As aptidões da língua

Ludwigsburg,Stuttgart, Germany, 2005.

Já não é de agora que a neurociência e os estudiosos da linguagem defendem o princípio de que o indivíduo elabora e estrutura o seu raciocínio a partir de sua língua pátria. Isso significa que, um brasileiro, por exemplo, possui um jeito de pensar diferente de um inglês, independentemente de diferenças sócio-culturais. Tais particularidades de cada falante e sua língua nativa estariam associadas às estruturas sintáticas e suas relações. Isso explicaria, pelo menos em parte, a maior ou menor predisposição de um povo para a poesia ou filosofia. Não é à toa que grande parte da filosofia tenha sido escrita em alemão (Nietzsche, Hegel, Kant, Weber, Leibniz, Schopenhauer, Heidegger, Fichte, toda a Escola de Frankfurt e, antes, o Círculo de Viena- a lista é quase interminável). Como já disse Caetano, “está provado que só é possível filosofar em alemão” …

Discussão - 16 comentários

  1. Denis disse:

    Amigo de Montaigne,comecei a frequentar o seu blog por indicaçao de um amigo. Gosto de seus assuntos, mas às vezes eles sao muito curtos. A aptidão de um povo pela filosofia ou pela poesia, de acordo com a língua do país em que nasceu, também influencia a criatividade para a música?Continue escrevendo. E aguardo uma resposta, por favor(sou contra-baixista).

  2. Anonymous disse:

    Amigo, ao ler seu post fiquei com uma dúvida: os portugueses e brasileiros pensam de forma semelhante? E os ingleses e os norte-americanos? Não seria mais prudente pensar que este é apenas o começo do pensamento? Existem estudos que comparam diferentes dialetos em relação à sua proposição?

  3. Caro Denis, obrigado por suas observações. Em relação à extensão dos "posts", o objetivo é sempre ser o mais sintético possível. Diria que é a minha "lição de casa" auto-infligida. Acredito também que as manifestações artísticas de qualquer natureza recebam influências das estruturas sintáticas, dos esquemas do pensar. Dessa maneira, a língua pátria contribui para a estruturação musical, embora o componente cultural e um contexto histórico adequados sejam necessários para detreminadas formas de expressão musical. Você me deu um ótimo tema para o próximo "post", quem sabe.

  4. anônimo (a), não sei se você teve a intenção de ser irônico ao comparar brasileiros e portugueses no modo de pensar...De qualquer maneira, as estruturas sintáticas, embora possam diferir em certos pontos - peculiaridades "regionais" - são muito parecidas. O mesmo vale para o inglês britânico e para o inglês americano. Desconheço a existência de estudos por você interrogados; não quer dizer que não existam.

  5. denis disse:

    obrigado pela resposta

  6. Lacerda disse:

    Estimado Amigo de Montaigne, muito interessante (como sempre) o conteúdo desse post. Lembro-me que num post passado ("To speak or not to speak", de 12.01.07) você abordou a questão da facilidade de aprendizado de um idioma, em razão da maior percepção auditiva de um povo. Há alguma relação entre essa aguda sensibilidade auditiva e o modo de se raciocinar na composição de uma música? Isso explicaria a predileção musical de um povo por certos ritmos e melodias? Grande abraço!P.S.: Admiro muito o seu poder de síntese. Seus posts são objetivos e de conteúdo inegavelmente denso. Parabéns por fazer com exímio a sua “lição de casa”!

  7. Lacerda, dê uma olhada no "post" acima...

  8. Anonymous disse:

    Meu caro amigo Montaigne,"Só é possível filosofar em alemão" foi escrito pelo filósofo alemão Ludwig Wittegenstein, autor do admirável "Tractatus logico-Philosophicus" e não pelo também admirável Caetano Veloso. Caetano só recita. Fernando Pessoa diz em "O Livro do desassossego" que os "argonautas dizem que navegar é preciso, viver não é preciso". Este texto é um aforismo do pensador Pompéu, citado por Plutarco e pelo querido poeta Pessoa. Andre Gide diz que tudo já foi dito mas como ninguém escuta, então é preciso recomeçar sempre.abraços

  9. Amigo de montaigne disse:

    Pois é anônimo, a vida é uma farsa...já disse Bloom (ou terá sido Flaubert? Não, não: foi Shakespeare...Cordélia, talvez?)

  10. Lacerda disse:

    Ludwig Joseph Johann Wittgenstein não era austríaco? Ou será que se tornou alemão por influência dos notáveis filósofos tedescos? Abraço!

  11. Amigo de MOntaigne disse:

    Lacerda, não me decepcione! Na Áustria, o idioma oficial é o alemão, caro amigo!

  12. Lacerda disse:

    É evidente, caro Amigo. Mas isso não implica na conservação da nacionalidade. Falamos português. Na Angola e em Portugal também. Nem por isso Camões foi um magnífico poeta brasileiro! Abração!

  13. Amigo de montaigne disse:

    Caro Lacerda, você está certo: L. Wittegenstein era austríaco. Por um descuido meu, não reparei no equívoco do "anônimo" ( nome feio esse:- Olá, como vai? Anônimo, ao seu dispôr!)

  14. Anonymous disse:

    Meu caro amigo de Montaigne,quem tu és senão um anônimo amigo de Montaigne. Tentei descobrir o seu email pessaol mas o blog só informa o email do amigo de Montaigne. Mas tudo bem, se você me entende, senão me entende, está tudo bem também. Importa o que se diz e não quem diz. Importa a maneira como se escreve e não mais o que se escreve. Kafka viveu sob o prisma de três culturas. É difícil dizer se ele era alemão, tcheco ou judeu. Deus está nos detalhes como diz Guimarães Rosa no "Grande Sertão: Veredas" em 1959. Uma década antes o genial arquiteto Mies Van disse a mesma coisa. Antes que eu mes esqueça, o Marquês de Sade diz antes deles todos que "o diabo está nos detalhes.abraçosde quem muito o admira,AnônimoPS: parabéns pela sintaxe do blog.

  15. Amigo de montaigne disse:

    amigodemontaigne@hotmail.com

  16. Anonymous disse:

    necessario verificar:)

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