Mensagem de fim de ano: A vida muda

Fonte: Bule Voador

Autores: André Rabelo e Alex Rodrigues

[youtube_sc url=”http://www.youtube.com/watch?v=jhdFe3evXpk”]

“Há tantos mundos diferentes, tantos sóis diferentes, e nós temos apenas um, mas vivemos em mundos distintos. Agora o sol foi para o inferno e a lua está alta. Deixe-me dizer adeus, todo homem tem de morrer, mas está escrito nas estrelas e em todas as linhas de sua mão, somos tolos de guerrear com nossos companheiros de batalha”

– Dire Straits, 1985

Brothers in Arms foi um dos álbuns mais aclamados do Dire Straits. A música que intitula o álbum é também considerada por muitos uma das mais belas da banda. Para mim, a música ilustra com muita beleza e simplicidade a relação existente entre todos os seres humanos – somos companheiros de batalha. Mesmo com todas as nossas diferenças de gênero, cor, cultura, crença e idade, somos quase todos capazes de nos conectar com o sofrimento e com a alegria dos outros de maneira automática. Compartilhamos os mesmos desafios de sobrevivência que nossos companheiros de outras culturas – precisamos comer, beber, dormir e sorrir. Também compartilhamos estes mesmos desafios com os nossos antepassados. Portanto, não compartilhamos apenas um mesmo planeta e um corpo semelhante, mas um conjunto de desafios ambientais muito semelhantes que nos forçaram a encontrar soluções semelhantes. Se somos companheiros em uma mesma batalha, também compartilhamos de  armas semelhantes para enfrentar os mesmos inimigos. Continue lendo…

15 anos da morte de Carl Sagan

Fonte: Bule Voador
Autor: André Rabelo

Hoje completam-se 15 anos desde que Carl Sagan faleceu, no dia 20 de dezembro de 1996. O mais estranho da data de hoje é que Carl Sagan não parece estar morto – sua influência ainda é grande ao redor deste pálido ponto azul que habitamos. As pessoas ainda o enaltecem, leem e recomendam de maneira entusiasmada os seus livros, como se fossem lançamentos recentes. Ele inspirou a vida de muitos homens e mulheres que nunca o conheceram pessoalmente.

Carl Sagan foi, sem dúvida, um grande cientista com uma brilhante carreira acadêmica. Mas ele foi mais além do que muitos dos seus colegas acadêmicos contemporâneos. Ele foi um cientista com uma incrível sensibilidade para questões sociais, éticas e políticas que raras vezes pôde ser observada em outros cientistas. Foi, sem dúvida, um dos maiores defensores, entusiastas e comunicadores da ciência moderna. Sua preocupação em quebrar as “muralhas” que impedem o compartilhamento do conhecimento científico encantou a vida de muitas pessoas que tiveram seus corações despertados para a busca cuidadosa do conhecimento. Ann Druyan, sua esposa em vida, descreveu esta postura de Sagan na introdução do livro Variedades da experiência científica: Uma visão pessoal da busca por Deus:

“Quando topava com uma muralha – a muralha do jargão que mistifica a ciência e isola seus tesouros do restante de nós, por exemplo, ou a muralha que cerca nossa alma e nos impede de abraçar de verdade as revelações da ciência -,  quando topava com uma dessas velhas e infindáveis muralhas, ele usava, como um Josué moderno, todas as suas muitas variedades de força para derrubá-la.”

Continue lendo…

A Gentileza de Estranhos

Fonte: Project Syndicate

Autor: Paul Bloom

Tradução: André Rabelo

Porque somos gentis com estranhos?

Eu admito que esta seja uma maneira incomum de ver o mundo, mas, ao ler o jornal, eu fico constantemente impressionado com a extensão da gentileza humana. A mais nova boa notícia vem do Centro sobre a Riqueza e Filantropia no Boston College, que estima que os americanos vão doar cerca de $250 bilhões em contribuições individuais de caridade  em 2010, muitos bilhões a mais do que no ano passado.

Pessoas doam seu sangue a estranhos, viajam em missões humanitárias para lugares como o Haiti e o Sudão e arriscam suas vidas para lutar contra a injustiça em outros lugares. E nova-iorquinos têm crescido acostumados a ler sobre heróis do metrô – bravas almas que saltam em direção aos trilhos para resgatar passageiros e então frequentemente somem, inconfortáveis com a atenção ou o crédito.

Como um psicólogo, eu sou fascinado pela origem e as consequências de tal gentileza. Alguns de nossos sentimentos morais e motivações morais são o produto da evolução biológica. Isso explica porque nós somos frequentemente gentis com a nossa própria carne e sangue – aqueles que compartilham nossos genes. Isto também pode explicar nossas ligações morais com aqueles que vemos como membros da nossa tribo imediata. Continue lendo…

Como sabemos o que sabemos?

