Voltando ao Rally dos Sertões – a viagem ainda vai render muitos posts, de certa maneira, atemporais… As cidades mais miseráveis – no sentido literal da palavra – pelas quais passei durante a competição ficavam nos estados do Ceará e do Maranhão.
Não era um interior “pobremente digno” – a pobreza em sua simplicidade. Porém, um interior que parecia uma periferia. Triste de ver. O interior do Ceará – nos momentos em que eu conseguia ficar acordada, já que estava exausta chegando ao final da viagem, choca mesmo quem viu de perto a pobreza em outros estados ou as favelas – o maranhão também é revoltante, diretamente, voltada à política – uma materinha sobre isso publiquei no Yahoo!.
A natureza do interior estava bem seca. Desértica. Só que, ao mesmo tempo, era linda. Algo que nunca tinha visto antes – fotos aqui no Flickr do Yahoo! Notícias. Difícil descrever – parecia Marte com plantas. O solo era seco com pedregulhos, as árvores baixas com verde-escuro e havia algumas esparsas motanhas. Sem contar os rios intermetentes que estava secos. Era até engraçado, não fosse trágico, passar por uma ponte que se dizia sobre um rio que não existia naquele momento.
Adendo. Com exceção, o Parque Nacional de Ubajara – que merece um post a parte. O lugar lembra a Serra do Mar paulista – é úmido e verdinho, a estrada que corta a Serra da Ibiapaba é emocionate nas curvas e na paisagem de tirar o fôlego! O charme está na vegetação predominante, a tal da caatinga. Veja as fotos para ter uma ideia – repare que em uma delas, a curva é tão fechada, que aparece uma rocha na frente do carro.
Bom, o fato é que vi algumas serras sendo exploradas. Tipo, escavadas – como na foto ao lado. Meu filing alertou: estranho. Até que, já em São Paulo, encontro essa matéria: “12 mineradoras de calcário são fechadas”. Resumindo: “Desprovidas de licença ambiental, áreas de extração de calcário sofreram intervenção do Ibama e Polícia Federal”. Tá explicado.
Silenciosamente, o calcário era explorado nos confins do Ceará. A região do Cariri, pela qual passei na estrada, possui mineradoras. Como as demais, são importantes para o desenvolvimento do país e do nosso consumo, porém dá um aperto no coração. A beleza das serras cobertas por caatinga está indo por terra abaixo.
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Por que individualizar o gás e a água?
Esses dias, participei da reunião do condomínio que iria discutir, entre outras coisas, a medição individualizada da leitura do gás e da água. Nem preciso dizer que não perderia essa reunião por nada. Aqui, entre nós, posso revelar: dei uma de “advogada do diabo”.
No momento certo, como um animal esperando para dar o bote, lancei a pergunta para um senhor convidado que representava uma empresa de medição: “É, mas quanto essa individualização de água (que é cara) vai gerar de economia para o condomínio”? E, como quando o maestro abaixa a batuta, veio a resposta: “A economia é de 40% para o condomínio, em geral”. Tchanan!
Olhei em volta, discretamente – eu estava meio que escondida por uma coluna. Maioria dos rostos parecia convencida. Mais ainda quando se falou da parte “democrática” da questão. Isto é, quem gasta mais, paga mais – mexeu com o bolso, é causa ganha. O fato é que até eu fiquei espantada com o número. Pô, quase metade da água é poupada! Não duvido, não.
Eles relataram um problema comum. Por exemplo, no caso da água. A conta vem alta. Você, que mora sozinho, fica o dia todo fora e só toma um banho por dia, não se conforma. Resolve gastar mais água para “compensar” a conta cara. Resultado? No outro mês, como muitos pensam assim, a conta é maior ainda. Convenci?
Lá no condomínio, a votação foi a favor. Mas não a separação imediata, só daqui alguns meses se dará início ao processo. Uma pena. Democracia, é isso aí, feliz ou infelizmente.
Dicas! Gentem, para quem busca algo mais técnico combinando construção e meio ambiente, indico esta revista Guia da Construção com matéria sobre destino de resíduos da construção civil – um problemão ainda pouco abordado. E, aqui, outra revista da área (a Téchne), inteirinha, apenas sobre sustentabilidade. Divirta-se e bom finde!
