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O verde vai dominar o rádio

Esses dias, eu estava contribuindo para o aquecimento global, engarrafada no trânsito de São Paulo. Sozinha no meu carro – não tinha como dar carona ou usar nosso escasso/ péssimo/ desorganizado transporte público (falando nisso, viram o resultado do laudo do IPT sobre o desabamento da estação Pinheiros da linha quatro do Metrô? Clique aqui para ler).
Mi filosofia es: mi coche, mi casa. Levo tudo nele. Havaianas, maquilagem, guarda-chuva, perfuminho, livro, revistas e, claro, meu rádio com controle remoto. Assim, o trânsito me fez uma boa ouvinte de rádio. Sou viciada em notícias, notícias, notícias. Nesse fatídico dia, eis que resolvi tirar um pouco do noticiário. O calor da poluição do trânsito somado às buzinas e vozes aveludadas dos companheiros locutores me irritou.
É comum as rádios criarem quiz de perguntas sobre música. Os ouvintes que acertam a maioria delas ganham prêmios. Não é que o verde agora invadiu as ondas eletromagnéticas? A rádio Metropolitana FM mudou de ares. Lançou o “Desafio Impacto Ambiental”.
Os interessados respondem, ao vivo, perguntas sobre meio ambiente e ecologia. A cada acerto ganham cinco anos de oxigênio – algo do tipo. Mas, até esse dia, apenas uma pessoa conseguiu acertar seis perguntas. De mais ou menos dez. As questões são assim: “Em que ano ocorreu a ECO-92?” Conclusões óbvias: as empresas estão percebendo que o verde pode trazer saborosos frutos e as pessoas precisam estudar mais ou controlar a ansiedade.

A briga com a Dengue

Espirrei o repelente nas pernas e nos braços. Eu que não quero voltar “dengosa” para São Paulo. Pena que, mesmo assim, não teve jeito. No meu primeiro dia no Rio de Janeiro, fiquei cheia de picadas de mosquitos. E não pense que fui fazer trilhas ou algo semelhante. Apenas caminhei pelos bairros.
No dia seguinte, fui admirar o pôr-do-sol do Arpoador – um dos meus lugares preferidos na Cidade Maravilhosa. Apesar de todo meu cuidado, juro que um mosquitinho amarelo e preto tentava sugar o sangue do meu braço. Claro que não era uma abelha. Espantei o inconveniente. Será o tal Aedes aegypti?
Em seguida, dentro do ônibus circular, saquei o produto da minha bolsa e mandei ver. Tomei um banho de repelente. Sem economizar ou medo de ser feliz, exagerada, ridicula, turista, etc. Os passageiros em volta nem perceberam…
Conversando com cariocas sobre os trabalhos de Oswaldo Cruz, senti como se estivéssemos regredindo no tempo. No início do século passado, o Rio de Janeiro – e outras cidades interioranas e quentes do país – sofria com epidemias semelhantes. Passados 100 anos de pesquisas e tecnologias, o que melhorou?

Primeira vez no Science Museum

Hall de entrada do Science Museum, em Londres“Escolha o que quer conhecer. Hoje, posso te acompanhar”, disse minha fofa- e- prestativa- super- amiga que morava em Londres. Era meu último dia na capital. Entre os lugares que ainda faltava conferir, estava o Science Museum.

