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Faça-se a…

Teoria da Evolução, Teoria da Relatividade, Teoria Heliocêntrica, DNA, Big Bang, átomo… Já foram tantas as descobertas da ciência. Fizeram as pessoas perceberem que o mundo não gira em torno do próprio umbigo; que todos somos farinha do mesmo saco; descobriram quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha; revelaram que o mundo pode ser criado em sete dias desde que o tempo seja relativo. Existiria a maior delas? A mãe, master, monster, mega, hiper, super descoberta?
Sei não. Poderia cometer uma infinidade de injustiças se escolhesse uma. Apesar que… Ops. O que é isso acima da minha cabeça? Uma luz acendeu! Tá aí. Eu voto na… lâmpada! Ou melhor, na eletricidade! Afinal, sem ela não existiria este blog que vos fala. E nem uma telinha para ler, um teclado para preencher. Duvida? Imagine como seria São Paulo sem a eletricidade. Não seria. Jamais existira essa megalópole antropofágica e essa piração mágica, meu bem!
Obs.: A eletricidade também poderia ser considerada uma das maiores destruidoras do meio ambiente. A mão que afaga… Bom, deixo essa história para outro post. O importante é refletir. Todas as redes complexas que existem hoje seriam bem diferentes sem ela. Este post faz parte da blogagem coletiva – o nome é auto-explicativo – “Descobertas Científicas”, organizada pelo site Lablogatórios. Veja aqui o que mudou a cabeça de outros blogueiros.

Eu vi pinguim

Este ano, o número de pinguins – sem acento, Acordo Ortográfico – que apareceram na costa brasileira foi recordista. Não tenho o total, mas esse dado biologistas me passaram. Todo inverno, as aves viajam da Patagônia em busca de alimento. Fogem do frio rigoroso de lá, porque falta comida. Como o mar de alguns estados do Nordeste, como a Bahia, estava com dois graus a menos na temperatura, eles conseguiram nadar além de Salvador.
Dentro do oceano, existem correntes de água – lembra-se do filme “Procurando Nemo”?. Eles pegam “carona” nelas e sobem para o Brasil. Alguns, geralmente os mais fracos – seleção natural -, se perdem do bando e param nas praias. Machucados, mordidos, famintos são cuidados por especialistas que, em seguida, mandam eles de volta para o mar. Veja aqui um infográfico bem engraçado dos bichinhos que serão colocados no mar de Rio Grande do Sul hoje mesmo. A corrente marítima para volta à “casa” passa perto do Brasil. Acredito que em poucos dias eles estarão na Argentina novamente.
Há alguns anos, no inverno gélido e coberto de ventos, fui para Pontal do Sul, no embarque para a Ilha do Mel, Paraná. Estava eu, só, caminhando pelas pedras onde os pescadores lançam seus anzóis. Pasmando com os olhos descansados no mar agitado, observei algo estranho na água. “Ué”, cocei a cabeça. “Acho que vi um pato no mar”, pensei. “Pato… No mar?”, foquei com mais atenção.
Era um… PINGUIM! Se eu não me engano, da espécie pinguim-de-magalhães. Ah, que gracinha! Ele mergulhava e “boiava” calmamente. Até que, uma hora mergulhou e o perdi de vista. Sai contente, pô, já tinha visto golfinho no verão da Ilha do Mel, mas pinguim era novidade! Voltando para contar aos meus parentes, mais uma surpresa. E não é história de pescador.
Uma foquinha bebê! Ela subiu nas mesmas pedras, toda machucada. Acho que estava cega de um olho. Muito debilitada mesmo – e agitada. Cheguei perto, ela se virou para mim. A minha idéia – coisa de Felícia – foi fazer “carinho” na sua pele. Ah tá que ela iria deixar. Começou a rosnar, como um cachorro. Ameaçava morder – claro, bem. Logo em seguida, fugiu. Quando surgiu no Iate Club, chamamos os biólogos da região que trataram o animal. Disseram que, provavelmente, ela foi ferida por pescadores, por tentar comer o peixe das redes. Se ambos os animais sobreviveram? Espero que sim. Leia aqui um post de Uma Malla Pelo Mundo sobre as aves.
Foto: Centro de Recuperação de Animais Marinhos (CRAM).