Fonte: Bule Voador

Autor: Homero Ottoni

Continue lendo…

A ciência requer frustrações

Uma comparação entre o planeta Terra (Earth) e o Sol


A ciência sempre foi um empreendimento audacioso. Ao olhar para as estrelas que costumam ser visíveis em uma noite escura, não sentimos que estamos rodopiando ao redor de uma enorme “bola” de plasma quente (o sol) a aproximadamente 150 milhões de quilômetros de distância de nós, orbitando esta bola de plasma a uma velocidade de aproximadamente 107.000 quilômetros por hora e também não parece que as outras estrelas que observamos no céu são maiores do que o nosso planeta. Da perspectiva terráquea, estas estrelas parecem apenas pequenos pontinhos brilhantes no céu – não há porque pensar que alguns destes pontinhos são estrelas monumentais. Simplesmente não parece.

Descobrir que elas poderiam ser tão grandes quanto de fato são foi um feito audacioso de astrônomos e físicos que, ao longo de muitos anos, reuniram conhecimentos que nos permitiram entender melhor o universo no qual vivemos. Entretanto, quase nenhuma das grandes conquistas científicas, como as alcançadas pelos astrônomos no último século, foram obtidas de maneira trivial. Muito deste conhecimento custou caro.

Continue lendo…

Cientistas Aprendem a Ler Mentes: Estaria o Big Brother Muito Distante?

Fonte: Psychology Today

Autor: Sarah Estes Graham

Tradução: André Rabelo

Como muitas crianças, eu passei muito tempo sonhando com um mundo onde realidades interiores imaginadas poderiam de alguma forma se manifestar no ambiente externo. Uma vez eu desejei tanto o dom de voar que eu comecei a bater as minhas asas em público (muito depois da idade onde isso teria sido fofo). Eu rapidamente deicidi parar de ser tão observavelmente estranha, mas o sonho persistiu. Se a popularidade de filmes como “A Origem” é alguma indicação, eu não estou sozinha.

Tanto sonhadores quanto fãs de ficção científica podem segurar o fôlego – o futuro é agora. Cientistas do Gallant Lab da UC Berkeley publicaram um artigo na Current Biology mês passado apresentando a primeira abordagem bem sucedida para reconstruir filmes naturais da atividade cerebral. Estudos usando a tecnologia fMRI têm reproduzido imagens estáticas no passado, mas o fMRI mede mudanças no volume sanguíneo, não a atividade neural efetiva. Quando os neurônios estão ocupados disparando, eles demandam sangue rico em oxigênio para suprir suas atividades. Felizmente para os cientistas, este sangue possui propriedades magnéticas ligeiramente diferentes, correlaciona-se com a atividade das populações de neurônios e podem ser medidas usando-se o fMRI. Infelizmente, as mudanças no fluxo sanguíneo são muito pequenas comparadas à atividade incrivelmente complexa e rápida dos neurônios disparando. (A menor unidade mensurável sendo os píxels do  tipo voxel, mas para o imageamento cerebral isto inclui cerca de um milhão de neurônios!). Enquanto medir o fluxo sanguíneo nos da uma riqueza de informações, isto não é veloz o suficiente para refletir acuradamente o que está acontecendo com as populações neurais em nosso sistema visual. Neurocientistas estão sempre em busca de maneiras de refinar os correlatos neurais de mudanças na atividade hemodinâmica. Continue lendo…

Consumo Conspícuo e Seleção Sexual – Porque Preferimos o Mais Caro

Fonte: NERDWORKING

Autor: Felipe Novaes

Estamos vivendo numa época onde o ter sobrepuja o ser. Essa frase se tornou um clichê. Mas ela diz a verdade, realmente estamos muito mais sensíveis ao que o outro tem do que ao que ele é. Às vezes, o que se tem funciona como um indicador daquilo que se é. Claro que algumas pessoas fogem a essa regra, mas o quanto elas realmente fogem? Será que é possível fugir de tal tendência totalmente? Estudos interessantíssimos mostram que, além de avaliarmos a confiabilidade, beleza, respeitabilidade e status de alguém de acordo com o que essa pessoa possui, também levamos em conta – e muito – o valor gasto. Alguns estudiosos chegam a dizer que esse mecanismo está por trás não só da mente humana, mas também das relações de seleção sexual de outros animais, mostrando que essa é uma tendência antiga que compartilhamos com outros seres.

Continue lendo…

Ser otimista é saudável?

Romance protagonizado por "Pollyanna", uma menina cuja filosofia de vida é sempre encontrar algo para ficar contente

“Pense positivo”, “vai dar tudo certo, você vai ver”, “isso não vai acontecer com a gente, a probablidade é muito pequena”. Estes exemplos são familiares para você? Já ouviu isso de alguém hoje (ou ontem)? É cotidiano observar a capacidade que muitos de nós possuem de ser extremamente otimista, mesmo quando existem evidências claras de que deveriamos estar mais preocupados com o que está por vir.