As piranhas de Palmas
Uma historinha para descontrair. Já expliquei aqui que dormi em um acampamento durante o Rally dos Sertões. Em Palmas, o lugar foi escolhido a dedo. Ficava em frente à Praia da Graciosa com aquela água azul-turquesa-esverdeado. Logo que cheguei, fui almoçar e me ambientar. Dei uma volta para entender onde estava (!) – a viagem começou para a maioria em Goiás. E, claro, aproveitar para reportar tudo em fotos.
Estranhei, apesar do calor e do rio/ represa convidativo, as pessoas não entrarem na água. E nem haver muitas embarcações como veleiros sobre ela. Mesmo assim, caminhando no píer, parei para molhar o dedo na água. Ainda mexi bem para dar uma refrescada na mão – sabe como a gente faz para chamar peixes? Quem estava por perto parou com cara de interrogação. Hum.
Apenas a noite uma moça que estuda na cidade me explicou: o rio não está para peixe. Mas para piranhas. Por isso, colocaram aquele cercadinho feio (clique aqui para ver foto) no raso, para as benditas não morderem as pessoas. Uma amiga me contou que um colega dela foi atacado bem nessa praia!
Leia a matéria que publiquei sobre o assunto no Yahoo! E veja as fotos da belíssima e pequena praia no Flickr do Yahoo! Notícias.
Obs.: Foi bem nesse lugar da foto do post que coloquei a mão na água.
Por que andar de carro no Dia Mundial Sem Carro?
Este é um manifesto. Um grito desesperado a favor do urbanismo que priorize os pedestres, não os carros. As ciclovias, não as avenidas. O transporte público, não o individualismo.
Meu sonho é ir ao trabalho de “biquicleta” – como dizia meu irmão quando era criança. São cerca dez quilômetros. Demoraria o mesmo tempo que levo dirigindo o carro – quase uma hora. E o mesmo para voltar – mais quase uma. Ainda por cima, não teria que “perder” uma hora e meia na academia. Mas o medo de ser atropelada, onde coloco?
E andar a pé? Já escrevi no blog que foi disso que mais senti falta quando voltei da Europa. Antes de ir, me falaram dessa sensação de liberdade e segurança. Coisa que só entendi chegando em São Paulo na hora do rush pelo aeroporto internacional em Guarulhos. Minha vontade era de voltar voando, literalmente.
E o transporte público bom e barato? Em alguns lugares do Brasil, muitas vezes, a diferença é pouquíssima se comparar ao uso do carro. Sem contar as horas espremidos como sardinha. Gostaria de ciclovias, de calçadas bem conservadas e, no mínimo, respeitando a legislação em sua metragem. Deixo aqui meu recado para este dia 22 de setembro.
A foto tirei em Palmas (TO). Qualidade de vida, não? Veja mais no Flickr do Yahoo! Notícias.
Dica: O Yahoo! lançou o site Social Bike, uma iniciativa para o Dia Mundial Sem Carro. Não é porque trabalho lá, mas está bem bacana e trata apenas sobre… bicicleta!
Quem sabe assim, juntos, conseguimos transformar as nossas cidades em pequenas Amsterdãs?
Veja o Cerrado ameaçado pelo fogo
Tenho tanta coisa para contar sobre o Rally dos Sertões, mas algumas tarefinhas – bacanas e trabalhosas – me exigiram bastante. Bom, um dia antes de embarcar destino Palmas (TO) – de onde começou minha aventura – lembro-me de ver em um telejornal bombeiros apagando o fogo de espaços públicos dentro da cidade – como praças e canteiros. Aquela imagem ficou gravada na minha memória. Pensei: “Como pode?” Inacreditável.
Um dia depois, sobrevoando Palmas…
Quando observei o entorno e a cidade, já do avião, entendi. Primeiro, fiquei pasma positivamente com a cor da represa/ rio Tocantins. Era um azul-turquesa-esverdeado que lembrava Fernando de Noronha. Impressionantemente, lindo – aliás, os rios do Tocantins podem disputar a beleza com os de Bonito (MS). Agora, nas margens… A cor que prevalecia era o preto-queimada. Aí, fiquei triste.
Tudo estava queimado. As vegetações ao lado do aeroporto ainda emanavam fumaça. Inúmeros focos de fumaça preta. Na cidade, canteiros mais canteiros – fazendo divisa com as casas (!) – destruídos. Não diria que eram cinzas, porém fuligens caídas ao chão. Misturadas com tocos, troncos, folhas chamuscando.
Eu vi o Cerrado, que já é ameaçado por nossas plantações, completamente indefeso. Suas árvores belíssimas pareciam mortas em pé. Com meus botões, surge a questão. Certa vez, ouvi um especialista dizendo que, em alguns casos, as pessoas não podem culpar o meio ambiente pelos desastres “naturais”.