O lixo nosso de cada dia

Estou fazendo uma pesquisa sobre lixo e meio ambiente para uma matéria – aguarde. Ver as fotos que, com certeza, ajudaram a estimular a pauta me deram ânsia. O que eu já vi de fotos e vídeos de cirurgias não está escrito. Mas é repugnante observar o que o nosso lixo causa para os outros animais. Mortos ou mutilados por comerem papel, vidro, alumínio, plástico, sujeira. Só de pensar tenho arrepios.
Essa breve pesquisa retomou, imediatamente, uma experiência inesquecível. Lembra-se do desfile da marca Cavalera na margem do rio Tietê – leia aqui? Eu fui. Estava trabalhando no SPFW Journal. Quando soube do desfile, falei para uma das mais admiráveis editoras – não vou colocar a mais porque outras também dividem um pedaço do meu coração, rs! – que eu queria cobrir. Surgiu uma idéia genial na redação, pelo que me lembre, dela. “Pergunte para os convidados que perfume eles usaram no desfile”. Além de fazer uma matéria sobre a ONG Navega São Paulo – veja aqui – e a Cavalera, me diverti com o sério assunto. Alivia rir da desgraça.
O desfile aconteceu numa manhã de domingo abafado de verão, chuvoso e bege. Fui de carro por motivos pessoais – eles disponibilizavam ônibus do SPFW. Douglas Siqueira, diretor da ONG, afirmou que guardaria uma vaga para mim. E explicou o caminho para chegar direitinho. Afirmou diversas vezes. “A entrada é feita pela marginal, você tem que fazer o retorno, cuidado para não se perder”. Modéstia a parte, tenho a maior noção de direção. Cheguei sem um metro errado.
A entrada era bizarra mesmo. Tive que reduzir na pista da esquerda, debaixo de um pé d’água, para virar à margem do rio! Não existe asfalto, o lugar é forrado com uma espécie de cascalho. Ao passar entre os muros de concreto, embaixo de uma ponte, já damos de cara com um barco – acho que… – de pescador. Encalhado ao lado de outro, mais robusto. Se acelerar, o destino é a água marrom.
Procurei pelo Douglas. Simpáticos da ONG, caminharam comigo até o barco – a arquibancada para o desfile que aconteceu na inclinada margem. Reclamei da chuva, ou melhor, da garoa. “Agradeça! Você não imagina o fedô que é isso daqui ao sol”, me disseram. Já trabalhei em uma editora ao lado do rio Pinheiros. É verdade. No verão, eu e meus amigos ficávamos enjoados. Era um cheiro doce, viscoso, fedido e amarrado tudo ao mesmo tempo agora. Eca.
Entrei no barco. Trabalhei com meus colegas. A marca distribuía água com símbolo radioativo, capa de chuva amarela e havia uma “mocinha” dando sorvete de gelo – feito de água, com “gosto” de água – chamado “Elemento Desaparecendo, Elemento Desaparecido”. Uma instalação interativa do artista plástico carioca Cildo Meirelles.
Enquanto me maravilhava com o lugar, em ver a cidade do rio, pisar na sua margem, pasmar nos prédios refletidos na água, observar o movimento dos carros por outro ângulo e com a sensacional possibilidade de navegar pelo Tietê – o passeio foi cancelado devido à probabilidade de encalhar – muitas pessoas estavam de saco cheio. No esquema: “Vamos logo ao desfile porque esse lugar é uó”. E era, claro. Mas preferi observar tudo o que meus olhos podiam captar. Para gravar esse momento. Deu certo. Poderia descrever com detalhes toda a paisagem. Quão pequenos somos – viadutos, carros, prédios, pessoas -, literalmente, ao lado do rio e de sua força – precisa ver a correnteza!
Mesmo assim, é impossível afirmar que somos nada. Graças a nós, o rio – possui vida sim, imponente – é silencioso. Aliás, tenho certeza que se fosse possível canalizá-lo, já teriam feito isso. Sumir com ele do mapa. Como outros viraram grandes avenidas. Quem acelera no carro não faz idéia da beleza daquele momento. O lugar é indescritível.
Ver o desfile na parte fechada do barco, impossível. Já não havia espaço. Ficamos em cima, na chuva. Que medo de derrubar máquina, anotações, celular, bolsa, tudo no rio. O desfile começou com uma sirene, não teve música durante ele – estranho, mas ficamos com a sinfonia da cidade – e acabou com outra. Pronto. Os espectadores foram embora, enquanto eu acabava de conversar com as pessoas da ONG, de dentro do barco.
A chuva? Continuou na forma de garoa. Continuou, escorreu, chorou… Até que, em minutos, todas as saídas do barco estavam alagadas. A água marrom e fedida invadiu todas as deixas. Como faço agora? Cair naquele rio me daria urticárias. Doenças. Repugnância. Mico. Sem contar que, como era verão, não quis colocar bota. Um arrependimento. As pessoas de galocha estavam com a roupa adequada. Eu é que fui caipira. Calçava uma Melissa de boneca. Plástico é impermeável. Mas insuficiente. A gota cai e… respinga! Eu toda cuidadosa para não ser em mim! De saia…
Pedi para sair. Afinal, eu precisava voltar para a redação. Os caras – da ONG, prefeitura, obras – jogaram uma pontezinha de madeira furreca. No estilo a ponte do rio que cai. Era um passo na frente do outro. Ela estava equilibrada em cima de bóias cilíndricas. Era o único jeito. No fundo, eu sabia que não iria escorregar. Me deram a mão e passei rapidinho. Ufa! Em terra firme!
Contaram que 35% da poluição do rio Tietê é proveniente das… ruas! Do que é jogado no chão. Como? Ué, simples, chove, igual aquele dia. O aguaceiro desemboca no rio, parte mais baixa da cidade. Um potinho de iorgute boiava. Encalhado com outros mil potinhos. Ele alimentou uma criança ou um adulto. Tanto faz. Que se satisfez. E, desinteressado, jogou a embalagem na rua. Mais uma na multidão. Será que aquele potinho esteve na minha geladeira semana antes? Era bem da marca e do sabor que eu gostava… “Improvável”, tentei diminuir a culpa. Afinal, tudo que pode ser reciclado eu separo para a coleta seletiva.
Fotos: Tirei durante a história. Na época, não tinha este blog para colocar o que considero atualíssimo. A condição do rio mudou? Leia o post sobre o artista que está pintando aqui.