Aquele monte de gente de credos diferentes indo e vindo pelo túnel sombrio. As paredes de tijolinhos úmidos vermelho-escuro. Algumas partes pichadas. Outras pareciam janelas com grades e vista para terrenos, aparentemente, baldios. Caminhávamos em silêncio. Ao sair do metrô, fui transportada para a Revolução Industrial. Esse clima me assustou.
Passado o passado e os rostos desconhecidos, saímos do túnel – do tempo – em direção à rua. Avistamos o museu em um edifício comum. Quando colocamos o pé direito porta adentro… Paralisamos. De volta para o futuro! Um saguão de três andares se abriu. No centro, uma luz girava de acordo com leis da física dentro de um anel com, aproximadamente, cinco metros. O lugar é incrível.
O Science Museum possui sete andares. Só pelo tamanho já dá para perceber que uma hora é pouco para visitar com calma todo o local. Nós começamos pelo subsolo. E fomos subindo. Eles disponibilizam ao menos quatro elevadores para os visitantes. Esse museu de ciência deixa os nossos tímidos.
O local é totalmente high tech. Foi subdividido por áreas de pesquisa ou do conhecimento como medicina e agricultura. Em cada uma, estão dispostos objetos antigos, novos ou “do futuro”. É possível interagir por meio de computadores com dados e ilustrações sobre os temas. Em alguns ambientes também pode-se tocar em objetos expostos – como uma espécie de cadeira-voadora do futuro.
Ficamos por lá duas horas, confesso que foi corrido. Observamos atenciosamente as áreas que mais nos interessaram: da ciência do século XVIII, do tempo e da energia. De qualquer maneira, conhecemos todo o museu. Fiquei realizada. Dentro de uma realidade quase virtual. “Quase” porque as coisas eram palpáveis.
O mais bacana é que o museu expõe o conhecimento de forma simples, mas não óbvia. Aconselho a visita. Inclusive, o lugar é ideal para quem possui filhos ainda crianças – ou quem quer voltar a ser! Além das exposições, é possível entrar nos simuladores e em outros “brinquedinhos”. Estes ingressos são cobrados à parte. Porém a entrada para o museu é gratuita.
Visite o site do Science Museum. Em “museum map” é possível navegar pelo museu e ver quanto tempo é sugerido para conhecer cada área dele. Dica: é melhor visitar em mais de um dia para não ficar cansativo.
Obs.: Na foto acima é possível ver o hall de entrada. Ao lado, a foto foi tirada de uma exposição temporária que comemora os 100 anos da invenção do plástico.

Final dos tempos

Em duas semanas, a Terra sacolejou. Bombas na Índia, possível guerra civil no Líbano, tornados e queimadas nos EUA, terremotos na China, ciclones em Mianmar. Até o Brasil, internacionalmente conhecido como “abençoado por Deus”, não escapou. Temos terremotos no Nordeste e Sudeste. Ciclones, no Sul. Queimadas e guerras, no Norte e Centro-Oeste. Alguém olhou para o céu hoje?
Como dizia minha avó – extremamente sensata e sábia – uma vez o planeta acabou na água. Agora vai ser no fogo. Observe que na época em que falou essa frase não “existia” o aquecimento global. Para o ano de 2079, veja como alguns esperam o inverno aqui ou ali. Coisa de menino. Só rindo mesmo.

Não às sacolinhas

Essa é quentinha. Estava na fármacia agora mesmo. Após pagar, o caixa começou a colocar os produtos na sacolinha. Como sempre, disse que não precisava. Já que minha bolsa era grande e estava de carro, não seria necessário. “Você deve achar estranho eu levar na mão”, disse. Aí, a surpresa. Ele falou que isso é comum. Que, ultimamente, as pessoas não pegam sacolinhas. “Aliás, esses dias um senhor tirou uma sacola do bolso!” Há, sim, uma conscientização. Ao menos nessa farmácia de Sampa. Quem não deve gostar é o fabricante de sacolinhas…