Isso porque existem técnicas e estudos que tentam prever possíveis problemas. Sem contar as construções que não respeitam o ambiente que já prevalecia naquele lugar. Coisas óbvias como, por exemplo, construir casas sem fundação em encostas de morros. Um dia, com as chuvas, elas podem desmoronar.
Todo mundo sabe que temos no Brasil períodos de seca. Não seria possível criar algum mecanismo para conter as chamas? Pesquisei sobre técnicas como, inclusive, escavar uma pequena faixa de clareira no entorno de uma reserva para evitar que o fogo a atinja.
Em todos os quilômetros rodados de Palmas até Fortaleza, vi apenas um carro com autoridades observando as labaredas de fogo na margem da rodovia. Creio que estavam receosos delas atingirem os veículos na estrada.
Enfim, feliz Dia 21 de Setembro. O Dia da Árvore.
Observação: As fotos foram tiradas na saída de Palmas, próximo à Serra do Lajeado. Tudo o que é preto foi queimado. Onde há fumaça, há fogo. Veja mais no Flickr do Yahoo! Notícias. Também confira, em imagens, como o Tocantins resiste e é maravilhoso.
Fique de olho na eficiência energética
Mais um post da série sustentabilidade-decoração-residência. Esses dias estava escolhendo geladeira. Entre as preferidas, ganha uma bala quem acertar qual foi o critério de desempate: a eficiência energética- e o Selo Procel. Aliás, tenho usado esse critério em todos os eletrodomésticos que pretendo adquirir.
Claro que gosto de coisas belas. Por exemplo, encontrei um fogão gracinha. Mas a eficiência energética dele estava indicada como “D”. A tabela possui de “A”, melhor desempenho, até “E”, pior. Nem preciso dizer que fiquei inconformada com a empresa que colocou aquele aparelho no mercado. Optei por outro fogão tão bonito quanto.
Nem imagino se mais gente considera essa questão. Aliás, se conhece a “Etiqueta Nacional de Conservação de Energia” e o “Selo Procel”. De acordo com o site “oficial”, “(O Selo Procel) É um produto desenvolvido e concedido pelo Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica – Procel, coordenado pelo Ministério de Minas e Energia – MME, com sua Secretaria-Executiva mantida pelas Centrais Elétricas Brasileiras S.A – Eletrobrás. O Selo Procel tem por objetivo orientar o consumidor no ato da compra, indicando os produtos que apresentam os melhores níveis de eficiência energética dentro de cada categoria, proporcionando assim economia na sua conta de energia elétrica.”
Fica a lembrança para quem esqueceu do selo e a dica para aquele que nunca entendeu o que significa a carinha feliz e a etiqueta colorida colada sobre os eletrodomésticos. E, para quem não se convenceu com o quesito ecochatisse, lembre que quanto mais eficiente um produto, menos energia irá gastar. Assim, consequentemente, menor será sua conta de luz. Fui e apague a luz o último a sair!
Confissão: Durante o Rally dos Sertões, participei de uma discussão informal sobre compras x meio ambiente. Fui convicta ao afirmar que pagaria mais caro para adquirir um produto mais “sustentável”. Infelizmente, descobri que até eu tenho um limite. Neste caso, não é falta de boa vontade, mas financeiro. Deixarei de lado alguns eletrônicos com o selo por serem custosos. No entanto, entre os que posso adquirir, tenho escolhido os que apresentam a melhor eficiência. C’est la vie.
Dúvidas sobre o que é melhor para o meio ambiente?
Sou a rainha dos “mas por quê?” desde criança – meus pais que digam. Sempre tive na ponta da língua: “porque sim não é resposta”. Claro que falava de tal maneira engraçadinha para não ser mal educada.
Aliás, já contei por aí que creio que a curiosidade sobre tudo do mundo foi o que me transformou em jornalista – e me faz buscar explicações na ciência. Encontrar uma resposta é como avistar uma ilha deserta, deslumbrante, com rede, água de coco, frutinhas frescas e ensolarada em meio a um mar azul-escuro agitado devido a uma forte tempestade.
Bom, a rede mundial de computadores é útil nesse quesito navegação. Hoje, internet afora, encontrei um projeto da Universidade de Taubaté (Unitau) que disponibiliza em sua página a resposta para diversas questões ambientais! Terra à vista!