Vacina contra a rubéola. Foi bom para você?

Atenção, hoje é o último dia para se imunizar – de graça – contra a rubéola. Aqui, no site do médico Drauzio Varella, existem explicações bem práticas sobre a doença. Acontece que tenho algumas observações a fazer. Essa campanha estava fraquinha, não? Por isso o governo teve que ampliar para hoje a imunização. Em São Paulo, ela pode ser feita no metrô. Eu fui a um posto de saúde, pertíssimo da minha casa.
Estava lá após a hora do almoço. Só havia uma pessoa na minha frente. Logo depois de mim, chegou uma grávida. Ficamos abordando amenidades sobre bebês e gravidez. A enfermeira, que dava a vacina, era uma simpatia – e tinha mãos de anjo. Em compensação…
Atrapalhada que só ela. Para ter uma idéia, entre mil papéizinhos, ela demorou 15 minutos para preencher quatro espaços em branco. Mais 15 para perder o papel e me dar o errado. Outros para achar o certo após eu ser chamada de “João” – não, definitivamente não sou traveco. Quando, enfim com o comprovante em mãos, achei que iria tomar a picada… Ela parou para anotar no livro (?).
Aí minha real indignação. Ela perguntou se já havia preenchido sobre mim. “Não”, disse. Esperava que o governo exigisse RG, CPF, endereço… Para poder fazer um cadastro decente. Nada! Bastava desenhar um “x” – tipo, mais um vacinado – no quadrado em branco. Em seguida, anotar meu sexo e idade. Agora, me responda, o que o Ministério da Saúde poderá analisar com tão preciosos dados?
Ao final, a enfermeira foi uma graça. Pediu para eu voltar com a carteirinha. Tenho certaza que preciso, ainda, da de hepatite B, tétano…
Vamos fazer um bem-bolado? Conte aqui. E para você, foi bom?

Papa reconhece a evolução das espécies!