Incursão: Pedra Roseta

Ísis, Osíris, Hórus… Creio que meu nome influenciou. Desde criança sou fascinada pela história antiga do Egito. Lia e via tudo sobre o tema. Tinha decorado e salteado a vida de cada deus. Por isso, a primeira vez que soube da existência da Pedra Roseta, minha respiração parou por um instante. “Então, foi assim que os pesquisadores descobriram o que significa todos aqueles hieróglifos!?!” Eu estava com menos de 10 anos e conferir de perto a descoberta passou a ser uma aspiração. Depois de muitos turistas e algumas cotoveladas…
No ano passado fui para Londres, conhecer a famosa capital. Claro, era lá, no British Museum, que o pedaço de granodiorito – ou granito negro – estava à mostra. Em um calmo domingo caminhei, pela rua paralela à do museu, observando as casas. Virei a esquina e passei tranqüila entre os leões – que ficam na frente do museu. Sabe quando se está comendo o chocolate preferido pelas beradas, para não acabar logo e saborear com masoquismo? Então. Ao chegar, visitei to-do o British Museum. Peças da Turquia, Grécia, Itália… Até que, enfim, surgiram as do Egito.
Após passar esculturas de faraós, múmias e sarcófagos, observei um falatório e uma multidão em torno de uma peça perdida no meio. Era ela! Andei rápido, hipnotizada, em sua direção, mas o sonho logo se esvaiu. Uma comitiva de turistas japoneses, cada um com uma máquina digital e uma filmadora, captavam cada ângulo (!) da pedra. Para piorar, o guia parou na frente dela com explicações sobre o tema. O que amontoou ainda mais curiosos.
Era impossível passar entre eles, fizeram um cinturão humano. Parecia uma barricada. Se eu me atrevia chegar mais perto… Todos – sério! – todos olhavam feio. Como cara feia, para mim, é fome, aquilo começou a me irritar. O pior era que infinitos grupos de turistas estavam se aproximando. Se com educação não dava… Como no metrô da Sé, às seis e meia da tarde, coloquei a bolsa para frente, segurei a máquina na mão e parti no empurrão e na cotovelada. O resultado… está na foto ao lado!
Obs.: Depois de mim, outros solitários admiradores tomaram a mesma atitude e conseguiram ver o achado. Em seguida, comi uma saladinha no restaurante do lugar.

Terremoto!

Eu não senti nada e você? Infelizmente, estava sentada numa confortável poltrona de cinema, vendo uma aula sobre documentário inglês. Nem percebi o terremoto. Mas, “infelizmente?” Pois é, não gosto de tragédias – vítimas ou problemas decorrentes -, mas admiro os fenômenos da natureza. Principalmente, esses que não acontecem com freqüencia no Brasil. Parecem divinos, no sentido literário da palavra.
Segundo os jornais, o terremoto de magnitude 5,2 graus na escala Richter teve seu epicentro no mar, a 270 km a sudeste de São Paulo, perto de São Vicente. Durou três segundos, ocorreu por volta das 21 horas. Em seguida, de acordo com a rádio BandNews FM, algumas pessoas do litoral estavam com medo de tsunami. Perigo, neste caso, descartado por pesquisadores.
Coletei três depoimentos de pessoas que perceberam o tremor. Curioso:
“Estava sentada no sofá, nesta posição (com as pernas esticadas). De repente, falei para meu marido: ‘Nossa, essa mola não é boa (o sofá é novo).’ Ele estava de pé e não percebeu nada. Me ajeitei, mas escorreguei novamente. Reclamei e arrumei as almofadas nas costas. Passou. Depois, vi que o sofá é bom, o problema foi o terremoto.”
“‘Dog, sai debaixo da minha cama!’ Estava deitado na cama vendo televisão, quando ela começou a se mexer. Achei que a cachorra estivesse fazendo bagunça no meu quarto. Quando olhei, ela não estava lá. Logo, parou!”
“Na sala, o lustre começou a se mexer! A fazer barulho e a balançar. Liguei para minha vizinha, ver se no apartamento dela estava tudo certo. Poderia ter sido problema na estrutura do prédio!”
Obs.: Tem gente até vendendo camiseta do terremoto! Links, Internautas fazem corrida para registrar impressões do terremoto, Tem terremoto em São Paulo, Queremos Terremotos No BRASIL.