O site responde dúvidas como: Papel reciclado é sempre bom para o ambiente? Como saber qual secador é mais econômico? Qual é o jeito ecologicamente correto de fazer a barba, com aparelho elétrico ou manual? O que polui menos, cremar ou enterrar um corpo?
Tire suas dúvidas aqui! Pelo que entendi, o site faz parte do plano para o gerenciamento de resíduos gerados pela comunidade acadêmica da universidade. Maravilha, minha gente. A marinheira agradece.
Foto: Fiz em São Sebastião, praias lindas.
Forno elétrico ou a gás? Eis a questão
Este texto faz parte daquela série sobre sustentabilidade-decoração-residência citada no post anterior. Toda vez, antes de adquirir algo para casa, reflito sobre qual seria a opção que agrediria menos o meio ambiente. A dúvida cruel que me tira o sono no momento é: compro um forno elétrico ou a gás (de embutir)? Pense comigo.
O primeiro utiliza a energia proveniente, no Brasil, de hidrelétricas (maioria das fontes). Isto é, renovável. O seguinte usa um recurso limitado. No entanto, me disseram que, neste caso, é mais dispendioso para o meio ambiente e à economia do país usar energia elétrica para gerar calor (?).
Não encontrei nenhum site de confiança que desse uma resposta. Se quiser participar comigo desta discussão, melhor se puder ajudar a resolvê-la, fique à vontade nos comentários. A mestre-cuca, aqui, agradece com um bolinho quentinho.
Dica: Pesquisando na internet sobre o assunto, encontrei no site da Bebel um artigo sobre fogões – e não fornos. Nele, ela diz que alguns modelos de fogões elétricos gastam cerca de 40% mais energia que os fogões a gás. E que os fornos mais econômicos são os micro-ondas.
Rally dos Sertões: aí vou eu!
A partir de amanhã, domingão, vou respirar muita poeira na estrada. Embarco num avião rumo à segunda maior competição de rally do mundo. Avião? Sim. A disputa já começou, vou cobrir o trecho desde Palmas (TO) até… Fortaleza (CE). Maravilha, não?
Para muitos, seria um “programa de índio” – que expressão preconceituosa. Para mim, é algo que desde a primeira prova queria acompanhar de perto – este ano a competição atingiu a maioridade, completou 18 anos. Vou cobrir o evento – surpresa sobre os detalhes – para o portal do Yahoo! Leia as matérias aqui!
Passarei pelo Cerrado, Jalapão (!), Caatinga, verei o capim dourado em seu estado natural, costumes diferentes, culturas ricas e muita pressa. Aliás, deixo a deixa para pesquisar um pouco mais sobre Parque Estadual do Jalapão. Um lugar que reúne dunas, rios de água cristalina, cachoeiras, ainda preservado. Fui! Na volta, trago novidades! Afinal, o esporte é uma maneira de chamar a atenção para a natureza do interior brasileiro.
São Paulo inaugura espaço “sustentável” para eventos
Ok. Vamos deixar de lado que quase toda construção – por requerer material explorado da natureza e n outros motivos – é ambientalmente insustentável. Relevando esse fato… Ainda não tive tempo de visitar o local, mas algumas soluções são interessantes. Vale para refletir e, quem sabe, aplicar na própria casa ou empreendimento.
A intitulada Eco House possui uma pista de dança que gera energia pela movimentação das pessoas – as placas foram importadas da Holanda. A pista foi construída em cima do reservatório de água da chuva, permitindo a visualização do reservatório e do abastecimento da energia produzida por quem se joga na balada. Cada placa acumula 30 watts de energia que são armazenadas em baterias. Junto à pista de dança, o Generator Meter – uma torre – mostra instantaneamente a quantidade de energia que o piso está gerando.
O local também possui iluminação natural, iluminação com Leds (“lâmpadas” que utilizam menos energia), coleta seletiva de lixo, aquecimento solar, compostagem e jardim com espécies ameaçadas de extinção. A madeira utilizada na construção e decoração é proveniente de reflorestamento – a maioria possui certificado ambiental. Interessante o que eles fazem com as flores e sd plantas que sobram das festas: são doadas para hospitais e asilos.
Quanto à área gastronômica, parte do cardápio é feito com alimentos orgânicos e alguns temperos e frutas são provenientes de uma plantação na laje do local. Ainda na cozinha, o calor dos fornos é usado para esquentar a água empregada na limpeza dos utensílios. Fica a ideia.