Extra! Extra! Vocês tinham razão, agora um buraco negro engolirá toda a Terra! Ou, no mínimo, cairá um raio sobre as nossas cabeças! 150 anos depois… ou hoje… o Vaticano reconhece a Evolução das Espécies! A Igreja Católica afirmou que a Teoria da Evolução é, sim, compatível com a Bíblia, tá?
Engraçado que eu sempre disse isso – e alguns católicos sempre discordaram. Explico. Deus criou o Bóson de Higgs que criou o Universo que criou a Terra que criou a água que criou a ameba que criou a baleia que criou o macaco que criou o homo sapiens! Não fez, exatamente, Eva e Edão num “rá!”. Aliás, esse “que criou” me lembrou uma historinha infantil, provavelmente polonesa, que minha mãe conta para mim desde que eu era criança.
Desculpas para o Darwin, o Vaticano não pediu. Tudo bem. Gianfranco Ravasi, ministro da Cultura do Vaticano, anunciou uma conferência de cientistas, teólogos e filósofos que o Vaticano promoverá em em março de 2009, na impressionante – linda, suja e quente – Roma, para comemorar os 150 anos da publicação da  “A Origem das Espécies”, de Charles Darwin: CONFERENZA STAMPA DI PRESENTAZIONE DEL CONVEGNO INTERNAZIONALE “BIOLOGICAL EVOLUTION: FACTS AND THEORIES. A CRITICAL APPRAISAL 150 YEARS AFTER ‘THE ORIGIN OF SPECIES’” (ROMA, 3-7 MARZO 2009).
Quer saber tudo o que a Igreja Católica pensa e mais detalhes sobre o evento? Clique aqui e leia um documento emitido, pelo Vaticano, para a imprensa. Está em italiano. Mas como o italiano entende português e o brasileiro o que der e vier, fiz uma tosca tradução abaixo de um trecho dele – o texto é imenso:
“Muitas vezes o tema é discutido de forma mais ideológica que científica, como era sua verdadeira face. Muitos têm gerado confusão, colocando em oposição frontal o ‘evolucionismo’ e o ‘criacionismo’. Essas confusões, também contribuíram para a recente posição do chamado ‘Design Inteligente’ que tem a intenção de tornar insuficiente as alavancas da teoria neodarwiniana (…) como se apenas o ‘design inteligente’ de Deus poderia explicar os processos de evolução. Desta forma, o divino teria como finalidade substituir o mecanismo. Enquanto que eles são, obviamente, dois planos distintos. (…) A Igreja se mostra profundamente preocupada com esse diálogo, respeitando plenamente, as responsabilidades de cada um”.
Sarah Palin, abraço!
Engraçado que hoje mesmo eu conversava com meu amigo Fábio sobre tema semelhante. A ciência será “quem” ditará os comportamentos e modos – o que já acontece. Não que a Igreja perca seu valor nem que uma substitua a outra. Já diria a máxima: “Ado, ado, cada um no seu quadrado”.

A Amazônia não é virgem

-Tomara que esse poeirão, não acabe com o meu pulmão.
-Bom dia!, abro um sorriso e alongo as vocais para o rosto conhecido, afinal, hoje é sexta-feira.
-Bom dia!, e continua seu trabalho varrendo o meio-fio.
Conheci o Lixeiro Poeta há um mês. O local, hora e roupa laranja eram os mesmos. Ofereceu-me seu livro. Infelizmente, como o recheio da minha carteira raramente é maior que cinco reais, não pude ler sua obra. Mesmo assim, em silêncio, desejei vê-lo novamente. É a pitada de lirismo que toda vida vulgar merece. Eis que, hoje, no Dia da Amazônia, sou contemplada com um versinho. A rima pode até parecer pobre para alguns, mas enriqueceu o começo do leve dia.
Amazônia foi reflorestada
Guardei um post na manga, especialmente, para hoje. A revista New Scientist, veja matéria inteira aqui em inglês, publicou um texto afirmando que há 600 anos a floresta foi desmatada. Os próprios índios fizeram isso para criar uma rede urbana de cidades, vilas e aldeias.
Arqueólogos descobriram restos de civilização urbana do século XIII, antes dos colonos  “descobrirem” o “Novo Mundo”. Tinha até muro! Assim, cerca 20 mil quilômetros quadrados da parte ocidental da Amazônia não é de floresta virgem. E onde foram parar essas pessoas? Foram dizimadas pelos europeus e suas doenças.
Os pesquisadores encontraram praças cerimoniais e residenciais. Mais de 50 mil pessoas poderiam ter vivido por lá. Estudiosos europeus e brasileiros seguem com a pesquisa. Pretendem descobrir como a Amazônia realmente era primitivamente.
Quero visitar o ex- “Pulmão Verde”
Quando era bebê, eu vivi em Manaus. Lá não existe inverno. Essa é a época das mais fortes chuvas. O momento de, à tarde, todos os dias na mesma hora, encontrar os amigos para jogar baralho. Até o dilúvio acabar. Era tão quente, mas tão úmido, que eu tomava banho de água fria. Ao mudar para São Paulo, quem fazia eu entrar na banheira com água quentinha? Ninguém! Fizesse a geada que fosse.
FELIZ DIA DA AMAZÔNIA! Hoje vai ter festa na floresta! Queria deixar um bom dia, escrito em alguma língua indígena do local, mas achei tantas – mais de 100 – que será em português mesmo: Bom dia!