Mais que a Torre

Quando decidi ir para a Itália, não poderia deixar de fora a torre de Pisa. Poxa, o Galileu pisou lá! Foi do alto dela que jogou uma bala de mosquete e outra de canhão para provar que cairíam juntas. O suficiente para me convencer em ver de perto a famosa.
Como iria passar UM dia na cidade, busquei outras atividades. Afinal, não iria ficar todo o tempo dentro da Pisa. Mesmo porque seria proibido. Conhecidos me disseram que lá não havia mais nada para fazer, era ver a torre, a praça e ir embora. Estavam enganados.
Comprei o ingresso de todas as “atrações” da praça principal: torre, cemitério, igreja e batistério. Lindos, recheados de histórias. Valeu cada centavo – de euro. Porém, especialmente o último me encantou. Tive a sorte de ver uma demonstração que acontece, se não me engano, a cada uma hora.
Do centro do batistério, um homem – que trabalha lá – emana algumas notas sonoras. Com as portas fechadas é possível ouvir à distância de dois quilômetros o que é “cantado” por ele. A acústica é impressionante. O som arrepia. Principalmente, porque o batistério foi construído por volta do ano 1100 d.C. Antigamente, usado nos rituais de… batismo!

Pêndulo de Foucault

Em uma manhã de sol, saí do hotel meia estrela em que estava hospedada, em Paris (suspiro). Peguei o metrô na estação Vaneau decidida a conhecer o Panteão. Ou melhor, movida por um desejo mórbido de ver túmulos como de Voltaire, Rousseau, Victor Hugo, entre outras personalidades. Desci em alguma estação, caminhei pelo bairro. Na esquina, uma pequena patisserie chamou minha atenção. Provei os doces mais doces da minha vida. Segui rua acima. Passei por um muro medieval, que delimitava a cidade. Continuei. Avistei a igreja pelo lado esquerdo dela. Ansiosa, entrei em busca dos meus ídolos. Mas, qual foi a minha surpresa ao ver um pêndulo girando sozinho, pindurado no teto mais alto do Panteão! Parei. Não resisti. Por um longo momento esqueci meu objetivo. Fiquei admirando o pêndulo de Foucault que se move de acordo com o movimento da Terra. Colocado ali há séculos. Me senti no dia em que as mulheres de vestidos ornamentados e os homens de cartola se espantavam com o invento. Após minutos de admiração, segui ao fundo da igreja, desci os degraus para ver meus ídolos no subsolo. Depois da meditação ao lado deles, subi rápido as escadas. Sabia o que me esperava. Passei pela maquete da igreja, localizada em uma sala apêndice. Em seguida, andei em direção à saída. Parei novamente em frente ao pêndulo. Incrivelmente, ele girava mais devagar. Lutei contra essa fascinação, para continuar meu roteiro pela capital. Tarde demais. Passei duas horas dentro do Panteão, a tarde maravilhada e até hoje me impressiono com o que vi.

Senta que lá vem a história…

Primeiro! Já faz um tempo que queria criar um blog para falar de ciência. Para postar novidades, notícias e curiosidades sobre o assunto. De forma geral, tudo com uma pitada de humor. Porém, quando a gente fala a palavra ciência, muitos já torcem o nariz. “Ciência? Écati, que chato.” Na hora de comprar cosméticos, começar uma dieta, ler matérias sobre saúde, tomar banho, escovar os dentes, dormir, caminhar… Enfim, fazer qualquer coisa que seja, saiba que a ciência faz parte do nosso dia-a-dia. Com nerdisse ou não.
Outro detalhe que muitos esqueciam… era do meio ambiente. Com o alerta do aquecimento global, pode-se dizer que essa amnésia já faz parte do passado. Aqui deixo claro que também vou abordar temas sobre ecologia – sem ser ecochata, por favor. Afinal, para mim, se não irmãos, ciência e meio ambiente nasceram um para o outro.
Por fim… vou inserir pitadas de estórias. Nada melhor do que um papo de bar ou de causos para se divertir com o behaviorismo humano. “Behaviorismo”, com licença poética.