Em Nova York, visitado por Heráclito

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<![endif]–>Alfonsina Storni desapareceu no mar. Muitos chamaram seu desaparecimento de suicídio.Para mim, foi algo maior que isso. Poeta, exerceu múltiplos outros ofícios nas pampas argentinas  para sobreviver.  A primeira vez que ouvi a música “Alfonsina y el mar”, composta por Ariel Ramírez e Félix Luna, fiquei agudamente triste. Lembro-me que foi na voz de Mercedes Sosa que fui tocado pelos versos “te vas Alfonsina con tu soledad/ Qué poemas nuevos fueste a buscar? Una voz antigua de viento y de sal/ Te requiebra el alma y la está llevando/ Y te vas hacia allá como sueños dormida, Alfonsina vestida de mar”. Na última terça-feira, tive o privilégio de ouvir o pianista Michel Camilo tocnado Alfonsina y el mar no Blue Note, em Nova York. Fiquei emocionado, mas não me entristeci. Ninguém se banha duas vezes no mesmo rio.
     

Camerata Impromptu: Alfonsina y el Mar – Ariel Ramírez/Daniel Antolí

“Em todo lugar onde nada houver, lê que te amo”

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Caros Amigos, embarco, em instantes, para Toronto e Nova York. Gastarei uma semana em cada cidade, meio a trabalho, meio a passeio. Deixo, aqui, trecho da “bela e desesperada” carta escrita por Diderot à Sophie Volland. Ela me foi apresentada pelo Cássio, fiel e cativo leitor deste blog. Obrigado!  

10 juin 1759, Denis Diderot à Sophie Volland

J’écris
sans voir. Je suis venu. Je voulais vous baiser la main et m’en
retourner. Je m’en retournerai sans cette récompense. Mais ne serai-je
pas assez récompensé, si je vous ai montré combien je vous aime. Il est
neuf heures. Je vous écris que je vous aime, je veux du moins vous
l’écrire ; mais je ne sais si la plume se prête à mon désir. Ne
viendrez-vous point que je vous le dise et que je m’enfuie ? Adieu ma
Sophie, bonsoir. Votre cœur ne vous dit donc pas que je suis ici. Voilà
la première fois que j’écris dans les ténèbres. Cette situation devrait
m’inspirer bien des choses tendres. Je n’en éprouve qu’une, c’est que
je ne saurais sortir d’ici. L’espoir de vous voir un moment me retient,
et je continue de vous parler, sans savoir si je forme des caractères.
Partout où il n’y aura rien, lisez que je vous aime.

 

10 de junho de 1759, Denis Diderot à Sophie Volland

Escrevo
sem ver. Vim. Queria beijar tua mão e ir-me embora. Voltarei sem essa
recompensa. Mas já não serei bastante recompensado, se tiver te
mostrado o quanto te amo? São nove horas. Escrevo-te que te amo, quero
ao menos escrevê-lo; mas não sei se a pena se presta a meu desejo. Será
que não virás para que eu te diga e depois fuja? Adeus minha Sophie,
boa noite. Teu coração então não está te dizendo que estou aqui. Essa é
a primeira vez que escrevo nas trevas. Essa situação deveria me
inspirar muitas coisas ternas. Sinto apenas uma, é que me é impossível
sair daqui. A esperança de te ver um instante me detém, e continuo te
falando, sem saber se estou formando caracteres. Em todo lugar onde
nada houver, lê que te amo.

(tradução de Alain Mouzat)

 

No tempo do agora

https://www.blogs.unicamp.br/amigodemontaigne/wp-content/uploads/sites/206/2011/09/Casal-de-Camponeses-Indo-para-o-Trabalho-1990-Vincent-Van-Gogh.jpg
Casal de camponeses
Vincent Van Gogh 

Jean Baudrillard saiu da minha estante hoje. Não abria as páginas de “O sistema dos objetos” desde 1997, conforme última anotação, a lápis, nas páginas derradeiras do livro. É curioso como me surpreendo, de tempos em tempos, com pequenas notas por mim feitas no momento da leitura. Algumas tornaram-se ininteligívies, pois temos – ou o tenho eu  – o costume de acreditar que, as ideias e relações estabelecidas naquele particular momento, serão para sempre imortalizadas em nossa memória. No livro de Baudrillard, li a seguinte nota: “revolução industrial; sol; tez.”  Não sem esforço, pude rememorar o significado daquelas palavras. No período pré-revolução industrial, a economia era essencialmente agrícola, o que tornava a tez dos donos dos meios de produção nada ou quase nada bronzeada, pois mantinham-se abrigados do sol enquanto os camponeses sofriam a agressão direta dos raios ultravioleta. Com o advento das fábricas, tornou-se necessária a imediata diferenciação entre o dono do capital e os seus subordinados. Pois eis que não se inverteram os papéis mas se inverteu a tez: nas fábricas, onde chegavam pela madrugada e só saiam quando a noite já havia avançado, os trabalhadores empalideceram. Por outro lado, os burgueses (não me recrimine pela palavra, caro leitor) se postaram ao sol. Na mesma página, outra anotação, mais prolixa: “As sociedades, desde tempos imemoriais, sempre estabeleceram meios de tornar patente a existência de categorias hierárquicas.” Lembrei-me bem o que quis dizer. No tempo do agora, é o consumo que, fetichizado, estabelece a hierarquia. No tempo do agora. Infelizmente.                         

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