Três lendas sobre a Araucária

 

O site TeBol, da cidade de Telêmaco Borba – onde nasci! – colocou um link para este blog! Como agradecimento, posto três versões de uma lenda sobre a Araucária e a Gralha-Azul. Para quem não sabe, ambas são símbolos na minha terrinha, o lindo-maravilhoso-sensacional Estado do Paraná. Elas foram publicadas no Guia de Árvores do Brasil, da Online Editora.

A união entre a Araucária e a Gralha-azul
De acordo com estudiosos, a Gralha-azul (Cyanocorax caeruleus) é dispersora da Araucaria angustifolia. Ela transporta as sementes para se alimentar em outro local. Possui o hábito de esconder no solo os frutos para comer depois e acaba, involuntariamente, plantando-a. Por isso, os dois símbolos do Paraná são protagonistas de inúmeras lendas. Confira três versões:
● Certo dia o caçador de uma tribo encontrou uma onça no local onde estava, também, a curandeira da tribo inimiga. Como ele era apaixonado por ela, matou a onça e se aproximou da curandeira que, ao se assustar, desmaiou. Em seguida, os índios da tribo contrária o encontraram à beira do rio com a curandeira nos braços e pensaram que ele havia feito mal à ela. Por isso, o mataram a flechadas. Devido ao amor de ambos, ele se transformou em Araucária e ela na Gralha-azul. As gotas de sangue que pingaram com a flechada tornaram-se os pinhões que o pássaro enterra; as flechas, os espinhos; e o índio, a árvore.
● Descansando em um galho de Araucária, a Gralha-negra acordou com o som dos golpes do machado. Para não presenciar a morte do pinheiro, voou para as nuvens. No céu, uma voz pediu para ela voltar aos pinheirais, pois seria revestida de azul-celeste e passaria a plantar Araucárias. Conforme o desejo sublime, retornou e começou a espalhar a semente da árvore.
● Um Gralha-parda sempre se lamentava humildemente para Deus dizendo que nada valia, que seu trabalho se restava a estragar plantações. Deus, ouvindo o pedido do pássaro, entregou um pinhão para a ave que o prendeu no bico e martelou contra um galho até lascar. Depois, comeu a melhor parte e depositou o restante do pinhão em uma cova rasteira e mal coberta de terra. Quando a podridão consumiu a haste, o broto já havia germinado e nasceu um lindo pinheirinho. Repetidas vezes a Gralha fez isso com as sementes que Deus lhe dava até cobrir o Paraná de pinheiros. Para premiar a ave, Deus a deu uma plumagem da mesma cor de seu manto celestial.
Para entender mais sobre o tema, também indico a leitura do post “A gralha-azul e a araucária“, do blog Guto e Dadá. Obs.: Tirei a foto de uma árvore da espécie em Telêmaco – para os íntimos.