Seja em relação ao contágio de doenças, ao furto de bens ou à acidentes graves, o ser humano parece tender a ver tais riscos como distantes de si e improváveis. Ser otimista já foi relacionado em alguns estudos com uma série de efeitos psicológicos benéficos, como menor ansiedade e melhor bem-estar. Este excesso de confiança, todavia, pode nos tornar ainda mais vulneráveis do que já somos, exatamente por pensarmos que não corremos certos riscos e não tomarmos ações necessárias de precaução.

O otimismo pode ser entendido tanto como uma superestimação de eventos futuros positivos quanto uma subestimação de eventos negativos futuros [1]. O que alguns estudos recentes tem indicado é que nós somos propensos a apresentar um otimismo exagerado, “irrealista”, em relação à eventos futuros [1,2]. Na psicologia social, uma propensão similar à esta já havia sido identificada nos anos 1970 e batizada de crença em um mundo justo [3]. Obviamente, esta crença (a de que o mundo é inerentmente justo) é bem otimista em relação à realidade cruel que salta aos nossos olhos diariamente, quando lemos ou ouvimos um noticiário. De acordo com esta ideia, as pessoas acreditam que o mundo é fundamentalmente justo e que coisas ruins acontecem com pessoas ruins – todos passam pelo que merecem [4].

Continue lendo…

Pseudo-profundidade: Receitas para simular profundidade – aspirantes a gurus, tomem nota

Fonte: Psychology Today

Autor: Stephen Law

Tradução: André Rabelo

Deepak Chopra: mestre da pseudo-profundidade e da pseudociência

Ao redor do mundo, audiências se sentam aos pés de experts do marketing, consultores de estilo de vida, místicos, líderes de culto e outros “gurus” à espera do próximo insight oculto e profundo. As pessoas frequentemente pagam uma boa quantia de dinheiro para ouvir estas palavras de sabedoria. Como então estes indivíduos elevados chegam aos seus insights penetrantes? Qual é o segredo da profundidade deles? Infelizmente, em alguns casos, a audiência é enganada pelas artes das trevas da pseudo-profundidade.

A arte de soar profundo é muito facilmente dominada. Você também pode fazer pronunciamentos que soem profundos – e significativos – se você estiver preparado para seguir algumas regras simples.

Primeiro, tente afirmar o incrivelmente óbvio. Só faça isto m-u-i-t-o-l-e-n-t-a-m-e-n-t-e, com uma espécie de aceno de quem sabe. Isto funciona particularmente bem se sua afirmação tiver algo a ver com algum dos grandes temas da vida, do amor, da morte e do dinheiro. Aqui estão alguns exemplos:

A morte chega para todos nós

Todos nós queremos ser amados

O dinheiro é usado para comprar coisas

Tente você mesmo. Se você pronunciar o óbvio com suficiente seriedade, seguido de uma pausa longa, você logo poderá encontrar outros começando a acenar em concordância, talvez murmurando “Isso é verdade”.

Continue lendo…

Tudo acontece por uma razão?

Fonte: Psychology Today

Autor: Paul Thagard

Tradução: André Rabelo

Quando as pessoas precisam lidar com situações difíceis em suas vidas, às vezes elas se tranquilizam dizendo que tudo acontece por uma razão. Para algumas pessoas, pensar desta forma torna mais fácil lidar com problemas de relacionamento, crises financeiras, doenças, morte e até mesmo desastres naturais como terremotos. Pode ser angustiante pensar que coisas ruins acontecem apenas por acaso ou acidente. Mas elas acontecem.

O provérbio de que tudo acontece por uma razão é a versão moderna, New Age, do antigo provérbio religioso: “É a vontade de Deus.” Os dois provérbios têm o mesmo problema – a  completa ausência de evidência de que são verdadeiros. Não só não há boas evidências de que Deus existe, mas não temos maneira de saber o que é que ele (ou ela) queria que acontecesse, diferente daquilo que de fato aconteceu. Deus realmente quis que centenas de milhares de pessoas morressem em um terremoto em um dos países mais pobres do mundo? Qual poderia ser a razão para este desastre e o sofrimento em curso de milhões de pessoas, privadas de comida, água e abrigo? Porque as pessoas acham tranquilizante que o terremoto do Haiti aconteceu por uma razão como a vontade de Deus, quando eventos terríveis como estes sugerem um alto nível de malevolência no universo ou em seu alegado criador? Felizmente, tais eventos podem ser vistos alternativamente (e com boas evidências) como o resultado de acidentes e possivelmente até mesmo do acaso. Continue lendo…