grandes (centenas de metros a quilômetros) já são catalogados e possuem suas órbitas muito bem calculadas. Ou seja, a possibilidade de qualquer ocorrência potencialmente fatal para o planeta seria conhecida com muita antecedência.

Já objetos menores como o que atingiu a Rússia são os mais difíceis de serem descobertos e monitorados. Segundo os estudos iniciais, ele tinha cerca de 15 metros de comprimento e 10 toneladas. As observações desses corpos são feitas, principalmente, por meio da análise das suas variações de posição e brilho utilizando telescópios ou, ainda, por meio de medidas de radar.

De maneira geral, como se descobre um asteroide?

Em uma sequência de imagens de uma mesma região do céu, os astrônomos procuram por objetos que estejam se movimentando em relação ao campo de estrelas (“no olho”, comparando as imagens ou por programas de computador especialmente desenvolvidos). Uma vez encontrado um objeto potencialmente interessante e calculadas as suas efemérides, os dados são cruzados com as bases de dados mantidas pela comunidade astronômica internacional. Assim, verifica-se se o objeto celeste já era conhecido ou não. No caso de já ser conhecido, é possível que a órbita já seja bem determinada ou que ele tenha sido perdido e esteja sendo redescoberto. Cada nova observação vai sendo utilizada para refinar o cálculo da órbita de cada asteroide ou, mais raramente, de cometas.

Existem sistemas de alerta que avisam os observadores quando algum objeto novo é descoberto, para que eles direcionem os seus telescópios e ajudem a monitorá-lo. Inclusive, já temos telescópios robóticos que recebem os alertas automáticos e se posicionam imediatamente, sem precisar de interferência humana.

A observação da variação do brilho ao longo do tempo oferece outras informações além da trajetória desses corpos celestes como a forma, dimensões e pistas sobre a composição química. Então, se o objeto é muito pequeno, a luz (do Sol) que ele irá refletir será mais tênue e, por isso, mais difícil de ser detectada pelos nossos telescópios. Outro ponto em relação ao meteoro que atingiu a Rússia foi o fato de que o evento ocorreu durante o dia, portanto inacessível aos telescópios ópticos. Apenas radares poderiam registrar a aproximação.

No Brasil, o Observatório Nacional (MCTI/ON) está desenvolvendo o projeto IMPACTON. É um telescópio de operação remota, com espelho primário de um metro de diâmetro instalado em Itacuruba (PE) e totalmente dedicado à observação de pequenos corpos do Sistema Solar. Além disso, vários grandes projetos internacionais que ajudarão a suprir as lacunas para a detecção de objetos muito tênues estão em desenvolvimento como, por exemplo, a missão europeia Gaia ou o telescópio LSST de oito metros de diâmetro a ser instalado no Norte do Chile e que será dedicado a monitorar todo o céu com profundidade e detalhamento sem precedentes.

 

Obs.: A Tânia Dominici tem um blog sobre poluição luminosa – clique aqui para conhecer –, um problema que nos impede de vermos as estrelas no céu (e atrapalha as pesquisas).

Foto: El coleccionista de instantes.

Parabéns ao telescópio brasileiro!

tel160.jpgO Observatório do Pico dos Dias (OPD), localizado em Minas Gerais, completou 30 aninhos! Ele possui três telescópios sendo, um deles, o maior em solo brasileiro com espelho de 1,6 m – esses “bichos” são medidos pelo tamanho da lente. Ok, é pequeno se comparado aos Keck, no Havaí, com 10 m cada um dos dois. Mas eles são 15 anos mais novos…
O importante é frisar que nem só de macaco vive o Brasil. Na nossa selva, temos um telescópio bacanérrimo que, graças a ele, um astrônomo conterrâneo meu fez uma descoberta que deixou o mundo de queixo caído.
O paranaense Augusto Damineli, da Universidade de São Paulo (USP), desde 1989 observava a Eta Carinae – a maior e mais luminosa estrela da nossa galáxia, a Via Láctea. Assim, graças ao pesquisador e ao OPD, descobriu se que, na realidade, a Eta Carinae era duas estrelas. Leia mais sobre a pesquisa aqui.
Não é divertido? O OPD faz parte do Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA) que, por sua vez, é uma das unidades de pesquisa integrantes da estrutura do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Para saber mais, clique aqui. Au revoir!

O Hubble voltou a funcionar!

Lembra-se que astronautas foram, em maio, até o Hubble dar um tapa no equipamento? Então… O telescópio espacial voltou com a corda toda! O site do Hubble publicou as novas lindas imagens captadas pelo meu herói. São galáxias distantes coloridas, um aglomerado de densas estrelas, algo que eles chamam de “pilar da criação” – seja lá o que isso significa – e uma nebulosa – uma nuvem de poeira e hidrogênio – em forma de borboleta. Delicie-se aqui.
Com o novo espectrógrafo – equipamento que registra as partes da luz – em fucionamento, os pesquisadores tentarão mapear a estrutura do universo e rastrear a distribuição de elementos fundamentais para a vida. Também querem fazer um censo de quantas coisas “bóiam” no Cinturão de Kuiper – uma região no final do Sistema Solar lotada de corpos celestes -, testemunhar o nascimento de planetas em torno de estrelas e investigar as atmosferas de outros mundos.
Por fim… a cereja do bolo. Captando a luz infravermelha, os cientistas vão checar o comportamento de galáxias “bebês” que possuem apenas 500 milhões de anos – calcula-se que o universo tem cerca de 13,5 bilhões de anos. De tabela, se o Hubble ajudar a desvendar o que é a tal da energia escura – uma força repulsiva misteriosa que está empurrando o universo para a expansão cada vez mais rápido – a curiosa aqui agradecerá!