Fantasmas com ouro em Bonito

Como todo lugar mágico, Bonito – cidadezinha do Mato Grosso do Sul – está repleto de histórias. Mais que isso, algumas são lendas vivas. Cá entre nós e baixinho, os moradores garantem que elas influenciam, ainda hoje, a vida das pessoas. “O enterro” é um exemplo…
Durante a Guerra do Paraguai, iniciada em 1864, soldados paraguaios – que vinham lutar em terras brasileiras – traziam ouro para garantir o sustento, trocas-trocas e afins. Muitas batalhas se deram onde hoje fica o estado do Mato Grosso do Sul.
Durante os confrontos, os paraguaios enterravam o metal para não perdê-lo ou serem roubados. Procuravam uma Figueira típica da região – não a dos famosos figos nem as das praças públicas de São Paulo – e escondiam o ouro sob a sombra ou a uma determinada distância da árvore. Na volta das lutas, desenterravam e seguiam com o metal.
Entretanto, diversos soldados paraguaios morreram antes de alcançar seu tesouro. Assim, a Guerra acabou em 1870. Mas… os espíritos deles continuam vagando por Bonito em busca dos ouros. Pessoas juram – de pés juntos – que encontraram o precioso metal enterrado aos pés das Figueiras. Porém não adianta voar para lá atrás do seu brilho dourado.
Não é qualquer um que consegue descobri-lo. Apenas quem possui bom coração – alma inocente e pura – é levado pelos espíritos ao local do desenterro. Muitas pessoas do bem dormiram nos seus quartos e acordaram acima do tesouro no quintal. Outros foram instruídos por meio de sonhos ou visões. Gananciosos enlouqueceram, ricos empobreceram, ambiciosos amarguraram e entristeceram.
Se a lenda é verdadeira ou não, somente os bonitenses com seu ouro desenterrado de uma Figueira podem responder…
Por que uma Figueira? Ela foi escolhida pela sua durabilidade e “inutilidade”. Pode sobreviver mesmo se for atingida por raios, queimadas ou inundações. Sua raiz também é muito forte. Cortada, demora anos para apodrecer – quando não nasce novamente. Porém, devido à consistência, sua madeira é desprezada.
Obs.: Na foto, eu fazendo flutuação no Rio da Prata. Inseri o texto inspirado no post do blog Uma Malla pelo Mundo. Clique aqui.

Um cientista em minha vida

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“Inventora!” Eu já sabia de trás para frente a resposta para aquela clássica pergunta de “o que você quer ser quando crescer”. Claro, não deveria ser por menos. Eu cresci entre conversas sobre águas, pedras, minérios, petróleo e afins. Não, minha família não é proveniente do Oriente Médio, não sou filha de Sheik e nem nasci em um berço de ouro.

O buraco é muito mais embaixo. Bem meeesmo. Diria que, em muitos lugares da cidade de São Paulo, para encontrar água no lençol freático temos que perfurar no mínimo 500 metros. Tá quente a resposta? Não? Ok, confesso. Meu pai é hidrogeólogo – um especialista em águas.

Não existe nenhum cientista que poderia ser mais importante na minha vida do que meu pai. Desde criancinha, foi ele quem me ensinou a andar, a falar, a entender as placas tectônicas… Nunca voltaria tão inteligente das férias se não fizesse viagens de carro com ele. “Está vendo aquelas camadas de terras coloridas na montanha cortada ao meio? Cada uma é proveniente de um período da Terra… E, aquela cadeia de serras? Então…”

Ele é tudo. É crème de la crème, meu bem. Além do melhor pesquisador científico na área, digite no google “Hélio Nóbile Diniz”, é meu pai. Já deu entrevistas para veículos variados como o Jornal Nacional, SPTV, Valor Econômico e por aí vai. Quem quiser entrevistá-lo, basta entrar em contato com a assessora dele aqui, euzinha – brincadeira, olha a propaganda! Mas, voltado à história, e aquela criancinha que queria ser cientista? Pois é… Graças a ele… Me tornei inventora. Inventora e contadora de histórias!

Obs.: Esse post faz parte da blogagem coletiva “Um cientista na minha vida”, organizada pelos queridos companheiros de blogs Carlos Hotta e Atila Iamarino. Leia mais textos em: Brontossauros em meu jardim e Rainha de Copas.

