A oficina de Montaigne
O último “post” deveria ter deixado claro que o ócio total, o não fazer nada absoluto, é tão deletério quanto o excesso de trabalho, que mina as energias do homem de bem e não deixa brecha para a leitura, a música, o lazer. Em seus Ensaios, consta que Montaigne, já com bastante idade, teria optado, sem sucesso, pelo ócio. “Recentemente, ao isolar-me em minha casa, decidido, tanto quanto pudesse, a não me imiscuir em outra coisa que não seja passar em descanso e apartado esse pouco que me resta de vida, parecia-me não poder fazer maior favor a meu espírito do que deixá-lo, em plena ociosiodade, entreter a si mesmo, fixar-se e repousar em si; e esperava que doravante ele o pudesse fazer mais facilmente, tendo se tornado, com o tempo, mais ponderado e mais maduro. Porém descubro que ‘a ociosidade sempre dispersa a mente em todas as direções’ (Lucano).” Esse ensaio foi assim intitulado por Montaigne: “Da ociosidade”. Ou, se preferirem um título mais direto, “Que cabeça vazia é a oficina do diabo”…
Discussão - 7 comentários
como dizia minha vózinha
EU PRATICO ÀS VEZES O ÓCIO E ACHO ÓTIMO,NESSAS HORAS EU ME DIVIRTO,BEBO,LEIO ETC. E FICO LONGE DO HOSPITAL.O QUE É MARAVILHOSO.OI PEDPAPULO E AÍ?
Helena, tudo bem? Vc tem msn?
Passei no seu blog hoje, alertado pelo Polzonoff. Fiquei muito contente com o que li. Preciso ler Montaigne, que só conhecia de nome, como o inventor do ensaio.Parabéns! (Nada de idéias de desistência, hein!)
Da-lhe "tripalium" para obviar o ócio!
obviar? Não entendi nada!!!
Caro Amigo, a Vida no descanso também é boa e embora estar a sós comigo seja uma fundura eu respiro planos, outros planos para sustentar as fendas que se abrem nesse ser mutante e difuso que sou. Abç