Publicado
6 de out de 2008
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Não posso me queixar das oportunidades que tive – e que continuo tendo – de assistir a concertos e apresentações musicais durante as minhas viagens. Anne-Sophie Mutter com a Orquestra Sinfônica de Chicago, na própria sede da orquestra, executando o concerto para violino e orquestra de Brahms. Chick Corea no Blue Note e Tosca, com produção de Franco Zeffirelli, no Metropolitan, em Nova York. O falecido Sivuca, em Recife, com a Orquestra Sinfônica da cidade – até agora, enquanto escrevo, me emociono ao lembrar do já quase moribundo músico tocando “João e Maria” com seu doce acordeon. No Canadá, durante os primeiros dias de viagem, desfrutei de um duplo privilégio: assistir ao ensaio e ao concerto da Orquestra Sinfônica de Montreal, que, regida por Zubin Mehta, apresentou-se na
Basilique Notre-Dame de Montréal. O programa incluiu a peça para órgão
Apparition de l’église éternelle, a sinfonia
Et exsperto ressurrectionem mortuorum, ambas de Olivier Messiaen (1908-1992), e a Sinfonia número 3 op.78 de Camille Saint-Saëns (1835-1921).
Messiaen não me agrada. Compositor em perene conflito entre a crença religiosa e o questionamento sobre a possibilidade de não existência divina, carrega a sua obra de notas graves insistentes, repetitivas, soturnas, não deixando ao ouvinte a possibilidade de discriminar uma tese e um argumento. E o talento de Mehta o isenta de qualquer parcela de culpa. O maestro mostrou-se sóbrio, gentil e disposto a ouvir e orientar os músicos da orquestra. Pela manhã, ao final do ensaio, conversou e tirou fotos com o público. À noite, fez todos se esquecerem do enfadonho Messiaen ao conduzir maestralmente o adágio de Saint-Saëns. Zubin Mehta regendo a OSESP: só pensava nisso…
Discussão - 3 comentários
Amigo, sonhar não custa nada.......
Não conheço o tal Messiaen e não acho graça nenhuma no Saint-Saens. Acho que o local deve ter sido mais inspirador que o repertório.
CARO AMIGO DE MONTAIGNE, SUA IDA AO CANADÁ FOI MUITO BEM APROVEITADA, QUE MARAVILHA!PARABÉNS! OUVIR MÚSICA E BOA É SEMPRE BELO.ABRAÇOS,HELENA