Com emoção, o Museu da Fiocruz

“Você deu trabalho para seu anjo da guarda!”, me disse um simpático diretor de escola de samba do Rio. Tudo porque eu tentei duas vezes – consegui na segunda – visitar o Museu da Vida da Fiocruz, no Rio de Janeiro (RJ). Entrar no museu, em si, foi o problema relevante para mim. Mas, primeiramente, o diretor da escola de samba se referia ao bairro Manguinhos, onde está localizada a atração turística-científica.
Antes de ir, minha tia fez uma interessante pergunta: “Você quer com emoção ou sem?” – uma referência aos fabulosos bugues do Nordeste. Como não pedi para ela me levar de carro, optei pelo “com emoção” de ônibus. Por lá, Manguinhos, um monte de camelô vende nos pontos de ônibus desde pilhas até pastéis. Os prédios comerciais tem os vidros, as persianas, os batentes blindados. Para chegar ao museu, temos que atravessar a Av. Brasil por uma passarela pendenga e pendendo a tomar uma bala encontrada – se ela te achou, não pode ser perdida! Por essas e outras, o agradecimento ao meu corajoso anjo da guarda.
Fui no último feriado emendado, na sexta-feira. Ao chegar, dei a cara no vidro verde contra balas. A mocinha da recepção explicou: “Hoje o museu não abre. Apesar de ser dia útil, o pessoal resolveu tirar folga”. “O jornal publicou que ele estaria aberto e disponibiliza um trem para andar pela propriedade”, eu disse. “Sinto muito. Tente voltar amanhã, mas ligue antes para confirmar”. Bárbaro. Lembrando que a Fiocruz está ligada ao Governo Federal.
No dia seguinte… Consegui, enfim, conhecer o local a pé. O jornal esqueceu de colocar que o trenzinho está quebrado. Apesar desses imprevistos, a visita foi produtiva. O museu é lindo, cercado pela Mata Atlântica. Conferi uma exposição temporária sobre biologia, no centro de recepção – que lembra uma estação de trem inglesa. Seguindo pelo lado esquerdo, cheguei ao Parque da Ciência. Ideal para crianças, pois possui brinquedos que explicam as leis da física, da biologia e outros estudos – foto abaixo. Ao lado dele, há uma biblioteca e um teatro que estavam fechados.
Andando à direita, encontrei o Espaço Biodiversidade. Trata-se do centro de exposições que fica em uma antiga Cavalariça – era ali que no início do século passado os animais eram usados na fabricação de vacinas. Ao lado dele, está, enfim, o prédio mais lindo do local: o Castelo Mourisco – primeira foto acima.
A construção neo-mourisca – os mouros eram os árabes que invadiram para ficar na Península Ibérica – foi idealizada pelo cientista Oswaldo Cruz. O arquiteto português Luiz de Moraes Júnior projetou tendo com base os croquis do médico. Para entrar no edifício, é preciso esperar um monitor como o Bruno, que forneceu as explicações.
Além da excêntrica construção, o lugar é cheio de particularidades. Tem gente que acha que o castelo foi, um dia, habitado por um rei, nobreza ou alguém com muito dinheiro. Nada disso. Ele foi criado para a Fiocruz. Seu desenho é repleto de detalhes para que, no futuro como hoje, as pessoas não quisessem destruir o lugar da ciência. Para a ciência não ficar sem casa.
Mais curiosidades sobre o museu: o design das lâmpadas é o mesmo do tubo de ensaio; o banheiro foi construído “destacado” do prédio para que os dejetos humanos não afetassem as pesquisas; o elevador mais antigo do Rio em funcionamento está no prédio, instalado em novembro de 1909; o material para a construção chegou de outros países de barco, onde hoje é a Av. Brasil antes era o mar, havia ali um mini porto. Veja tudo isso nas fotos. Não vou contar mais para deixar um gostinho de “quero visitar” na boca. Também, porque não sou estraga-surpresas.
Obs.: Perdi horas de um lindo sol de outono na praia de Ipanema, mas o lugar é bacana e grande. Quem quiser conferir suas atrações, deve chegar na hora em que abre. A entrada é gratuita. Ah e, claro, precisa ligar antes para conferir se estará aberto e os horários dos passeios. Veja mais sobre o museu aqui. Leia sobre a Fiocruz ali.